RESUMO
Objetivo
Avaliar a gravidade da infecção por COVID-19 em pacientes oncológicos, determinando os aspectos clínicos e epidemiológicos associados ao pior desfecho, seja em termos de mortalidade, necessidade de internação em unidade de terapia intensiva ou ventilação mecânica.
Métodos
Pacientes com câncer e diagnóstico confirmado por laboratório de COVID-19 foram identificados nos bancos de dados de um hospital oncológico entre 16 de março e 29 de maio de 2020. Os dados coletados incluíram história, idade, sexo e comorbidades dos pacientes, além dos tipos de câncer e do tratamento anticâncer.
Resultados
Dentre os 105 pacientes analisados, a idade variou de 18 a 92 anos, e 80,9% eram do sexo feminino. Dispneia foi o sintoma inicial mais prevalente entre os que morreram (30,4%). No momento do diagnóstico da infecção, 57,1% apresentavam doença metastática e 60% performance status ruim (Eastern Cooperative Oncologic Group ≥2). A taxa de mortalidade geral foi 40,95% e superior entre os homens e pacientes com baixo nível de performance status (p<0,0001).
Conclusão
Este coorte é um dos estudos mais robustos do Brasil, descrevendo características clínicas e epidemiológicas de pacientes com câncer e COVID-19. Os achados do estudo alertam para a vulnerabilidade dos pacientes oncológicos na pandemia atual e demonstram alta mortalidade por COVID-19 em pacientes do sexo masculino e com pior performance status. Essa análise pode ajudar a selecionar os pacientes que podem se beneficiar de isolamento rigoroso e até mesmo da interrupção do tratamento, reduzindo a exposição à infecção.
Neoplasias; COVID-19; SARS-CoV-2, Infecções por coronavírus; Mortalidade; Pandemias; Evolução fatal