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Max Weber, leitor de Tolstoi

resumo

Este artigo discute a formulação que Max Weber dá ao problema do sentido da ciência e do sentido da vida, com base na conferência Ciência como vocação, que ele proferiu na Universidade de Munique em 1917. Em primeiro lugar, esboço o contexto intelectual em que se dá a “redescoberta” da obra de Weber, na Alemanha, nas décadas de 1970 e 1980; em segundo lugar, comento a recepção da conferência por especialistas; e, em seguida, retomo o sentido que Weber atribui à ciência e ao progresso. Finalmente, exploro uma dimensão literária da reflexão weberiana: tendo em vista que Weber considerou o escritor russo Liev Tolstoi como aquele que melhor havia respondido à pergunta sobre a relação entre e a ciência e o sentido da vida, e relembro o conto “A morte de Ivan Ilitch”, de Tolstoi.

palavras-chave:
Max Weber; Tolstoi; Conhecimento científico; Dominação técnica; O sentido da vida

abstract

This article discusses how Max Weber articulates the problem of the meaning of science and the meaning of life, based on the lecture he delivered at the Univesity of Munich in 1917. First, I sketch the intellectual context in which Weber’s work is “rediscovered” in the 1960s and 1970s; I then comment on the reception of the Science as Vocation lecture by specialists; afterwards, I revisit Weber’s view of science and progress; and finally, I explore a literary dimension of Weber’s reflectiions. Weber held that the Russian author Liev Tolstoy had offered the best answer to the question about the relationship between science and the meaning of life, so I therefore rememorate Tolstoy’s tale “The death of Ivan Ilitch.”

keywords:
Max Weber; Tolstoy; Scientific knowledge; Technical domination; Meaning of life

Aos cem anos da morte de Max Weber, na Alemanha, o atual contexto histórico, devastado por uma pandemia sem precedentes, apresenta mudanças inesperadas na vida de inúmeras coletividades. Nele, os valores da sociedade capitalista moderna são postos em xeque, assim como é questionada a validade dos instrumentais da sociologia para a compreensão de acontecimentos imprevisíveis. As reflexões que se seguem sobre o sentido da ciência e o sentido da vida, tematizados pelo autor na conferência que proferiu na Universidade de Munique, em novembro de 1917, se inscrevem, portanto, não apenas no conjunto de trabalhos posteriores à redescoberta da sua obra, nos anos 1970 e 1980, mas também, em um cenário de perplexidade e incertezas quanto à vida social.

Nesta releitura da conferência A ciência como vocação, de Max Weber, retomo as ideias do autor sobre ciência e progresso, realçando a distinção que ele faz entre o sentido da ciência e o sentido da vida. Para tanto, aponto, primeiro, algumas características da redescoberta da obra do autor para, em seguida, comentar a recepção da conferência por especialistas; por fim, discuto o valor que Weber atribui à ciência e ao progresso. Com o intento de melhor esclarecer suas ideias sobre o assunto, relembro o conto “A morte de Ivan Ilitch”, de Tolstoi, uma vez que Weber considerou o escritor russo como aquele que melhor respondeu à pergunta sobre a relação entre e a ciência e o sentido da vida.

A retomada da questão do sentido da ciência, da natureza do progresso e do sentido da vida justifica-se aqui não apenas pela sua atualidade no presente, mas também pela suspeita de que os pesquisadores distanciaram-se do problema. A crítica ao caráter “progressista” da ciência e suas consequências, de modo geral, reveste-se de uma ambiguidade singular. Por um lado, questionam-se os efeitos nefastos do conhecimento científico, desde o movimento encabeçado por físicos, depois do bombardeio nuclear de Hiroshima e Nagasaki, até os mais recentes movimentos, que contestam o envolvimento de cientistas em questões ambientais e bélicas. Por outro lado, a confiança na ciência e a esperança de que ela seja capaz de prover o mundo de melhores condições de vida permanecem inabaláveis.

A redescoberta de Weber

Nas décadas de 1970 e 1980, a recepção de Max Weber sofreu uma reviravolta na Alemanha. Criticado por conservadores e progressistas, seu pensamento foi posto em foco por especialistas que lograram alçar o autor a um lugar de proeminênca no debate das ciências sociais. Diferentes motivos levaram àquela mudança. Entre eles, e dentro de um quadro mais geral, a sociologia se voltava para a história da disciplina, avaliando seus aspectos cognitivos, históricos e institucionais, como bem lembra Wolf Lepenies (1981LEPENIES, W. Geschichte der Soziologie. Frankfurt, a/M: Suhrkamp Verlag, 1981., p.I-XXXV). Na Alemanha, aquele movimento tinha significado e características peculiares. O empreendimento dava continuidade ao objetivo de superar a violenta interrupção do desenvolvimento da sociologia alemã, provocada pelos anos de exílio de professores e pesquisadores, durante o nazismo (Roth, 2006ROTH, G. Heidelberg und Montreal. Zur Geschichte des Weberzentenarius 1964. In: AY, K. L.; BORCHARDT, K. (Org.) Das Faszinosum Max Weber. Die Geschichte seiner Geltung. Konstanz: UVK Verlagsgesellschfat mbh, 2006., p.377).

A sociologia weberiana começou a ser revisitada, reinterpretada e debatida em um contexto intelectual particular. A seleção de autores como Norbert Elias, George Simmel e Ferdinand Toennies com vista à reedição de suas obras, sob o cuidado de especialistas, fortaleceu a disciplina, aportando novos paradigmas aos circuitos da discussão teórica e da pesquisa empírica. A teoria da ação comunicativa de Habermas e a teoria dos sistemas de Luhmann, que emergiam naquele contexto, não se constituíam em obstáculos àquele movimento, mas, ao contrário, somavam-se ao leque das possibilidades teóricas e metodológicas discutidas pelos estudiosos. Além disso, o conhecido “Debate sobre Max Weber”, liderado por integrantes da Escola de Frankfurt, que se opunham às ideias de Weber, perdia sua intensidade (Roth, 2006ROTH, G. Heidelberg und Montreal. Zur Geschichte des Weberzentenarius 1964. In: AY, K. L.; BORCHARDT, K. (Org.) Das Faszinosum Max Weber. Die Geschichte seiner Geltung. Konstanz: UVK Verlagsgesellschfat mbh, 2006., p.384, 387).

Importa, no entanto, lembrar que a obra de Max Weber ganhou corpo, naqueles anos, em meio às pelejas contra o marxismo. O projeto da edição crítica completa da obra de Max Weber, a Max Weber Gesamtausgabe (MWG), patrocinado pela Academia de Ciências da Baviera, é uma prova do interesse pela obra weberiana, tanto quanto, possivelmente, do interesse em combater o marxismo. O primeiro esboço da iniciativa, concluido, em 1975, com o acordo de especialistas e editores, da Academia de Ciências da Baviera e da Universidade de Munique, foi o passo necessário para que o estado da Baviera concedesse apoio financeiro ao projeto.

A iniciativa foi vista como um gesto político motivado pela edição da obra completa de Marx e Engels em Berlim Oriental. Para Edith Hanke (2012HANKE, E. A obra completa de Max Weber - MWG. Um retrato. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v.24, n.1, p.99-118, jun. 2012., p.104-5) não era esse o objetivo dos fundadores da MWG, que almejavam introduzir e fortalecer uma perspectiva empírica e não valorativa no debate da sociologia e da história na Alemanha Ocidental. Porém, o apoio político e financeiro que eles receberam, segundo a pesquisadora, estava efetivamente atrelado às pelejas contrárias a uma abordagem “crítica” da sociologia. Embora insista nessa distinção, a autora assinala que Wolfgang Schluchter argumentava, na época, que somente a obra de Weber possibilitaria o conhecimento das sociedades capitalistas avançadas, em oposição aos marxistas. As observações de Hanke se coadunam, de certa forma, com as mais recentes afirmações de Schluchter (2011, p.14), para quem a redescoberta da obra de Max Weber ocorreu, em larga medida, devido ao declínio do marxismo. Pode-se dizer, muito sinteticamente, que o acalentado projeto da edição crítica da obra weberiana ganhou notoriedade em meio à disputa entre liberais e marxistas, ao estudo e à reedição de obras de Simmel e Elias e aos debates entre Luhmann e Habermas.

A sociologia brasileira não ficou atrás do movimento de revisão da obra de Weber nem da introdução de suas ideias no debate político e científico. Autor influente na sociologia brasileira desde sua institucionalização na década de 1950, a recepção do mestre alemão também sofre uma mudança significativa, na década de 1980, com a publicação do livro Crítica e resignação (1979), de autoria de Gabriel Cohn, ao qual se segue um conjunto de estudos sobre o pensamento weberiano. Como demonstrei em outro trabalho (Villas Bôas, 2006a, p.17-22), naquela década, a obra de Weber passa a ser objeto de reflexão, deixando de ser utilizada apenas para a elaboração de diagnósticos sobre a implantação da modernidade no país.

Para além do pioneirismo do livro de Cohn, dedicado às questões teórico- metodológicas de Weber, uma das tônicas da revisão do pensamento weberiano por pesquisadores brasileiros (Souza, 1999SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro. In: _______. (Org.) O malandro e o protestante. A tese weberiana e a singularidade cultural brasileira. Brasília: Editora UnB, 1999., p.17-54; Vianna, 1999VIANNA, L. W. Weber e a interpretação do Brasil. In: SOUZA, J. (Org.) O malandro e o protestante. A tese weberiana e a singularidade cultural brasileira. Brasília: Editora UnB, 1999., p.173-93; Schwartzman, 2003SCHWARTZMAN, S. A Atualidade de Raymundo Faoro. DADOS, v.46, n.2, p 207-213, 2003., p.207-13) foi evidenciar a presença do pensamento do autor em obras paradigmáticas de interpretação do Brasil, como Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Hollanda, Os donos do poder (1958), de Raymundo Faoro, ou Bandeirantes e pioneiros (1954), de Vianna Moog, investigando, sobretudo, a influência do seu conceito de patrimonialismo (Weber, 1985, p.580-624) na elaboração dos trabalhos. Nesses estudos, a teoria do atraso do país, verdadeiro topos na reflexão sobre o destino do país, teria recebido uma contribuição decisiva do pensamento de Weber. Contudo, outros trabalhos, como o de Flavio Pierucci (2003PIERUCCI, A. F. O desencantamento do mundo: todos os passos de um conceito. São Paulo: Editora 34, 2003.), e mais recentemente as obras de Sergio da Mata (2013MATA, S. da. A fascinação weberiana. As origens da obra de Max Weber. Belo Horizonte: Fino Traço, 2013.), A fascinação weberiana. As origens da obra de Max Weber, e de Carlos Eduardo Sell (2013SELL, C. E. Max Weber e a racionalização da vida. Petrópolis: Vozes, 2013.), Max Weber e a racionalização da vida, abrem novas perspectivas de leitura do pensamento weberiano.

A obra de Weber mostra uma vitalidade ímpar, se comparada a de outros fundadores das ciências sociais, oferecendo-se tanto como objeto de investigação como de diferentes interpretações. Apesar do arrefecimento do interesse pelo autor, nas últimas décadas, seminários e publicações propondo um balanço de sua obra com o objetivo de aferir a sua atualidade não têm sido raros na Alemanha, assim como em outros países, a exemplo do Brasil, do México, do Japão. Entre os pais fundadores da sociologia, possivelmente Max Weber tem sido o alvo preferido dos estudiosos. A comemoração do centenário de morte do sociólogo inscreve-se, pois, nessa dinâmica específica da recepção de seu pensamento.

A ciência como vocação

A conferência A ciência como vocação provocou, no contexto da sua publicação, na Alemanha, uma celeuma entre o círculo de Stefan George, Ernst Robert Curtius, Heinrich Rickert e Max Scheler (Schluchter, 1996SCHLUCHTER, W. Paradoxes of Modernity. Culture and Conduct in the Theory of Max Weber. Stanford: Stanford University Press, 1996., p.39-45). Em causa nos debates estava o relativismo frouxo de Max Weber e a possibilidade de formular uma unidade para a ciência. Setenta anos depois, estudiosos alemães, como Friedrich Tennbruck e Wolfgang Schluchter, ainda interpretam o texto de Weber apontando novas questões. Nenhuma delas, entretanto trata explicitamente do problema da atribuição do sentido da vida pela ciência, que ponho em foco aqui. Tennbruck faz questão de deixar claro que a conferência não foi pensada para os especialistas, mas para estudantes e, por isso, dizia respeito a uma situação espiritual específica daqueles que aspiravam ao ofício de cientista e não propriamente à ciência. Para Tennbruck (2002, p.3-77), Weber colocava-se uma dúvida radical. A palavra Beruf não tinha o sentido exclusivo de profissão, mas significava, ainda, o preenchimento de uma vida interior. Para o autor, as condições históricas haviam mudado radicalmente e, nos anos 1990, quando escreveu o texto sobre a conferência, seria difícil ignorar, de um lado, a crítica à ciência e, de outro, os apelos externos ao jovem aspirante à carreira de cientista. A produção de conhecimentos científicos em escala nunca vista tornara-se um fardo a impedir que seus resultados fossem realmente processados e assimilados pelos indivíduos. Ainda assim, Tennbruck conclui seu artigo afirmando que, malgradas as mudanças históricas, quem não tivesse a força suficiente para fazer do ofício de cientista algo propriamente seu, teria dificuldade para não cair no vazio do fluxo cada vez mais rápido do progresso.

Para Schluchter (1996SCHLUCHTER, W. Paradoxes of Modernity. Culture and Conduct in the Theory of Max Weber. Stanford: Stanford University Press, 1996.), em A ciência como vocação, Weber argumenta, mais uma vez, em favor da base ascética das profissões, o que já fizera em A ética protestante e o espírito do capitalismo, associando, porém, na conferência, as ideias de dever vocacional, autolimitação e personalidade. Beruf requer renúncia, autolimitação relacionada à escolha de um indivíduo, que tem como consequência um conjunto de decisões. No que concerne ao cientista, uma das decisões mais relevantes é a de não colocar a profissão a serviço de ideais de ordem política: “o ser humano que assume uma posição, que avalia e julga, que vive suas ideias e seus ideais, e o pesquisador empírico, que estuda o efeito desses ideais e ideias vividos agem em esferas diferentes” (Schluchter, 2011, p.16). O dever e a resignação, entretanto, somente se realizam naqueles que têm personalidade. O termo, explica Schluchter, nada tem a ver com seu conceito romântico-esteticista, que Weber repudiava. Ter personalidade não significava buscar no recôndito do ser a parte mais importante de um indivíduo; só têm personalidade aqueles que são capazes de sustentar “uma relação constante e intrínseca com certos valores últimos e sentidos da vida” (Schluchter, 1996, p.37-8). Tal relação se estabeleceria no decorrer do destino de cada um, como um processo de formação (Bildung). Qualquer indivíduo seria capaz de determinar sua vida, caso fosse capaz de dedicar-se a uma causa que tivesse escolhido abraçar, para além daquilo que seria meramente “pessoal”. Apenas aos que tinham personalidade, na acepção de Weber, era dada a chance de seguir sua carreira com dignidade no meio universitário.

As conferências A ciência como vocação e A política como vocação, proferidas em novembro de 1917 e janeiro de 1919, respectivamente, foram traduzidas para a coletânea From Weber, organizada por Hans Gerth e Charles Wright Mills, publicada em 1946. O livro circulou nos Estados Unidos, e foi fartamente citado nas listas de referências bibliográficas mencionadas por sociólogos brasileiros na década de 1950. From Weber foi traduzido para o português, no Brasil, em 1970. A publicação teve mais de vinte edições, sendo de grande penetração no mundo acadêmico. Além disso, os estudiosos brasileros interessados tiveram à sua disposição, em 1970, o Duas vocacões, cujo editor foi Manoel Tosta Berlinck. A ciência como vocação e A política como vocação não passaram despercebidas aos brasileiros.

Não se observa, contudo, uma discussão que destaque os problemas da ciência e do progresso nos escritos de sociológos brasileiros, tal como formulados em A ciência como vocação. Com mais frequência, as duas conferências são mencionadas como referência do debate sobre a ética da responsabilidade e a ética da convição, e os valores que deveriam conduzir as ações do cientista e do político respectivamente. No entanto, no contexto da institucionalização da disciplina, o debate da sociologia brasileira sobre o “homem de ciência” e “o homem de ação” buscou demarcar os limites da profissão do cientista. O discussão foi importante e, especialmente significativa em um contexto no qual havia um empenho duplo de institucionalizar a ciência e transformar o país. O dilema estava posto: era possível servir ao país e servir à ciência ao mesmo tempo? Naqueles anos, enquanto se construia o campo científico, com seus valores próprios, havia uma urgência em intervir no curso dos acontecimentos no sentido de modelar as instituições, mudar a mentalidade conservadora de atores sociais e impor regularidade e racionalidade às acões sociais. Aspirava-se à transformação da sociedade brasileira em uma sociedade moderna, em conformidade com um plano previamente elaborado. Nessa configuração histórica específica, em que parte notável da intelectualidade brasileira lutava contra as visões da imutabilidade da vida social e a favor da mudança provocada, a questão do sentido da ciência, na acepção de Weber, não se constituiu no foco da atenção dos sociólogos. Contudo, muito embora as ideias weberianas não tenham sido mobilizadas, a discussão sobre a qualidade do envolvimento com a ciência e a natureza do envolvimento com a política marcou a conduta dos cientistas sociais que, naquele momento, se autoreconheceram como agentes sociais, cujo papel era a produção de conhecimentos voltada para as mudanças no país (Villas Bôas, 2006b, p.65-82).

Se a ciência exige o fim das ilusões de sentido, uma vez que está ligada ao progresso que não tem fim, e portanto deve necessariamente renovar-se, por que os estudiosos brasileiros deveriam se ocupar de tal problema, quando o seu interesse precípuo era o desenvolvimento do país, visando colocá-lo em um patamar superior, de acordo com o modelo dos países do “primeiro mundo”? Tampouco fazia sentido colocar a questão para os poucos jovens que desejavam dedicar-se à carreira de cientista em um contexto de construção da própria ciência. Os objetivos dos sociólogos eram claros: a institucionalização da sociologia e a instauração no país de uma ordem moderna capitalista industrial, legal e igualitária, fundada na ciência e na tecnologia. Tal perspectiva se coadunava com uma concepção moderna de história, processual e progressista, cujo fundamento era a recusa do tempo passado e a aceleracão do tempo presente.

A sociologia consolidou-se no país, ampliou seu leque temático e renovou-se com novos programas de pesquisa e paradigmas teóricos. A criação dos cursos de pós-graduacão fortaleceu o processo de especialização da disciplina, fomentando o aumento da produção qualificada de conhecimentos. Nas últimas décadas, entretanto, ao lado das mudanças no perfil institucional e cognitivo da disciplina, a crítica à modernidade, que se espraiou nos meios intelectuais e artísticos, dentro e fora do país, envolveu a produção sociológica. A concepção de história, orientada para o tempo futuro como portador do novo, da mudança e do progresso, que, em grande medida, fundamentou os estudos sociológicos no Brasil, foi objeto de dura crítica. O fracasso das utopias e a recusa de uma narrativa histórica linear e homogeneizante, ao lado das consequências devastadoras do progresso técnico, cederam lugar a uma nova visão de temporalidade que, ao sublinhar a contingência, o efêmero e passageiro, priorizou a memória, o registro de diferentes fragmentos do tempo passado.

Se, no âmbito da sociologia brasileira, o debate sobre o sentido da ciência e o sentido da vida, na acepção weberiana, não foi foco da atenção dos pesquisadores nos anos de modelagem das instituições acadêmicas e cientifícas, no atual contexto de crítica aos fundamentos teóricos e metodológicos das ciências sociais, a questão tampouco veio à tona. A ciência como vocação é lida e relida nas salas de aula de graduação e pós-graduacão sem que, efetivamente, tenha provocado uma leitura mais apurada sobre o pensamento de Max Weber acerca da ciência e do domínio técnico da vida. Menos ainda, a leitura deu ensejo a uma discussão sobre a compreensão dos limites próprios da profissão de cientista, da vida ascética dos especialistas; enfim, do drama existencial que é “prestar contas apenas a si mesmo a respeito do sentido último de seu agir” (Weber apud Schluchter, 2014_______. O desencantamento do mundo. Seis estudos sobre Max Weber. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2014., p.50).

A morte de Ivan Ilitch”

Em A ciência como vocação, Weber afirma que a escolha da profissão de cientista é difícil. Sua avaliação lembra a do poeta Rilke. Tanto Weber quanto Ril- ke1 1 Cartas a um jovem poeta de Rilke foram escritas entre 1903 e 1908 (Rilke, 1999). advertem seus interlocutores de que é absolutamente indispensável voltar-se para si mesmo à procura de um sinal, um chamamento para vocações de naturezas tão distintas como as da ciência e da poesia.

[...] meu prezado senhor, não lhe posso dar outro conselho fora deste: entrar em si e examinar as profundidades de onde jorra a sua vida; na fonte desta é que encontrará a resposta à questão de saber se deve criar. Aceite-a tal como se lhe apresentar à primeira vista sem procurar interpretá-la. Talvez venha a significar que o senhor é chamado a ser um artista. Nesse caso aceite o destino e carregue-o com seu peso e sua grandeza, sem nunca se preocupar com recompensa que possa vir de fora. (Rilke, 1999RILKE, R. M. Cartas a um jovem poeta. A Canção de amor e de morte do porta estandarte Cristovão Rilke. São Paulo: Globo, 1999., p.24)

Além da ênfase na interioridade em contraposicão aos apelos do mundo exterior, não há uma parte sequer do pronunciamento de Weber em que ele glorifique o papel do cientista e aponte com entusiasmo os benefícios do conhecimento científico para a existência da sociedade moderna. Endereçando suas palavras aos jovens aspirantes a um cargo de professor e pesquisador em uma universidade, Weber poderia muito bem sublinhar a importância da formação do cientista e de seu papel na sociedade moderna. Mas não o faz. Ao contrário, suas advertências são uma “ducha fria” no interesse dos jovens, abalando qualquer entusiasmo que porventura eles tivessem com a profissão que pretendiam seguir; Weber os desestimula, pondo em xeque suas pretensões. Essa sua atitude, porém, se coaduna com os valores do ascetismo laico, segundo os quais não se deve esperar nada além do cumprimento do dever. Embora Weber soubesse que a ascese protestante gerara consequências imprevisíveis, como afirma ao final de A ética protestante e o espírito do capitalismo, ele não abre mão da defesa de uma atitude parcimoniosa e cética. Um jovem aspirante à carreira de cientista seria capaz de esperar dia após dia sem nunca saber se chegará a um resultado satisfatório nas suas investigações? Seria ele capaz de se dedicar a uma tarefa que não tem fim? Que está predestinada a ser ultrapassada por outros experimentos? Weber, possivelmente, acreditava que o total desencantamento da carreira de cientista pudesse agir como força indispensável para o cumprimento do dever.

Weber traz à memória de seus jovens ouvintes o nome de cientistas, professores, filósofos, escritores e poetas. Quem rastreia as evocações, feitas por ele, ao longo da conferência, percebe que a maioria dos quase vinte nomes mencionados, além, naturalmente, das passagens bíblicas, é, na sua maioria, de professores que ocuparam cátedras de Física, Medicina, História, Teologia e Filosofia em universidades alemães no século XIX; outros nomes pertencem ao panteão da cultura ocidental, como Platão, Galileu, Bacon, Mill, Leonardo da Vinci; Lukács, figura entre os poucos citados que eram contemporâneos de Weber. Da literatura, Baudelaire, Goethe e Tolstoi são relembrados.

As referências a Tolstoi associam-se diretamente ao questionamento do sentido da vida, da morte e da ciência. Weber afirma que, nos últimos escritos de Tolstoi, o pensamento sobre a ausência de sentido da vida é o que dá o tom à arte do escritor:

[...] e porque a morte não tem sentido, a vida do civilizado também não o tem, pois a progressividade, despojada de significação faz da vida um acontecimento igualmente sem significação. Nas últimas obras de Tolstoi, encontra-se, por toda a parte, este pensamento, que dá tom à sua obra. (Weber, 1970WEBER, M. Ciência como vocacão. In: Ciência e política. Duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1970. p.17-52., p.31)

Embora Weber não se refira ao conto “A morte de Ivan Ilitch”, quem o lê, logo percebe o quanto a história de Ilitch esclarece aquilo que Weber queria dizer sobre a morte na modernidade.

Conta Tolstoi que ao saber da morte de Ivan Ilitch, seus colegas reunidos no Tribunal de Justiça para julgar uma causa pensam, antes de mais nada, nas consequências que a morte do colega teria para as promoções de suas carreiras ou de seus amigos. Isso era o mais importante para eles. De resto, entediavam-se com a obrigação de ir ao funeral e dar as condolências à viúva. “A morte de Ivan Ilitch”, escrito em 1886, não se detém, entretanto, apenas nessa circunstância. O texto descortina o crescente sofrimento do magistrado pela falta de qualquer amparo espiritual, afetivo ou científico que desse sentido à sua morte.

Ao sentir os primeiros sinais da sua doença, Ilitch é examinado por um médico de São Petersburgo, cidade onde morava. Com o agravamento da doença, procura consultar-se com os médicos mais renomados e caros. Ao fim de cada consulta, pergunta sempre qual a gravidade da sua doença, que é o que mais lhe interessa saber. Porém, ele percebe que a pergunta provoca um mal-estar.

Provavelmente, nós, doentes, fazemos aos senhores perguntas importunas. Mas, diga-me: minha doença é grave? [...] O médico lançou-lhe um olhar severo, com um olho só, através das lentes, como a dizer: “Acusado, se não se limitar às perguntas que lhe são feitas, ver-me-ei obrigado a mandar retirá-lo da sala”. [...] - já lhe disse o que considero necessário e conveniente - os exames dirão o resto. (Tolstoi, 1993TOLSTOI, L. A morte de Ivan Ilitch. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993. v.III, p.906-49. p.925)

Ao voltar para casa, depois da primeira consulta, Ilitch não para de pensar no que o médico havia lhe dito, tentando traduzir para a linguagem comum os termos técnicos que usara para responder à sua pergunta sobre “se estava mal, muito mal, ou se ainda tinha salvação” (ibidem).

À medida que o sofrimento aumenta, Ilitch deixa de ir ao tribunal e de encontrar os colegas à noite. Em casa, encerrado em um quarto, vai se lembrando de sua vida passada. Ilitch havia sido um homem ponderado e cortês. Desde jovem, ao terminar a escola de jurisprudência, havia trabalhado com dedicação, passando por cargos diferentes, buscando aprimorar-se e seguir a carreira de magistrado de modo reto. Durante os anos de profissão, evitou sempre misturar as questões pessoais com as decisões que tomava no tribunal. A todos buscava tratar bem, e mesmo quando sentiu que tinha poder suficiente para determinar o destino de um colega, tinha a consciência de que havia de buscar os meios mais justos e não se deixar levar pelas preferências, impressões e sentimentos. Mas o fato de ter se conduzido de modo correto e justo na profissão não atenuava o seu sofrimento diante da morte.

Se Ilitch não recebia conforto dos médicos, tampouco era capaz de encontrar conforto no seu comportamento ilibado. Uma de suas maiores aflições era a falta de atenção e carinho de sua família. Sentia que para a sua mulher e sua filha ele era um estorvo que atrapalhava a programação diária de suas vidas. Casara-se sem grande entusiasmo, quando julgou ter chegado a idade e, logo depois dos primeiros anos de convívio e o nascimento dos filhos, percebeu que não seria possível ter uma vida harmônica com a esposa. Buscou resolver o problema com tranquilidade, dedicando mais tempo ao trabalho e à convivência com os colegas do que com a família, sem entretanto deixar de prover o que ela necessitava.

Ivan sentia que era tratado pelos seus médicos da mesma forma que ele como advogado tratava os acusados - seguindo meramente os preceitos técnicos de sua profissão, sem dedicar atenção em nenhum momento às suas vidas particulares. A tal ponto a vida era destituída de valor que, pouco antes de morrer, Ivan Ilitch comenta que seu médico, ao chegar em sua casa para uma consulta, parece ter vontade de lhe perguntar “Como vão os negócios? - mas compreendia que não deveria falar desse modo” (Tolstoi, 1993TOLSTOI, L. A morte de Ivan Ilitch. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993. v.III, p.906-49., p.918-19).

Em sua conferência, Weber refere-se ao papel da medicina moderna, ressaltando a sua natureza técnica. O pequeno trecho lembra muito o drama de Ilitch diante da morte:

Tomemos, agora, um outro exemplo, o de uma tecnologia altamente desenvolvida do ponto de vista científico, tal como é a medicina moderna. Expresso de maneira trivial, o “pressuposto” geral da medicina assim se coloca: o dever do médico está na obrigação de conservar a vida pura e simplesmente e de reduzir, quanto possível, o sofrimento. Tudo isso é, porém, problemático. Graças aos meios de que dispõe, o médico mantém vivo o moribundo, mesmo que este lhe implore por fim a seus dias e ainda que os parentes desejem e devam desejar a morte, conscientemente ou não, porque já não tem mais valor aquela vida, porque os sofrimentos cessariam ou porque os gastos para conservar aquela vida inútil - trata-se talvez de um pobre demente - se fazem pesadíssimos. Só os pressupostos da Medicina e do código penal impedem o médico de se apartar da linha que foi traçada. A Medicina, contudo, não se propõe a questão de saber se aquela vida merece ser vivida e em que condições. Todas as ciências da natureza nos dão uma resposta à pergunta: que deveremos fazer se quisermos ser tecnicamente senhores da vida. (Weber, 1970WEBER, M. Ciência como vocacão. In: Ciência e política. Duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1970. p.17-52., p.36-7)

Aqui importa, antes de mais nada, a afirmação de Weber de que a ciência é um meio técnico de domínio da vida que fornece conhecimentos adequados para que se possa fazer uma previsão. A ciência faz parte do incessante processo de intelectualização do mundo, que garante a racionalidade da conduta humana, podendo orientar a vida prática à medida que põe meios técnicos à disposição. Enquanto uma profissão que se exerce em área especifica, a ciência está a serviço da autorreflexão e do conhecimento de contextos concretos. Ela traz clareza, ensina uma maneira de pensar, possibilita as escolhas e tomada de decisões. Eis o seu sentido.

Algumas ponderações

Não resta dúvida de que a tônica da conferência de Max Weber, A ciência como vocação, foi persuadir os estudantes a fazer suas escolhas profissionais de forma esclarecida, longe de qualquer engano quanto às duras tarefas de uma vida dedicada à ciência. No entanto, nos pequenos fragmentos do pronunciamento, sobre o sentido da ciência e do sentido da vida, o autor se refere a questões cruciais da modernidade, a exemplo da dominação técnica do mundo, questão insistindo em dizer que ela não dá sentido à vida. É surpreendente a exigência de Weber aos seus ouvintes, conclamando-os a lutar contra os apelos do “mundo exterior” e, procurando convencê-los a buscar dentro de si o caminho de suas escolhas e de suas decisões para, afinal, exercer uma profissão que não confere sentido à vida.

Vale a pena contrastar os conselhos de Weber sobre a necessidade de resistência dos jovens a qualquer estímulo ou reconhecimento externo e, ainda, suas advertências sobre o vigor “moral” indispensável para suportar os desígnios da profissão de cientista - com as ideias de Simmel, seu contemporâneo, sobre uma das características mais notáveis dos indivíduos modernos. Pois, segundo Simmel, o indivíduo moderno caracteriza-se justamente pela exposição cada vez maior a estímulos externos. Ainda que os escritos de Simmel sobre o assunto tenham tomado vulto na sua obra, e não se possa compará-los ao tratamento que Weber dá à questão, percebe-se, através da leitura do primeiro, o quanto os apelos de um “mundo exterior” já vinham chamando a atenção dos estudiosos.

Em seu estudo sobre a modernidade, Simmel afirma que a busca incessante de estímulos faz parte do modo de vida do indivíduo moderno cujas emoções e sentimentos foram embotados pela frieza do mundo em que vivem. Ao mesmo tempo que indiferente e blasé, ele é carente de estímulo, movimentando-se entre os polos da anestesia e hiperestesia. O processo de especialização imprime um ritmo tão acelerado, agitado e nervoso que rouba a tranquilidade necessária para o desfrute das coisas do mundo: “[...] é justamente a especialização dos nossos tempos que gera essa correria de impressão para impressão, essa impaciência no desfrute, a tentativa problemática de concentrar o máximo de estímulos, interesses e gozos em um mínimo de tempo...” (Simmel, 2016, p.163). Inquietos e insatisfeitos, os modernos tranquilizam-se apenas provisoriamente, pondo em marcha um movimento sem fim em busca de estímulos.

Ainda no âmbito de sua reflexão sobre a modernidade, Simmel antecipa a tragédia da cultura, argumentando que, em sua época, se podia observar o divórcio da cultura objetiva e da cultura subjetiva. Para ele, a produção da cultura, seja de bens espirituais, seja de bens materiais, tinha a função de cultivar os indivíduos, aprimorá-los. Contudo, o modo alienado e acelerado de produção da cultura possibilitou a circulação de objetos desprovidos de sentido que se tornavam paradoxalmente indispensáveis aos indivíduos. Ao ganhar autonomia, a cultura não mais podia se voltar para aqueles que a produziram:

Assim, surge a situação problemática, típica do homem moderno: o sentimento de ser circundado por inúmeros elementos culturais que não lhe são desprovidos de significação, mas que também não são, em seu fundamento, plenos de significação - elementos culturais que no seu conjunto possuem algo de opressivo, porque o homem moderno não pode assimilar a todos individualmente, e tampouco pode simplesmente descartá-los, uma vez que eles pertencem potencialmente à esfera de seu desenvolvimento cultural. (Simmel, 2005_______. O conceito e a tragédia da cultura. In: SOUZA, J.; OELZE, B. (Org.) Simmel e a modernidade. Brasília: Editora UnB, 2005. p.77-1., p.102)

Porém, a impossibilidade do aprimoramento dos indivíduos em um mundo alienado de sua própria cultura, tal como sugere Simmel, aparentemente não é levada em conta por Weber, que considera ser plausível ao indivíduo a determinação de sua vida mediante a devoção e o sacrifício a uma causa, assim como o desenvolvimento da sua personalidade através do exercício da profissão Tal asserção, como afirma Schluchter, pressupõe que as ideias e imagens do mundo, nos termos das quais um indivíduo interpreta a própria vida e as ordens sociais nas quais um indivíduo é forçado a viver, não impeçam totalmente a base ascética da conduta individual (Schluchter, 1996, p.38). O breve comentário de Schluchter abre uma brecha para se pensar que para Weber seria possível a condução da vida individual com valores flagrantemente contrários aos valores predominantes. Afinal, para ele importava o conflito de valores na sociedade capitalista ocidental e não a harmonia de um todo social. Desse modo, é-se levado a indagar se a severa pedagogia weberiana teria atualidade nos dias de hoje. O movimento de voltar-se para dentro de si, a parcimônia e o sacrifício poderiam conviver com os apelos do sucesso, do reconhecimento imediato e da competição? Ou a conferência de Weber, A ciência como vocação - por um notável contraste - poderia apenas elucidar o que ocorre, cem anos depois de sua morte, em relação aos valores que presidem a escolha das profissões e a conduta dos cientistas?


Retrato de Max Wilhelm Carl Weber (1864-1920).

Vocacionados para contribuir para a dominação técnica do mundo, os cientistas devem aceitar os imperativos éticos de sua profissão e atender às exigências do dia. Nada há o que fazer senão resignar-se. Nas décadas seguintes, autores da tradição alemã como Freud, Adorno, Horkheimer e Elias, entre outros, concentraram sua crítica nos malefícios da dominação técnica à cultura moderna, mostrando o abismo cada vez maior entre Zivilization e Kultur. A posição de Weber distancia-se desse conhecido debate, cabendo-lhe, aparentemente, apenas, insistir na aceitação dos desígnios do mundo e do seu desencanto.

Abraão ou os camponeses de outrora morreram “velhos e plenos de vida”, pois que estavam instalados no ciclo orgânico da vida, porque esta lhes havia ofertado, ao fim de seus dias, todo o sentido que podia proporcionar-lhes e porque não subsistia enigma que eles ainda teriam desejado resolver. Podiam, portanto, considerar-se satisfeitos com a vida. O homem civilizado, ao contrário, colocado em meio ao caminhar de uma civilizacão que se enriquece continuamente de pensamentos, de experiências e de problemas pode sentir-se “cansado” da vida, mas não “pleno” dela. Com efeito, ele não pode jamais apossar-se senão de uma parte ínfima do que a vida do espírito incessantemente produz, ele não pode captar senão o provisório e nunca o definitivo. (Weber, 1970WEBER, M. Ciência como vocacão. In: Ciência e política. Duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1970. p.17-52., p.31)

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Nota

  • 1
    Cartas a um jovem poeta de Rilke foram escritas entre 1903 e 1908 (Rilke, 1999).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Nov 2020
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2020

Histórico

  • Recebido
    11 Set 2020
  • Aceito
    28 Set 2020
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