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O português falado em comunidades indígenas de língua Tupí-Guaraní nos estados do Pará e Maranhão: o contínuo dialetal étnico/não étnico no campo semântico Atividades Agropastoris

The Portuguese spoken in Tupí-Guaraní indigenous communities in the states of Pará and Maranhão: the ethnic/non ethnic dialectal continuum in the semantic field Agropastoris Activities

RESUMO

Este estudo integra o projeto Atlas Linguístico do Português em Áreas Indígenas (ALiPAI) e investiga, à luz da Dialetologia Pluridimensional e Relacional (Thun, 1998THUN, Harold. 1998. La geolinguística como linguística variacional general (con ejemplos del Atlas linguístico Diatópico y Diastrático do Uruguay). In: RUFINO, Gilvanni. (Org.). Atti Congresso internacizionale di linguistica e filologia romanza, 21, 1995, Palermo. Tübingen: Niemeyer.) e da Geossociolinguística (Razky, 1998RAZKY, Abdelhak. 1998. O Atlas geo-sociolinguístico do Pará: abordagem metodológica. In: AGUILERA, Vanderci de Andrade. (Org.). A geolinguística no Brasil: caminhos e perspectivas. Londrina: EDUEL .), a variação lexical do português falado por índios de origem Tupí-Guaraní dos estados do Pará e Maranhão, a partir do campo semântico Atividades Agropastoris do Questionário Semântico-Lexical (QSL), aplicado para esta pesquisa. Considerou-se as dimensões diatópica, diassexual, diageracional, diastrática e dialingual. Os resultados refletem um contínuo dialetal étnico não homogêneo na área considerada e entre esta e áreas não indígenas localizadas no mesmo espaço geográfico das TIs pesquisadas. Dessa forma, conclui-se que as áreas indígenas consideradas são fortemente influenciadas pelas comunidades não indígenas que as rodeiam.

Palavras-chave:
Variação lexical; Áreas indígenas; Tupí-Guaraní; Contínuo dialetal

ABSTRACT

This study integrates the project “Linguistic Atlas of Portuguese spoken in Indigenous Areas (ALiPAI)”. The theoretical and methodological background is based on Pluridimensional and Relational Dialecology (Thun, 1998THUN, Harold. 1998. La geolinguística como linguística variacional general (con ejemplos del Atlas linguístico Diatópico y Diastrático do Uruguay). In: RUFINO, Gilvanni. (Org.). Atti Congresso internacizionale di linguistica e filologia romanza, 21, 1995, Palermo. Tübingen: Niemeyer.) and Geossociolinguistics (Razky, 1998RAZKY, Abdelhak. 1998. O Atlas geo-sociolinguístico do Pará: abordagem metodológica. In: AGUILERA, Vanderci de Andrade. (Org.). A geolinguística no Brasil: caminhos e perspectivas. Londrina: EDUEL .). The paper aims at analyzing the lexical variation of Portuguese spoken by Indians of origin Tupí-Guaraní from the states of Pará and Maranhão. This lexical investigation focuses on the semantic field ‘agropastoral activities’ of the Semantic-Lexical Questionnaire (QSL) that was applied for this research. Diatopic, diasexual, diagenerational, diastratic and dialingual dimensions were considered for the analysis. The results indicate the existence of an ethnic non homogeneous dialect continuum in the areas considered, and a shared continuum that extends to the non indigenous areas next to the geographical space of the indigenous areas that were surveyed. Thus, it is concluded that the indigenous areas considered are strongly influenced by the non indigenous communities that surround them.

Keywords:
Lexical variation; Indigenous areas; Tupí-Guaraní; Dialectal continuum

1. Introdução

A investigação do português falado por indígenas no contexto da geolinguística brasileira se deu com o projeto Mapeamento Geossociolinguístico do Português falado em Áreas Indígenas nos Estados do Pará e Maranhão (MaGePAI), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenado pelo professor Abdelhak Razky na Universidade Federal do Pará. O desenvolvimento do MaGePAI culminou na realização, dentro do projeto Geossociolinguística e Socioterminologia (GeoLinTerm), do eixo de pesquisa Atlas Linguístico do Português em Áreas Indígenas (ALiPAI), no âmbito do qual este estudo está inserido.

O ALiPAI surgiu a partir da constatação de uma lacuna tanto no que diz respeito ao estudo geossociolinguístico das línguas indígenas brasileiras, que viria a ser preenchida com a desenvolvimento do projeto Atlas Sonoro das Línguas Indígenas do Brasil (ASLIB), ao qual o ALiPAI está vinculado, quanto no que concerne ao estudo do português falado em áreas indígenas, tendo em vista que o português falado no Brasil já era objeto de estudo do projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB). Dessa forma, o ALiPAI é um projeto pioneiro na geolinguística do português brasileiro falado em áreas indígenas, adotando os princípios teórico-metodológicos da Dialetologia Pluridimensional e Relacional, perspectiva investigativa que está na base do Atlas Linguístico Diatópico y Diastrático del Uruguay (ADDU) e o Atlas Linguístico Guaraní-Románico (ALGR), atlas linguísticos pluridimensionais.

O ALiPAI considerou, incialmente, a variação fonética e lexical do português falado por indígenas nos estados do Pará e Maranhão e possibilitou o desenvolvimento de duas teses de doutorado: a de Guedes (2017), sobre fenômenos fonéticos, intitulada Perfil geossociolinguístico do português em contato com línguas Tupí-Guaraní em áreas indígenas dos estados do Pará e Maranhão, e a de Costa (2018COSTA, Eliane Oliveira da. 2018. Estudo geossociolinguístico do léxico do português falado em áreas de língua Tupí-Guaraní nos estados do Pará e Maranhão. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) - Universidade Federal do Pará, Belém.), sobre fenômenos lexicais, intitulada Estudo geossociolinguístico do léxico do português falado em áreas indígenas de língua Tupí-Guaraní nos estados do Pará e Maranhão.

Estudos dessa natureza, que envolvem áreas de contato linguístico, tornam-se imprescindíveis para a compreensão do português brasileiro, haja vista que o Brasil, cuja formação linguística caracteriza-se pela diversidade étnica, é um país plurilíngue com distintas situações de contato, identificadas “entre línguas autóctonas, exóctonas [...], na diversidade linguística de fronteira [...] e no contato com falares étnicos específicos como, por exemplo, falares ciganos e, ainda na aquisição formal de línguas estrangeiras” (SAVEDRA, 2010SAVEDRA, Mônica Maria Guimarães. 2010. Estudos e pesquisas em sociolinguistica no contexto plurilíngue do Brasil. Revista da ANPOLL (Impresso), Vol. 29: 219-234., p. 222).

É nesse contexto que se situa este estudo que investiga a variação dos itens lexicais tangerina, penca, banana dupla, parte terminal da inflorescência da bananeira, todos pertencentes ao campo semântico Atividades Agropastoris, nas terras indígenas (doravante TIs) Trocará, Nova Jacundá, Sororó e Cana Brava. Nessas comunidades indígenas, falam-se a língua indígena (em grande medida os indivíduos da segunda faixa etária) e a língua portuguesa, sendo esta última a língua predominante entre os indígenas das etnias consideradas.

2. Fundamentos teórico-metodológicos

A pesquisa geolinguística passou por grandes transformações teórico-metodológicas ao longo do tempo. Nesse contexto, pontua-se, decisivamente, o surgimento da Sociolinguística, haja vista que essa disciplina mostrou a importância do fator social para melhor compreensão do funcionamento das línguas naturais, impulsionando, no âmbito dos estudos dialetais, uma observação plural dos fenômenos linguísticos, isto é, passou-se a observá-los a partir de outras dimensões, além da diatópica (ou espacial). Essa perspectiva embasa este estudo que segue as orientações teórico-metodológicas da Dialetologia Pluridimensional e Relacional (Thun 1998THUN, Harold. 1998. La geolinguística como linguística variacional general (con ejemplos del Atlas linguístico Diatópico y Diastrático do Uruguay). In: RUFINO, Gilvanni. (Org.). Atti Congresso internacizionale di linguistica e filologia romanza, 21, 1995, Palermo. Tübingen: Niemeyer.) e da Geossociolinguística (Razky, 1998RAZKY, Abdelhak. 1998. O Atlas geo-sociolinguístico do Pará: abordagem metodológica. In: AGUILERA, Vanderci de Andrade. (Org.). A geolinguística no Brasil: caminhos e perspectivas. Londrina: EDUEL .), além de abordar o conceito de continuum multidimensional (Berruto, 2010BERRUTO, Gaetano. 2001. Identifying dimensions of a linguistic variation in a language space. In: AUER, Peter; SCHMIDT Jürgen Erich. (Eds). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Vol. 1: Theories and methods. Berlin; New York: De Gruyter Mouton.).

A Dialetologia Pluridimensional e Relacional (doravante DPR) é uma linha de investigação científica que tem como escopo o estudo da variação linguística em uma perspectiva ampla, uma vez que não só atrela os ideais teórico-metodológicos da Dialetologia (tradicionalmente monodimensional) aos da Sociolinguística (originalmente sociodialetal), mas também abrange as variedades mistas, os fenômenos de contato linguístico entre línguas contíguas ou superpostas de minorias e de maiorias, as formas regionais, a variação diafásica, o comportamento linguístico de grupos topodinâmicos (aqueles que são demograficamente móveis) afrontado com o de grupos topostáticos (aqueles que pouco móveis no espaço), a atitude metalinguística dos falantes, bem como seu comportamento linguístico, considerando todas as dimensões, parâmetros e relações geossociolinguísticas passíveis de análise no espaço variacional (THUN, 1998THUN, Harold. 1998. La geolinguística como linguística variacional general (con ejemplos del Atlas linguístico Diatópico y Diastrático do Uruguay). In: RUFINO, Gilvanni. (Org.). Atti Congresso internacizionale di linguistica e filologia romanza, 21, 1995, Palermo. Tübingen: Niemeyer.). Quanto ao contanto linguístico, Thun (2010______. 2010. Variety complexes in contact: A study on Uruguayan and Brazilian fronterizo. In: AUER, Peter; SCHMIDT Jürgen Erich. (Eds). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Vol. 1: Theories and methods. Berlin; New York: De Gruyter Mouton.: 706, tradução nossa) explica que a DPR o concebe de maneira diferente da dos estudos clássicos (como o de Uriel Weinreich) e afirma: “nos propomos analisar a configuração de contato como uma aproximação de dois ou mais complexos de variedades, cada um deles sendo uma arquitetura de mais de um sistema mais ou menos homogêneo5 5 “Unlike classic studies on linguistic contact (like Weinreich 1970), which tend to reduce the contact configuration to the mutual influence of two languages considered as homogeneous systems, we propose analyzing the contact configuration as an approximation of two or more variety complexes, each of them an architecture of more than one more-or-less homogenous system”. (THUN, 2010, p. 706). .

Nessa mesma linha de raciocínio da DPR, Razky (1998RAZKY, Abdelhak. 1998. O Atlas geo-sociolinguístico do Pará: abordagem metodológica. In: AGUILERA, Vanderci de Andrade. (Org.). A geolinguística no Brasil: caminhos e perspectivas. Londrina: EDUEL .) lança e estabelece a Geossociolinguística com a criação do projeto Atlas Geossociolinguístico do Pará (ALiPA) que, impactado pelo advento da Sociolinguística no Brasil, incluiu em sua metodologia o controle de variáveis sociais como sexo, idade escolaridade e renda. Do ALiPA, resulta o primeiro atlas pluridimensional brasileiro, o Atlas Linguístico Sonoro do Pará (Razky, 2004RAZKY, A. (Org.). 2004. Atlas lingüístico sonoro do Pará. CDRoom. Belém: PA/CAPES/UTM. ), que mapeou a variação fonética da variedade paraense do português brasileiro, considerando as dimensões diatópica, diassexual e diageracional. Para Razky (2010RAZKY, Abdelhak. 2010. Uma perspectiva geo-sociolinguística para a análise do status da variável < s> em contexto pós-vocálico no nordeste do estado do Pará. In: Estudos Linguísticos e Literários. Num. 41. Salvador: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura/Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia .:172) a abordagem geossociolinguística “é necessária para compensar os limites de cada uma das duas disciplinas: a Sociolinguística cuja maior parte dos trabalhos no Brasil se detém na dimensão social e local; e a Geolinguística, que se preocupa com aspecto espacial com estratificação social mínima.”

Em convergência com autores supracitados, Elizaincín (2010ELIZAINCÍN, Adolfo. 2010. Socio y geolinguística: nueva alianza em los estúdios sobre el uso linguístico. In: Estudos Linguísticos e literários. Num. 41. Salvador: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura/Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia.) vincula Sociolinguística e Dialetologia pelo viés da diacronia ao esclarecer que a Sociolinguística é, em si, um tipo de linguística histórica, uma vez que a mudança linguística é seu objeto privilegiado, e que a Dialetologia, que tem por base os dados geolinguísticos, não exclui de seu campo de interesse as consequências diacrônicas resultantes do estudo dos mapas linguísticos e, sobretudo, do que resultou do estudo detalhado das fronteiras linguísticas distinguíveis em um território, as chamadas isoglossas. Para o autor, “a relação das disciplinas é evidente por si só. E a consideração de todos os fenômenos linguísticos interessantes torna-se mais atraente mesmo se a consideração é feita em conjunto e não isolada6 6 “La relación de las disciplinas es evidente de por sí. Y la consideración de todo fenómeno linguístico interessante se vuelve más atrayente aun si la consideración se hace de manera conjunta y no aislada (ELIZAINCÍN, 2010, p. 20). .” (Elizaincín 2010ELIZAINCÍN, Adolfo. 2010. Socio y geolinguística: nueva alianza em los estúdios sobre el uso linguístico. In: Estudos Linguísticos e literários. Num. 41. Salvador: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura/Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia.: 20), tradução nossa).

Dentro do escopo dessas disciplinas, desenvolve-se também o conceito de contínuo, sobre o qual Berruto (2010BERRUTO, Gaetano. 2001. Identifying dimensions of a linguistic variation in a language space. In: AUER, Peter; SCHMIDT Jürgen Erich. (Eds). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Vol. 1: Theories and methods. Berlin; New York: De Gruyter Mouton.) afirma:

“O arranjo de variedades no espaço linguístico que constitui uma língua toma a forma de continua. O conceito de continuum implica um conjunto ordenado de elementos arranjados de tal forma que entre duas entidades adjacentes do conjunto (neste caso, variedades linguísticas) não há fronteiras nítidas, mas sim uma diferenciação gradual distorcida, cada variedade partilha algumas características sociolinguisticamente marcadas com variedades adjacentes. A própria noção de um continuum em linguística variacional surgiu em geolinguística, onde a paisagem dialetal é muitas vezes vista como um continuum de dialeto: entre os dialetos de duas aldeias vizinhas em uma área linguística encontra-se pouca diferença, enquanto as diferenças aumentam cumulativamente quando se considera aldeias progressivamente mais distantes, sendo a maior diferença registrada nas extremidades do continuum. Em outras palavras, a distância linguística entre dialetos locais parece ser uma função da sua distância geográfica, sem limites claros sendo percebidos entre dialetos contíguos7 7 “The arrangement of varieties in the language space constituting a language takes the form of continua. The concept of continuum implies an ordered set of elements arranged in such a way that between two adjacent entities of the set (in this case, language varieties) there are no sharp boundaries, but rather a gradual, fuzzy differentiation, each variety sharing some sociolinguistically marked features with adjacent varieties. The very notion of a continuum in variational linguistics arose in geolinguistics, where the dialectal landscape is often viewed as a dialect continuum: between two neighboring village dialects in a linguistic area one finds little difference, while differences increase cumulatively as one considers progressively more distant villages, the greatest difference being recorded at the extremities of the continuum. In other words, linguistic distance between local dialects seems to be a function of their geographical distance, no clear-cut boundaries being perceived between contiguous dialectus” (Berruto, 2010, p. 235-136). (Berruto 2010BERRUTO, Gaetano. 2001. Identifying dimensions of a linguistic variation in a language space. In: AUER, Peter; SCHMIDT Jürgen Erich. (Eds). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Vol. 1: Theories and methods. Berlin; New York: De Gruyter Mouton.: 235-236, tradução nossa).

A língua, nesse caso, é um espaço linguístico, e a noção de continuum multidimensional ajuda a ordenar a heterogeneidade de formas linguísticas que o constitui. Nesse sentido, é importante esclarecer que “na verdade, cada dimensão de variação é concebível como um continuum”, de modo que “o quadro geral resultante de variação em um espaço linguístico assume a forma de uma soma de continua entrecruzados, um não polarizado (a variação diatópica) e dois polarizados (a variação diastrática e diafásica)8 8 In fact, each dimension of variation is conceivable as a continuum, so that the resulting general Picture of variation in a language space takes the form of a sum of intercrossing continua, one nonpolarized (the diatopic variation) and two polarized (the diastratic and diaphasic variation), as sketched (BERRUTO, 2010, p. 236). ” (BERRUTO, 2010BERRUTO, Gaetano. 2001. Identifying dimensions of a linguistic variation in a language space. In: AUER, Peter; SCHMIDT Jürgen Erich. (Eds). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Vol. 1: Theories and methods. Berlin; New York: De Gruyter Mouton.: 236, tradução nossa)

O estudo de uma língua tende a ser mais completo se realizado sob uma perspectiva geossociolinguística ou pluridimensional, pois há a integração do eixo horizontal (da Dialetologia) ao eixo vertical (da Sociolinguística), além da consideração de outras áreas e fenômenos geossociolinguísticos. Quanto à ideia de contínuo, pode ser encontrada, por exemplo, no trabalho de Ramos, Bezerra e Rocha (2016RAMOS, Conceição de Maria de Araújo; BEZERRA, José de Ribamar Mendes; ROCHA, Maria de Fátima Sopas. 2016. O polimorfismo linguístico no continuum rural-urbano brasileiro: a contribuição do Atlas Linguístico do Maranhão aos estudos lexicais In: AGUILERA, Vanderci de Andrade; ROMANO, Valter Pereira. (Org.). A geolinguística no Brasil: caminhos percorridos, horizontes alcançados. Londrina: EDUEL .), O polimorfismo linguístico no continuum rural-urbano brasileiro: a contribuição do Atlas Linguístico do Maranhão aos estudos lexicais e de Razky e Guedes (2015RAZKY, Abdelhak; GUEDES, Regis José da Cunha. 2015. Le continuum des regroupements lexicaux dans l’Atlas Geossociolinguístico do Pará (ALiPA). Géolinguistique (Grenoble), vol. 15: 149-162.), Le continuum des regroupements lexicaux dans l’Atlas Geossociolinguístico do Pará (ALiPA).

3. Procedimentos metodológicos

O mapeamento da variação lexical do português falado em áreas indígenas envolveu uma rede com 4 pontos de inquérito (Figura 1): TIs Trocará (etnia Asuriní), Nova Jacundá (etnia Guaraní Mbyá) e Sororó (etnia Suruí Aikewára), no estado do Pará, e Cana Brava (etnia Guajajára), no estado do Maranhão.

Figura 1
Rede de pontos de inquérito

O principal critério de seleção desses pontos de inquérito foi a classificação linguística; as línguas faladas em todas as comunidades indígenas investigadas integram a família linguística Tupí-Guaraní, do tronco Tupí, de acordo com Rodrigues e Cabral (2002RODRIGUES, Aryon Dall’Igna; CABRAL, Ana Suelly Arruda Câmara. 2002. Revendo a classificação interna da família Tupí-guaraní. In: Atas do I Encontro Internacional do GTLI da ANPOLL, Vol. 1, Belém: EDUFPA.). No entanto, foram considerados ainda o acesso, a localização e a demografia das TIs pesquisadas.

O perfil dos colaboradores9 9 Foram entrevistados 8 indígenas na TIs Trocará, Nova Jacundá e Canabrava, e 9 na TI Sororó, num total de 33 indivíduos. contempla as dimensões diassexual, diageracional e diastrática, como mostra o quadro sinóptico 1:

Quadro 1
Perfil dos colaboradores

Esses indivíduos são falantes de português e língua indígena (bilíngues), apresentando diversos níveis de habilidade em ambas as línguas, ou falantes só de português (monolíngues), sendo os colaboradores da faixa etária B os mais proficientes em língua indígena. Em relação aos colaboradores da faixa etária A, observou-se que alguns deles falam a língua indígena. Já as crianças, algumas delas conseguem falar palavras e expressões soltas em língua indígena.

A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação do Questionário Semântico-Lexical elaborado pelo Comitê do Projeto ALiB (Comitê, 2001COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALiB. 2001. Atlas Linguístico do Brasil: Questionários. Londrina: EDUEL .), cuja finalidade é a de coletar a diversidade lexical da língua portuguesa falada no Brasil. Além do QSL, foi aplicado um Questionário Sociolinguístico (QS), elaborado a partir do questionário aplicado por Margotti (2004MARGOTTI, Felício Wessling. 2004. Difusão sócio-geográfica do português em contato com o italiano no Sul do Brasil. Tese (Mestrado em Linguística) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.), cujo objetivo era o de observar questões de bilinguismo individual e coletivo nas comunidades étnicas investigadas. A aplicação do QS possibilitou melhor compreensão do contexto sociolinguístico no qual se desenvolveu este estudo.

Os inquéritos foram realizados in loco nas TIs Trocará/Tucuruí (povo Asuriní do Tocantins), Nova Jacundá/Rondon do Pará (povo Guarani-Mbyá), Sororó/São Geraldo do Araguaia (povo Suruí Aikewára) e Cana Brava/Barra do Corda (povo Guajajára) com gravadores digitais profissionais das marcas Sony, Tascam e Zoom. Cada colaborador foi inquerido individualmente em espaços como estes: a própria casa do indígena, a escola e áreas mais afastadas do centro da aldeia. Avalia-se como positiva a realização dos inquéritos, uma vez que o corpus desta pesquisa resulta de muitas horas de gravação, configurando-se um banco de dados que cobre uma amostra representativa da dimensão geossocial das áreas investigadas.

O estudo comparativo foi realizado mediante consulta ao trabalho de Ramos, Bezerra e Rocha (2012RAMOS, Conceição de Maria de Araújo; BEZERRA, José de Ribamar Mendes; ROCHA, Maria de Fátima Sopas. 2012. Diz-Me de que palavras gostas, dir-te-ei quem és: um estudo de unidades lexicais referentes à banana. In: ALTINO, Fabiane Cristina. (Org.). Múltiplos olhares sobre a diversidade linguística: uma homenagem à Vanderci Aguilera. Londrina: Midiografc.), sobre as unidades lexicais referentes à banana, de Ramos et al. (2016RAMOS, Conceição de Maria de Araújo; BEZERRA, José de Ribamar Mendes; ROCHA, Maria de Fátima Sopas; MENDONÇA, Thaiane Alves. 2016. De tanja a curraleira: um estudo das designações para tangerina com base nos dados do Atlas Linguístico do Maranhão. In: MURAKAWA, Clotilde de Almeida Azevedo; NADIN, Odair Luiz; FERREIRA. Anise de Abreu Gonçalves D’Orange. (Org.). Léxico em Cena: contribuições para os estudos lexicais. São Paulo: Cultura Acadêmica.), sobre o item lexical tangerina, e ao banco de dados do Atlas Léxico Sonoro do Pará (ALeSPA) e do Atlas Linguístico do Maranhão (ALiMA), gentilmente cedidos por seus respectivos coordenadores para consulta. Além disso, com intuito de verificar, também, o registro dos itens lexicais estudados na capital paraense e maranhense, consultou-se Cardoso et al. (2014bCARDOSO, Suzana Alice Marcelino da Silva et al. 2014b. Atlas linguístico do Brasil. Vol. 2. Londrina: EDUEL.), o ALiB. Os municípios constantes dos quadros comparativos compõem a rede de pontos dos referidos atlas e foram selecionados pelo fato de estarem no mesmo espaço geográfico das TIs pesquisadas, as mesorregiões Sudeste do Pará e Centro Maranhense.

4. Apresentação e discussão dos resultados

O mapeamento da variação lexical do português falado nas TIs Trocará (povo Asuriní), Nova Jacundá (povo Guaraní Mbyá), Trocará (povo Suruí Aikewára) e Cana Brava (povo Guajajára) realizado por Costa (2018COSTA, Eliane Oliveira da. 2018. Estudo geossociolinguístico do léxico do português falado em áreas de língua Tupí-Guaraní nos estados do Pará e Maranhão. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) - Universidade Federal do Pará, Belém.) contemplou 25 itens lexicais do QSL, o que gerou um total de 100 cartas lexicais, sendo 25 de cada dimensão controlada (diatópica, diassexual, diageracional e diastrática). A dimensão dialingual se manifesta na relação de contato da língua nativa desses povos com a língua portuguesa, da qual, entende-se, resultam quatro variedades étnicas da língua portuguesa. Para este estudo, selecionaram-se apenas as cartas diatópicas relativas aos seguintes itens lexicais: tangerina (carta CL005), penca (Carta CL006), banana gêmeas (Carta CL007) e parte terminal da inflorescência da bananeira (Carta CL008), cujas análises serão apresentadas a partir deste momento.

4.1. Tangerina

Figura 2
Carta CL 005 - tangerina

A carta CL 005 - Tangerina apresenta um total de 3 variantes lexicais, sendo tangerina a majoritária com 19 (46,34%) ocorrências, seguida de tanja (11/26,83%) e mexerica (4/9,76%). No ponto 1 (TI Trocará/Asuriní), ocorrem as variantes tangerina (4/40%) e tanja 2 (20%). No ponto 2 (TI Nova Jacundá/Guaraní), mapeiam-se as variantes tangerina (6/66,67%), tanja e mexerica, estas duas últimas com 1 (11,11%) cada uma. No ponto 3 (TI Sororó/Suruí), documentam-se as variantes tangerina (6/54,55%), mexerica (2/18,18%) e tanja (1/0,09%). No ponto 4 (TI Cana Brava/Guajajára), registram-se as variantes tanja (7/63,64%), tangerina (3/27,27%) e mexerica (1/9,09%). Essa distribuição diatópica mostra que a variante lexical tangerina se distribui por todo o espaço geográfico analisado, sendo menos frequente no ponto 4 (TI Cana Brava), onde predomina a variante tanja.

O Quadro 2 mostra que todas as variantes lexicais registradas na área indígena estão registradas na área não indígena, com exceção de mexerica, em Tuntum, e que a variante tanja predomina na TI Cana Brava e em Bacabal. Com relação às capitais dos Estados em que as TIs estão localizadas, o ALiB documenta como variantes majoritárias tangerina e mexerica, em Belém, e tangerina e tanja, em São Luís.

Quadro 2
Comparação de dados - Tangerina

4.2. Penca

Figura 3
CL 006 - Penca

A carta CL 006 - Penca apresenta um total de 4 variantes lexicais, sendo penca a mais frequente com 17 (48,57%) ocorrências, seguida de cacho 4 (11,43%), dúzia (3/8,57%) e ponta com 1 (2,86%) ocorrência. No Ponto 1 (TI Trocará/Asuriní), ocorrem as variantes penca (5/62,50%) e cacho (1/12,50%). No ponto 2 (TI Nova Jacundá/Guaraní), registra-se somente a variante penca (5/62,50%). No ponto 3 (TI Sororó/Suruí), documentam-se as variantes penca, cacho e dúzia, todas com 2 (20%) ocorrências. No ponto 4 (TI Cana Brava/Guajajára), mapeiam-se as variantes penca (5/55,56%), cacho, dúzia e ponta, estas três últimas com 1 (11,11%) ocorrência. Essa distribuição diatópica mostra que a variante penca se dispersa por todas as comunidades indígenas, sendo menos frequente no ponto 3 (TI Sororó/Suruí).

O Quadro 3 mostra que, dentre as variantes registradas na área indígena, somente penca ocorre na área não indígena, nos dois municípios considerados, sendo que essa variante predomina na TI Cana Brava e em Tuntum, município que faz fronteira com Barra do Corda, onde estão localizados os indígenas Guajajára no Maranhão. Com relação às capitais dos Estados em que as comunidades indígenas estão situadas, o ALiB documenta como variante mais produtiva palma, em Belém, e penca, em São Luís.

Quadro 3
Comparação de dados - Penca

4.3. Banana gêmeas

Figura 4
Carta CL 007 - Banana gêmeas

A carta lexical CL 007 - Bananas gêmeas apresenta um total de 6 variantes lexicais, sendo gêmeas a mais frequente com 12 (37,50%) ocorrências, seguida de pregada (4/12,50%), banana que gruda/Grudada (2/6,25%), junta, agarrada e colada, cada uma destas últimas com 1 (3,12%) ocorrência. No ponto 1 (TI Trocará/Asuriní), ocorrem as variantes junta, pregada, agarrada e banana que gruda/Grudada, todas com 1 (12,50%) ocorrência. No ponto 2 (TI Nova Jacundá/Guaraní), registram-se as variantes gêmeas (3/37,50%), pregada (2/25%) e colada (1/12,50%). No ponto 3 (TI Sororó/Suruí), mapeiam-se as variantes gêmeas (4/44,44%), pregada e banana que gruda/grudada, estas últimas duas com 1 (11,11%) ocorrência. No ponto 4 (TI Cana Brava/Guajajára), mapeia-se apenas a variante gêmeas com 5 (71,43%) ocorrências. Essa distribuição diatópica mostra que a variante lexical gêmeas se espalha por todas as comunidades indígenas consideradas, com exceção do ponto 1 (TI Trocará).

O Quadro 4 mostra que, dentre as variantes registradas na área indígena, apenas gêmeas e pregada documentam-se na área não indígena e que a variante gêmeas predomina em ambas as áreas estudadas.

Quadro 4
Comparação de dados - Banana gêmeas

4.4. Parte terminal da inflorescência da bananeira

Figura 5
Carta CL 008 - Parte terminal da Inflorescência da bananeira

A carta 008 - Parte terminal da inflorescência da bananeira apresenta um total de 6 variantes lexicais, sendo coração (da/de banana/de boi) a mais frequente com 9 (26,47%) ocorrências, seguida de filhote (2/5,88%), filho de banana, flor da banana, umbigo e mangará, cada uma com 1 (2,94%) ocorrência. No ponto 1 (TI Trocará/Asuriní), registram-se as variantes coração (da/de banana/de boi) (3/37,50%) e filho de banana (1/12,50%). No ponto 2 (TI Nova Jacundá/Guaraní), ocorrem as variantes coração (da/de banana/de boi) (4/44,44%) e flor da banana (1/11,11%). No ponto 3 (TI Sororó/Suruí), documentam-se as variantes coração (da/de banana/de boi) (2/22,22%) e filhote (1/11,11%). No ponto 4 (TI Cana Brava/Guajajára), mapeiam-se as variantes filhote, umbigo e mangará, todas com 1 (12,50%) ocorrência. Essa distribuição diatópica mostra que a variante lexical coração (da/de banana/de boi) se apresenta em todas as comunidades indígenas, sendo menos frequente no ponto 4 (TI Cana Brava).

O Quadro 5 mostra que, dentre as variantes documentadas na área indígena, apenas mangará está registrada na área não indígena e que a variante coração (da/de banana/de boi) tende a predominar na área indígena, embora não ocorra na TI Cana Brava, onde registraram-se as variantes lexicais filhote, umbigo e mangará, sendo esta última a variante predominante tanto em Bacabal quanto em Tuntum. Com relação aos dados das capitais, onde estão situados os povos indígenas considerados neste estudo, o ALiB registra como variante mais produtiva umbigo, em Belém, e pendão, em São Luís.

Quadro 5
Comparação de dados - Parte terminal da inflorescência da bananeira

A análise dos dados expostos nas cartas acima apresentadas põe em evidência um contínuo dialetal étnico não homogêneo na área mapeada. Nesse sentido, no caso dos itens lexicais tangerina e parte terminal da inflorescência da bananeira, a distinção dialetal ocorre no extremo maranhense do contínuo, uma vez que na variedade étnica falada pelos Guajajára (TI Cana Brava/ponto 4) prevalecem, respectivamente, as variantes tanja e uma diversificação lexical em que as variantes filhote, umbigo e mangará exibem a mesma frequência. Os demais povos se caracterizam pelo uso predominante de tangerina e coração (da/de banana/de boi). Quanto ao item lexical penca, documenta-se na variedade ética falada pelos Suruí (TI Sororó/ponto 3) uma diversificação lexical em que as variantes penca, cacho e dúzia apresentam a mesma frequência. A variante penca tem predomínio no português falado pelos indígenas das demais etnias. Em relação ao item lexical banana gêmeas, a diferenciação dialetal acontece no extremo paraense do contínuo, haja vista que parece que os Asuriní (TI Trocará/Asuriní) desconhecem (ou não usam) a lexia gêmeas, que prevalece nas demais variedades étnicas estudadas, para designar as bananas que nascem grudadas.

Do mesmo modo, a intercomparação da variação lexical em áreas indígenas (TIs Trocará/Asuriní, Nova Jacundá/Guaraní, Sororó/Suruí e Cana Brava/Guajajára) e não indígenas da mesorregião Sudeste Paraense (Redenção, Conceição do Araguaia, Tucuruí, Itupiranga, São João do Araguaia, Curianópolis, São Felix do Xingu e Santana do Araguaia) e da mesorregião Centro Maranhense (Bacabal e Tuntum), onde essas TIs se localizam, reflete um contínuo dialetal não homogêneo entre ambas as áreas.

Considerações Finais

O léxico do português registrado nas áreas indígenas pesquisadas reflete a longa história de contato dos povos Asuriní do Tocantins, Guaraní Mbyá, Suruí Aikewára e Guajajára, cuja comunicação em português se acentuou ao longo do processo de contato, trocas etc. Nessa perspectiva, pode-se dizer que o contínuo linguístico entre índios e não índios foi-se constituindo ao longo do tempo com a pressão da língua portuguesa sobre as línguas indígenas, em um contexto marcado pela crescente aquisição da cultura do branco, o que facilitou a disseminação do léxico da língua portuguesa nas aldeias indígenas.

A inserção dos indígenas no mundo dos brancos não se deu de forma pacífica, mas, uma vez imersos nesse mundo, eles estão cada vez mais perdendo suas línguas, suas culturas, suas ideologias etc., o que nos possibilita a pensar também em um contínuo cultural, ideológico etc., além do linguístico. Contudo, paralelamente a essa situação, é preciso manter-se índio, pois “ter uma língua viva é prova de ser índio verdadeiro e de ter garantido o acesso à terra de modo mais rápido e uma assistência oficial que, às vezes, os presenteia com um trator, uma ida à Brasília ou tratamento em hospital” (LEITE; FRANCHETTO, 2006, p. 42).

Referências

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  • 5
    “Unlike classic studies on linguistic contact (like Weinreich 1970), which tend to reduce the contact configuration to the mutual influence of two languages considered as homogeneous systems, we propose analyzing the contact configuration as an approximation of two or more variety complexes, each of them an architecture of more than one more-or-less homogenous system”. (THUN, 2010______. 2010. Variety complexes in contact: A study on Uruguayan and Brazilian fronterizo. In: AUER, Peter; SCHMIDT Jürgen Erich. (Eds). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Vol. 1: Theories and methods. Berlin; New York: De Gruyter Mouton., p. 706).
  • 6
    “La relación de las disciplinas es evidente de por sí. Y la consideración de todo fenómeno linguístico interessante se vuelve más atrayente aun si la consideración se hace de manera conjunta y no aislada (ELIZAINCÍN, 2010ELIZAINCÍN, Adolfo. 2010. Socio y geolinguística: nueva alianza em los estúdios sobre el uso linguístico. In: Estudos Linguísticos e literários. Num. 41. Salvador: Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura/Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia., p. 20).
  • 7
    “The arrangement of varieties in the language space constituting a language takes the form of continua. The concept of continuum implies an ordered set of elements arranged in such a way that between two adjacent entities of the set (in this case, language varieties) there are no sharp boundaries, but rather a gradual, fuzzy differentiation, each variety sharing some sociolinguistically marked features with adjacent varieties. The very notion of a continuum in variational linguistics arose in geolinguistics, where the dialectal landscape is often viewed as a dialect continuum: between two neighboring village dialects in a linguistic area one finds little difference, while differences increase cumulatively as one considers progressively more distant villages, the greatest difference being recorded at the extremities of the continuum. In other words, linguistic distance between local dialects seems to be a function of their geographical distance, no clear-cut boundaries being perceived between contiguous dialectus” (Berruto, 2010BERRUTO, Gaetano. 2001. Identifying dimensions of a linguistic variation in a language space. In: AUER, Peter; SCHMIDT Jürgen Erich. (Eds). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Vol. 1: Theories and methods. Berlin; New York: De Gruyter Mouton., p. 235-136).
  • 8
    In fact, each dimension of variation is conceivable as a continuum, so that the resulting general Picture of variation in a language space takes the form of a sum of intercrossing continua, one nonpolarized (the diatopic variation) and two polarized (the diastratic and diaphasic variation), as sketched (BERRUTO, 2010BERRUTO, Gaetano. 2001. Identifying dimensions of a linguistic variation in a language space. In: AUER, Peter; SCHMIDT Jürgen Erich. (Eds). Language and space: an international handbook of linguistic variation. Vol. 1: Theories and methods. Berlin; New York: De Gruyter Mouton., p. 236).
  • 9
    Foram entrevistados 8 indígenas na TIs Trocará, Nova Jacundá e Canabrava, e 9 na TI Sororó, num total de 33 indivíduos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jul 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    13 Dez 2018
  • Aceito
    11 Maio 2020
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