Abstract in Portuguese:
O CONTÍNUO AVANÇO tecnológico global não parece estar garantindo que as sociedades futuras possam gerar, unicamente por mecanismos de mercado, postos de trabalho - ainda que flexíveis - compatíveis em qualidade e renda com as necessidades básicas da população mundial. A lógica da globalização e do fracionamento das cadeias produtivas incorporou parte dos bolsões de mão-de-obra barata mundiais sem necessariamente elevar-lhes a renda. Os postos de trabalho formal crescem menos que os investimentos diretos. Se, por um lado, surgem oportunidades bem remuneradas no trabalho flexível, por outro, o setor informal também abriga o emprego muito precário e a miséria. E, especialmente nos países da periferia, os governos - comprometidos com a estabilidade - não têm orçamento suficiente e estruturas eficazes para garantir a sobrevivência dos novos excluídos. O paradigma do emprego está em definitiva mudança, e há inúmeras razões para preocupação quanto ao futuro da exclusão social no novo século.Abstract in English:
CONTINUOUS GLOBAL advances in technology have apparently failed to ensure to future societies the ability to create flexible jobs exclusively through the use of market mechanisms, commanding income levels and being of such character that are compatible with the basic needs of the world population. The logic behind globalization and the segmentation of productive chains have, in part, absorbed pockets of cheap labor throughout the world without necessarily providing their workers with higher income levels. Formal employment is growing at a lower rate than direct investments. If, on the one hand, there are emerging and well compensated opportunities in the flexible labor market, on the other, the informal sector also spans precarious, insecure jobs and poverty. In the peripheral countries, particularly, governments - which are commited to stability - simplely do not have the funding and sufficiently effective structures to ensure the survival of the newly excluded. The employment paradigm is undergoing a definite shift, and there are myriad reasons for concern about the future of social exclusion in the new millenium.Abstract in Portuguese:
A DESTRUIÇÃO DOS recursos naturais da Amazônia continua aumentando, especialmente o desmatamento, apesar de a retórica dos últimos 50 anos ter mudado de conquista e exploração para desenvolvimento sustentável. Entretanto, mudanças positivas são percebidas, ainda que pequenas: o crescimento da participação popular nas decisões; o Tratado de Cooperação Amazônica, que começa a dar resultados práticos; o interesse internacional melhor orientado; existem experiências bem-sucedidas e melhor documentadas sobre desenvolvimento sustentável; e muitos dos antigos mitos sobre a realidade amazônica estão sendo abandonados. O crescimento da população urbana é uma das principais mudanças percebidas. Hoje, mais de 60% de sua população é urbana e tem grande influência nas decisões políticas, ainda que não necessariamente favorável para o desenvolvimento sustentável. Neste trabalho explora-se algumas das razões pelas quais o desenvolvimento amazônico não é sustentável: entre outras, um paradigma de desenvolvimento sustentável mal definido, a persistente deficiência na identificação dos atores amazônicos e na solução de seus conflitos no planejamento regional, a fragilidade crescente das instituições públicas, a aplicação do simples crescimento econômico como estratégia dominante de desenvolvimento, o limitado acesso à educação, a desordem social. Duas ações estratégicas, que não constituem novidade, são consideradas essenciais para mudar gradativamente o padrão do desenvolvimento na região: a intensificação do uso da terra e a elevação da produtividade nas áreas já desmatadas (acima de 100 milhões de hectares na Amazônia produzem pouco ou nada); a avaliação e o pagamento em escala nacional e internacional dos serviços ambientais fornecidos pela floresta. Esses dois requisitos deverão ser acompanhados pela adoção outras estratégias bem conhecidas, como o manejo sustentável da floresta natural, o reflorestamento de áreas desmatadas não-aproveitáveis na agricultura, estabelecimento de áreas protegidas efetivamente manejadas, entre várias mais.Abstract in English:
AMAZON NATURAL resources destruction trends continues to increase, especially deforestation, despite changes in rethoric that during the last 50 years moved from conquest and exploitation to sustainable development. However, a few positive changes are noticeable: Amazon people's participation in decision making increased, the Amazon Treaty is starting to produce practical results, the international concerns are better oriented, there are more and better documented success stories to replicate and, several pervasive and prejudicial myths about the Amazon are being lost. Urban population growth is one of the principal changes in the Amazon. Over 60% of the Amazon population are urban and its influence in policy making is very high and not necessarily favorable to sustainable development. In this paper are explored some of the reasons for which development is not sustainable in the Amazon: a sustainable development paradigm ill defined and poorly understood, a persistent lack of identification of actors and their conflicts in most planning exercises, growing fragility of states to organize and provide the rules of the game for development and, of course, the application of the economic growth as dominant strategy combined with lack of education and social order, corruption and other associated evils, are briefly discussed. Two strategic actions, that are not new, are considered central to gradually change the pattern of development in the Amazon: intensification of the use of the land and productivity elevation in already deforested areas (well over 100 million hectares that currently produce very little or nothing); the valuation and payment, at national and international scale, of the environmental services of the forests. These two central requirements are coupled by several other well-known and complementary possibilities such as natural forest management; establishment and management of protected areas, redefinition of success indicators for the Amazon, ecotourism etc. Education, information and participation are essential to allow democracy to play its role in sustainable development.Abstract in Portuguese:
NESTE ARTIGO PROCURO analisar criticamente um poema de Manuel Bandeira, intitulado Lua Nova, composto no Rio de Janeiro em 1953. Lendo os versos à luz de algumas reflexões de Dilthey, busco neles a expressão das vivências do poeta, tentando assim compreender, através de Lua Nova, sua constante recusa de todo o excesso e sua serena aceitação do ritmo da vida, que contém como fim inevitável e fundamente significativo a própria morte.Abstract in English:
THIS PAPER is an attempt at analysing a poem by Manuel Bandeira, called Lua Nova, composed in 1953 in Rio de Janeiro. Reading the verses in the light of some Dilthey's reflections, I look for the expression of the poet's experiences, then trying to understand, through Lua Nova, his constant refusal of all excess and his serene acceptance of life's rhythm, which contains as an inevitable and deeply significant end death itself.Abstract in Portuguese:
EM MARÇO de 1930 o pintor Vicente do Rego Monteiro trouxe para o Recife uma exposição de obras dos principais representantes da chamada Escola de Paris, entre os quais cabe destacar Picasso, Léger, Miró e Braque. O evento, apesar da qualidade intrínseca das obras, encontrou uma alta dose de incompreensão. Neste trabalho mostra-se, à luz da contribuição de Pierre Bourdieu, terem sido as diferenças entre os códigos culturais do público e aqueles a que as obras faziam referência que impediram a decifração do sentido e do valor da exposição.Abstract in English:
IN MARCH 1930 the painter Vicente do Rego Monteiro brought to Recife an exhibition of works by the main artists of the so-called School of Paris, among them Picasso, Léger, Miró and Braque. The event, in spite of the intrinsic quality of the works, met with widespread incomprehension. In this article is demonstrated, by using Pierre Bourdieu's contribution, that the differences between the cultural codes held by the public and those referred to by the works prevented the attendance from deciphering both the meaning and the value of the exhibition.