RESUMO
Estudos que utilizaram dados de survey para analisar as razões da eleição de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil em 2018 destacaram fatores como ideologia conservadora, antipetismo (ressentimento contra o Partido dos Trabalhadores Brasileiros) e populismo. Em todos eles, as variáveis midiáticas são tratadas de maneira superficial, como se seu papel na política e nas eleições fosse simplesmente “entregar a mensagem” aos eleitores. Contestamos essa visão de que a mídia desempenhou um papel secundário nas decisões dos eleitores, ao enfatizar os efeitos das redes sociais e dos aplicativos de troca de mensagens instantâneas. Com base nos dados do Estudo Eleitoral Brasileiro, mostramos que o uso do Facebook, WhatsApp e YouTube como fontes de informação política quase dobrou as chances de voto em Bolsonaro. Isso os coloca em um nível de importância semelhante ao de outras variáveis, como o discurso anti-pluralista, valores religiosos e ideologia de direita.
redes sociais; aplicativos de troca de mensagens instantâneas; eleições presidenciais brasileiras; populismo; efeitos da mídia