RESUMO:
Este artigo tece compreensões sobre as práticas de letramento de adolescentes promovidas por uma organização social na periferia de São Paulo, em um contexto de educação não formal. Fundamenta-se num quadro teórico-metodológico filiado aos Estudos do Letramento e à abordagem enunciativo-discursiva bakhtiniana, apreendendo, além das regularidades, os significados atribuídos a esses letramentos que se revelam nas interações e posicionamentos sobre essas experiências vividas pelos participantes. O corpus de análise é composto por notas de campo, transcrições de gravações em vídeo de eventos de letramento e produções discursivas de quatro adolescentes e de um educador social, em situações de rodas de conversa e entrevista semiestruturada. Os resultados indicam que, ao mesmo tempo que são observados traços da forma e cultura escolar em algumas das atividades propostas e nos modos de interação do educador com os adolescentes, as práticas de letramento da organização desvelam modos colaborativos, com a mobilização de gêneros multimodais, perpassadas por oralidade, corpo e afeto, nas quais os participantes podem se expressar e se reconhecer, atuando com mais autonomia e segurança em letramentos de outras esferas sociais.
Palavras-chave:
letramentos; discursos de adolescentes; educação não formal em territórios vulneráveis