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Que gramática estudar na escola?: norma e uso na língua portuguesa

NOTAS SOBRE LIVROS

Zélia do Socorro Pinto Trindade

LAEL/PUC-SP

NEVES, Maria Helena de Moura. 2004. Que gramática estudar na escola? Norma e uso na Língua Portuguesa. 2ª ed. – São Paulo: Contexto, 174 páginas.

Dentre diversas outras, esta é mais uma contribuição valiosa de Maria Helena de Moura Neves para as áreas de Lingüística, Lingüística Aplicada e Língua Portuguesa, indicada para aqueles que se ocupam com questões relacionadas ao ensino de língua materna e, mais especificamente, com o ensino de gramática. Através de uma linguagem objetiva, a autora discute a necessidade de se estabelecer um tratamento escolar mais científico às atividades de linguagem, especialmente às atividades relacionadas à gramática da Língua Portuguesa. A reflexão sobre a linguagem e sobre o uso lingüístico, a partir de uma perspectiva funcional, é o foco do livro.

Além da apresentação, a obra compreende três partes. Na primeira, Introdução, a autora traça um panorama da natureza do ensino de Língua Portuguesa que as escolas oferecem e defende o estabelecimento de um tratamento escolar cientificamente embasado (e operacionalizável) da gramática de língua materna.

Na segunda parte, Gramática, uso e norma, Neves faz uma reflexão sobre a natureza da disciplina gramatical com a qual temos convivido. Para isso, apresenta uma visão histórica da tradição gramatical do Ocidente, das origens (com a Téchne Grammatiké, de Dionísio o Trácio) aos nossos dias e discute as relações entre a dicotomia uso x norma e a disciplina gramatical.

Na terceira parte, Norma, uso e gramática escolar, a autora faz uma avaliação sobre o espaço e a natureza que o tratamento da linguagem tem nas escolas; discute a necessidade de se relativizar as dicotomias língua falada x língua escrita, língua-padrão x língua-não-padrão e enfatiza a necessidade de valorização dos usos lingüísticos, defendendo que a gramática da língua se efetiva no uso, nas situações interlocutivas, na criação de textos. O ponto de destaque, nessa parte da obra, é que a disciplina gramatical escolar não pode alhear-se do real funcionamento da linguagem.

Temos, portanto, disponível mais uma importante contribuição para os que desejam ampliar questões acerca da natureza da disciplina gramatical escolar sob uma nova perspectiva e revisitar, sob tal perspectiva, 'velhas' dicotomias que há muito tempo acompanham a tradição gramatical. Sem dúvida, essa obra é uma fonte de reflexão sobre como ensinar a língua em uso sob uma perspectiva mais realista e próxima do cotidiano.

E-mail: zeliatrin@bol.com.br

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Out 2006
  • Data do Fascículo
    2006
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