RESUMO
A recente transformação espacial das regiões periféricas das cidades latinoamericanas induzida pela construção de condomínios fechados de elite instigou a discussão se este desdobramento favorece a integração socioeconômica das camadas baixas. Visando contribuir a um debate ainda incipiente no Brasil, neste trabalho indaga-se sob quais condições o efeito-território, acometendo as populações dos bairros Calabar, Bate Facho e Vila Verde – Salvador, Brasil – se vê mitigado pela proximidade aos condomínios de elite. À base de entrevistas, identificam-se três mecanismos – as alterações no sistema de suporte, o impacto do crime e a estigmatização da população – que explicam a variabilidade do efeito-território nestes três locais. Discute-se que as oportunidades de participação socioeconômica do indivíduo vis-à-vis seu entorno geográfico estão condicionadas à existência de espaços públicos e ao impacto do crime. O efeito mitigador das externalidades positivas declina nos bairros periféricos Bate Facho e Vila Verde, onde os condomínios fechados fisicamente isolados produzem efeitos excludentes.
segregação residencial; pobreza urbana; efeito-território; gentrificação; condomínios fechados