Tema: transporte intra-hospitalar do paciente crítico |
Público-alvo: discentes do 4º ano de enfermagem |
Pré-requisitos: |
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Ter realizado a aula teórica sobre transporte intra-hospitalar do paciente crítico
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Conhecer os recursos materiais necessários para realizar o transporte
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Conhecer os principais eventos adversos que ocorrem durante o transporte e como intervir
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Número de discentes: 4 |
Cenário 1: preparo para transporte intra-hospilar do paciente crítico |
Atividade simulada duração: 10 minutos |
Debriefing: 20 minutos |
Cenário 2: transporte intra-hospilar do paciente crítico |
Atividade simulada duração: 10 minutos |
Debriefing: 20 minutos |
Ao final desse treinamento, o discente deverá ser capaz de: |
Objetivo geral: |
Realizar o transporte intra-hospitalar, visando garantir a segurança e evitar/reduzir a ocorrência de eventos adversos |
Objetivos específicos: |
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Orientar o paciente e o acompanhante sobre a realização e a finalidade do transporte intra-hospitalar
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Avaliar as condições clínicas e a documentação do paciente para o transporte intra-hospitalar
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Planejar o transporte intra-hospitalar
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Reunir a equipe adequada e os equipamentos necessários para o transporte intra-hospitalar
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Registrar o transporte, as intercorrências e as respectivas intervenções, se houver, no prontuário
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Transporte intra-hospitalar |
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Define-se transporte intra-hospitalar como a transferência temporária ou definitiva de pacientes por profissionais da saúde dentro do ambiente hospitalar, garantindo-lhes integridade e segurança(1)
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Os pacientes críticos requerem intervenções que, muitas vezes, não podem ser realizadas no leito, necessitando de transporte para realização de procedimentos diagnósticos ou terapêuticos. Eventos adversos são frequentes durante o transporte intra-hospitalar de pacientes críticos e podem ocasionar em instabilidade respiratória e hemodinâmica e ser decorrentes, muitas vezes, de falta de conhecimento dos profissionais, falhas na comunicação entre a equipe e nos equipamentos utilizados durante o trajeto. Sendo assim, a segurança durante o transporte intra-hospitalar é de extrema importância e pode ser obtida com o ensino e o treinamento simulado de boas práticas, visando ao raciocínio clínico para avaliação precisa dos riscos e benefícios relacionados ao transporte, e ao desenvolvimento de habilidades técnicas para a sua realização, a fim de garantir a segurança do paciente e reduzir a ocorrência de danos evitáveis durante o trajeto(2-5)
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O estudante de enfermagem precisa compreender a importância da correta identificação do paciente que será transportado, bem como da finalidade do transporte. Planejar e executar o transporte, prevenindo ou reduzindo a ocorrência de eventos adversos. Dessa forma, é fundamental que o aluno de enfermagem desenvolva as seguintes habilidades: comunicação, organização, pensamento crítico, destreza, segurança e liderança. Essas ações têm como propósito a prevenção e a redução de eventos adversos durante o transporte
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Cenário 1: preparo para transporte intra-hospitalar do paciente crítico |
Briefing: antes do início do cenário, realizar apresentação do caso, ambiente e recursos disponíveis para o atendimento |
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Resumo do caso: Sr. J.S., de 42 anos, foi vítima de queda de aproximadamente 5m, há 48 horas e será encaminhado para o exame, pois apresentou rebaixamento do nível de consciência. Foi solicitada uma tomografia computadorizada e o Centro Diagnóstico já está aguardando. O Sr. J.S. está sedado, com curativo cefálico limpo e seco externamente, sonda nasoenteral fechada, mantendo intubação orotraqueal em ventilação mecânica – modo volume controlado, fração inspirada de oxigênio (FiO2): 50%, cateter venoso central em veia subclávia direita recebendo propofol a 15mL/L, e sonda vesical de demora com sistema fechado de drenagem. Não há descrição de alergias no prontuário
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Sinais vitais: pressão arterial (PA): 120x60mmHg; frequência cardíaca (FC): 79bpm; frequência respiratória (FR): 14rpm; saturação de oxigênio: 96% e RASS: -5
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Preparo do cenário de alta fidelidade e manequim |
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Paciente/manequim deve estar no leito/cama, com o decúbito elevado, as grades elevadas e rodas travadas
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Paciente/manequim deve estar nas seguintes condições/com os seguintes dispositivos: sonda nasoenteral em narina direita fechada; cânula orotraqueal acoplada ao ventilador mecânico; cateter venoso central em veia subclávia direita acoplado a um sistema de infusão por bomba; pulseira de identificação em membro superior direito e sonda vesical de demora acoplada a sistema fechado de drenagem
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Materiais necessários para o cenário |
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Paciente/manequim
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Pulseira de identificação
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Cama
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Luvas de procedimentos
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Cânula traqueal nº 7.0
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Fixação para cânula traqueal
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Ventilador mecânico de transporte completo
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Torpedo de oxigênio
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Monitor/desfibrilador de transporte completo
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Eletrodos
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Atadura crepe
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Fita crepe
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Sonda nasoenteral
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Sonda vesical de demora
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Coletor fechado para sonda vesical de demora
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Suporte de soro acoplado à cama
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Bag de soro fisiológico 0,9%
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Equipo de bomba de infusão
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Bomba de infusão
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Eletrodos para monitorização cardíaca
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Cateter venoso central
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Pedido de exame
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Prescrição médica
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Folha de controle
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Prontuário
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Maleta de transporte contendo:
- Luvas de procedimentos - luvas cirúrgicas
- Dispositivo bolsa-válvula-máscara
- Kit laringoscópio com pilha reserva
- Cânula traqueal (diversos tamanhos – adulto)
- Fio-guia
- Material para fixação da cânula
- Máscara laríngea (diversos tamanhos – adulto)
- Cateter venoso periférico (diversos tamanhos – adulto)
- Torneirinha
- Fita hipoalérgica para curativos
- Seringa (diversos tamanhos)
- Agulha (diversos tamanhos)
- Equipo de infusão (macrogotas)
- Equipo de infusão (para bomba)
- Solução fisiológica 0,9% (ampolas e bag)
- Álcool 70%
- Algodão
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Medicamentos de emergência:
- Glicose hipertônica
- Adrenalina
- Amiodarona
- Atropina
- Etomidato
- Fentanil
- Midazolan
- Succinilcolina
- Diazepam
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Preparo para o transporte |
Ações esperadas: |
Orientações/parâmetros fornecidos: |
Conferir o pedido do exame e o nome completo na pulseira do paciente |
( ) A identificação do pedido corresponde à identificação do paciente |
Orientar o acompanhante sobre a realização e a finalidade do transporte |
( ) O aluno orienta o acompanhante sobre a necessidade de transportar o paciente para o Centro de Diagnóstico para realização de uma tomografia de crânio |
Pegar o prontuário |
( ) O prontuário está na bancada |
Checar no prontuário do paciente o histórico de alergias e preparo para o exame |
( ) O aluno identifica que o paciente não tem histórico de alergias e mantém jejum |
Avaliar nível de consciência/sedação do paciente |
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Avaliar a condição ventilatória/respiratória do paciente |
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( ) O aluno checa o posicionamento da cânula traqueal por meio da ausculta pulmonar, que está presente bilateralmente
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( ) O aluno checa a fixação da cânula traqueal, que está adequada
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O aluno checa os parâmetros ventilatórios:
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( ) Modo volume controlado
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( ) Volume corrente=500mL
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( ) FiO2=50%
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( ) Frequência respiratória=14rpm
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( ) PEEP=5mmHg
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( ) O aluno checa a saturação de oxigênio, que está em 96%
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Avaliar a frequência cardíaca e pressão arterial |
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( ) O aluno avalia a frequência cardíaca, que está em 79bpm
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( ) O aluno avalia a pressão arterial, que está em 120/60mmHg
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Conferir na prescrição quais infusões o paciente está recebendo e por quanto tempo |
( ) O aluno identifica que o paciente está recebendo propofol em bomba de infusão a 15mL/hora e que o volume da solução (200mL) é suficiente para a realização do transporte até o retorno à unidade de terapia intensiva |
Adaptar os equipamentos necessários para o transporte |
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O aluno deverá adaptar:
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( ) Ventilador de transporte
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( ) Torpedo de oxigênio
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( ) Monitor/desfibrilador de transporte
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( ) Suporte de soro
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( ) Bomba de infusão contínua
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Solicitar a equipe que fará o transporte |
( ) O aluno solicita a equipe e a mesma está disponível |
Passagem de plantão/comunicação efetiva |
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A equipe que preparou o paciente comunicou a equipe que realizará o transporte intra-hospitalar, sobre:
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( ) Condições clínicas do paciente
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( ) Exame que será realizado
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( ) Preparo para o exame
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O cenário deve ser interrompido quando: ao término da atividade proposta ou atingir o tempo limite de 10 minutos |
Cenário 2: transporte intra-hospilar do paciente crítico |
Ações esperadas: |
Orientações/parâmetros fornecidos: |
Passagem de plantão/comunicação efetiva |
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A equipe que realizará o transporte intra-hospitalar recebeu o plantão adequadamente e confirmou:
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( ) Condições clínicas do paciente
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( ) Exame que será realizado
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( ) Preparo para o exame
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Avaliar a distância a percorrer, possíveis obstáculos e tempo a ser despendido até o destino |
( ) Os alunos discutem entre si a distância a percorrer, se haverá algum obstáculo que possa impedir o transporte e o tempo previsto |
Antecipar possíveis complicações que possam ocorrer com o paciente durante o trajeto |
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O aluno discute com a equipe de transporte as possíveis complicações:
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( ) Deslocamento do tubo traqueal/extubação
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( ) Falha no ventilador de transporte
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( ) Queda de saturação
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( ) Término no aporte de oxigênio do torpedo
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( ) Instabilidade hemodinâmica
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( ) Deslocamento/perda do acesso venoso central
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( ) Término da solução de propofol
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( ) Falha no monitor/desfibrilador de transporte
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( ) Deslocamento/perda da sonda nasoenteral
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( ) Deslocamento/perda da sonda vesical de demora
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Realizar a comunicação entre a unidade de origem e a unidade receptora do paciente |
( ) O aluno comunica-se com o Centro de Diagnóstico, informando que o paciente está sendo encaminhando para a realização do exame |
Manter as grades elevadas para assegurar a integridade física do paciente |
( ) O aluno eleva e mantém as grades elevadas durante todo o trajeto |
Transportar o paciente até o Centro de Diagnóstico |
( ) Determinar a equipe que será responsável por realizar o transporte do paciente |
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Evento adverso |
Ação esperada |
Intervir durante o transporte, caso ocorra o evento adverso |
( ) Deslocamento da cânula traqueal/extubação |
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( ) Manter ventilação com dispositivo bolsa-válvula-máscara
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( ) Auxiliar o médico a reposicionar a cânula traqueal, assim que possível
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O paciente apresentará queda da saturação: |
( ) Falha no ventilador de transporte |
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( ) Manter ventilação com dispositivo bolsa-válvula-máscara
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( ) Corrigir falha, se possível
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( ) Substituir ventilador de transporte
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O ventilador irá alarmar e mostrará a mensagem “BAIXO VOLUME”: |
( ) Término no aporte de oxigênio do torpedo |
( ) Substituir torpedo de oxigênio |
( ) Cuff da cânula traqueal desinflado |
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( ) Ouve o escape de ar pela boca do paciente
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( ) Ausculta a região cervical do paciente e confirma a passagem de ar pelo local
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( ) Verifica a baixa tensão no balonete
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( ) Inflar o cuff até que o escape de ar seja corrigido
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Deslocamento/perda do acesso venoso central: |
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( ) Puncionar novo acesso venoso periférico |
A bomba alarma com a mensagem “KVO”: |
( ) Término da solução de propofol |
( ) Substituir solução |
O aparelho alarma com a mensagem “ELETRODO SOLTO”: |
( ) Falha no monitor/desfibrilador de transporte |
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Deslocamento/perda da sonda nasoenteral: |
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( ) Comunicar equipe médica
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( ) Programar nova passagem da sonda, se necessário, na unidade de origem
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Retornar com o paciente para a unidade de terapia intensiva |
( ) A equipe retorna com o paciente para o leito |
Acomodar o paciente no leito |
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O aluno troca os recursos utilizados durante o transporte para os recursos da unidade de terapia intensiva:
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( ) Ventilador de transporte
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( ) Torpedo de oxigênio
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( ) Monitor/desfibrilador de transporte
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( ) Suporte de soro
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( ) Bomba de infusão contínua
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Avaliar as condições do paciente após o retorno do transporte |
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Registrar o procedimento no prontuário do paciente |
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O aluno registra o procedimento no prontuário do paciente com as seguintes informações:
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( ) Data
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( ) Hora
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( ) Procedimento realizado
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( ) Intercorrências, se houver
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O cenário deve ser interrompido quando: ao término da atividade proposta ou atingir o tempo limite de 10 minutos |
Debriefing estruturado |
Duração: 20 minutos |
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Como você se sente após a realização da atividade simulada?
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O que mais chamou sua atenção? Por quê?
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Cite pontos positivos no desenvolvimento da atividade simulada
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Cite pontos de melhoria. O que faria diferente?
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O que você aprendeu com esta atividade simulada?
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Quais habilidades foram desenvolvidas durante esta atividade?
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Referências
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1. Conselho Federal de Enfermagem (CFE). Resolução 376/2011. Dispõe sobre a participação da equipe de enfermagem no processo de transporte de pacientes em ambiente interno aos serviços de saúde, 2011. Brasília (DF): CFE; 2011 [citado 2017 Set 10]. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-n-3762011_6599.html
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2. Silva R, Amante LN. Checklist para o transporte intra-hospitalar de pacientes internados na unidade de terapia intensiva. Texto Contexto Enferm. 2015;24(2):539-47.
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3. Almeida AC, Neves AL, Souza CL, Garcia JH, Lopes JL, Barros AL. Intra-hospital transport of critically ill adult patients: complications related to staff, equipment and physiological factors. Acta Paul Enferm. 2012;25(3):471-6. Review.
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4. Australian and New Zealand College of Anaesthetists (ANZCA). Guidelines for transport of critically ill patients. Melbourne: ANZCA; 2015 [cited 2015 Aug 30]. Available from: https://www.anzca.edu.au/resources/professional-documents/guidelines/ps52-guideline-for-transport-of-critically-ill-pat
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5. Morais SA, Almeida LF. Por uma rotina no transporte intra-hospitalar: elementos fundamentais para a segurança do paciente crítico. Rev HUPE. 2013;12(3):138-46.
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