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A TRADUÇÃO DA LINGUAGEM VULGAR RUSSA (MAT) NA LEGENDAGEM DO FILME VIVA BELARUS!

THE TRANSLATION OF RUSSIAN VULGAR LANGUAGE (MAT) IN THE SUBTITLING OF THE FILM VIVA BELARUS!

Resumo

A linguagem vulgar russa, popularmente conhecida como mat, difere dos vulgarismos e palavrões da língua portuguesa por sua notável flexibilidade morfossemântica e aplicações discursivas. No filme Viva Belarus!, cuja narrativa se passa em Belarus, uma das quinze ex-repúblicas soviéticas, agentes do regime autoritário de Aliaksandr Lukašenka empregam essa linguagem, com influências do idioma belarusso, como forma de oprimir e humilhar dissidentes. Este artigo, que compõe tese de doutorado em andamento, busca refletir sobre o processo de traduzir e legendar essa linguagem no filme para a língua portuguesa, trazendo exemplos de desafios tradutórios e as soluções propostas. Tendo como ponto de partida o Diário de um Escritor, de Dostoievski, a metodologia consiste no estudo do objeto a partir de fontes acadêmicas, baseando-se nos trabalhos de Kovalev, Akhmetova e Plutser-Sarno. Sobre as reflexões acerca das escolhas e estratégias de tradução, o estudo tem aporte teórico de Gonçalves e Sussex and Cubberley. Espera-se que a discussão contribua para pesquisas adicionais no campo de estudos eslavos, sobretudo por oferecer um olhar sobre as dinâmicas de influência mútua entre dois idiomas eslavos – russo e belarusso – e, mais especificamente, de tradução de língua russa no Brasil.

Palavras-chave
Belarus; Tradução; Legendagem; Russo; Mat

Abstract

The Russian vulgar language, popularly known as mat, differs from the vulgarisms and profanity of the Portuguese language for its remarkable morphosemantic flexibility and discursive applications. In the film Viva Belarus!, whose narrative takes place in Belarus, one of the fifteen former Soviet republics, agents of the authoritarian regime of Aliaksandr Lukašenka use this language, with influences from the Belarusian language, as a way of oppressing and humiliating dissidents. This article, which is part of a doctoral thesis in progress, seeks to reflect on the process of translating and subtitling that language in the film into Portuguese, bringing examples of translation challenges and the proposed solutions. With Dostoevsky’s A Writer’s Diary as a starting point, the methodology consists of studying the subject through academic sources, based on the works of Kovalev, Akhmetova and Plutser-Sarno. Regarding reflections on translation choices and strategies, the study has theoretical support from Gonçalves, and Sussex and Cubberley. It is hoped that the discussion will contribute to further research in the field of Slavic studies, especially by offering a look at the dynamics of mutual influence between two Slavic languages – Russian and Belarusian – and, more specifically, of Russian-language translation in Brazil.

Keywords
Belarus; Translation; Subtitling; Russian; Mat

Introdução

Em seu Diário de um Escritor, Fiodor Dostoievski descreve uma cena que presenciou em uma tarde de domingo, no ano de 1873:

[...] tive que caminhar a cerca de quinze passos de distância de um grupo de seis operários bêbados e de repente me certifiquei de que é possível expressar todos os pensamentos, sensações e até inteiros e profundos raciocínios com apenas um nome de certo substantivo que ainda por cima é extremamente descomplicado

(Dostoievski 126Dostoievski, F. Дневнuкъ Пuсателя за 1873 ƨ. São Petersburgo: A. S. Suvorin, 1883.).1 1 Tradução minha, do russo (grafia pré-revolução de 1917), de: “MHѣ пришлось пройти шаговъ съ пятнадцать рядомъ съ толпой шестерыхъ Пьянъхъ мастеровыхъ и я вдругь убѣдился, что можно выразить всѣ Мысли, ощущенія и даже цѣлыя глубокія разсужденія однимъ лишь названіемъ этого существительнаго, до крайности къ тому же немногосложнаго.”

O nome em questão é khui, vocábulo que basicamente se refere ao órgão sexual masculino, censurado na imprensa russófona até os dias atuais. Dostoievski descreve em seguida uma agitada discussão entre os homens, na qual o termo é usado de diferentes maneiras, aplicando-se desinências e partículas para expressar diferentes significados. A teórica de literatura russa Manuela Kovalev sugere uma recriação da conversa, explicitando os termos empregados (Kovalev 37-38Kovalev, M. The function of Russian Obscene Language in Late Soviet and Post-soviet Prose. 2014. 226 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Humanidades, Universidade de Manchester, Reino Unido. 2014.): - Khuinia! (Tolice!) - Nikhuia! (Nada disso!) - Na khui! (Não vem ao caso!) - Nikhuia sebe! (Sério?!) - Kakogo khuia! (É o quê, então?)2 2 Tradução minha, do inglês, de: “I assume that the first worker said Khuinia! (‘Bullshit!’), to which the second replied Ni khuia! (‘Nonsense!’), the third then said to the first Na khui! (‘This is beside the point!’), the fourth said to the first Ni khuia sebe! (‘Unbelievable.’), and the sixth said to the fourth Kakogo khuia! (‘What’s that supposed to be?’).” . Esta linguagem, popularmente conhecida como mat (cirílico russo: мат, IPA: [mat]), é descrita pela pesquisadora como o estrato mais baixo e vulgar da língua russa, contrastando com o russo literário da elite intelectual do Império Russo, antiga URSS e dos países que dela faziam parte. Um desses países, a República de Belarus, amplamente conhecida na mídia brasileira e internacional como a “última ditadura da Europa” (BBC, CNN Brasil, The Guardian) é também a única ex-república soviética onde o uso da língua russa ainda cresce, em detrimento da belarussa, alcançando 71% da população em 2016 (Financial Times), o que se deve em grande parte ao regime autoritário de Aliaksandr Lukašenka, líder do país desde 1994.

Neste contexto se passa o filme Viva Belarus! (2012)Viva Belarus!. Direção: Krzysztof Łukaszewicz. Produção: Tadeusz Drewno, Daniel Markowicz e Wlodzimierz Niderhaus. Intérpretes: Dzmitry Papko; Vadim Affanasiev; Karolina Gruszka; Anatolii Kot e outros. Roteiro: Krzysztof Łukaszewicz e Franak Viačorka. Música: Lavon Volski. Polônia: WFDIF, Canal +, Polski Instytut Sztuki Filmowej, 2012. 1 DVD (98 min.), widescreeen, color., que conta a história de Miron Zacharka, ativista belarusso sentenciado a passar dois anos de serviço militar na zona radioativa de Mazyr, próxima à fronteira com a região ucraniana de Chernobyl. Nesse período, ele vivencia o tratamento desumano dado aos recrutas, a repressão contra a língua belarussa e as fraudes do sistema eleitoral, decidindo escrever um blog clandestino como instrumento de denúncia e se candidatando a deputado para expor a falsificação dos votos.

Grande parte da narrativa, inspirada no blog Diário Militar de Franak Viačorka (2009)Viačorka, F. “Армейскі дзённік Франака Вячоркі”. Naviny, Web. Minsk, 12 jun. 2009. Data de acesso: 28 jan. 2016. <https://naviny.media/rubrics/society/2009/06/12/ic_articles_116_161266>.
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, se passa no Quartel de Mazyr, onde o uso de mat é uma constante. Proibido em Belarus por sua crítica ao regime de Lukašenka, o filme, inédito no Brasil, foi premiado em vários festivais internacionais de cinema, como os de Bruxelas, Viena, Istambul e Varsóvia (WysonWyson, K. “Viva Belarus! Premieres In Washington”. Radio Free Europe / Radio Liberty, 14 nov. 2014. Data de acesso: 3 out. 2014. <http://www.rferl.org/content/viva-belarus-premieres-in- washington/25168573.html>.
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). A adaptação do blog para o filme, à luz dos estudos de tradução cultural e intersemiótica, é abordada em dissertação de mestrado e livro lançado em 2020, durante os maiores protestos contra as fraudes nas eleições presidenciais da história recente de Belarus. O presente artigo compõe tese de doutorado em andamento, com defesa prevista para 2021, onde está sendo realizada a legendagem do filme. Dessa legenda em andamento, são comentados, neste texto, alguns casos do léxico mais desafiadores para a tradução.

A legendagem e tradução deste filme para português é pioneira. Trata-se do primeiro longa-metragem predominantemente em belarusso (53%) traduzido para português diretamente deste idioma. Somam-se a ele ainda o russo (42%) e a mistura dos dois, trasianka, além de trechos em polonês, inglês, lituano, francês e espanhol - cada um com sua função dentro da obra.

Do ponto de vista dos estudos de tradução de língua russa no Brasil, entretanto, Viva Belarus! oferece uma oportunidade única de analisar o impacto sociopolítico de sua linguagem vulgar como arma política de um regime autoritário, com influências morfofonológicas de uma segunda língua. Ao passo que esta linguagem, ainda sem estudos aprofundados em nosso país, carrega traços em comum com xingamentos em português, sua estrutura e efeito discursivo diferem radicalmente da nossa realidade. Assim, o exercício da discussão sobre as escolhas e procedimentos tradutórios, baseado na obra Procedimentos técnicos da tradução (GonçalvesGonçalves, H. Procedimentos técnicos da tradução: Uma nova proposta. Campinas: Pontes, 1990.), nos ajuda a contemplar não apenas aspectos gramaticais, lexicais e técnicos do funcionamento deste estrato da língua russa, como também nos oferece um olhar sobre as dinâmicas linguísticas dessa sociedade pós-soviética. Como ilustra o crítico literário belarusso Adam Maĺdzis: “O cidadão contemporâneo de nosso país deve falar igualmente não só a língua russa como também a belarussa. Infelizmente, na maioria das vezes ele não sabe bem nenhuma delas, fala uma trasianka recheada de mat, uma matatrasianka” (qtd in Cychun 51, grifos meusCychun, H. “Крэалізаваны прадукт: Трасянка як аб'ект лінгвістычнага даследавання”. ARCHE Mensk, n. 6, 2000.)3 3 Tradução minha, do belarusso, de: “Сённяшні грамадзянін нашай краіны павінен аднолькава добра ведаць не толькі рускую, але і беларускую мову. На жаль, ён часцей за ўсё не ведае добра ніякай, гаворыць на “трасянцы", густа перасыпанай матам (“мататрасянцы”)” .

Em Viva Belarus!, somente o substantivo mencionado por Dostoievski aparece treze vezes, contando seus derivados, sempre dito por militares. Definir o que é mat, entretanto, não é uma tarefa fácil. A censura dessa linguagem impede estudos mais extensos sobre o assunto, em grande parte realizados por pesquisadores ocidentais (Kovalev 13Kovalev, M. The function of Russian Obscene Language in Late Soviet and Post-soviet Prose. 2014. 226 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Humanidades, Universidade de Manchester, Reino Unido. 2014.). De etimologia incerta, a origem mais comumente aceita do termo “mat” é a de cognato do nome russo para mães - mat’ - o que sugere uma raiz indo-europeia com referências a rituais pré-cristãos de fertilidade (33). Esta etimologia soa mais verossímil ainda se levarmos em conta que xingamentos envolvendo a mãe do interlocutor são bastante comuns em russo, mas o léxico vai muito além disso. Segundo uma pesquisa conduzida pelo lexicógrafo russo Aleksei Plutser-Sarno (77)Plutser-Sarno, A. Больwоŭ словарь маmа: mом 1. São Petersburgo: Limbus, 2005., mais de 35 lexemas foram considerados como mat pelo público, embora ele mesmo afirme que o conceito de mat é relativo, sendo “uma questão de percepção dessas ou daquelas palavras pelo nativo da língua [...]. Alguns nativos consideram a palavra gondon como mat, outros não”4 4 Tradução minha, do russo, de: “Это вопрос восприятия тех или иных слов носителем языка [...]. Одни носители языка считают, к примеру, слово “гондон” матерным, а другие - нет.” . O consenso é de que essas palavras se referem a características fisiológicas e sexuais - gondon, por exemplo, é um termo vulgar para preservativos, mas que também pode ser usado para insultar um indivíduo inconveniente (cf. gíria platina forro, de natureza semelhante). Entretanto, Plutser-Sarno conclui que os sete lexemas mais comuns - iebat’, bliad’, khui, pizda, mudie, manda e ielda5 5 Transliteração minha, do russo, de: “1) ебать; 2) блядь; 3) хуй; 4) пизда; 5) муде; 6) манда; 7) елда” (todas oxítonas). - são a base do vocabulário de mat. Desses, somente os quatro primeiros aparecem ao longo do filme, além de outros dois da lista longa - kurva e pidor (pidrila) - cujos significados variam segundo o contexto, como veremos a seguir.

Antes de adentrar a análise propriamente dita, convém explicar com base em quais critérios a transliteração do alfabeto cirílico para o alfabeto latino é feita neste estudo. A transliteração do cirílico russo segue as normas empregadas no curso de graduação em língua russa da USP (Meletínski 10Meletínski, E. M. Os arquétipos literários. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini, Homero Freitas de Andrade e Arlete Cavaliere. Cotia: Ateliê Editorial, 1998.). A transliteração de nomes em belarusso segue as instruções do Comitê de Propriedade da República de Belarus apresentadas na 9ª Conferência das Nações Unidas para Padronização de Nomes Geográficos (Belarus 7-8Belarus. “National System of Geographic Names Transmission into Roman Alphabet in Belarus”. United Nations Conference on the Standardization of Geographical Names, 9. Nova York: ONU, 10 jul. 2007.), sendo as normas oficiais vigentes do país para transliteração do alfabeto cirílico belarusso ao alfabeto latino. Devido à ampla variedade de sistemas, padronizados ou não, para transliterar ambos idiomas, é possível que haja pequenas divergências entre a grafia dos nomes, títulos e vocábulos presentes neste trabalho e aqueles encontrados em outras fontes.

Raiz ie/io/(ia)b-

O primeiro lexema mencionado por Plutser-Sarno, iebat’, consiste na junção da raiz ieb- () + desinência de verbo da primeira conjugação -at’ (-amь), ou seja, trata-se de um verbo no infinitivo cuja morfologia e função semântica é semelhante à do verbo lusófono “foder”. Entretanto, como veremos, esta raiz é usada para formar vocábulos de significados extremamente variados ao longo do filme. De fato, com conotação sexual este verbo somente é usado uma vez, com alomorfia:

<trasianka> 72801:08:53,666 --> 01:08:58,964Думаю, отлично ябецца... Студэнтка Ela deve foder que é uma beleza... Estudante...

Embora mat seja um fenômeno tipicamente russo, suas raízes eslavas tornam difícil associá-lo apenas com este idioma. A frase dita pelo sargento Ruslan começa em russo (dumaiu otlitchno) mas termina em belarusso (jabiecca... studentka), o que pode ser acidental ou em referência ao fato de Miron ser militante da língua belarussa, sugerindo assim um tom de paródia. Observa-se que em belarusso também existe um fenômeno semelhante ao mat russo, conhecido popularmente como lajanka, no qual, por influência russófona ou herança comum eslava, existe o verbo jabać, de mesmo significado. Ou seja, podemos considerar ou não o caso relatado como alomorfia, a depender da perspectiva - se belarusso, não, se trasianka, sim. O fato é que esta raiz mesmo em russo é alomorfe6 6 Tal comportamento das letras e (ie) e ë (io) em russo é frequentemente observado não só em mat. Cf. , (më∂ - me∂oвъlŭ) вcë - вce (tudo - todas/os). O fato de falantes de russo raramente grafarem a segunda aponta para um senso comum de que se tratam de um alomorfe. , como vemos em outros exemplos no filme:

<russo> 25400:21:58,284 --> 00:22:00,823Въёбывай! Щнеля! Bora, porra! Schneller!

O verbo utilizado pela personagem, v”iobyvai, consiste na junção do prefixo v- (в-) com acomodação ortográfica -”- (ъ) que o separa foneticamente do ditongo presente na raiz alomórfica -iob- mais as desinências verbais de aspecto imperfeito -yv- (ьlв) - e de modo imperativo na segunda pessoa do singular -ai (-). Segundo um dos poucos dicionários de mat russo existentes (Akhmetova 45Akhmetova, T. Русскuŭ Mam: Толковыŭ Словаръ. Moscou: Kolokol-Press, 2000.), esse verbo significa 1. trabalhar muito; e 2. foder. Na cena, a frase é dita por um militar a Miron, após este ter tombado enquanto corria com o pelotão no quartel, sendo então uma ordem para cumprir a tarefa, isto é, prosseguir com seu trabalho de recruta. Em tal contexto, poderíamos facilmente imaginar um enfático “ande!”, “corra!” ou, mais informalmente, como evoca o uso de mat, “bora!”, porém sem uma referência ao verbo “foder”, que não carrega tal significado. Uma solução para manter o tom vulgar foi adicionar a interjeição “porra!”, curta o suficiente para manter a métrica da legenda ao mesmo tempo que agrega ênfase ao comando com fluidez, seguido do estrangeirismo Schneller.

Outros exemplos de verbos com essa raiz no filme são “vsio naiebnulos’7 7 00:25:34,817 --> 00:25:37,484 , “v uchi iebiomsia?8 8 00:29:47,964 --> 00:29:50,143 , “S”iebal otsiuda!9 9 00:31:14,051 --> 00:31:15,800 e “ia vas po otcheredi vyiebu!10 10 00:58:11,800 --> 00:58:15,800 . Em todos estes casos, a tradução consistiu na aproximação a expressões semelhantes de cunho vulgar usadas no Brasil, a saber: “fodeu tudo”, “tá com uma pica no ouvido?”, “Se mande, porra!” e “vou meter a porra em vocês!”, respectivamente. Tais escolhas priorizaram a fluidez dos diálogos, buscando uma familiarização com o público, em sacrifício de uma relação mais direta com o verbo “foder”. Exceto pela primeira frase, onde foi possível estabelecer um paralelo (vsio = tudo, naiebnulos’ = fodeu) para relatar uma pane, descrever as outras situações com estratégia semelhante foi impraticável por razões semânticas: a expressão v uchi iebiomsia? significa literalmente “fodemos nos ouvidos?”; s”iebal otsiuda pode ser interpretada como “fodeu para fora daqui”; e ia vas po otcheredi vyiebu seria algo como “foderei vocês em fila”. Nenhuma dessas traduções tem uso corrente na língua de chegada nem transmite o significado implícito.

Embora o lexema citado por Plutser-Sarno esteja em formato de verbo e dele se derivem muitos outros, como visto acima, a raiz ie/iob- também pode ser usada para formar adjetivos, substantivos e advérbios. No filme, exemplos disso são as frases “Otchiotchki davai nadieniem na iebal’nitchek!11 11 00:31:29,243 --> 00:31:32,365 e “Potchemu vy, iobanyie...?!12 12 00:54:09,800 --> 00:54:12,800 , traduzidas como “Vamos botar os oclinhos na fucinha!” e “Por que, seus fodidos...?!”. Embora no segundo exemplo tenha sido possível manter o paralelo com a raiz lusófona fod-, no caso anterior não encontrei xingamento semelhante que coubesse na mesma métrica, sacrificando um efeito estilístico em favor de outro. Ocorre que a frase em questão não é intencionalmente obscena, no sentido sexual que a raiz fod- evocaria, mas ao contrário, seu tom é infantil, o que se nota pelo uso de diminutivos na fala de Ruslan e seu ato de colocar os óculos de volta no rosto de Šery, após estes terem caído enquanto o soldado resistia ser levado pelos militares ao banheiro para ser violentado. Kovalev (38)Kovalev, M. The function of Russian Obscene Language in Late Soviet and Post-soviet Prose. 2014. 226 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Humanidades, Universidade de Manchester, Reino Unido. 2014. argumenta que o uso de mat não implica em pensamentos obscenos e cita trabalhos de linguistas como Felix Dreizin e Tom Priestly para afirmar que mat transcende a vulgaridade e chega ser uma língua própria e complexa, capaz de descrever praticamente tudo o que existe. Como estratégia de tradução, optei pela compensação (Gonçalves 69Gonçalves, H. Procedimentos técnicos da tradução: Uma nova proposta. Campinas: Pontes, 1990.) do substantivo iebal’nitchek, diminutivo de iebal’nik, termo pejorativo para rosto (Akhmetova 90) pelo diminutivo de “fuça”, transmitindo assim a carga depreciativa para rosto, o que contrasta com o linguajar infantilizado evocado pelo diminutivo, que foi mantido. Outra possibilidade seria a palavra “focinho”, porém esta, ainda que morfologicamente soe como diminutivo, não o é, e seu diminutivo – “focinhozinho” – ocuparia demasiado espaço.

Raiz blia-

O segundo lexema mencionado por Plutser-Sarno como mais comum no mat russo é, de fato, o palavrão mais usado em Viva Belarus!, ocorrendo 25 vezes. Embora Akhmetova (15-21)Akhmetova, T. Русскuŭ Mam: Толковыŭ Словаръ. Moscou: Kolokol-Press, 2000. cite 39 verbetes relacionados a esta raiz, no filme, ela se manifesta em apenas uma forma: blia(d’), que significa: 1. vadia; 2. pessoa ruim, vendida; e 3. palavra semanticamente vazia. Ouso dizer que é nesta última acepção que se encaixa o termo todas as vezes que ele é verbalizado no filme, como interjeição, geralmente para demonstrar descontentamento ou reforçar comandos. Em ambos os casos, a interjeição “porra” desempenha semelhante papel e por isso é usada na tradução, exceto quando há restrições métricas ou estilísticas.

Assim como ocorreu na raiz anterior, há também um exemplo de alomorfia por acomodação interlingual no texto de partida, quando Miron, demonstrando descontentamento/perplexidade, utiliza o termo:

<belarusso> 7700:06:34,800 --> 00:06:36,800Зьміцер! Што ты, блядзь, робіш? Zmicier! Que porra você está fazendo?

A grafia bliadź (блядзь) se adequa às regras ortográficas de belarusso, tanto narkamaka quanto taraškievica13 13 Padrões ortográficos oficial e tradicional da língua belarussa, respectivamente (Klimaŭ) , embora nenhum padrão o reconheça formalmente, por se tratar de uma palavra vulgar e marginalizada. Ainda que seja possível identificar alguma origem comum eslava do vocábulo tanto em belarusso quanto em russo, na fala de Miron o mais provável é de que se trate de uma influência da língua russa, algo frequente em falantes de belarusso. A frase acima teria o mesmo significado sem mat, o que tornaria o termo sintática e semanticamente vazio, mas sua função discursiva é fundamental, tanto por exprimir descontentamento quanto por mostrar uma ruptura na fala da personagem, que até então não havia xingado nem falado russo naquele contexto, sinalizando uma mudança de atitude pró status quo.

No quartel, o lexema é ouvido quase sempre no sentido de comando, a exemplo da frase “Biegom, bliad’!14 14 00:29:44,527 --> 00:29:45,527 (“Corram, porra!”) e “S”iebal otsiuda! Khuli smotrich’, blia?15 15 00:31:17,550 --> 00:31:20,550 (“Se mande, porra! Tá olhando o quê, caralho?”), sendo que na última frase, parcialmente analisada na seção anterior, a interjeição blia foi omitida na tradução por motivo de restrição espacial e superposição com outro uso de mat, de raiz khu- (xy-), sobre a qual veremos mais a seguir.

Raiz khu-

Como observado por Dostoievski, o vocábulo khui ocupa lugar central no mat russo, sendo a palavra à qual ele se referia na fala dos operários, capaz de expressar uma infinidade de significados, além de pênis e, por metonímia, seu portador (Akhmetova 478). Só o primeiro tomo do dicionário de Plutser-Sarno conta com mais de 500 termos relacionados às infames três letras, as quais, não por acaso sobrepõem-se no aviso da entrada de Mazyr16 16 00:13:48,221 --> 00:13:50,800 . Em Viva Belarus!, esse radical aparece um total de 15 vezes, incluindo alguns dos derivados teorizados por Kovalev a partir do relato de Dostoievski: khuinia e na khui, porém com significados diferentes, uma vez que, dada a natureza dialógica do mat, segundo o pensamento Bakhtiniano, seu significado está invariavelmente atrelado ao contexto, ao momento e ao receptor (Kovalev 74-75Kovalev, M. The function of Russian Obscene Language in Late Soviet and Post-soviet Prose. 2014. 226 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de Humanidades, Universidade de Manchester, Reino Unido. 2014.). Assim, enquanto na discussão de 1873, khuinia significava tolice (ou algo incerto, como agrega Akhmetova (500)Akhmetova, T. Русскuŭ Mam: Толковыŭ Словаръ. Moscou: Kolokol-Press, 2000.), no filme ela ganha um significado mais específico:

<russo> 34200:29:34,800 --> 00:29:37,862За каждую найденную неуставную хуйню Cada merda proibida que acharem 34300:29:37,918 --> 00:29:39,526два дня увольнительных dá dois dias de folga

Nesta situação, khuinia descreve algo incerto pelo qual pode-se obter uma razoável recompensa. Traduzido aqui como “merda”, por se tratar de um substantivo coringa, khuinia pode ser qualquer coisa que leve à identificação do autor do blog, logo, a devassa realizada pelos militares no alojamento deverá ser minuciosa. Tal ideia não seria tão específica se o vocábulo em questão fosse mais normativo, como viechtch’ (coisa) ou priedmiet (objeto), ao mesmo tempo que “merda”, assim como khuinia, transmite uma ideia de desprezo e mesmo aversão à natureza daquilo que se busca, o que demonstra falta de empatia com Miron e sua militância por direitos humanos. A expressão na khui, gritada pelo cabo Ščuka17 17 01:22:01,985 --> 01:22:03,995 , aqui também tem significado diferente do daquele relatado por Dostoievski, alterada pela presença do verbo de movimento idti (isci, em belarusso) no imperativo da segunda pessoa do plural, traduzida aqui mais literalmente como “vão pro caralho”. Dada a natureza não-normativa da expressão, utilizei a forma contraída da preposição “para” com artigo masculino, como marca de oralidade.

Como acontece com outros lexemas, do substantivo khui também podem originar vocábulos de outras categorias gramaticais, a exemplo do verbo okhuiet’, mencionado duas vezes no filme18 18 00:54:18,980 --> 00:54:22,247; 01:03:30,800 --> 01:03:32,800 , com o significado de “emburrecer” ou “enlouquecer” (Akhmetova 274Akhmetova, T. Русскuŭ Mam: Толковыŭ Словаръ. Moscou: Kolokol-Press, 2000.). Como advérbio interrogativo, nota-se também o uso de outro derivado de khu- utilizado duas vezes na narrativa, khuli19 19 00:30:37,800 --> 00:30:39,771; 00:31:17,550 --> 00:31:20,550 , aqui usado com verbos relacionados à visão - vylupit’sia (esbugalhar); smotret’ (observar) - donde a aproximação à expressão coloquial “tá olhando o quê?” seguida de referência ao lexema.

Raiz pizd-

Por último, dos quatro lexemas mais utilizados no mat russo segundo a pesquisa de Plutser-Sarno, pizda é usado somente uma vez em todo o filme, no plurale tantum declinado no caso genitivo piździuliej. Transcrevo o termo em taraškievica porque a frase é dita por Miron, que geralmente usa esse padrão, embora ela se manifeste como trasianka, aqui meramente refletindo sua fonética, sobretudo a palatização (𝓏 - ź /𝒵/) e mutação dental-velar (d - dź /d𝓏/), típica de belarusso (Sussex and Cubberley 202-203Sussex, R; Cubberley, P. The Slavic Languages. Nova York: Cambridge University Press, 2006.; 221):

<trasianka> 42500:38:02,933 --> 00:38:06,800Серый, зноў це пізьдзюлей адвесілі? Sieryi, de novo lhe meteram a porrada?

Miron é, quiçá, a personagem que melhor transita entre os dois idiomas principais do filme e este possivelmente é o único momento da obra em que ele fala trasianka, ainda por cima com uso de mat (matatrasianka), sinal de sua incipiente assimilação dentro do sistema.

Embora o lexema pizda signifique “órgão sexual feminino” (Akhmetova 296Akhmetova, T. Русскuŭ Mam: Толковыŭ Словаръ. Moscou: Kolokol-Press, 2000.), piździuli, forma nominativa de piździuliej, é traduzido como “porrada”, conotação provavelmente derivada do partitivo pizdy, usado nas frases dat’ pizdy ou pizdy polutchit’ (312), algo como “bater” (lit. “dar de boceta”) ou “ser batido” (lit. “receber de boceta”), sem nenhuma referência prática ao sexo de quem interage. Uma vez que na língua de chegada reproduzir este paralelo é inviável, traduzi como “porrada”, de semelhante teor vulgar e adequado à linguagem oral.

Outros lexemas

Como mencionado anteriormente, em Viva Belarus! podem-se ouvir ainda outros termos ofensivos, dois dos quais são mencionados por Plutser-Sarno: kurva, de significado semelhante a bliad’, e pidrila, diminutivo depreciativo de pidor, forma abreviada de pidoras, por sua vez, corruptela por redução fonética de pederast, cognato do português “pederasta” (176, 296). O primeiro é verbalizado apenas uma vez, por Miron, recém-chegado no quartel, após ser humilhado pelo sargento Ruslan20 20 00:19:50,453 --> 00:19:52,800 . Utilizado como interjeição, o termo foi traduzido com a expressão “puta que pariu”, de semelhante efeito e origem, ainda que razoavelmente mais longa. O segundo termo ocorre duas vezes, ambas vociferadas por Ruslan, primeiro a Sieryi e segundo a Miron21 21 00:36:54,698 --> 00:36:58,783; 01:03:47,426 --> 01:03:49,800 , sendo traduzidas como “viadinho” por meio de equivalência cultural e funcional (Gonçalves 67-68) com o sistema lexical vulgar brasileiro.

Existem no filme outros termos ofensivos que não se configuram morfologicamente como mat mas são efetivamente traduzidos como tal por conta da hostilidade neles implicada. Na Rússia, onde mat é usado como forma de rebeldia e protesto contra o governo, Kovalev (135) menciona a prisão do grupo de punk rock feminista Pussy Riot após realizarem uma performance “anti-Putin” na catedral moscovita do Cristo Salvador, em 2012. Embora as ativistas não tenham utilizado mat com conotação sexual em sua performance, isto é, nenhum dos termos mencionados aqui anteriormente, as autoridades as acusaram de profanar o templo ao gritar palavras como suka, literalmente, “cadela”, um indicativo do discurso moralista da era Putin. Embora Akhmetova (433)Akhmetova, T. Русскuŭ Mam: Толковыŭ Словаръ. Moscou: Kolokol-Press, 2000. reconheça este vocábulo como sinônimo de bliad’, Kovalev argumenta que, por não se tratar de uma raiz (ao menos não tão prolífica), esta e outras palavras - como kurva, também citada no dicionário de Akhmetova - não são universalmente aceitas como tal. Ouvida ao menos dez vezes no filme, geralmente como interjeição, suka é traduzida (ou omitida) assim como bliad’, especialmente quando ocupam a mesma frase22 22 Ex.: 01:03:52,398 --> 01:03:54,410 .

Considerações finais

Dada a sua complexidade morfossemântica e impressionante versatilidade ao longo da narrativa, podemos dizer que mat cumpre papel semelhante ao de um idioma distinto dentro do filme, configurando-se efetivamente como língua do exército e da opressão, marca de uma russificação ainda mais áspera e brutal do que aquela percebida na sociedade civil, onde o belarusso, língua da oposição nacionalista e da juventude rebelde, é veementemente rechaçado. O fato de Miron ser mandado para um quartel como punição revela que o serviço militar de dois anos de duração, obrigatório em Belarus, funciona como um sistema de lavagem cerebral na formação dos jovens como aliados do regime de Lukašenka e a língua russa, com destaque para o mat, juntamente com a simbologia (pós-)soviética servem para moldar seus intelectos de acordo com o discurso dominante, em última instância, do Kremlin. Longe de ser algo pontual, este sistema de longa duração foi explicitado por Lukašenka durante os protestos contra as fraudes nas eleições presidenciais de 2020, quando este ameaçou mandar todos os estudantes universitários servirem ao exército, caso participassem das manifestações (Naviny), anulando assim a isenção concedida a estes por lei e efetivamente ressoando a história de Franak Via?orka que deu origem ao filme Viva Belarus!.

É interessante notar que a situação de mat como língua do exército (e, por extensão, das forças policiais) em Belarus contrasta com a legislação do país, que proíbe o uso deste tipo de linguagem em locais públicos, sob risco de multa e detenção (ProkuraturaProkuratura. Ко∂ексы Республuкu Беларусь. Web. Minsk, 2003. Data de acesso: 31 ago. 2020. <http://www.prokuratura.gov.by/ru/acts/kodeksy-respubliki-belarus/>.
http://www.prokuratura.gov.by/ru/acts/ko...
). Assim, mat cumpre um papel político semelhante ao da vadiagem nos tempos da ditadura militar brasileira (1964-1985) quando as forças policiais podiam prender qualquer indivíduo alegando este motivo. Destarte, mat é mostrado no filme como uma verdadeira arma contra o povo belarusso: somente as autoridades estatais podem usá-la, sempre contra a população civil. A tradução e legendagem do filme para a língua portuguesa busca então reproduzir esse discurso atroz e humilhante como forma de denunciar o regime autoritário de Aliaksandr Lukašenka, tal como almejam o filme e o diário no qual ele se baseia.

  • 1
    Tradução minha, do russo (grafia pré-revolução de 1917), de: “MHѣ пришлось пройти шаговъ съ пятнадцать рядомъ съ толпой шестерыхъ Пьянъхъ мастеровыхъ и я вдругь убѣдился, что можно выразить всѣ Мысли, ощущенія и даже цѣлыя глубокія разсужденія однимъ лишь названіемъ этого существительнаго, до крайности къ тому же немногосложнаго.”
  • 2
    Tradução minha, do inglês, de: “I assume that the first worker said Khuinia! (‘Bullshit!’), to which the second replied Ni khuia! (‘Nonsense!’), the third then said to the first Na khui! (‘This is beside the point!’), the fourth said to the first Ni khuia sebe! (‘Unbelievable.’), and the sixth said to the fourth Kakogo khuia! (‘What’s that supposed to be?’).”
  • 3
    Tradução minha, do belarusso, de: “Сённяшні грамадзянін нашай краіны павінен аднолькава добра ведаць не толькі рускую, але і беларускую мову. На жаль, ён часцей за ўсё не ведае добра ніякай, гаворыць на “трасянцы", густа перасыпанай матам (“мататрасянцы”)”
  • 4
    Tradução minha, do russo, de: “Это вопрос восприятия тех или иных слов носителем языка [...]. Одни носители языка считают, к примеру, слово “гондон” матерным, а другие - нет.”
  • 5
    Transliteração minha, do russo, de: “1) ебать; 2) блядь; 3) хуй; 4) пизда; 5) муде; 6) манда; 7) елда” (todas oxítonas).
  • 6
    Tal comportamento das letras e (ie) e ë (io) em russo é frequentemente observado não só em mat. Cf. , (më∂ - me∂oвъlŭ) вcë - вce (tudo - todas/os). O fato de falantes de russo raramente grafarem a segunda aponta para um senso comum de que se tratam de um alomorfe.
  • 7
    00:25:34,817 --> 00:25:37,484
  • 8
    00:29:47,964 --> 00:29:50,143
  • 9
    00:31:14,051 --> 00:31:15,800
  • 10
    00:58:11,800 --> 00:58:15,800
  • 11
    00:31:29,243 --> 00:31:32,365
  • 12
    00:54:09,800 --> 00:54:12,800
  • 13
    Padrões ortográficos oficial e tradicional da língua belarussa, respectivamente (Klimaŭ)
  • 14
    00:29:44,527 --> 00:29:45,527
  • 15
    00:31:17,550 --> 00:31:20,550
  • 16
    00:13:48,221 --> 00:13:50,800
  • 17
    01:22:01,985 --> 01:22:03,995
  • 18
    00:54:18,980 --> 00:54:22,247; 01:03:30,800 --> 01:03:32,800
  • 19
    00:30:37,800 --> 00:30:39,771; 00:31:17,550 --> 00:31:20,550
  • 20
    00:19:50,453 --> 00:19:52,800
  • 21
    00:36:54,698 --> 00:36:58,783; 01:03:47,426 --> 01:03:49,800
  • 22
    Ex.: 01:03:52,398 --> 01:03:54,410

Referências

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    » https://www.bbc.com/portuguese/internacional-4413354
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  • Viva Belarus!. Direção: Krzysztof Łukaszewicz. Produção: Tadeusz Drewno, Daniel Markowicz e Wlodzimierz Niderhaus. Intérpretes: Dzmitry Papko; Vadim Affanasiev; Karolina Gruszka; Anatolii Kot e outros. Roteiro: Krzysztof Łukaszewicz e Franak Viačorka. Música: Lavon Volski. Polônia: WFDIF, Canal +, Polski Instytut Sztuki Filmowej, 2012. 1 DVD (98 min.), widescreeen, color.
  • Wyson, K. “Viva Belarus! Premieres In Washington”. Radio Free Europe / Radio Liberty, 14 nov. 2014. Data de acesso: 3 out. 2014. <http://www.rferl.org/content/viva-belarus-premieres-in- washington/25168573.html>.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    01 Nov 2021
  • Aceito
    20 Dez 2021
  • Publicado
    Fev 2022
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