RESUMO:
O presente trabalho investiga o estatuto dos morfemas d:- e n- na língua indígena brasileira kadiwéu. Os morfemas co-ocorrem em construções reflexivas e anticausativas, apesar de estarem, de acordo com a literatura (Sandalo 1997SANDALO, Filomena. 1997. A Grammar of Kadiwéu with Special Reference to the Polysynthesis Parameter. MIT Occasional Papers in Linguistics. v. 11. Cambridge: MIT Press., 2015SANDALO, Filomena. 2015 The relational morpheme of Brazilian languages as impoverished agreement marker. BCUWPL, 2015.) associados a diferentes fenômenos e ocorrerem independentemente: o morfema n- é caracterizado como marca de construção antipassiva e o morfema d:- costuma ocorrer quando há presença de argumentos internos em posição pré-verbal. Baseando a análise nos pressupostos teóricos da Morfologia Distribuída e na proposta de análise transitiva de reflexivos de Alboiu, Barrie e Frigeni (2004)ALBOIU, Gabriela; BARRIE, Michael; FRIGENI, Chiara. 2004. SE and the Unnacusative-Unergative Paradox. In: COENE, M., CUYPER, G. & D’HULST, Y. (Eds.) Antwerp Papers in Linguistics 107. Universiteit Antwerp., abordo cada um dos contextos de ocorrência dos morfemas, dando especial ênfase à sua co-ocorrência em construções anticausativas e reflexivas. O morfema n- é, então, analisado de forma comparável à marca passiva de Baker, Johnson e Roberts (1989)BAKER, Mark; JOHNSON, Kyle & ROBERTS, Ian. 1989. Passive Arguments Raised. Linguistic Inquiry, 20-2: 219-251. enquanto a ocorrência do morfema d:- é vista como o resultado de fissão no nó de concordância, fissão essa desencadeada pela concordância com argumento no caso absolutivo.
Palavras-chave:
Morfossintaxe; Reflexividade; Transitividade; Kadiwéu