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A formação do professor: perspectiva da lingüística aplicada

NOTAS SOBRE LIVROS BOOKNOTES

Maria Cristina C. Lavrador Alves

LAEL/PUC-SP

KLEIMAN, Angela (org.) 2001. A formação do professor – perspectiva da lingüística aplicada. Campinas, SP: Mercado das Letras.

O livro em pauta reúne trabalhos apresentados no Simpósio denominado Elementos para uma discussão sobre a formação do professor de língua materna, coordenado pela profª Ângela Kleiman, durante o XI Intercâmbio de Pesquisas em Lingüística – INPLA, realizado pelo Programa LAEL, da PUC-SP, em maio de 2001, e está dividido em quatro partes.

Os estudos partem em defesa de uma formação mais significativa para o professor, seja alfabetizador ou não, e apresentam novas análises contra os discursos jornalísticos e acadêmicos, que insistem em apenas denunciar pressupostos negativos na performance dos professores. Os artigos pretendem esclarecer esses pressupostos e mostrar o que pode ser feito para contribuir com a formação desses profissionais, ao invés de apenas estigmatizá-los.

Na primeira parte, "A leitura do professor: interface com os estudos do letramento", os quatro trabalhos apresentam, a partir de uma perspectiva dos estudos de letramento, uma análise da formação de professores. Ângela Kleiman, em sua pesquisa crítica, defende o desenvolvimento do letramento do professor para e no local de trabalho. Ana Lúcia Guedes-Pinto escreve sobre as diversidades e heterogeneidades das relações que os professores estabelecem com a escrita. A pesquisa colaborativa de Simone Bueno Borges da Silva com professoras alfabetizadoras, conclui com a necessidade de contemplar uma formação lingüística mais aprofundada para o Magistério, de forma que desenvolvam o posicionamento crítico das futuras professoras sobre os textos propostos. O último texto é de Ana Lúcia de Campos Almeida, que investiga se há ou não correlação entre ser bom professor e as preferências de leitura, partindo de "verdades" e "pressupostos" incontestáveis vindos do meio acadêmico e da mídia.

Na segunda parte, "Construindo saberes sobre a língua: interface com a Lingüística", os quatro trabalhos problematizam a formação lingüística do professor, focalizando o porquê de a Lingüística não conseguir substituir os manuais da Gramática Tradicional prescritiva. Inês Signorini utiliza as resenhas de alunos do 8º Período de Letras da UNICAMP para levantar considerações sobre a análise de conflitos do conceito variacionista da língua. Edmilson Luiz Rafael mostra como é difícil ensinar a língua materna e propõe dois novos conceitos para descrever o processo de transposição de saberes interdiscursivamente: o da sobreposição teórica e o conceito de solidarização entre terminologias e noções teóricas. Ana Sílvia Aparício apresenta uma análise de duplo interesse: descrição dos processos interativos necessários para construção do conhecimento e aplicação de um modelo teórico em Lingüística Aplicada. Cosme B. Santos em seu estudo exploratório realizado numa escola do semi-árido baiano, analisa o impacto da utilização de critérios de avaliação descritos no manual do livro didático, como orientação de prática de correção de redaç÷es para professor.

Na terceira parte, "Contextos e propostas: interface com os programas de desenvolvimento profissional", Marilda Cavalcanti descreve sua metapesquisa sobre o desenvolvimento do Curso de Formação de Professores Indígenas do Acre e do Sudoeste do Amazonas. Luciane Magalhães compara os diferentes modelos de educação continuada para professores na década de 90: o professor enquanto etnógrafo da sua prática, a (auto)formação do professor via letramento, o professor reflexivo via cursos de especialização. Samuel Campos fala da formação de professores realizada dentro do Movimento dos Sem Terra, visando analisar se as práticas de letramento dessa professora refletem essa formação diferenciada. Jane Q. G. Silva, Juliana A. Assis e Maria de Lourdes M. Matencio descrevem seu projeto visando uma estrutura curricular mais flexível, de forma que possam a implantar um curso de Letras em MG para alunos com graves dificuldades de leitura e escrita, particularmente de textos acadêmicos.

A quarta e última parte apresenta um texto escrito por Roxane H. R. Rojo sobre os "Novos diálogos interdisciplinares: interface com a Didática" onde desloca o "saber da professora" da área lingüística para a "área didática".Estudos sobre professores e alunos em diversos contextos sociais, releitura da teoria consultada e análise de práticas lingüísticas e discursivas como instrumento para estudo do processo ensino-aprendizagem são características deste livro de professores para professores.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Jul 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004
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