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EDITORIAL

ELEGENDO O NORDESTE BRASILEIRO como tema básico deste número, a editoria pretendeu contribuir com alguns subsídios para alimentar um debate crucial, posto às vezes em forma de dilema: regionalização ou globalização ? Até que ponto essa disjunção é precária, sobretudo em termos macroeconômicos; ou até que ponto ela terá sido fecunda para o cotidiano popular e para a criação artística do homem nordestino – são questões que podem e devem ser repensadas hoje, à luz de critérios de humanização mais altos do que os adotados pelo conformismo que vem estagnando, há anos, a prática política dos países ditos em desenvolvimento.

Para obter o primeiro mapeamento de uma região na verdade mal conhecida (até mesmo pelo nosso leitor universitário), ESTUDOS AVANÇADOS colheu dados e reflexões junto a pesquisadores de instituições idôneas cuja colaboração nos foi preciosa: a Fundação Joaquim Nabuco, em primeiro lugar, esta verdadeira Universidade do Nordeste, que se dispôs, desde os contatos iniciais, a nos ceder os resultados de suas pesquisas que abrangem diversos campos de estudo; a Universidade Federal de Pernambuco, mediante os seus programas de pós-graduação em Economia, Sociologia e Antropologia; o Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba; o Centro de Estudos "Josué de Castro" do Recife; a Secretaria de Cultura da Prefeitura de Recife; o Museu Regional de Olinda. Em São Paulo, o Instituto de Estudos Brasileiros da usp e o Centro Cultural São Paulo da Prefeitura Municipal; a este, graças à mediação de Flávia Toni, devemos a gentileza de permitir a reprodução de fotos integrantes do acervo da notável Missão de Pesquisas Folclóricas cumprida em 1938 por Luís Saia e outros estudiosos da nossa cultura popular. Uma palavra de agradecimento especial é devida a Aluízio Falcão, que propiciou a reedição dos cinco estudos sobre música popular do Nordeste que apresentam a hoje raríssima coleção gravada, nos anos 70, por Marcus Pereira. Felicitamo-nos também pela presença, neste dossiê, de alguns nomes-símbolos da cultura nordestina: Ariano Suassuna, Celso Furtado, Hermilo Borba Filho e Manuel Correia de Andrade.

O conjunto de textos aqui publicado é expressivo, mas fatalmente parcial: é nossa intenção completá-lo com outros ensaios nordestinos a serem oportunamente divulgados.

O dossiê Nordeste não está só: a outra ponta do processo – a globalização – foi trabalhada no ensaio de Jacob Gorender, Globalização, tecnologia e relações de trabalho, resultado de uma pesquisa que o autor efetuou na qualidade de professor visitante do IEA no biênio 1995-96. O texto foi amplamente discutido por cientistas sociais e homens públicos cujas intervenções se acham transcritas neste número de ESTUDOS AVANÇADOS.

A oportunidade de comemorar os seus dez anos de vida foi aproveitada pelo iea para promover uma série de conferências públicas. Editamos três delas; os seus temas são diversificados, mas a atualidade mais dramática os aproxima. Chomsky fala sobre a teoria e a prática da democracia; Emilia Ferrero relaciona a informática e o aprendizado da leitura e da escrita; Rodrigo Montoya, que ocupou a Cátedra Simón Bolívar, reflete sobre a experiência do terrorismo no Peru contemporâneo. De igual oportunidade é o documento preparado por Umberto Cordani, Jacques Marcovitch e Eneas Salati com o fim de avaliar as ações brasileiras empreendidas nos cinco anos que sucederam à Rio-92. Remetemos os interessados ao dossiê que sobre esta conferência mundial publicamos no nº 15 da revista.

Enfim, uma nova seção, a cargo de Marco Antonio Coelho, informa o nosso leitor sobre os eventos mais importantes que pontuaram a vida do IEA nos últimos meses.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Maio 2005
  • Data do Fascículo
    Abr 1997
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