RESUMO
A teoria decolonial latino-americana é construída em torno da tese da “colonialidade do conhecimento”, que afirma que o domínio sociopolítico da América Latina e de outras regiões da periferia global pelos países europeus e pelos Estados Unidos está diretamente relacionado à imposição colonial inicial e à subsequente reprodução cultural da chamada “epistemologia ocidental” e da ciência. Defendo que as reivindicações epistemológicas de quatro pensadores decoloniais (Aníbal Quijano, Walter Mignolo, Enrique Dussel, Santiago Castro-Gómez) que compõem a tese da colonialidade do conhecimento são problemáticas por várias razões: baseiam-se em leituras distorcidas e simplistas de Descartes, Hume e outras figuras do Iluminismo; fazem generalizações controversas sobre a chamada epistemologia ocidental; e, em última instância, levam ao relativismo epistêmico, que é uma base problemática para as ciências sociais e, ao contrário das aspirações decoloniais, torna o subalterno incapaz de falar.
colonialidade; teoria decolonial; Descartes; epistemologia; ciência