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Mulheres detentas do Recife-PE: saúde e qualidade de vida

Mujeres reclusas en Recife-PE: salud y calidad de vida

RESUMO

Objetivos

Identificar o perfil social, hábitos de vida e morbidades referidas, de mulheres detentas; identificar a Qualidade de Vida-QV dessas mulheres e associá-la às variáveis perfil social, hábitos de vida e morbidades referidas.

Método

Pesquisa transversal, correlacional, de campo, com abordagem quantitativa, realizada com 287 detentas, no período de 15 de outubro a 16 de novembro de 2018. Utilizou-se para avaliar a qualidade de vida o WHOQOL-Bref.

Resultados

A média dos escores da Qualidade de Vida Geral das detentas foi baixa (46), o domínio com maior média foi o Físico e o menor o Meio Ambiente. As morbidades mais referidas foram dor musculoesquelética (52,9%) e doenças respiratórias (25,4%). Houve associação entre a QV e a avaliação ruim / péssima da saúde, em todos os domínios e das morbidades referidas na maioria deles.

Conclusões e Implicações para a prática

As morbidades referidas, a avaliação negativa da saúde, alguns hábitos de vida e a estrutura da prisão interferiram na percepção da QV das detentas. Conhecer o perfil social e de saúde das mulheres e as situações vivenciadas no cárcere, pode contribuir para o planejamento de intervenções que possam minimizar os agravos à saúde e o impacto na qualidade de vida dessas mulheres.

Palavras-chave:
Saúde da mulher; Prisões; Qualidade de Vida; Morbidade

RESUMEM

Objetivos

Identificar el perfil social, los hábitos de vida y las morbilidades referidas de las mujeres reclusas; identificar la Calidad de Vida (QV) de estas mujeres y asociarla con variables sociodemográficas, hábitos de vida y morbilidades referidas.

Método

Investigación transversal, correlacional, de campo, con un enfoque cuantitativo, realizada con 287 reclusas, en el periodo del 15 de octubre al 16 de noviembre de 2018. El WHOQOL-Bref se utilizó para evaluar la calidad de vida.

Resultados

Los escores promedios de la calidad general de vida de las reclusas fue baja (46), el dominio con la media más alta fue el Físico y el más bajo el Medio Ambiente. Las morbilidades más referidas fueron dolor musculoesquelético (52,9%) y enfermedades respiratorias (25,4%). Hubo asociación entre la QV y la evaluación mala/pésima de la salud en todos los dominios y morbilidades referidas en la mayoría de ellos.

Conclusiones e implicaciones para la práctica

Las morbilidades referidas, la evaluación negativa de la salud, algunos hábitos de vida y la estructura de la prisión interfirieron en la percepción de QV de las reclusas. Conocer el perfil social y de salud de las mujeres y las situaciones experimentadas en prisión puede contribuir a la planificación de intervenciones que puedan minimizar los problemas de salud y el impacto en la calidad de vida de estas mujeres.

Palabras clave:
Salud de las mujeres; Prisiones; Calidad de Vida; Morbilidad

ABSTRACT

Objectives

To identify the social profile, lifestyle habits, and morbidities of women prisoners; to identify their quality of life (QoL) and to associate this with the sociodemographic variables, lifestyle habits, and morbidities reported.

Method

This cross-sectional, correlational, quantitative field study was conducted with 287 incarcerated women, from October 15 to November 16, 2018. The WHOQOL-Bref was used to assess their quality of life.

Results

The mean score of the prisoners' Overall Quality of Life was low (46). The Physical domain presented the highest mean and the Environment the lowest. The most commonly reported morbidities were musculoskeletal pain (52.9%) and respiratory diseases (25.4%). There was an association between QoL and the assessment of poor/very poor health in all the domains and the morbidities reported in the majority of them.

Conclusions and implications for the practice

The morbidities reported the negative assessment of health, some lifestyle habits, and the prison structure interfered with the prisoners' perception of QoL. Identifying the social and health profile of the women and the situations experienced in prison can contribute to the planning of interventions that can minimize health problems and the impact on their quality of life.

Keywords:
Women's health; Prisons; Quality of life; Morbidity

INTRODUÇÃO

No contexto internacional de mulheres no cárcere, o Brasil ocupa a quarta posição mundial, ficando atrás dos Estados Unidos, China e Rússia. A taxa de aprisionamento de mulheres, no Brasil, aumentou conforme números publicados pelo Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN), com registros de aumento de 656% entre os anos de 2000 até 2016.11 Ministério da Justiça e Segurança Pública (BR). Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Departamento Penitenciário Nacional; 2017 [citado 2019 Jan 28]. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-mulheres/copy_of_Infopenmulheresjunho2017.pdf
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,22 Walmsley R. World female imprisonment list [Internet] 4th ed. London: Institute for Criminal Policy Research; 2017 [citado 2019 Jan 28]. Disponível em: https://www.prisonstudies.org/news/world-female-imprisonment-list-fourth-edition
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Em 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já apontava o crescimento do número de mulheres infratoras no mundo, assim como chamava a atenção sobre a especificidade de suas necessidades de saúde e seu negligenciamento.33 World Health Organization. Women’s health in prison: Correcting gender inequity in prison health [Internet]. Copenhagen, Denmark: WHO; 2009 [citado 2020 Jan 30]. Disponível em: http://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0004/76513/E92347.pdf
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A situação de prisão interfere nas condições de saúde das pessoas encarceradas, especialmente das mulheres.33 World Health Organization. Women’s health in prison: Correcting gender inequity in prison health [Internet]. Copenhagen, Denmark: WHO; 2009 [citado 2020 Jan 30]. Disponível em: http://www.euro.who.int/__data/assets/pdf_file/0004/76513/E92347.pdf
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Comparando com as demais populações, as pessoas que perderam a liberdade são desfavorecidas em saúde física, mental e social, tornando-se mais vulneráveis. Muitas detentas, nesses estabelecimentos de custódia, têm históricos de acesso inadequado a cuidados preventivos e serviços de saúde na atenção básica, evoluindo para morbidades agudas ou crônicas.44 Audi CAF, Santiago SM, Andrade MGG, Francisco PMSB. Survey on the health conditions of incarcerated women. Saúde debate [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];40(109):112-24. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201610909.
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5 Mignon S. Health issues of incarcerated women in the United States. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];21(7):2051-60. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.05302016.
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6 Davison KM, D’Andreamatteo C, Smye VL. Medical nutrition therapy in Canadian federal correctional facilities. BMC Health Serv Res. 2019;19(1):89. http://dx.doi.org/10.1186/s12913-019-3926-3.
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-77 Ribeiro MAT, Deus NMSF. Mulheres encarceradas: a saúde atrás das grades. Revista Psicologia, Diversidade e Saúde [Internet]. 2017 nov; [citado 2018 dez 23];6(4):324-39. Disponível em: https://www5.bahiana.edu.br/index.php/psicologia/article/view/1708/1065
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Além disso, a violência física e psicológica está atrelada ao cotidiano das mulheres encarceradas, comprometendo quase que irreversivelmente sua saúde. Pesquisa realizada com mulheres encarceradas do Recife, em Pernambuco, identificou que 87% sofreram algum tipo de violência física ou sexual que influenciou no desenvolvimento de depressão e uso de drogas.88 Reed E, Raj A, Falbo G, Caminha F, Decker MR, Kaliel DC, et al. The prevalence of violence and relation to depression and illicit drug use among incarcerated women in Recife, Brazil. Int J Law Psych [online]. 2009 Sep/Oct; [citado 2019 jan. 23];32:323-8. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19615747
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Outro aspecto que pode contribuir para o surgimento de agravos à saúde da população carcerária é o tempo de confinamento. A exposição e vulnerabilidade a que estão sujeitas essas mulheres contribuem para o seu adoecimento.99 Gois SM, Santos HPO, Silveira MFA, Gaudêncio MMP. Para além das grades e punições: uma revisão sistemática sobre a saúde penitenciária. Ciênc Saúde Coletiva [Internet]. 2012 [citado 2018 dez 23];(5):1235-1246. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232012000500017&lng=en.
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A maioria das mulheres infratoras são oriundas de grupos familiares muito grandes, com um histórico conturbado de abuso e maus-tratos durante a infância e a juventude ou mesmo nas relações íntimo-afetivas com companheiros que já pertenciam ao mundo do crime, o que as coloca mais próximas de situações que podem levá-las ao cárcere.1010 Cerezo AI. Women in Prison in Spain: The Implementation of Bangkok Rules to the Spanish Prison Legislation. Eur J Crim Policy Res [Internet] 2017 jun; [citado 2019 jan 21];23:133-51. Disponível em: https://doi-org.ez16.periodicos.capes.gov.br/10.1007/s10610-016-9323-0
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,1111 Graça BC, Mariana MM, Silva JH, Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trette ACP. Perfil epidemiológico e prisional das detentas de um município do médio norte de Mato Grosso. Rev Semina. 2018;39(1):59-68. https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v39n1p59.
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Além disso, por pertencerem a grupos socialmente desfavorecidos, essas mulheres têm menos acesso aos serviços de saúde, mesmo antes da prisão, o que pode piorar suas condições após o encarceramento.

A importância de se investigar o perfil sociodemográfico e de saúde dessa população e verificar o impacto em sua qualidade de vida (QV) se faz necessário para produzir elementos determinantes para a prevenção de agravos e promoção à saúde.

Baixos índices de QV podem levar ao adoecimento e, muito provavelmente, estar em situação de prisão pode ser um fator que interfira na QV das detentas, o que potencializaria o surgimento de doenças, uma vez que múltiplos fatores, inclusive os relacionados ao ambiente, podem influenciar na QV de um grupo.1212 Naz S, Hashmi AM, Asif A. Burnout and quality of life in nurses of a tertiary care hospital in Pakistan. J Pak Med Assoc. 2016;66(5):532-6. PMid:27183930.,1313 World Health Organization. Programme on Mental Health: WHOQOL User Manual, 2012 revision [Internet]. Genebra: World Health Organization; 1998 [citado 2018 Jul. 13]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/77932
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Nesta perspectiva, levando-se em consideração a importância de promover ações eficazes e efetivas voltadas à prevenção e promoção à saúde das mulheres detentas, a presente pesquisa teve como objetivos: identificar o perfil social, hábitos de vida e morbidades referidas, de mulheres detentas; identificar a Qualidade de Vida dessas mulheres e associá-la às varáveis perfil social, hábitos de vida e morbidades referidas.

MÉTODO

Trata-se de estudo transversal, correlacional, de campo, com abordagem quantitativa, realizado na Colônia Penal Feminina do Recife, localizada na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. A instituição penal tem capacidade para 150 detentas, contudo no momento da coleta dos dados contava com cerca de 680 mulheres.

Os dados foram coletados pela pesquisadora principal, no período de 15 de outubro a 16 de novembro de 2018. Por motivos internos do presídio, a coleta foi realizada em um tempo concentrado e houve auxílio de pessoa treinada para esta atividade. Para o cálculo da amostra foi utilizado o programa STATS 2.0®; considerando um total de 680 detentas registradas na instituição, a porcentagem máxima aceitável de erro e 5% e nível de confiança de 95%; a amostra mínima representativa do total de mulheres foi estimada em 245.

A amostragem foi aleatória simples e o sorteio da amostra realizado pelo programa randomized.com®. Para integrar a amostra, as detentas tiveram que atender aos seguintes critérios de inclusão: estar presente na penitenciária no dia da coleta dos dados e não apresentar problema disciplinar ou de saúde que a impedisse de comparecer à entrevista. Foram excluídas as gestantes e puérperas.

Foram utilizados dois instrumentos. Um contendo dados sociodemográficos e prisionais, como: idade, estado civil, escolaridade, etnia, religião, tempo de encarceramento, reincidência, visitas sociais e íntimas e número de pessoas por cela; bem como as morbidades referidas e hábitos de vida. Para mensurar a QV, utilizou-se a versão abreviada do instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde1414 The WHOQOL Group. Development of the World Healt Organization WHOQOL-B: quality of life assessment. Psychol Med. 1998;28(3):551-8. http://dx.doi.org/10.1017/S0033291798006667. PMid:9626712.
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(OMS) o WHOQOL-Bref, versão validada para o português1515 Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref. Rev Saude Publica. 2000;34(2):178-83. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102000000200012. PMid:10881154.
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. O instrumento WHOQOL-Bref é constituído por 26 questões e avalia cinco domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais, Meio Ambiente, além da Qualidade de Vida Geral (QVG).

As respostas para as questões do WHOQOL-BREF são dadas em uma escala tipo Likert, que varia de um (1) a cinco (5). Destaca-se que as questões do domínio físico– três e quatro (3 e 4) e a 26 do psicológico devem ter a escala de resposta invertida. Os escores dos domínios são calculados pela somatória dos escores da média da “n” questões que compõem cada domínio. O resultado é multiplicado por quatro (4), sendo representado em uma escala de quatro (4) a 20. Os escores dos domínios são convertidos para uma escala de zero (0) a 100 e, quanto maior o escore, melhor a QV.1515 Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref. Rev Saude Publica. 2000;34(2):178-83. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102000000200012. PMid:10881154.
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Na análise estatística foram utilizados para a comparação entre variáveis numéricas o teste t-Student com variâncias iguais, o teste t-Student com variâncias desiguais ou Mann-Whitney, e no caso de três categorias, o teste F (ANOVA) ou Kruskal- Wallis.

A escolha dos testes t-Student e F (ANOVA) ocorreu nas situações da verificação da hipótese de normalidade dos dados; e a opção pelos testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis foi devido à rejeição da normalidade em pelo menos uma das categorias ou variável. A verificação da normalidade dos dados foi realizada pelo teste Shapiro-Wilk e a igualdade de variâncias pelo teste F de Levene. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 0,05.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU), número 2.804.594/2018, e autorizada pela Secretaria de Ressocialização do Estado de Pernambuco (SERES), e todas as mulheres assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS

Participaram do estudo 287 detentas. O perfil sociodemográfico da amostra pode ser assim delineado: idade média de 31,94 anos (±10,28), variando de 19 a 64 anos, a maioria parda (58,5%), solteira (69,0%) heterossexual (56,1%), não exercendo atividade remunerada no presídio (66,6%), com escolaridade fundamental completa ou incompleta (66,2%). As religiões mais apontadas foram a católica e a evangélica (49,1% e 39,4%, respectivamente).

Os dados prisionais evidenciaram que a média de presas por cela era de 23,1±16,4, mas havia celas com até 62 mulheres; 40,0% estavam em cárcere entre 1 e 6 anos e 41,1% encontravam-se nesse contexto há menos de um ano. A maioria (60%) não era reincidente e recebia visita social (63,7%). Daquelas que recebiam visita social, 51% eram visitadas semanalmente. A maioria (86,4%) não recebia visita íntima.

Em relação aos hábitos de vida e cuidados com a saúde, todas as mulheres (100%) negaram o consumo de bebida alcoólica, a maioria (62,3%) era tabagista e consomia mais de um maço de cigarros por dia (72,3%). O consumo de drogas ilícitas foi referido por 39,7% delas e a mais mencionada foi a maconha (70,2%), consumida diariamente por 54,4% delas. Quanto às imunizações, 62% referiram ter sido imunizadas nos últimos cinco anos, principalmente contra a gripe,

A maioria (65,5%) avaliou sua saúde como regular ou péssima, referiu algum problema de saúde (61,6%), mas não fazia tratamento (85%), não dormia bem (69,3%) por conta da superlotação da cela, ruído e calor excessivos, além de terem de dormir no chão. A maioria (80,1%) referiu não beber água filtrada, não realizar atividade física (81,8%), não ter problema para urinar (81,1%) e evacuar diariamente (85%).

Quanto aos exames de detecção precoce do câncer gineológico, 65,5% das mulheres colheram a citologia oncótica e 75% daquelas que se encontravam na faixa etária de realizar mamografia não realizaram o exame.

As morbidades mencionadas pelas mulheres foram: dores musculoesqueléticas (53,0%), doenças respiratórias (25,4%), depressão (20,6%), hipertensão arterial (19,2%), corrimento vaginal (8,4%), infecções sexualmente transmissíveis (4,9%), que incluíram sífilis, HIV/AIDS e hepatite; a diabetes foi referida por 4,5% delas.

Na Tabela 1, destaca-se que a média da Qualidade de Vida Geral (QVG) foi de 46,0 (Desvio-padrão [DP] = 16,32) e as médias mais elevadas nos domínios foram identificadas no Físico (51,87; DP = 15,84) e no Social (51,10; DP = 26,80), e as menos elevadas no Meio Ambiente (35,0; DP = 18,59) e Psicológico (45,92; DP = 21,77).

Tabela 1
Estatística descritiva dos escores da Qualidade de Vida Geral e dos domínios do WHOQOL-Bref. Recife-PE, 2018. (N=287)

A Tabela 2 evidencia que houve associação estatisticamente significativa entre o nível de escolaridade e o domínio Psicológico (p=0,011) e entre a atividade remunerada e o domínio Físico (p< 0,001), ou seja, as mulheres que exerciam algum tipo de atividade remunerada na prisão tinham melhor qualidade de vida.

Tabela 2
Associação entre o perfil sociodemográfico e os domínios do WHOQOL-Bref. Recife-PE, 2018. (N=287)

Observa-se, na Tabela 3, que houve diferença estatisticamente significativa na associação entre a necessidade fisiológica de evacuar e o domínio Psicológico (p=0,002), de modo que quem evacuava todos os dias apresentou média maior neste domínio (49,76;DP=21,36). Quem apresentava problema para urinar teve pior QV, nos domínios Físico (p=0,011), Psicológico (p=0,014), Relações Sociais (p=0,043) e na QVG (p=0,014).

Tabela 3
Associação das variáveis Hábitos de Vida e Avaliação da Saúde com os domínios do WHOQOL-Bref. Recife-PE, 2018 (N=287)

A QV de quem praticava atividade física foi melhor nos domínios Físico (p=0,009) e Meio Ambiente (p=0,016) e na QVG (p=0,024). A qualidade do sono interferiu em todos os domínios do WHOQOL-Bref. Assim, quem referiu problemas com o sono, teve piores escores nos domínios Físico (p=<0,001), Psicológico (p=<0,001), Relações Sociais (p=0,001), Meio Ambiente (p=0,004) e QVG (p<0,001) (Tabela 3).

As detentas que avaliaram a saúde como ruim/péssima tiveram piores escores de QV em todos os domínios e na QVG. Houve diferença estatisticamente significativa no Físico (p<0,001), Psicológico (<0,001), Social (p=0,007), Meio Ambiente (p<0,001) e QVG (p<0,001) (Tabela 3).

Na Tabela 4, nota-se que ter algum problema de saúde interferiu na QV das mulheres nos domínios Psicológico (p=0,011), Meio Ambiente (p=0,05) e na QVG (p=0,013). Para aquelas que faziam tratamento as médias dos escores foram mais elevadas e houve diferença estatisticamente significativa nos domínios Físico (p=0,032), Meio Ambiente (p=0,002) e na QVG (p= 0,018). Houve diferença significativa para aquelas que referiram dor e problema respiratório no domínio Meio Ambiente (p= 0, 006) e depressão no domínio Psicológico (p=0,002). Morbidades crônicas como hipertensão e diabetes não interferiram na QV.

Tabela 4
Associação das morbidades referidas com os domínios do WHOQOL-Bref. Recife-PE, 2018 (N=287)

Na associação entre a QV e os dados prisionais, observou-se diferença estatisticamente significativa no domínio Físico (p = 0,021) quando comparado ao número de detentas por cela. As mulheres que recebiam visita social tinham melhor QV, houve diferença significativa no domínio Relações Sociais (p = 0,007) (Tabela 5). Os demais dados prisionais, como: tempo de reclusão, reincidência e não receber visita íntima não se associaram à QV das mulheres (Tabela 5).

Tabela 5
Associação das variáveis prisionais com os domínios do WHOQOL-Bref. Recife-PE, 2018 (N=287)

DISCUSSÃO

O perfil sociodemográfico das detentas que compuseram a amostra deste estudo é semelhante ao observado em pesquisas realizadas com detentas em outros estados da federação, dentre eles: São Paulo,44 Audi CAF, Santiago SM, Andrade MGG, Francisco PMSB. Survey on the health conditions of incarcerated women. Saúde debate [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];40(109):112-24. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201610909.
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Mato Grosso,1111 Graça BC, Mariana MM, Silva JH, Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trette ACP. Perfil epidemiológico e prisional das detentas de um município do médio norte de Mato Grosso. Rev Semina. 2018;39(1):59-68. https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v39n1p59.
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Ceará1616 Teixeira MMS; Lemos SMA; Bento, EB; Souza, DOG; Schetinger, MRC. Saúde da mulher encarcerada: uma proposta de intervenção, amor e vida. RIAEE – Rev Ibero-Americana de Estudos em Educação. 2017 jul-set;12(3):1659-1673. http://dx.doi.org/10.21723/r.
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e Rio de Janeiro,1717 Santos MV, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Marchiori GRS, Guerra JVV. Mental health of incarcerated women in the state of Rio de Janeiro Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [citado 2018 jul. 13];26(2):e5980015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_0104-0707-tce-26-02-e5980015.pdf.
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e coincidem com os dados sobre mulheres presas no Brasil, divulgados pelo INFOPEN, no ano de 2017, em que as detentas eram predominantemente jovens, pardas, solteiras, com baixo nível de escolaridade e mães.11 Ministério da Justiça e Segurança Pública (BR). Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Departamento Penitenciário Nacional; 2017 [citado 2019 Jan 28]. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-mulheres/copy_of_Infopenmulheresjunho2017.pdf
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Estudo americano que analisou a condição da mulher em presídios, refere que o perfil sociodemográfico de mulheres detidas em todo o mundo é semelhante, predominando aquelas oriundas de grupos socioeconômicos mais baixos da sociedade e de cor preta.55 Mignon S. Health issues of incarcerated women in the United States. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];21(7):2051-60. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.05302016.
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,1010 Cerezo AI. Women in Prison in Spain: The Implementation of Bangkok Rules to the Spanish Prison Legislation. Eur J Crim Policy Res [Internet] 2017 jun; [citado 2019 jan 21];23:133-51. Disponível em: https://doi-org.ez16.periodicos.capes.gov.br/10.1007/s10610-016-9323-0
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,1111 Graça BC, Mariana MM, Silva JH, Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trette ACP. Perfil epidemiológico e prisional das detentas de um município do médio norte de Mato Grosso. Rev Semina. 2018;39(1):59-68. https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v39n1p59.
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A situação de prisão das mulheres identificada neste estudo assemelha-se aos dados apresentados por outras pesquisas, que evidenciam uma estrutura prisional precária, com superlotação, ambiente insalubre, no qual as mulheres não recebem visita íntima e apresentam média de tempo de encarceramento por volta de cinco anos.44 Audi CAF, Santiago SM, Andrade MGG, Francisco PMSB. Survey on the health conditions of incarcerated women. Saúde debate [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];40(109):112-24. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201610909.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-110420161...
,1111 Graça BC, Mariana MM, Silva JH, Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trette ACP. Perfil epidemiológico e prisional das detentas de um município do médio norte de Mato Grosso. Rev Semina. 2018;39(1):59-68. https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v39n1p59.
https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v...
,1717 Santos MV, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Marchiori GRS, Guerra JVV. Mental health of incarcerated women in the state of Rio de Janeiro Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [citado 2018 jul. 13];26(2):e5980015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_0104-0707-tce-26-02-e5980015.pdf.
http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_01...
Entre os hábitos de vida das detentas, destacam-se o tabagismo, o uso de drogas ilícitas e a falta de atividade física, dados semelhantes aos de estudos nacionais e internacionais.44 Audi CAF, Santiago SM, Andrade MGG, Francisco PMSB. Survey on the health conditions of incarcerated women. Saúde debate [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];40(109):112-24. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201610909.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-110420161...

5 Mignon S. Health issues of incarcerated women in the United States. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];21(7):2051-60. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.05302016.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152...
-66 Davison KM, D’Andreamatteo C, Smye VL. Medical nutrition therapy in Canadian federal correctional facilities. BMC Health Serv Res. 2019;19(1):89. http://dx.doi.org/10.1186/s12913-019-3926-3.
http://dx.doi.org/10.1186/s12913-019-392...
,1717 Santos MV, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Marchiori GRS, Guerra JVV. Mental health of incarcerated women in the state of Rio de Janeiro Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [citado 2018 jul. 13];26(2):e5980015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_0104-0707-tce-26-02-e5980015.pdf.
http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_01...

O tabagismo, a falta de atividade, alimentação não saudável e uso de bebidas estão associados ao desenvolvimento de doenças respiratórias e cardiovasculares, e são fatores de risco para surgimento de diversas doenças, entre elas câncer e diabetes, não só entre detentas mas, em todos os estratos da população.44 Audi CAF, Santiago SM, Andrade MGG, Francisco PMSB. Survey on the health conditions of incarcerated women. Saúde debate [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];40(109):112-24. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201610909.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-110420161...

5 Mignon S. Health issues of incarcerated women in the United States. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];21(7):2051-60. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.05302016.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152...
-66 Davison KM, D’Andreamatteo C, Smye VL. Medical nutrition therapy in Canadian federal correctional facilities. BMC Health Serv Res. 2019;19(1):89. http://dx.doi.org/10.1186/s12913-019-3926-3.
http://dx.doi.org/10.1186/s12913-019-392...
,1818 Torres AIM. El delito como castigo: las cárceles colombiana. Rev Latinoamericana de Estudios de Seguridad [Internet]. 2019 [citado 2019 mar 12];24:134-149. Disponível em: https://revistas.flacsoandes.edu.ec/urvio/article/view/3778/2628.
https://revistas.flacsoandes.edu.ec/urvi...

19 Ministério da Saúde (BR). Vigitel Brasil 2018: Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Brasília: Ministério da Saúde; 2018.
-2020 Rodrigues ESR, Moreira RF, Rezende AAB, Costa LD. Sedentarismo e tabagismo em pacientes com doenças cardiovasculares, respiratórias e ortopédicas. Rev enferm UFPE. 2014;8(3):591-9. https://doi.org/10.5205/reuol.5149-42141-1-SM.0803201413.
https://doi.org/10.5205/reuol.5149-42141...

As mulheres detentas avaliaram negativamente sua saúde e a maioria referiu algum problema relacionado a este aspecto. Essas mulheres são, em sua maioria, advindas de núcleos familiares com condições de vida desfavoráveis e muitas vezes já adentram o presídio com problemas de saúde que são agravados pela situação de prisão.

Estudos apontam o cárcere como um fator de desenvolvimento ou agravamento de morbidades físicas e mentais.55 Mignon S. Health issues of incarcerated women in the United States. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];21(7):2051-60. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.05302016.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152...
,1111 Graça BC, Mariana MM, Silva JH, Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trette ACP. Perfil epidemiológico e prisional das detentas de um município do médio norte de Mato Grosso. Rev Semina. 2018;39(1):59-68. https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v39n1p59.
https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v...
,1717 Santos MV, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Marchiori GRS, Guerra JVV. Mental health of incarcerated women in the state of Rio de Janeiro Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [citado 2018 jul. 13];26(2):e5980015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_0104-0707-tce-26-02-e5980015.pdf.
http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_01...
,1818 Torres AIM. El delito como castigo: las cárceles colombiana. Rev Latinoamericana de Estudios de Seguridad [Internet]. 2019 [citado 2019 mar 12];24:134-149. Disponível em: https://revistas.flacsoandes.edu.ec/urvio/article/view/3778/2628.
https://revistas.flacsoandes.edu.ec/urvi...
Entre os fatores que contribuem para o adoecimento das mulheres, além dos já citados, estão: a falta de estrutura adequada dos presídios para abrigar detentas, como superlotação, falta de higiene, alimentação e acesso à água de qualidade; escassez de espaço nas celas, o que propicia agitações, medo e violência, dificultando o sono; sendo esses aspectos apontados em outro estudo realizado com mulheres reclusas,2121 Martins ELC, Martins LC, Silveira AM, Melo EM. O contraditório direito à saúde de pessoas em privação de liberdade: o caso de uma unidade prisional de Minas Gerais. Saúde Soc. 2014;23(4):1222-1234. https://doi.org/10.1590/S0104-12902014000400009
https://doi.org/10.1590/S0104-1290201400...
mas que de modo geral, configuram a realidade prisional no Brasil.2222 Barros I, Lima MG, Ceolim MF, Zancanella E, Cardoso TAMO. Quality of sleep, health and well-being in a population-based study. Rev Saude Publica. 2019;53(82):1-12 http://dx.doi.org/10.11606/s1518-8787.2019053001067. PMid:31576942.
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A qualidade de sono ruim esteve associada a piores escores de QV em todos os domínios do WHOQOL- Bref. Estudo de base populacional identificou a relação entre qualidade de sono ruim e o aumento de problemas de saúde, a menor satisfação com a vida e o sentimento de felicidade.2323 Santos MV, Alves WH, Pereira AV, Rodrigues DP, Marchiori GRS, Guerra JVV. The physical health of women deprived of their freedom in a prison in the state of Rio de Janeiro Esc Anna Nery. 2017;21(2):e20170033. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20170033.
https://doi.org/10.5935/1414-8145.201700...
A qualidade inadequada de sono pode contribuir para agravar as já precárias condições de saúde de mulheres em situação de confinamento.

As morbidades mais referidas, neste estudo, foram a dor musculoesquelética, doenças respiratórias, depressão e hipertensão. Esses dados diferem dos apresentados em outras publicações,1111 Graça BC, Mariana MM, Silva JH, Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trette ACP. Perfil epidemiológico e prisional das detentas de um município do médio norte de Mato Grosso. Rev Semina. 2018;39(1):59-68. https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v39n1p59.
https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v...
,1717 Santos MV, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Marchiori GRS, Guerra JVV. Mental health of incarcerated women in the state of Rio de Janeiro Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [citado 2018 jul. 13];26(2):e5980015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_0104-0707-tce-26-02-e5980015.pdf.
http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_01...
,2222 Barros I, Lima MG, Ceolim MF, Zancanella E, Cardoso TAMO. Quality of sleep, health and well-being in a population-based study. Rev Saude Publica. 2019;53(82):1-12 http://dx.doi.org/10.11606/s1518-8787.2019053001067. PMid:31576942.
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inclusive do INFOPEN,11 Ministério da Justiça e Segurança Pública (BR). Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Departamento Penitenciário Nacional; 2017 [citado 2019 Jan 28]. Disponível em: http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-mulheres/copy_of_Infopenmulheresjunho2017.pdf
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que aponta como morbidades mais prevalentes na população carcerária feminina o HIV/AIDS, a Sífilis, a Hepatite e a Tuberculose. Em alguns estudos com mulheres detentas, a frequência dessas morbidades não é semelhante, entretanto em outros houve similaridade.44 Audi CAF, Santiago SM, Andrade MGG, Francisco PMSB. Survey on the health conditions of incarcerated women. Saúde debate [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];40(109):112-24. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201610909.
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,55 Mignon S. Health issues of incarcerated women in the United States. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];21(7):2051-60. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.05302016.
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A depressão foi a terceira doença mais referida, mas é importante ressaltá-la como fator de risco de surgimento de doenças mentais em detentas.55 Mignon S. Health issues of incarcerated women in the United States. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];21(7):2051-60. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.05302016.
http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152...
,1111 Graça BC, Mariana MM, Silva JH, Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trette ACP. Perfil epidemiológico e prisional das detentas de um município do médio norte de Mato Grosso. Rev Semina. 2018;39(1):59-68. https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v39n1p59.
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,1717 Santos MV, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Marchiori GRS, Guerra JVV. Mental health of incarcerated women in the state of Rio de Janeiro Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [citado 2018 jul. 13];26(2):e5980015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_0104-0707-tce-26-02-e5980015.pdf.
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De modo geral, as doenças físicas são mais estudadas e relatadas, e as relativas à saúde mental, tendo em vista que são menos evidentes, podem passar desapercebidas ou serem negligenciadas.

A atenção à saúde da mulher tem peculiaridades que devem ser respeitadas, também na saúde de detentas. A coleta do exame citológico foi realizada em apenas 35% delas e a maioria não soube informar o resultado do exame. Estudos ressaltam a importância do rastreamento do câncer do colo cervical e da identificação de colonizações em presídios, pois detectaram a presença de bacilos sugestivos de Gardnerella/Mobiluncus, Trichomonas vaginalise, Candida sp.1616 Teixeira MMS; Lemos SMA; Bento, EB; Souza, DOG; Schetinger, MRC. Saúde da mulher encarcerada: uma proposta de intervenção, amor e vida. RIAEE – Rev Ibero-Americana de Estudos em Educação. 2017 jul-set;12(3):1659-1673. http://dx.doi.org/10.21723/r.
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,2424 Lessa PRA, Ribeiro SG, Lima DJM, Nicolau AIO, Damasceno AKC, Pinheiro AKB. Presence of high-grade intraepithelial lesions among women deprived of their liberty: a documental study. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2012;20(2):e20170033. https://doi.org/10.5935/1414-8145.20170033
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Um pequeno percentual de mulheres, no presente estudo, referiu corrimento vaginal, que possivelmente está relacionado a infecções genitais. Esses resultados podem estar subdimensionados, uma vez que nem sempre a mulher se sente à vontade para relatar problemas de saúde mais íntimos a pessoas que não são do seu convívio. Por outro lado, estudo realizado com mulheres reclusas no Ceará mostrou resultados diversos, pois a maioria das mulheres havia realizado exames preventivos há um ano ou menos.1616 Teixeira MMS; Lemos SMA; Bento, EB; Souza, DOG; Schetinger, MRC. Saúde da mulher encarcerada: uma proposta de intervenção, amor e vida. RIAEE – Rev Ibero-Americana de Estudos em Educação. 2017 jul-set;12(3):1659-1673. http://dx.doi.org/10.21723/r.
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Os resultados da mensuração da QV das detentas, no geral e nos diferentes domínios, foram inferiores aos identificados em outros estudos2525 Rodrigues MM, Fernandes RAQ. Calidad de vida y morbilidad referida a mujeres productivamente activas. Enfermería Global. 2017;16(2):246-280. https://doi.org/10.6018/eglobal.16.2.249241.
https://doi.org/10.6018/eglobal.16.2.249...

26 Marcacine PR, Castro SS, Castro SS, Meirelles MCCC, Haas VJ, IAP Walsh. Quality of life, sociodemographic and occupational factors of working women. Ciênc. saúde coletiva. 2019. https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.31972016
https://doi.org/10.1590/1413-81232018243...

27 Gomes NDB, Leal NPR, Pimenta CJL, Martins KP, Ferreira GRS, Costa KNFM. Quality of life of men and women on hemodialysis. Rev baiana enferm. 2018;32:e24935. https://doi.org/10.18471/rbe.v32.24935.
https://doi.org/10.18471/rbe.v32.24935...

28 Correia RA, Bonfim CV, Ferreira DKS, Furtado BMASM, Costa HVV, Feitosa KMA, Santos SL. Quality of life after treatment for cervical cancer. Esc Anna Nery. 2018; 22(4):e20180130. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2018-0130
https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-20...
-2929 Faria CA, Lourenção LG, Quintanilha DO, Vieira MS, Andrade PFL, Eduardo JCC. Qualidade de vida de mulheres com infecções recorrentes do trato urinário em atendimento ambulatorial. Fisioterapia Brasil. 2018;19(3):329-36. http://dx.doi.org/10.33233/fb.v19i3.2064.
http://dx.doi.org/10.33233/fb.v19i3.2064...
que utilizaram o mesmo instrumento. Ao se comparar os resultados do estudo atual com pesquisas realizadas com mulheres sadias, ou mesmo com aquelas acometidas por doenças graves, as médias da QV das detentas foram bastante inferiores, mostrando o impacto negativo da situação de prisão na vida das mulheres.

A média geral da QV das detentas foi 46, em nenhum outro estudo a média foi menor que 55,2 e nos domínios aplica-se a mesma observação.2525 Rodrigues MM, Fernandes RAQ. Calidad de vida y morbilidad referida a mujeres productivamente activas. Enfermería Global. 2017;16(2):246-280. https://doi.org/10.6018/eglobal.16.2.249241.
https://doi.org/10.6018/eglobal.16.2.249...

26 Marcacine PR, Castro SS, Castro SS, Meirelles MCCC, Haas VJ, IAP Walsh. Quality of life, sociodemographic and occupational factors of working women. Ciênc. saúde coletiva. 2019. https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.31972016
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27 Gomes NDB, Leal NPR, Pimenta CJL, Martins KP, Ferreira GRS, Costa KNFM. Quality of life of men and women on hemodialysis. Rev baiana enferm. 2018;32:e24935. https://doi.org/10.18471/rbe.v32.24935.
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28 Correia RA, Bonfim CV, Ferreira DKS, Furtado BMASM, Costa HVV, Feitosa KMA, Santos SL. Quality of life after treatment for cervical cancer. Esc Anna Nery. 2018; 22(4):e20180130. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2018-0130
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-2929 Faria CA, Lourenção LG, Quintanilha DO, Vieira MS, Andrade PFL, Eduardo JCC. Qualidade de vida de mulheres com infecções recorrentes do trato urinário em atendimento ambulatorial. Fisioterapia Brasil. 2018;19(3):329-36. http://dx.doi.org/10.33233/fb.v19i3.2064.
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O cárcere influenciou na percepção das mulheres sobre sua QV, com resultados significativamente negativos para aquelas que verbalizaram problemas de saúde e que tinham déficit ou sono prejudicado.

A autoavaliação da saúde em todos os domínios e na QVT foi menos elevada nas mulheres que consideravam sua saúde como ruim/péssima. Estudo identificou que essa percepção que os indivíduos apontam sobre QV reflete a maneira como suas necessidades estão sendo satisfeitas ou, ainda, que lhes estão sendo negadas as oportunidades de alcançar a felicidade e a autorrealização. As condições de vida das detentas, a assistência à saúde deficiente, as instalações precárias da unidade, a convivência difícil com as outras reclusas e a superlotação, aliadas a hábitos de vida não recomendados e o surgimento de doenças, interferem diretamente na percepção de QV e na avaliação da saúde das reclusas.

Por outro lado, ter atividade remunerada, fazer exercício físico e receber visita social contribuíram para melhorar a percepção da QV. Estudos mostram os benefícios da prática regular de atividade física,2626 Marcacine PR, Castro SS, Castro SS, Meirelles MCCC, Haas VJ, IAP Walsh. Quality of life, sociodemographic and occupational factors of working women. Ciênc. saúde coletiva. 2019. https://doi.org/10.1590/1413-81232018243.31972016
https://doi.org/10.1590/1413-81232018243...
,3030 Organización Mundial de la Salud. Promoción de La Salud: Glosario [Internet]. Genebra: OMS; 1998. [citado 2019 Set 02]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/67246/WHO_HPR_HEP_9Z8.1_spa.pdf
https://apps.who.int/iris/bitstream/hand...
,3131 Binotto M, Daltoé T, Formolo F, Spada PKWDS. Atividade física e seus benefícios na qualidade de vida de mulheres com câncer de mama: um estudo transversal em Caxias do Sul – RS. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2016.21(2):154-161. https://doi.org/10.12820/rbafs.v.21n2p154-161.
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e outros relacionam a prática de atividade física ao aumento da qualidade do sono.2727 Gomes NDB, Leal NPR, Pimenta CJL, Martins KP, Ferreira GRS, Costa KNFM. Quality of life of men and women on hemodialysis. Rev baiana enferm. 2018;32:e24935. https://doi.org/10.18471/rbe.v32.24935.
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,3131 Binotto M, Daltoé T, Formolo F, Spada PKWDS. Atividade física e seus benefícios na qualidade de vida de mulheres com câncer de mama: um estudo transversal em Caxias do Sul – RS. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2016.21(2):154-161. https://doi.org/10.12820/rbafs.v.21n2p154-161.
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32 Zanuto EAC, Lima MCS, Araújo RG, Silva EP, Anzolin ICC, Araujo MYC et al. Sleep disturbances in adults in a city of Sao Paulo state. Rev bras Epidemiol. [Internet]. 2015 [citado 2019 Set 1];18(1):42-53. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/rbepid/2015.v18n1/42-53/pt/.
https://www.scielosp.org/article/rbepid/...
-3333 Muller MR, Guimaraes SS. Impacto dos transtornos do sono sobre o funcionamento diário e a qualidade de vida. Estudos de Psicologia [Internet]. 2007 [citado 2019 Set 1];24(4):519-28. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v24n4/v24n4a11.pdf.
http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v24n4/v2...
As visitas são fundamentais para manter o elo da detenta com sua família e aproximá-las.55 Mignon S. Health issues of incarcerated women in the United States. Ciênc. saúde coletiva [Internet]. 2016 jun; [citado 2018 dez 23];21(7):2051-60. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.05302016.
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A pesquisa atual, demonstrou que a visita social influenciou positivamente na QV das mulheres. Aquelas que foram abandonadas pelas famílias ou que por algum motivo não recebiam visita social, tiveram pior QV.

Estudo evidenciou que o preso não esquece a família e quer tê-la por perto. “O que recupera o preso é ele se sentir respeitado, que está tendo dignidade. É a família que recupera. Às vezes acham que o preso não liga para a família: liga, liga para os filhos, para a mulher, para a mãe.”3434 Andrade CC, Oliveira A Jr, Braga AA, Jakob AC, Araújo TD. O desafio da reintegração social do preso: uma pesquisa em estabelecimentos prisionais. Brasília: Ipea; 2015. [citado 2019 Set 1]. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=25644
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?...

De modo geral, essas mulheres ficarão presas em média por cinco (5) anos, o que garantiria tempo suficiente para que fossem instruídas, que pudessem aprender um ofício e melhorar suas condições de vida. As prisões têm mais caráter punitivo que corretivo, essa visão precisa ser mudada, pois essas mulheres um dia voltarão para suas comunidades e o tempo despendido no cárcere poderia ser precioso para sua qualificação profissional e em termos de promoção à saúde. Teoricamente, isto deveria acontecer, mas a realidade encontrada não retrata esse empenho das autoridades.

Não são admissíveis o descaso e a situação lastimável a que essas mulheres são submetidas.1616 Teixeira MMS; Lemos SMA; Bento, EB; Souza, DOG; Schetinger, MRC. Saúde da mulher encarcerada: uma proposta de intervenção, amor e vida. RIAEE – Rev Ibero-Americana de Estudos em Educação. 2017 jul-set;12(3):1659-1673. http://dx.doi.org/10.21723/r.
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,1717 Santos MV, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Marchiori GRS, Guerra JVV. Mental health of incarcerated women in the state of Rio de Janeiro Texto Contexto Enferm [Internet]. 2017 [citado 2018 jul. 13];26(2):e5980015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_0104-0707-tce-26-02-e5980015.pdf.
http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n2/pt_01...
Cabe lembrar que estão ali para reconhecer seus erros e retornarem ressocializadas à sociedade.

Políticas públicas de promoção à saúde devem buscar ferramentas adicionais, que contribuam para modificar o status quo das prisões e da triste realidade das mulheres privadas de liberdade.1111 Graça BC, Mariana MM, Silva JH, Nascimento VF, Hattori TY, Terças-Trette ACP. Perfil epidemiológico e prisional das detentas de um município do médio norte de Mato Grosso. Rev Semina. 2018;39(1):59-68. https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v39n1p59.
https://doi.org/10.5433/1679- 0367.2018v...
,1616 Teixeira MMS; Lemos SMA; Bento, EB; Souza, DOG; Schetinger, MRC. Saúde da mulher encarcerada: uma proposta de intervenção, amor e vida. RIAEE – Rev Ibero-Americana de Estudos em Educação. 2017 jul-set;12(3):1659-1673. http://dx.doi.org/10.21723/r.
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,3434 Andrade CC, Oliveira A Jr, Braga AA, Jakob AC, Araújo TD. O desafio da reintegração social do preso: uma pesquisa em estabelecimentos prisionais. Brasília: Ipea; 2015. [citado 2019 Set 1]. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=25644
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?...

Cabe ressaltar algumas limitações do estudo, uma delas é a regionalização, uma vez que foi desenvolvido em uma única prisão e em um dos estados da federação, o que dificulta a generalização dos resultados. Outro aspecto foi o tempo limitado para a coleta dos dados, restrição imposta pela instituição prisional e a falta de tempo para que houvesse maior identificação entre a pesquisadora e as detentas, o que pode ter prejudicado as respostas dadas às questões.

De qualquer maneira, o estudo contribui para uma reflexão sobre a desumanização a que estão submetidas essas mulheres e permite supor que há possibilidade de ações que minimizem a angústia e as privações no cárcere. Os gestores e autoridades precisam assumir a responsabilidade de tornar essas pessoas melhores, favorecendo, assim, que voltem para as suas famílias e não reincidam no crime.

CONCLUSÃO

Os dados permitem concluir que a QV das mulheres detentas é baixa, no geral e em todos os domínios e a situação de cárcere influencia na percepção das mulheres sobre sua QV. A avaliação da saúde, ruim/péssima, associou-se à baixa percepção da QV em todos os domínios. Ter dor musculoesquelética, problemas respiratórios, depressão, má qualidade do sono e problemas para urinar associaram-se à baixa QV. Por outro lado, exercer atividade remunerada, ter atividade física e receber visita social tiveram impacto positivo na QV das detentas. O tempo de encarceramento e ser reincidente não impactaram na QV dessas mulheres. Conhecer o perfil social e de saúde das mulheres e as situações vivenciadas no cárcere, pode contribuir para o planejamento de intervenções que possam minimizar os agravos à saúde e o impacto na qualidade de vida dessas mulheres.

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Editado por

EDITOR ASSOCIADO:

Stela Maris de Mello Padoin

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jun 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    10 Mar 2020
  • Aceito
    27 Abr 2020
Universidade Federal do Rio de Janeiro Rua Afonso Cavalcanti, 275, Cidade Nova, 20211-110 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil, Tel: +55 21 3398-0952 e 3398-0941 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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