RESUMO
De acordo com a Teoria da Hierarquia Contrastiva de Traços (DRESHER, 2003DRESHER, Elan. 2003. Contrast and asymmetries in inventories. In: Anna-Maria di Sciullo (ed.) Asymmetry in grammar, Volume 2: Morphology, phonology, acquisition, Amsterdam: John Benjamins, p. 239-306.; 2009______. 2009. The Contrastive Hierarchy in Phonology. Cambridge: Cambridge University Press.), a representação lexical dos segmentos deve ser hierarquicamente disposta com base nos contrastes e nos processos fonológicos que afetam os segmentos da língua. Com base nessa teoria, (Lee, 2008LEE, Seung-Hwa. 2008. Contrate das Vogais no PB. Portuguese-Brazilian Studies, v. 5, p. 201-221.) propõe que as vogais do português brasileiro sejam representadas a partir da seguinte hierarquia de traços: [baixo] > [recuado] > [alto] > [ATR]. Vemos, entretanto, que tal hierarquia não consegue explicar um processo fonológico tal como ocorre no dialeto paulista: a elisão vocálica que, nesse dialeto, afeta as vogais átonas finais /a/ e [u] (cf. NOGUEIRA, 2007NOGUEIRA, Milca Veloso. 1990. Aspectos segmentais no processo de sândi externo no falar de São Paulo. São Paulo: Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado, 2007. e SANTOS, 2007SANTOS, Raquel Santana. 2007. A aquisição prosódica do português brasileiro de 1 a 3 anos: padrões de palavra e processos de sândi externo. São Paulo: Universidade de São Paulo. Tese de pós-doutorado.). O presente artigo apresenta uma proposta de representação lexical que agrupa essas vogais sob um mesmo contraste fonológico, capturando o fato de elas serem alvo de um mesmo processo fonológico no dialeto paulista.
Palavras-chave:
representação lexical; vogais posteriores; processos fonológicos; hierarquia contrastiva de traços