RESUMO
O uso de redes sociais da internet aumentou exponencialmente desde o início da pandemia de Covid-19. Tal aumento fez com que elas se tornassem ainda mais propícias para a divulgação massiva de fake news, transformando-se um problema de natureza social e de saúde pública. Com o intuito de compreender o modus operandi das fake news nas redes sociais, este artigo tem como objetivo promover uma discussão epistemológica que busque compreender o processo de produção e disseminação de (in)verdades nesses ambientes. Para tanto, parte-se dos conceitos de ‘verdade’ e de ‘regimes de verdade’ (Foucault,1979Foucault, M. (1979). Microfísica do poder. Org. e trad. de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal.), alinhando-os às noções psicossociais e culturais de percepção e imaginação (Sartre, 1996Sartre, J. (1996). O imaginário: Psicologia fenomenológica da imaginação. São Paulo: Ática.; Kalantzis et al., 2020Kalantzis, M., Cope, B., Pinheiro, P. (2020). Letramentos1ª ed. Campinas, Editora Unicamp.). Em seguida, procura-se revisitar e ampliar a discussão sobre o conceito de “multissinóptico” (Pinheiro, 2014Pinheiro, P. (2014). A era do multissinóptico: que (novos) letramentos estão em jogo?. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 30, n. 2, p. 137-160. https://doi.org/10.1590/S0102-46982014000200007
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), na tentativa de compreender a complexidade tecnológica e social das redes sociais na produção e disseminação de fake news, que redimensiona sistemas de broadcasting, narrowcasting e individual casting. Por fim, são apresentadas algumas considerações sobre a possibilidade de uma educação crítica para lidar com informações que circulam nas redes sociais.
Palavras-chave:
Fake news; redes sociais; (regimes de) verdade; multissinóptico; educação crítica