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O Corpo Biográfico: corpo falado e corpo que fala1 1 Tradução de: Le Corps Biographique: Corps parlé et Corps parlant, realizada por Albino Pozzer.

Biographical Body: body that speaks and spoken body

RESUMO

Temos de aprender várias linguagens. Temos de aprender a tornar-nos atentos, disponíveis às linguagens cuja designação de novos territórios, sua expressão de novas tomadas de consciência, os acadêmicos ainda não compreenderam. Temos de aprender a fazer frutificar seus enriquecimentos potenciais. O Paradigma do Sensível parece-me particularmente bem colocado para favorecer a abertura à experiência biográfica sensível, encarnada e acolhendo um advir inédito.

Palavras-chave
Escuta Sensível; Aprendizagem Diversificada; Paradigma do Sensível

ABSTRACT

We have to learn new languages. It is necessary to become perceptive, available to the languages whose scholars have not yet understood as able to designate new territories, as well as to express new awakenings of consciousness. We have to learn to make their potential enrichment fructify. The paradigm of the Sensible seems to be particularly fit to facilitate the opening to a sensitive biographical experience, incarnated and receptive to a future never seen before.

Keywords
Sensitive Hearing; Diversified Learning; Paradigm of the Sensible

A inteligência não está em fabricar uma lojinha original. A inteligência está em escutar a vida e tornar-se seu confidente [...] A vida não passa do revestimento de uma meditação do qual ela desfaz dia após dia As dobras para descobrir-lhe o radiante motivo [...] Christian Bobin2 2 BOBIN, Christian. La Dame Blanche, Miss Emily Dickinson, col. L’un et l’autre, Gallimard, p. 25, NRF, 2007.

O Lugar do Corpo nos Relatos de Vida Centrados na Formação Experiencial

As narrativas de formação e o trabalho intersubjetivo efetuado para analisá-las e interpretá-las dão acesso a um conhecimento de si fonte de invenção possível de seu vir-a-ser; entretanto, os efeitos transformadores desse trabalho continuam aleatórios por estarem subordinados, em última instância, ao pensamento reflexivo e seus axiomas estruturantes, constitutivos de nossa cosmogonia3 3 As frases em itálico designam as ideias maiores. . Ora, nós sabemos de há muito tempo, a mudança de paradigma está longe de passar exclusivamente por escolhas voluntárias e/ou lógicas. Toda mudança real de paradigma exige modificações profundas no modo de vida e, na maioria das vezes, como se verá adiante, é acompanhada de um trabalho integrando o corpo, trabalho que sustenta e mesmo funda esta metanoia. As pessoas com as quais realizei uma reflexão biográfica alentada4 4 Conceito desenvolvido no item seguinte. Lembro aqui os 24 anos de pesquisa-formação, sistemática e protocolada, realizada em diversos países, com diferentes populações, em variados contextos profissionais e institucionais, com um procedimento essencialmente intelectual, ainda que tenha desenvolvido, pela pintura, a fotografia e os objetos, outros tipos de abordagens biográficas. sobre as experiências formadoras e fundadoras que pontilharam seu processo de formação e seu processo de conhecimento pertencem à categoria de pessoas adultas que dão crédito à ideia de desenvolvimento pessoal e profissional, por conseguinte, à ideia de aprendizagens transformadoras de sua existência. Para elas, a formação deve trazer novidade e mudança, ignorando, o mais das vezes, que as novas aprendizagens exigirão desaprendizagens (isto é, despojar-se de hábitos mais ou menos antigos sobre os quais se deverá tomar consciência de que são freios na marcha para frente e para tornar-se disponível à sua criatividade).

Mesmo se a pessoa em formação deseja mudança, isso não evita o surgimento de resistências de todo tipo: desde dúvidas polêmicas sobre as contribuições dos professores até o abandono de um curso que ameaça demasiadamente uma visão de si ou de nosso ambiente humano e natural e, até, em um nível ainda mais profundo, das crenças, das visões do mundo ou cosmogonias. Assim, pudemos evidenciar nos relatos uma forte tendência para a conformização e um esforço considerável a desenvolver para sair dessas predisposições socioculturais em seus aspectos psíquicos e corporais, esforço teoricamente consentido quando as pessoas se tornam conscientes dessa programação e desejam livrar-se delas, mas nem sempre conscientes da perseverança que isso exigirá. A reflexão biográfica permite, pois, um colocar-se na escuta, e uma exploração das emergências interiores (sob forma de desejos, expectativas, projetos) que desvelam uma busca ativa de realização do ser humano em potencialidades insuspeitáveis, inesperadas. Tais descobertas pressupõem uma visão do homem (uma das facetas de nossa cosmogonia) que nos autoriza a imaginar e a crer na possibilidade de poder, querer e ter que desenvolver ou adquirir saber-fazer, saber-sentir, saber-pensar, saber-escutar, saber-denominar, saber-imaginar, saber-avaliar, saber-perseverar, saber-amar, saber-projetar, saber-desejar, saber-ser em relação com um si encarnado etc., necessários às mudanças, à acolhida do desconhecido que vem a nosso encontro desde o momento em que deixamos o caminho da vida programado por nossa história familiar, social e cultural. Essa exploração permite constatar o estado das coisas relativo aos recursos para desenvolver e/ou para adquirir na caminhada a seguir para descobrir as potencialidades de um alargamento da consciência integrando todas as dimensões de nosso ser-no-mundo. A essência do trabalho biográfico sobre essas narrativas de vida em cointerpretação com seus autores põe em evidência, sob a forma de uma peregrinação vital, a busca de um saber-viver em sabedoria que se desenvolve, como pode ser visto no esquema em anexo, em torno de cinco eixos principais, um dos quais está essencialmente centrado na procura de potencialidades da consciência por vias corporais. Se a leitura permite descobrir que cada um desses eixos participa, a seu modo, de uma interrogação mais essencial que gravita em torno da possibilidade de encontrar seu justo lugar numa comunidade de vida, definir orientações de vida que satisfaçam a um sentimento de integridade e de autenticidade, por em evidência a formação dos sentimentos e dos valores que dão sua palheta de cores a nossa definição do conforto de viver e, finalmente, a busca de um saber-viver o corpo como ponto de apoio, fundamento e recurso de um processo de transformação do ser encarnado, em maior ou menor profundidade5 5 Grégory Bateson descreve muito bem os níveis de amplitude das aprendizagens possíveis conhecidos até hoje: Bateson, G. (1980). Vers une écologie de l’espirit (Para uma ecologia do espírito), Vol II, Seuil. .

O Processo da Reflexão Biográfica

A imagem utilizada: Caminhar para Si, título de um dos meus primeiros livros, foi escolhida como sendo a que melhor pode condensar as várias ideias que estão no centro do nosso questionamento sobre a formação, a maneira de a delimitar e, finalmente, sobre as finalidades desta pesquisa baseada na reflexividade biográfica.

A escolha de um verbo sublinha que se trata, de fato, da atividade de um sujeito que empreende uma viagem ao longo da qual ela vai explorar o viajante, começando por reconstituir o itinerário e os diferentes cruzamentos com os caminhos de outrem, as paragens mais ou menos longas no decurso do caminho, os encontros, os acontecimentos, as explorações e as atividades que permitem ao viajante não apenas localizar-se no espaço-tempo do aqui e agora, mas, ainda, compreender o que o orientou, fazer o inventário da sua bagagem, recordar os seus sonhos, contar as cicatrizes dos incidentes de percurso, descrever as suas atitudes interiores e os seus comportamentos. Em outras palavras, ir ao encontro de si visa à descoberta e à compreensão de que viagem e viajante são apenas um.

A imagem sugere igualmente a questão temporal e um processo: no caso presente, um processo de conhecimento de si mesmo que tem início a partir de todas as pré-concepções que nos habitam no momento em que empreendemos o caminho biográfico. É este caminho que, de etapa em etapa, de elaboração em elaboração, favorece a atualização destas mesmas pré-concepções.

O que representa um desafio neste conhecimento de si mesmo não é apenas compreender como nos formamos por meio de um conjunto de experiências, ao longo da nossa vida, mas sim tomar consciência de que este reconhecimento de si mesmo como sujeito, mais ou menos ativo ou passivo segundo as circunstâncias, permite à pessoa, daí em diante, encarar o seu itinerário de vida, os seus investimentos e os seus objetivos na base de uma auto-orientação possível, que articule de uma forma mais consciente as suas heranças, as suas experiências formadoras, os seus grupos de convívio, as suas valorizações, os seus desejos e o seu imaginário nas oportunidades socioculturais que soube aproveitar, criar e explorar, para que surja um ser que aprenda a identificar e a combinar constrangimentos e margens de liberdade. Transformar a vida socioculturalmente programada, numa obra inédita a construir, guiada por um aumento de lucidez, tal é o objetivo central que oferece a transformação da abordagem Histórias de Vida.

O processo do caminhar para si apresenta-se, assim, como um projeto a ser construído no decorrer de uma vida, cuja atualização consciente passa, em primeiro lugar, pelo projeto de conhecimento daquilo que somos, pensamos, fazemos, valorizamos e desejamos na nossa relação conosco, com os outros e com o ambiente humano e natural.

Esse conhecimento de si não se especializa em um ou em vários dos registros6 6 Refiro-me aos registros: psicológico, psicossociológico, sociológico, político, econômico e cultural. Ver: JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para si. Coordenação: Maria Helena Menna Barreto Abrahão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. das ciências do humano; tenta, pelo contrário, apreender as suas complexas imbricações no centro da nossa existencialidade. Procura, pois, envolver os nossos diferentes modos de estar no mundo, de nos projetarmos nele, e de o fazermos na proporção do desenvolvimento da nossa capacidade, para multiplicar, alargar, aprofundar as nossas sensibilidades para nós mesmos e para o mundo, para questionar as nossas categorias mentais na medida em que se inscrevem numa historicidade e numa cultura.

Assim, uma das dimensões da construção da história de vida na nossa abordagem reside na elaboração de um autorretrato dinâmico por meio das diferentes identidades que orientaram e orientam as atividades do sujeito, as suas opções passivas ou deliberadas, as suas representações e as suas projeções, tanto nos seus aspectos tangíveis como invisíveis para outrem, e talvez ainda não explicitados ou surgidos na consciência do próprio sujeito. Por meio deste autorretrato mais ou menos explícito, evidenciar as posições existenciais7 7 Proponho quatro posições existenciais: de expectativa (desejar sem fazer nada), de refúgio (remeter-se ao que é superior), de intencionalidade (ter a intenção) e de desprendimento (desejar sem apego). Ver: JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para si. Coordenação: Maria Helena Menna Barreto Abrahão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. , adotadas ao longo da vida, permite ao autor da narrativa tomar consciência da sua postura de sujeito e das ideias que, consciente ou não conscientemente, estruturam essa postura.

Para chegar ao objetivo último desse projeto de conhecimento, ou seja, a um projeto de si auto-orientado, é necessário a tomada de consciência inerente à passagem de uma compreensão da formação do sujeito para o conhecimento das características da sua subjetividade em exercício. Este processo exige uma responsabilização do sujeito e põe em evidência a autonomização potencial como escolha existencial. Assim, este autoconhecimento poderá inaugurar a emergência de um eu mais consciente e perspicaz para orientar o futuro da sua realização e reexaminar, na sua caminhada, os pressupostos das suas opções. Esses são os objetivos formativos da abordagem histórica de vida, além das aprendizagens que a abordagem, tal como é proposta, pode favorecer.

O leitor compreenderá, sem dificuldade, que a prática de conhecimento, ao longo da qual esta passagem se pode operar, deve de imediato pôr em cena um sujeito que, ao iniciar esta reflexão sobre si mesmo, inicia também um ato de auto-orientação. Em outras palavras, o processo não tem eficácia senão na medida em que cria as condições e possibilidades para as tomadas de consciência já evocadas. Esta é a razão pela qual as modalidades do dispositivo de trabalho e a explicitação do que aqui está em questão são tão decisivas, isto é, atribuímos toda a importância à procura constante de uma melhor adequação entre os fins projetados e os meios para se chegar lá.

Elaborar a sua narrativa de vida e, a partir daí, separar os materiais, compreendendo o que foi a formação para, em seguida, trabalhar na organização do sentido desses materiais ao construir uma história, a sua história, constitui uma prática de encenação do sujeito que se torna autor ao pensar a sua vida na sua globalidade temporal, nas suas linhas de força, nos seus saberes adquiridos ou nas marcas do passado, assim como na perspectivação dos desafios do presente entre a memória revisitada e o futuro já atualizado, porque induzido por essa perspectiva temporal. Numa palavra, é entrar em cena um sujeito que se torna autor ao pensar na sua existencialidade. Porque o processo autorreflexivo, que obriga a um olhar retrospectivo e prospectivo, tem de ser compreendido como uma atividade de autointerpretação crítica e de tomada de consciência da relatividade social, histórica e cultural dos referenciais interiorizados pelo sujeito e, por isso mesmo, constitutivos da dimensão cognitiva da sua subjetividade.

É no decurso desta situação, em que o presente é articulado com o passado e com o futuro, que começa, de fato, a elaborar-se um projeto de si por um sujeito que orienta a continuação da sua história com uma consciência reforçada dos seus recursos e fragilidades, das suas valorizações e representações, das suas expectativas, dos seus desejos e projetos. Para ser produtor desse distanciamento, esse trabalho introspectivo não pode desenvolver-se senão no confronto com o olhar de outrem, jogando com os efeitos de contraste que essa confrontação gera. Foi assim que introduzi o conceito de processo de objetivação.

Este aspecto do dispositivo evidencia as armadilhas e as possibilidades da alteridade por meio de modalidades que se aparentam suficientemente com o que foi vivido, até então, na vida de cada um, para serem utilizadas como experiência transformadora da relação consigo mesmo pela mediação com os outros, como da relação com os outros pela mediação de si mesmo. Assim, o próprio procedimento põe ao mesmo tempo em evidência a impossibilidade de existir independentemente de outrem e o desejo de existir, apesar de outrem. O lugar do outro como revelador de mim mesmo e como tendo uma visão redutora do eu. Este outro que acolhe a minha diferença e que a ameaça, cuja presença oscila entre o medo de se afirmar e o medo de não poder fazê-lo.

O Corpo Evocado nos Relatos, ou Corpo Falado

O corpo tal como é evocado nas narrativas de formação ocupa um lugar maior sob diferentes aspectos, mesmo se o autor da narrativa não está sempre consciente disso ou deixa de explicitá-lo. Do nascimento à puberdade, ele está presente em todas as circunstâncias que acompanharam seu crescimento fisiológico e suas relações com os outros. Encontram-se microrrelatos ou microlembranças sobre a maneira pela qual o autor esteve em relação física com seu ambiente humano e natural: tocado, afagado, vestido, cuidado, alimentado, às vezes maltratado e/ou abusado, mais ou menos batalhador entre os irmãos ou na escola, mais ou menos próximo de suas sensações internas e/ou externas, mais ou menos submisso a exigências de limpeza e de cuidados com o corpo, incentivado ou não às práticas esportivas, mais ou menos ajeitado, mais ou menos sensível às asperezas do mundo material, mais ou menos transtornado pela emergência dos atributos da dimensão sexual da existência etc. (as questões de saúde serão tratadas à parte). Depois da puberdade, este corpo sujeito e objeto de desejos sensuais será pudicamente narrado através dos amores mais ou menos felizes até o advento da maternidade ou da paternidade. Na maioria dos relatos de pai/mãe, o corpo do filho é sentido como uma extensão de seu próprio corpo e este parto permite a emergência de uma genealogia biológica até então quase ausente que dá ao corpo sua historicidade transgeracional. Ao longo da idade adulta, o corpo continua frequentemente a ser apresentado através das atividades esportivas mais ou menos regulares, em emoções sensuais estendidas sobre a diversidade dos espaços naturais e humanos, as variações culturais das estéticas humanas (vestuário, maquiagens, penteados, tatuagens etc.), a prática e/ou a fruição das Artes.

Nos percursos de vida contados, a saúde do corpo e a morte ocupam um lugar importante. Este tema da saúde do corpo nos permite observar a relação com o corpo que constitui a segunda faceta do corpo falado. As experiências do corpo ocasionalmente doente, mais ou menos grave ou duradouramente atingido, do corpo de repente definitivamente deficiente, em particular o portador de estigmas são fontes de compreensão a posteriori da unidade do ser somatofísico em todos os seus atributos. Muitas vezes é o começo, mais ou menos cedo na vida, da procura de um modo de vida melhor equilibrado no qual o lugar do corpo na busca de sentido da vida se torna superior, senão central. Com efeito, as questões de saber O que é estar com boa saúde? e Que meios temos a nossa disposição para recuperar ou manter uma boa saúde? emergem de forma mais frequente quando o Si corporal é percebido com toda sua fragilidade, mas também com sua capacidade evolutiva e de autocura (ex.: a cicatrização, o repouso, os exercícios, a estimulação dos autoanticorpos etc., para citar apenas alguns exemplos muito simples). A dimensão corporal das vivências, como a dimensão das vivências corporais, oferecem assim ao longo de toda a existência potencialidades de tomadas de consciência sobre a natureza aberta, evolutiva, maleável, autopoiética de nosso ser-no-mundo, dispondo, portanto, de um Si num potencial enorme ainda por descobrir. Esse enunciado fala explicitamente da relação que eu entretenho comigo mesmo e com meu corpo, dada minha visão do humano (parte de uma cosmogonia singular plural). Há 25 anos eu não teria podido escrever esta proposta. Minhas concepções do EU, do SI, do Corpo eram diferentes. Meu corpo era uma espécie de habitáculo de minha consciência, de meus pensamentos, de meus sonhos, de minhas emoções e de meus sentimentos: O EU tinha um corpo. Na maior parte das narrativas, a relação com o corpo é da mesma natureza, mesmo se os autores pensam, como se tornou senso comum hoje, que nós temos uma responsabilidade em nossa saúde. A concepção dessa responsabilidade se aproxima daquela de fazer uma boa manutenção de seu carro se quiser que ele dure bastante. Para a manutenção do corpo, há também profissionais que estão aí para tomar cuidado desse corpo (mais raramente para nos ensinar a cuidar dele) e examinar seus sintomas desagradáveis por baterias de análises, ou então pelas consultas regulares com fins preventivos. Há igualmente laboratórios que fabricam todo tipo de produtos alopáticos ou orgânicos em resposta a carências ou a doenças virais, bacterianas ou autoimunes. Um elo de exterioridade com esse corpo que sustém uma psique. A passagem do EU tem um corpo para a descoberta do EU é um corpo ou do EU-corpo8 8 Eu sei que o “Eu-corpo” é um conceito utilizado pela psicanálise para evocar patologias psíquicas tais como o autismo (ver <www.sciencedirect.com>, L’évolution psychiatrique (A evolução psiquiátrica) de Eliane Allouch, Paris XIII); aqui, ele significa exclusivamente a evidente materialidade ou a encarnação do Eu. é uma mudança de paradigma que se efetiva no decorrer de uma busca de atenção consciente que leva a encontrar sobre seu caminho de vida técnicas de cuidado de si e de meditações que transformam pouco a pouco nossas representações e ideias iniciais sobre nós mesmos e, através disso, nossa relação com nós mesmos. Surpreendentemente numerosas são as narrativas de vida que fazem referência a essa busca através de um leque de abordagens que vão desde as terapias corporais ocidentais até o Yoga, passando pelo Tai Chi Chouan, assim como pelas diferentes formas de meditação extremo-orientais. A abordagem aqui evocada é a de uma terapia manual denominada fascioterapia, associada a uma introspecção sensorial e uma ginástica sensorial que encontrei, depois de muitas experiências em minha trajetória de vida, graças a amigos que cuidaram de mim no momento de um burnout em que a retomada reflexiva de minha narrativa se revelou um impasse.

A Vivência do Corpo Sensível com Via de Passagem para um Novo Paradigma de Conhecimento Biográfico Singular-Plural: o corpo que fala

É indispensável prevenir o leitor que o que vai ser apresentado agora nada tem a ver com o que poderia ser dito sobre o corpo falante do ponto de vista psicanalítico ou da medicina psicossomática. Além disso, neste ponto de meu intento, tomo minha experiência do Sensível, desde 2002, como um exemplo de caminhada nessa inversão de perspectiva. Remeto o leitor que deseja documentar-se sobre essa terapia manual, sua abordagem educativa da percepção e da atenção consciente e, assim, de seu potencial transformador, ao site na internet do CERAP9 9 Vide: <www.cerap.org>. (Centro de Estudos e de Pesquisa em Psicopedagogia Perceptiva), alimentado pelos trabalhos dos práticos pesquisadores da fascioterapia e da somatopedagogia sob a direção do Pr. Danis Bois10 10 Danis Bois é professor catedrático da Universidade Fernando Pessoa, psicopedagogo, kinesioterapeuta, ossteopata, fundador da fascaterapia e da somatopsicopedagogia, detentor de um doutorado europeu em ciências da educação da Universidade de Sevilha. (ver, principalmente, a revista online Réciprocités11 11 Em particular, no n. 1, o artigo sobre o paradigma do Sensível, de D. Bois e D. Austry. ). No sentido do que aqui vem sendo tratado, “[...] o Sensível designa então a qualidade dos conteúdos de vivências oferecida pela relação com o movimento interno, e a qualidade de receptividade desses conteúdos pelo próprio sujeito” (Bois; Austry, 2007BOIS, Danis; AUSTRY, Didier. Vers le Paradigme du Sensible. Réciprocités, Lisboa, n. 1, p. 6-22, 2007. Disponível em: <http://www.cerap.org/images/Reciprocites/reciprocites-1.pdf>.
<http://www.cerap.org/images/Reciprocite...
12 12 BOIS, Danis; AUSTRY, Didier. Vers le paradigme du Sensible (Para o paradigma do Sensível). Réciprocités , n. 1, revista on-line, 2007. Disponível em: <www.cerap.org>. ).

A Atenção Consciente ao Movimento Interno Graças à Relação de Reciprocidade e à Descoberta do Corpo que Fala

Cada terapeuta tem suas impregnações manuais instigadoras específicas: esta dimensão é habitada por uma originalidade de expressão do Sensível que se atualiza e é posta em ação por uma pessoa tendo sua história de vida e, portanto, sua sensibilidade, suas competências próprias, seus recursos psíquicos e sua inteligência do Sensível. É essa originalidade que vem ao encontro de uma outra, a do paciente, que sente a implicação Sensível, encarnada do terapeuta, o corpo a corpo que se estabelece no diálogo tecidual proposto pelo toque do terapeuta (Christian Courraud, 2007COURRAUD, Christian. Toucher Psychotonique et Relation d’Aide: l’accompagnement de la personne dans le cadre de la kinésithérapie et de la fasciathérfapi. 2007.Dissertação (Mestrado em Psicopedagogia Perceptiva) - Universidade Moderna de Lisboa, 2007. 13 13 Ver o site “la recherche” (a pesquisa) de Courraud C. (2007). Toucher psychotonique et relation d’aide: l’accompagnement de la personne dans le cadre de la kinésithérapie et de la fasciathérfapie (Toque psicotônico e relação de ajuda: o acompanhamento da pessoa no quadro da kinesioterapia e da fascaterapia), Dissertação de Mestrado em psicopedagogia perceptiva, Universidade Moderna de Lisboa. ) para remobilizar meu movimento interno. A pessoa do terapeuta, o corpo Sensível do terapeuta, seu toque solicitando minhas respostas teciduais, como seu respeito de meu corpo em reeducação e de minha pessoa em busca de renovação, são constitutivos de relações e de inter-relações que se inscrevem num espaço relacional biograficamente significativo. É o primeiro nível do corpo falando de seu passado (bloqueios teciduais ou tensões) e procurando uma via de passagem (solução para uma retomada de movimento) para um advir somático e psíquico, que se tornará pouco a pouco possível denominar simbolicamente. Essa reciprocidade está na presença do outro: presença daquele que é tocado diante do que toca e presença do que toca diante daquele que é tocado. Os dois sentem assim enveredar-se somatopsiquicamente numa descoberta daquilo que Danis Bois chama de sua subjetividade corporal, via de acesso ao corpo falante. Minhas experiências de seis anos de fascioterapia desembocam atualmente sobre uma capacidade de designar minha vivência do Sensível, e de transformá-la em experiência formadora, transformadora e fundadora de uma visão renovada de minha biografia e da renovação de minha visão do trabalho biográfico. O acesso a esse corpo falante de minha história passada, presente e futura (através das sensações, das imagens, das visões animadas - espécies de sonhos acordados - das reminiscências, mas também das ideias e das escolhas que se impõem de repente com evidência e graças à atenção consciente voltada para o movimento interno que se manifesta pela mediação das fáscias) é um caminho de conhecimento de sua história em vir-a-ser totalmente original, complementar àquela do discurso biográfico reflexivo sobre minha história de vida em geral e o que foi a história da relação com meu corpo, a história de seu processo de formação, de aprendizagem e de conhecimento:

Tudo se passa como se a sensação não se contentasse de existir enquanto sensação, mas que evocasse algo diferente, mais da ordem de uma informação, isto é, de um esclarecimento, de um elemento de conhecimento. É por isso que quando essa informação é formulada, falamos de fato de conhecimento (Berger, 2006BERGER, Eve. La Somato-psychopédagogie. Paris: Point d’Appui, 2006., p. 1314 14 BERGER, Eve. La somato-psychopédagogie (A somatopsicopedagogia), edições Point d’Appui, Ivry sur Seine, 2006. ).

Pouco a pouco, este corpo estendido ou sentado ou em pé que é EU em sua inteireza (pode surgir algum pensamento enquanto estou em contato com meus pés, como um movimento pode modificar a percepção de uma parte de meu cérebro, uma nova topologia de meu corpo impor-se de maneira inopinada), esse corpo deixa-se, pois, descobrir, cativar em sua profundidade, em seus acontecimentos internos, em sua animação, sua movimentação, na emergência de sensações inéditas, em caleidoscópios de cor e às vezes de imagens, de ideias, ou num mutismo, numa noite ou numa atmosfera cinzenta, aos quais se deve dar tanto valor quanto às outras emergências mais luminosas e coloridas. Para acessar esse corpo falante eu tive de aprender a colocar-me em contato, em um primeiro momento, com um conhecimento pré-reflexivo15 15 Ver a tese de Maria Leão (2004). La présence totale au movement (A presença total no movimento) edições Point d’Appui, Ivry sur Seine. para acolher o que ocorre numa interioridade encarnada no movimento interno e os conjuntos teciduais, para integrar essa doação16 16 Em outubro de 2007, na Universidade do Québec, em Rimouski (UQAR), lembrei-me, por ocasião de um trabalho sobre a integração de evento interno valorizado e significante, que um osteopata, no caminho de São Tiago de Compostela (2002 e 2004), tendo-me colocado no lugar alguns ossos de meu pé, fez-me caminhar vários minutos em seu consultório com a plena consciência de que meu pé tinha voltado ao normal e que eu precisava absorver e integrar plenamente este retorno ao normal para apagar os sinais do traumatismo inscrito nos tecidos. , deixar sobrevir uma ressonância, escutar o que ela “diz”, estar atenta ao que eu sinto desse acontecimento, qualificar essa sensação provada, dar-lhe um valor, procurar-lhe um sentido, designá-la de maneira coerente e audível, compartilhando com uma comunidade de aprendentes-pesquisadores como eu. Observa-se bem que, como esse tipo de trabalho sobre si mesmo, consigo e, na alteridade, nós operamos uma guinada de perspectiva e uma mudança de paradigma no qual a atenção consciente ao corpo-que-eu-sou me informa a seu modo sobre a situação de meu ser e de seu vir-a-ser. Com efeito, trata-se, tomando muito cuidado em ser rigoroso nas observações feitas nos tratamentos, nas introspecções do Sensível, e na vida cotidiana, de preservar a fluidez do movimento interno das fáscias e de estar à escuta de uma intencionalidade que se revela graças a minha atenção para a vitalidade do movimento interno:

Nosso projeto fundamental consiste em contribuir para reabilitar o corpo sensível, enquanto dimensão experiencial e enquanto fonte de conhecimentos [...]. Neste sentido, o Sensível designa então a qualidade dos conteúdos de vivências favorecidas pela relação com o movimento interno, e a qualidade de receptividade desses conteúdos pelo próprio sujeito. O movimento interno é, para nós, a ancoragem primeira de uma subjetividade corporeizada. Sob essa relação, o sujeito descobre outra relação consigo mesmo, com seu corpo, e com sua vida, ele se descobre Sensível, ele descobre a relação com seu Sensível (Bois; Austry, 2007BOIS, Danis; AUSTRY, Didier. Vers le Paradigme du Sensible. Réciprocités, Lisboa, n. 1, p. 6-22, 2007. Disponível em: <http://www.cerap.org/images/Reciprocites/reciprocites-1.pdf>.
<http://www.cerap.org/images/Reciprocite...
, p. 617 17 BOIS, Danis; AUSTRY, Didier. (2007. Vers le paradigme du Sensible. Réciprocités, n. 1, revista on-line. Disponível em: <www.cerap.org>. ).

A descoberta, a experimentação e a exploração encarnada do paradigma do Sensível que eu articulo aqui às minhas pesquisas18 18 JOSSO, Marie-Christine. Experiências de vida e formação, Clássicos das histórias de vida”, da Coleção Pesquisa (auto)biográfica e Educação (São Paulo: PAULUS; Natal: EDUFRN), 2010 (terceira Edição). Josso M-Ch. “Narrações do corpo nos relatos de vida e suas articulações com os vários níveis de profundidade do cuidar de si” In: Sentidos, potencialidades e usos da (auto)biografia, série Artes de viver, conhecer e formar, p. 171-192, organizadoras: Paula Perin Vicentini e Maria Helena Menna Barreto Abrahão, Editora Cultura Acadêmica, São Paulo, 2010. , com as narrativas de formação, abre uma nova perspectiva no campo biográfico e cria um novo território associando projeto de saúde, projeto de formação, projeto de mudança das relações consigo, com os outros, com nosso ambiente humano e natural, assim como uma disponibilidade para uma evolutividade criativa com saídas surpreendentes.

Referências

  • BATESON, Gregory. Vers une Écologie de l’Espirit. Tomo II. Paris: Seuil, 1980.
  • BERGER, Eve. La Somato-psychopédagogie. Paris: Point d’Appui, 2006.
  • BOBIN, Christian. La Dame Blanche/Miss Emily Dickinson. Paris: Gallimard, NRF, , 2007. (col. L’un et l’Autre)
  • BOIS, Danis; AUSTRY, Didier. Vers le Paradigme du Sensible. Réciprocités, Lisboa, n. 1, p. 6-22, 2007. Disponível em: <http://www.cerap.org/images/Reciprocites/reciprocites-1.pdf>
    » <http://www.cerap.org/images/Reciprocites/reciprocites-1.pdf>
  • COURRAUD, Christian. Toucher Psychotonique et Relation d’Aide: l’accompagnement de la personne dans le cadre de la kinésithérapie et de la fasciathérfapi. 2007.Dissertação (Mestrado em Psicopedagogia Perceptiva) - Universidade Moderna de Lisboa, 2007.
  • JOSSO, Marie-Christine. Experiências de Vida e Formação. São Paulo: PAULUS; Natal: EDUFRN, 2010. (Clássicos das histórias de vida, Coleção Pesquisa (auto)biográfica e Educação)
  • JOSSO, Marie-Christine. Narrações do Corpo nos Relatos de Vida e suas Articulações com os Vários Níveis de Profundidade do Cuidar de Si. In: VICENTINI, Paula Perin; ABRAHÃO, Maria Helena Menna Barreto (Org.). Sentidos, Potencialidades e Usos da (Auto)biografia. São Paulo: Editora Cultura Acadêmica: 2010. P. 171-192. (Série Artes de viver, conhecer e formar)
  • JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para Si. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.
  • LEÃO, Maria. La Présence Totale au Movement. Paris: Point d’Appui , Ivry sur Seine, 2004.

Notas

  • *
    Marie-Christine Josso é socióloga, antropóloga, Doutora em Ciências da Educação, professora da Universidade de Genebra, na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Desenvolve seus trabalhos de pesquisa e suas intervenções no campo da formação continuada de adultos e aprofunda de modo particular as contribuições de conhecimento das narrativas de vida centradas na formação. Desenvolve trabalhos, como convidada, na França, em Portugal, no Canadá, no Brasil, além de outros países.
  • 2
    BOBIN, Christian. La Dame Blanche, Miss Emily Dickinson, col. L’un et l’autre, Gallimard, p. 25, NRF, 2007.
  • 3
    As frases em itálico designam as ideias maiores.
  • 4
    Conceito desenvolvido no item seguinte. Lembro aqui os 24 anos de pesquisa-formação, sistemática e protocolada, realizada em diversos países, com diferentes populações, em variados contextos profissionais e institucionais, com um procedimento essencialmente intelectual, ainda que tenha desenvolvido, pela pintura, a fotografia e os objetos, outros tipos de abordagens biográficas.
  • 5
    Grégory Bateson descreve muito bem os níveis de amplitude das aprendizagens possíveis conhecidos até hoje: Bateson, G. (1980)JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para Si. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. . Vers une écologie de l’espirit (Para uma ecologia do espírito), Vol II, Seuil.
  • 6
    Refiro-me aos registros: psicológico, psicossociológico, sociológico, político, econômico e cultural. Ver: JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para si. Coordenação: Maria Helena Menna Barreto Abrahão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.
  • 7
    Proponho quatro posições existenciais: de expectativa (desejar sem fazer nada), de refúgio (remeter-se ao que é superior), de intencionalidade (ter a intenção) e de desprendimento (desejar sem apego). Ver: JOSSO, Marie-Christine. Caminhar para si. Coordenação: Maria Helena Menna Barreto Abrahão. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.
  • 8
    Eu sei que o “Eu-corpo” é um conceito utilizado pela psicanálise para evocar patologias psíquicas tais como o autismo (ver <www.sciencedirect.com>, L’évolution psychiatrique (A evolução psiquiátrica) de Eliane Allouch, Paris XIII); aqui, ele significa exclusivamente a evidente materialidade ou a encarnação do Eu.
  • 9
    Vide: <www.cerap.org>.
  • 10
    Danis Bois é professor catedrático da Universidade Fernando Pessoa, psicopedagogo, kinesioterapeuta, ossteopata, fundador da fascaterapia e da somatopsicopedagogia, detentor de um doutorado europeu em ciências da educação da Universidade de Sevilha.
  • 11
    Em particular, no n. 1, o artigo sobre o paradigma do Sensível, de D. Bois e D. Austry.
  • 12
    BOIS, Danis; AUSTRY, Didier. Vers le paradigme du Sensible (Para o paradigma do Sensível). Réciprocités , n. 1, revista on-line, 2007. Disponível em: <www.cerap.org>.
  • 13
    Ver o site “la recherche” (a pesquisa) de Courraud C. (2007COURRAUD, Christian. Toucher Psychotonique et Relation d’Aide: l’accompagnement de la personne dans le cadre de la kinésithérapie et de la fasciathérfapi. 2007.Dissertação (Mestrado em Psicopedagogia Perceptiva) - Universidade Moderna de Lisboa, 2007.). Toucher psychotonique et relation d’aide: l’accompagnement de la personne dans le cadre de la kinésithérapie et de la fasciathérfapie (Toque psicotônico e relação de ajuda: o acompanhamento da pessoa no quadro da kinesioterapia e da fascaterapia), Dissertação de Mestrado em psicopedagogia perceptiva, Universidade Moderna de Lisboa.
  • 14
    BERGER, Eve. La somato-psychopédagogie (A somatopsicopedagogia), edições Point d’Appui, Ivry sur Seine, 2006.
  • 15
    Ver a tese de Maria Leão (2004LEÃO, Maria. La Présence Totale au Movement. Paris: Point d’Appui , Ivry sur Seine, 2004.). La présence totale au movement (A presença total no movimento) edições Point d’Appui, Ivry sur Seine.
  • 16
    Em outubro de 2007, na Universidade do Québec, em Rimouski (UQAR), lembrei-me, por ocasião de um trabalho sobre a integração de evento interno valorizado e significante, que um osteopata, no caminho de São Tiago de Compostela (2002 e 2004), tendo-me colocado no lugar alguns ossos de meu pé, fez-me caminhar vários minutos em seu consultório com a plena consciência de que meu pé tinha voltado ao normal e que eu precisava absorver e integrar plenamente este retorno ao normal para apagar os sinais do traumatismo inscrito nos tecidos.
  • 17
    BOIS, Danis; AUSTRY, Didier. (2007BOIS, Danis; AUSTRY, Didier. Vers le Paradigme du Sensible. Réciprocités, Lisboa, n. 1, p. 6-22, 2007. Disponível em: <http://www.cerap.org/images/Reciprocites/reciprocites-1.pdf>.
    <http://www.cerap.org/images/Reciprocite...
    . Vers le paradigme du Sensible. Réciprocités, n. 1, revista on-line. Disponível em: <www.cerap.org>.
  • 18
    JOSSO, Marie-Christine. Experiências de vida e formação, Clássicos das histórias de vida”, da Coleção Pesquisa (auto)biográfica e Educação (São Paulo: PAULUS; Natal: EDUFRN), 2010 (terceira Edição). Josso M-Ch. “Narrações do corpo nos relatos de vida e suas articulações com os vários níveis de profundidade do cuidar de si” In: Sentidos, potencialidades e usos da (auto)biografia, série Artes de viver, conhecer e formar, p. 171-192, organizadoras: Paula Perin Vicentini e Maria Helena Menna Barreto Abrahão, Editora Cultura Acadêmica, São Paulo, 2010.

Anexo 1

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Abr 2012

Histórico

  • Recebido
    01 Jul 2011
  • Aceito
    01 Dez 2011
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