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Poesia. A glorificação do sensível1 1 Este ensaio foi publicado originalmente no volume Goethe. O eterno amador (Lisboa, Bertrand Editora, 2018, p.169-79). Agradecemos a João Barrento tê-lo disponibilizado (assim como os poemas que o acompanham) para este dossiê.

resumo

Este ensaio busca ressaltar algumas características da extensa obra lírica de Johann Wolfgang von Goethe, desde os versos de “ocasião” com que saúda os avós maternos no Ano Novo de 1757, até pouco antes de sua morte em março de 1832. Distinguindo-se por profícua interpenetração de estilos, formas, motivos e também de várias tradições da lírica europeia, a obra poética de Goethe - dotada de extraordinária força onomatúrgica e inclinada a consumar na palavra uma epifania da ideia a partir do fenômeno - apresenta-nos, em alguns momentos mais “prosaicos”, uma faceta surpreendentemente moderna. Essa “modernidade” pode ser apontada também no ciclo, inspirado no poeta persa Hafiz e publicado pela primeira vez em 1819, Divã Oci­dental-Oriental, que promove a integração num todo uno e coeso da expressão lírica (os gazéis e demais poemas) e do discurso ensaístico (nas “Notas e estudos para melhor compreensão do Divã Oci­dental-Oriental”). Nesse ciclo manifesta-se ainda um jogo ficcional de despersonali­zação e mascaramento que reverbera mais tarde em grandes poetas da impessoalidade e das personae, como Robert Browning, W. B. Yeats ou F. Pessoa.

palavras-chave:
Lírica de Goethe; Símbolo do Ouroboros; Versos de ocasião ou circunstância; Divã Oci­dental-Oriental; Poesia do sensível

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