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Perfil de medicamentos utilizados por automedicação por idosos atendidos em centro de referência

RESUMO

Objetivo

Determinar o perfil dos medicamentos utilizados por automedicação por idosos.

Métodos

Estudo transversal baseado em entrevistas com idosos atendidos de julho de 2014 a julho de 2015 em um centro de referência na Atenção à Saúde do Idoso de um hospital de ensino. Foram coletadas informações clínicas, demográficas e farmacoterápicas.

Resultados

Entrevistaram-se 170 idosos, 85,9% eram mulheres e a mediana de idade foi 76 anos. A frequência de automedicação foi 80,5%. Os medicamentos mais utilizados por automedicação foram relaxantes musculares de ação central, analgésicos e antipiréticos, além dos anti-inflamatórios e antireumáticos não esteroidais. Entre os idosos que praticaram automedicação, 55,5% utilizaram medicamentos inapropriados para idosos, segundo os critérios de Beers de 2015, e 56,9% utilizam medicamentos que apresentavam duplicidade terapêutica com os medicamentos prescritos. Foram identificados 57 medicamentos utilizados por automedicação, e 30 (52,6%) eram classificados como isentos de prescrição e 27 (47,4%) como de venda sob prescrição médica. Cerca de 68,6% dos idosos apresentavam pelo menos uma interação envolvendo medicamentos prescritos e utilizados por automedicação.

Conclusão

A prática de automedicação foi elevada nos idosos estudados. O amplo uso de medicamentos de venda livre e/ou potencialmente inapropriados para idosos aumenta o risco de interações medicamentosas e de eventos adversos.

Idoso; Automedicação; Tratamento farmacológico; Efeitos colaterais e reações adversas relacionados a medicamentos

ABSTRACT

Objective

To determine the profile of medications used for self-medication by the elderly.

Methods

A cross-sectional study based on interviews with elderly seen at a reference center for Elderly Health of a teaching hospital, from July 2014 to July 2015. Clinical, demographic and pharmacotherapeutic data were collected.

Results

A total of 170 elderly were interviewed, 85.9% female, and the median age was 76 years. The frequency of self-medication was 80.5%. The most used medications for self-medication were central acting muscle relaxants, analgesics and antipyretics, non-steroidal anti-inflammatory and antirheumatic agents. Among the elderly who practiced self-medication, 55.5% used drugs that were inappropriate for the elderly, according to Beers criteria of 2015, and 56.9% used medications that showed therapeutic duplicity with the prescribed drugs. We identified 57 drugs used for self-medication, of which 30 (52.6%) were classified as over-the-counter and 27 (47.4%) as prescription drugs. Approximately 68.6% of elderly had at least one interaction involving drugs prescribed and those used for self-medication.

Conclusion

The practice of self-medication was frequent in the elderly studied. The widespread use of over-the-counter drugs and/or potentially inappropriate medications for elderly increases the risk of drug interactions and adverse events.

Aged; Self medication; Drug therapy; Drug-related side effects and adverse reactions

INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento populacional está associado a alterações no perfil epidemiológico das doenças, com aumento das doenças crônicas degenerativas, maior número de medicamentos utilizados e elevação na demanda por acesso aos serviços de saúde.(11. Goh LY, Vitry AI, Semple SJ, Esterman A, Luszcz MA. Self-medication with over-the-counter drugs and complementary medications in South Australia’s elderly population. BMC Complement Altern Med. 2009;9:42.) Esta evolução contribui para o prolongamento no tempo de tratamento farmacológico e, consequentemente, o uso de medicamentos prescritos e não prescritos.(22. Jerez-Roig J, Medeiros LF, Silva VA, Bezerra CL, Cavalcante LA, Piuvezam G, et al. Prevalence of self-medication and associated factors in an elderly population: a systematic review. Drugs Aging. 2014;31(12):883-96. Review.)

A automedicação não possui definição universal, podendo ser descrita como a prática de seleção e utilização de medicamentos isentos de prescrição, reutilização de medicamentos previamente prescritos sem supervisão de um profissional habilitado e uso de medicamentos que exigem prescrição médica para tratar sintomas ou doenças autorreconhecidas.(33. Locquet M, Honvo G, Rabenda V, Van Hees T, Petermans J, Reginster JY, et al. Adverse health events related to self-medication practices among elderly: a systematic review. Drugs Aging. 2017;34(5):359-65. Review.) O uso de medicamentos previamente indicados por amigos e familiares, a não adesão ao plano terapêutico ou a alteração na dose administrada dos medicamentos prescritos também podem ser categorizados como automedicação.(44. Shaghaghi A, Asadi M, Allahverdipour H. Predictors of self-medication behavior: a systematic review. Iran J Public Health. 2014;43(2):136-46. Review.)

A automedicação requer atenção especial na população idosa, pois há potenciais riscos com esta prática, pela maior chance de interações medicamentosas, com possível aumento de reações adversas a medicamentos (RAM), que podem causar danos à saúde destes indivíduos, principalmente por conta das alterações típicas peculiares ao processo de senescência.(11. Goh LY, Vitry AI, Semple SJ, Esterman A, Luszcz MA. Self-medication with over-the-counter drugs and complementary medications in South Australia’s elderly population. BMC Complement Altern Med. 2009;9:42.) Há também o risco de prolongamento do sofrimento associado a uma doença e de diagnóstico tardio ou incorreto.(33. Locquet M, Honvo G, Rabenda V, Van Hees T, Petermans J, Reginster JY, et al. Adverse health events related to self-medication practices among elderly: a systematic review. Drugs Aging. 2017;34(5):359-65. Review.) Considera-se também como consequência da automedicação o aumento da resistência resultante do uso inadequado de antimicrobianos.(55. Balbuena FR, Aranda AB, Figueras A. Self-medication in older urban Mexicans: an observational, descriptive, cross-sectional study. Drugs Aging. 2009; 26(1):51-60.)

OBJETIVO

Determinar o perfil dos medicamentos utilizados por automedicação por idosos.

MÉTODOS

Trata-se de estudo transversal descritivo, realizado em um centro de referência na Atenção à Saúde do Idoso de um hospital público de ensino de natureza jurídica pública e credenciado no Sistema Único de Saúde (SUS), situado na cidade de Belo Horizonte (MG).

A população do estudo foi composta por pacientes idosos, definidos como idade com ≥60 anos, encaminhados pela equipe multidisciplinar para o atendimento farmacêutico.

A amostragem foi do tipo não probabilística e contemplou os pacientes atendidos pelo farmacêutico no período de julho de 2014 a julho de 2015 e que preencheram os critérios de inclusão. Foram incluídos: indivíduos com idade ≥60 anos e em uso de um ou mais medicamentos.

As variáveis do estudo foram automedicação; sexo; interação medicamentosa; duplicidade terapêutica; uso de medicamentos que constam na lista de Beers como medicamento potencialmente inapropriado para os idosos, versão 2015;(66. By the American Geriatrics Society 2015 Beers Criteria Update Expert Panel. American Geriatrics Society 2015 Updated Beers Criteria for Potentially Inappropriate MedicationUse in Older Adults. J Am Geriatr Soc. 2015;63(11): 2227-46.) tontura; grau de independência para Atividade de Vida Diária (AVD); (dependente ou independente); cognição (preservada ou não preservada); idade e números de medicamentos prescritos.

Automedicação foi definida como utilização de medicamentos isentos de prescrição; reutilização de medicamentos previamente prescritos sem supervisão de um profissional habilitado; e uso de medicamentos que exigissem prescrição médica.

Os medicamentos utilizados por automedicação foram classificados segundo o subgrupo químico (nível 3) da sistemática Anatomical Therapeutic Chemical Classification System (ATC) da World Health Organization (WHO).(77. . World Health Organization (WHO). Collaborating Center for Drug Statistics Methodology. ATC/DDD Index 2018 [Internet]. Norway: WHO; 2017 [cited 2017 Jul 15]. Available from: http://www.whocc.no/atc_ddd_index/
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) Identificou-se a inclusão do fármaco na lista de medicamentos isentos de prescrição (MIP) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),(88. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Instrução Normativa, nº 11, de 29 de setembro de 2016. Dispõe sobre a lista de medicamentos isentos de prescrição [Internet]. Brasília (DF): Diário Oficial da União; 2016 [citado 2017 Jul 21]. Disponível em: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=99&data=30/09/2016
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) e de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos.(66. By the American Geriatrics Society 2015 Beers Criteria Update Expert Panel. American Geriatrics Society 2015 Updated Beers Criteria for Potentially Inappropriate MedicationUse in Older Adults. J Am Geriatr Soc. 2015;63(11): 2227-46.) Foi verificada a presença de duplicidade terapêutica, ou seja, uso de pelo menos dois medicamentos com a mesma indicação, considerando a automedicação.

Neste estudo, polifarmácia foi definida como o uso concomitante de cinco ou mais medicamentos. As interações medicamentosas envolvendo medicamento usado por automedicação foram identificadas empregando o programa DRUG-REAX®System da Truven Health Products.(99. IBM Micromedex®. Web Applications Access. Truven Health Analytics [Internet]. DRUG-REAX® System. Canadá: IBM; 2017 [cited: 2017 Jul 15]. Available from: http://www-micromedexsolutions-com.ez22.periodicos.capes.gov.br/
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)

Os dados sobre cognição e AVD foram coletados nos prontuários. O grau de independência das AVD básicas foi investigado pelo índice de Katz, que classifica o idoso como independente, se realiza todas as atividades básicas de vida sem auxílio de terceiros; semidependente, se apresenta comprometimento de uma das funções, banhar-se e/ou vestir-se e/ou uso do banheiro; dependente incompleto, se apresenta comprometimento de uma das funções vegetativas simples (transferência e/ou continência), além de ser dependente para tomar banho, vestir-se e usar o banheiro; e dependente completo, se apresenta comprometimento em todas as AVD, inclusive alimentar-se. Já as AVD instrumentais foram avaliadas pela escala de Lawton-Brody, podendo ser classificada em independente se o idoso realiza todas as atividades instrumentais de vida sem auxílio de terceiros; dependente parcial, quando o idoso ainda é capaz de realizar algumas tarefas; e dependente completo, quando o idoso é dependente para todas as AVD instrumentais. Neste estudo, o idoso que apresentasse algum grau de dependência em ambas as escalas, sendo total ou parcial, foi considerado dependente. O Miniexame do Estado Mental (MEEM), associado à limitação ou restrição nas AVD, foi utilizado para avaliação da presença ou não de défice cognitivo, sendo a pontuação de corte para baixa escolaridade/analfabetos <18 pontos e para alta escolaridade <26 pontos, em um total de 30 pontos.(1010. Moraes EN, Moraes FL. Avaliação Multidimensional do Idoso. 5ª ed. Belo Horizonte: Folium; 2016. Coleção Guia de Bolso em Geriatria e Gerontologia.)

Os idosos foram encaminhados por profissionais da Atenção Primária para atendimento no centro de referência, que foi cenário da investigação. Quando solicitado pela equipe, o atendimento farmacêutico foi realizado. A entrevista com os pacientes que preencheram os requisitos para os critérios de inclusão foi realizada pelo farmacêutico, no período de julho de 2014 a julho de 2015.

Realizaram-se entrevistas com os idosos, e as informações foram registradas em um instrumento de coleta de dados desenvolvido para fins da investigação, abrangendo variáveis clínicas, demográficas e farmacoterápicas.

As informações coletadas foram digitadas em um banco de dados criado no programa EpiData 3.1. A análise descritiva dos dados foi realizada determinando as frequências para as variáveis categóricas, medidas de tendência central (média e mediana), e medidas de dispersão (desvio padrão − DP − e distância interquartil − IQR) para as contínuas. O programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 21.0, foi empregado para realização da análise estatística.

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (COEP-MG), sob o número CAAE: 58965316.6.0000.5149, e foi desenvolvido respeitando todos os princípios éticos constantes da resolução 466/12 sobre pesquisa envolvendo seres humanos. O sigilo da identificação dos pacientes foi mantido.

RESULTADOS

Foram incluídos 170 pacientes, sendo a maioria do sexo feminino (85,9%). A mediana de idade foi de 76 anos (IQR=12). Em relação à funcionalidade, 60,6% dos idosos eram dependentes para AVD instrumentais e 87,9% independentes para AVD básicas. A cognição de 51,5% dos idosos era não preservada.

A polifarmácia foi identificada na farmacoterapia de 165 (97,1%) idosos. A mediana do número de medicamentos por paciente foi 11 (IQR=5). Verificou-se que 80,6% dos idosos utilizavam medicamentos por automedicação, com mediana de dois medicamentos por idosos (IQR=2). Entre os 137 idosos que praticaram automedicação, 76 (55,5 %) utilizavam medicamentos que estavam na lista de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos, e 78 (56,9%) utilizam medicamentos que apresentavam duplicidade terapêutica com os prescritos (Tabela 1).

Tabela 1
Características clínicas, funcionais e relacionadas ao uso de medicamentos dos idosos

Identificaram-se 57 medicamentos utilizados por automedicação, e 30 (52,6%) eram classificados como MIP e 27 (47,4%) como medicamentos de venda sob prescrição médica. Na tabela 2, estão os medicamentos utilizados sem prescrição médica pelos idosos, segundo o nível 3 da classificação ATC. Os medicamentos do sistema músculo-esquelético (inclusive relaxantes musculares e anti-inflamatórios não esteroidais − AINES) foram os mais frequentes, correspondendo a 36,1% daqueles utilizados por automedicação; relaxantes musculares e AINES corresponderam, respectivamente, a 21,4% e 14,7%. Em seguida, foram mais frequentes os medicamentos para o sistema nervoso, com 35,3%, sendo o principal grupo farmacológico deste sistema os outros antipiréticos e analgésicos, como paracetamol e dipirona. A utilização por automedicação de medicamentos atuantes no trato alimentar e metabolismo representou 12,8%, abrangendo uma diversidade de grupos farmacológicos, sendo os mais frequentes os antiácidos, os fármacos para úlcera péptica, doença do refluxo gastresofágico e constipação, e polivitamínicos.

Tabela 2
Distribuição de medicamentos utilizados por automedicação pelos idosos, segundo o nível 3 da classificação Anatomical Therapeutic Chemical

Em relação às interações medicamentosas, 94 (68,6%) idosos apresentaram pelo menos uma interação envolvendo medicamentos prescritos e utilizados por automedicação. A mediana de interações por idoso foi 1 (IQR=3). A tabela 3 apresenta as interações medicamentosas mais frequentes, bem como sua classificação de gravidade e a descrição do efeito clínico. Dentre as 114 interações identificadas, os AINES foram os medicamentos que mais apresentaram interações, envolvidos em 99 (86,8%) das interações medicamentosas identificadas.

Tabela 3
Interações medicamentosas com frequência absoluta superior a 5

DISCUSSÃO

A prevalência de idosos com relato de automedicação no centro de referência investigado foi elevada. Este achado está em consonância com estudos internacionais(1111. Stoehr GP, Ganguli M, Seaberg EC, Echement DA, Belle S. Over-the-counter medication use in an older rural community: the MoVIES Project. J Am Geriatr Soc. 1997;45(2):158-65.,1212. Jafari F, Khatony A, Rahmani E. Prevalence of self-medication among the elderly in Kermanshah-Iran. Glob J Health Sci. 2015;7(2):360-5.) e nacionais,(1313. Cascaes EA, Falchetti ML, Galato D. Perfil da automedicação em idosos participantes de grupos da terceira idade de uma cidade do sul do Brasil. Arq Catarin Medicina. 2008;37(1):63-9.) que descreveram prevalência de automedicação em idosos superiores a 70%. No Brasil, a prevalência da automedicação por idosos é assimétrica, variando de 8,9 a 80,5%.(1313. Cascaes EA, Falchetti ML, Galato D. Perfil da automedicação em idosos participantes de grupos da terceira idade de uma cidade do sul do Brasil. Arq Catarin Medicina. 2008;37(1):63-9.

14. Sa MB, Barros já, Sá MP. [Self-medication in the elderly of the city of Salgueiro, State of Pernambuco]. Rev Bras Epidemiol. 2007;10(1):75-85. Portuguese.

15. Oliveira MA, Francisco PM, Costa KS, Barros MB. Self-medication in the elderly population of Campinas, São Paulo State, Brazil: prevalence and associated factors. Cad de Saude Publica. 2012;28(2):335-45. Portuguese.
-1616. Monteiro SC, Azevedo LS, Belfort IK. Automedicação em idosos de um programa saúde da família, Brasil. Infarma-Ciencias Farmaceuticas. 2014; 26(2):90-95.) Em revisão sistemática sobre automedicação, verificou-se também esta assimetria, com as taxas de prevalência variando de 4% a 87%.(22. Jerez-Roig J, Medeiros LF, Silva VA, Bezerra CL, Cavalcante LA, Piuvezam G, et al. Prevalence of self-medication and associated factors in an elderly population: a systematic review. Drugs Aging. 2014;31(12):883-96. Review.) A assimetria na prevalência da automedicação em idosos é atribuída à variabilidade de fatores, como perfis sociodemográficos das amostras de idosos incluídos nos estudos, critérios de automedicação adotados, categorias de medicamentos descritos e prazo de utilização da automedicação.(22. Jerez-Roig J, Medeiros LF, Silva VA, Bezerra CL, Cavalcante LA, Piuvezam G, et al. Prevalence of self-medication and associated factors in an elderly population: a systematic review. Drugs Aging. 2014;31(12):883-96. Review.,1212. Jafari F, Khatony A, Rahmani E. Prevalence of self-medication among the elderly in Kermanshah-Iran. Glob J Health Sci. 2015;7(2):360-5.)

Os medicamentos mais consumidos pelos idosos foram do sistema músculo-esquelético, que correspondem a relaxantes musculares de ação central e AINES. Estes grupos farmacológicos são descritos como frequentemente utilizados por automedicação por idosos e adultos.(11. Goh LY, Vitry AI, Semple SJ, Esterman A, Luszcz MA. Self-medication with over-the-counter drugs and complementary medications in South Australia’s elderly population. BMC Complement Altern Med. 2009;9:42.,55. Balbuena FR, Aranda AB, Figueras A. Self-medication in older urban Mexicans: an observational, descriptive, cross-sectional study. Drugs Aging. 2009; 26(1):51-60.,1717. Arrais PS, Fernandes ME, Pizzol TD, Ramos LR, Mengue SS, Luiza VL, et al. Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados. Rev Saude Publica. 2016;50(Supl 2):13s.,1818. Berreni A, Montastruc F, Bondon-Guitton E, Rousseau V, Abadie D, Durrieu G, et al. Adverse drug reactions to self-medication: a study in a pharmacovigilance database. Fundam Clin Pharmacol. 2015;29(5):517-20.)

Os relaxantes musculares de ação central são usados com o objetivo de reduzir e aliviar os espasmos musculares dolorosos ou a espasticidade que ocorrem em distúrbios músculo-esqueléticos e neuromusculares, condições que acometem com frequência os idosos e influenciam no uso de medicamentos por automedicação.(1919. Carmo Junior NM, Reis AM. [Analysis of centrally acting muscle relaxants marketed in Brazil from the perspective of Elderly Care]. Espac Saude. 2017;18(1):108-16. Portuguese.) Entretanto, estes medicamentos podem induzir efeitos anticolinérgicos, sedação e aumento do risco de fraturas,(66. By the American Geriatrics Society 2015 Beers Criteria Update Expert Panel. American Geriatrics Society 2015 Updated Beers Criteria for Potentially Inappropriate MedicationUse in Older Adults. J Am Geriatr Soc. 2015;63(11): 2227-46.) o que pode trazer riscos aos idosos. Além disso, a maioria dos relaxantes musculares comercializados no Brasil está presentes em associação em dose fixa − muitas vezes com AINES. Não há evidências científicas sólidas que fundamentam o emprego destas associações, o que aumenta ainda mais os riscos de sua utilização por automedicação.(1919. Carmo Junior NM, Reis AM. [Analysis of centrally acting muscle relaxants marketed in Brazil from the perspective of Elderly Care]. Espac Saude. 2017;18(1):108-16. Portuguese.)

Os AINES são também classe farmacológica com ampla utilização por automedicação, principalmente para alívio da dor,(2020. Hanlon JT, Perera S, Newman AB, Thorpe JM, Donohue JM, Simonsick EM, et al. Potential drug-drug and drug-disease interactions in well-functioning community-dwelling older adults. J Clin Pharm Ther. 2017;42(2):228-33.) mas não são recomendados como primeira linha para o tratamento de dor crônica, devido ao seu risco potencial de sangramento gastrintestinal ou de úlcera péptica em grupos de alto risco (idade ≥75 anos, em uso de corticosteroides orais ou parenterais, anticoagulantes ou agentes antiplaquetários).(66. By the American Geriatrics Society 2015 Beers Criteria Update Expert Panel. American Geriatrics Society 2015 Updated Beers Criteria for Potentially Inappropriate MedicationUse in Older Adults. J Am Geriatr Soc. 2015;63(11): 2227-46.,2020. Hanlon JT, Perera S, Newman AB, Thorpe JM, Donohue JM, Simonsick EM, et al. Potential drug-drug and drug-disease interactions in well-functioning community-dwelling older adults. J Clin Pharm Ther. 2017;42(2):228-33.) A nefrotoxicidade associada ao uso de AINES também é descrita. A utilização de AINES, sem a prévia avaliação de um profissional de saúde e com a presença de fatores de risco para desenvolvimento destes eventos adversos, aumenta a chance de ocorrência e mostra os riscos desta prática com tais medicamentos.(2121. Melgaco SS, Saraiva MI, Lima TT, Silva Junior GB, Daher EF. [Nonsteroidal anti-inflammatory drugs nephrotoxicity]. Med (Ribeirão Preto). 2010;43(4):382-90. Review. Portuguese.)

Uma das consequências da automedicação é a ocorrência de interações medicamentosas. Neste estudo, os AINES foram a classe de medicamento mais envolvida em interações medicamentosas. Das 11 interações mais frequentes envolvendo AINES, cinco aumentavam o risco de sangramento por efeito aditivo. Estudo que avaliou RAM por automedicação detectou que os AINES foram os medicamentos de maior notificação, sendo associados a dor gastrintestinal e hemorragias.(1818. Berreni A, Montastruc F, Bondon-Guitton E, Rousseau V, Abadie D, Durrieu G, et al. Adverse drug reactions to self-medication: a study in a pharmacovigilance database. Fundam Clin Pharmacol. 2015;29(5):517-20.)

Dentre os medicamentos que atuam no sistema nervoso, os analgésicos foram os mais consumidos por automedicação. Apesar de dipirona e paracetamol serem considerados seguros para os idosos, eles não estão isentos de riscos quando utilizados de forma indiscriminada e sem orientação de um profissional de saúde.(1717. Arrais PS, Fernandes ME, Pizzol TD, Ramos LR, Mengue SS, Luiza VL, et al. Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados. Rev Saude Publica. 2016;50(Supl 2):13s.) Os analgésicos, antitérmicos e antirreumáticos não opiáceos estão relacionados a 37% das internações de idosos por intoxicação e RAM no Brasil.(2222. Paula TC, Bochner R, Montilla DE. [Clinical and epidemiological analysis of hospitalizations of elderly due to poisoning and adverse effects of medications, Brazil from 2004 to 2008]. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(4):828-44. Portuguese.)

A interação de dipirona e ácido acetilsalicílico (AAS) foi a mais frequente. Esta interação apresenta risco potencial de redução da efetividade do AAS e exposição do paciente a eventos cardiovasculares, quando a dipirona é utilizada por pelo menos 3 dias consecutivos, nas doses de 1.500 a 4.000mg ao dia.(99. IBM Micromedex®. Web Applications Access. Truven Health Analytics [Internet]. DRUG-REAX® System. Canadá: IBM; 2017 [cited: 2017 Jul 15]. Available from: http://www-micromedexsolutions-com.ez22.periodicos.capes.gov.br/
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) A flunarizina induz parkinsonismo com o uso prolongado,(2323. Shin HW, Chungs SJ. Drug-Induced Parkinsonismo. J Clin Neurol. 2012;8(1): 15-21.) sendo necessária a orientação aos idosos para não a utilizarem de forma indiscriminada sem consultar o médico previamente.

A utilização de omeprazol e cimetidina por idosos por automedicação é preocupante. A cimetidina inibe o metabolismo oxidativo e aumenta a meia-vida de diversos medicamentos, elevando a chance de interações medicamentosas e reações adversas.(1010. Moraes EN, Moraes FL. Avaliação Multidimensional do Idoso. 5ª ed. Belo Horizonte: Folium; 2016. Coleção Guia de Bolso em Geriatria e Gerontologia.) Já o uso do omeprazol deve ser evitado por mais de 8 semanas, exceto em pacientes de alto risco, pois aumenta a probabilidade de infecção por Clostridium difficile, perda óssea e fraturas.(66. By the American Geriatrics Society 2015 Beers Criteria Update Expert Panel. American Geriatrics Society 2015 Updated Beers Criteria for Potentially Inappropriate MedicationUse in Older Adults. J Am Geriatr Soc. 2015;63(11): 2227-46.)

Um evento adverso que pode ser induzido por medicamentos em idosos é a queda. Medicamentos que foram utilizados por automedicação podem contribuir significativamente para a ocorrência de quedas devido aos seus efeitos adversos, como comprometimento do equilíbrio e da coordenação, confusão mental, prejuízo das habilidades cognitivas, sedação e hipotensão, ortostática aumentando o risco de fraturas e reduzindo a qualidade de vida dos idosos.(2424. Milos V, Bondesson Å, Magnusson M, Jakobsson U, Westerlund T, Midlöv P. Fall risk-increasing drugs and falls: a cross-sectional study among elderly patients in primary care. BMC Geriatr. 2014;14:40.,2525. Spence MM, Shin PJ, Lee EA, Gibbs NE. Risk of injury associated with skeletal muscle relaxant use in older adults. Ann Pharmacother. 2013;47(7-8): 993-8.)

A utilização elevada de medicamentos potencialmente inapropriados por automedicação é preocupante, pois seus efeitos adversos superam os benefícios. É importante evitar o uso destes medicamentos por automedicação, para manter a qualidade de vida dos idosos, preservar a funcionalidade e reduzir os riscos de eventos adversos.(2626. Koyama A, Steinman M, Ensrud K, Hillier TA, Yaffe K. Long-term cognitive and functional effects of potentially inappropriate medications in older women. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2013;69(4):423-9.,2727. Corsonello A, Pedone C, Lattanzio F, Lucchetti M, Garasto S, Di Muzio M, Giunta S, Onder G, Di Iorio A, Volpato S, Corica F, Mussi C, Antonelli Incalzi R; Pharmacosur Veillance in the Elderly Care Study Group. Potentially inappropriate medications and functional decline in elderly hospitalized patients. J Am Geriatr Soc. 2009;57(6):1007-14.)

Em relação à regulamentação sanitária, a maioria dos medicamentos utilizados por automedicação era classificada como isenta de prescrição. Foram identificados também medicamentos com venda sob prescrição e venda sujeita à retenção de receita, o que é preocupante, pois há riscos para utilização destes fármacos sem avaliação médica. Apesar de a maioria dos medicamentos consumidos ser isenta de prescrição, não se podem menosprezar os riscos de eventos adversos associados à utilização deles.

Outro aspecto que favorece e influencia os idosos a consumirem medicamentos por automedicação é a propaganda veiculada na mídia em geral pela indústria farmacêutica,(1717. Arrais PS, Fernandes ME, Pizzol TD, Ramos LR, Mengue SS, Luiza VL, et al. Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados. Rev Saude Publica. 2016;50(Supl 2):13s.) que ressalta apenas os benefícios proporcionados pelo medicamento, sem o esclarecimento dos riscos associados ao seu uso, dando à população geral a impressão de que o produto é isento de riscos.(2828. Vernizi MD, da Silva LL. [The habit of self-medication in adults and elderly: a literature review]. Rev Saude Desenvolvimento. 2016;10(5):53-72. Review. Portuguese.) Adicionalmente, as bulas registradas na ANVISA voltadas ao paciente não denotam informações que possam garantir o uso seguro por idosos.(1919. Carmo Junior NM, Reis AM. [Analysis of centrally acting muscle relaxants marketed in Brazil from the perspective of Elderly Care]. Espac Saude. 2017;18(1):108-16. Portuguese.)

Estratégias e intervenções para limitar o uso indevido de medicamentos devem ser adotadas. A promoção do uso racional de medicamentos por profissionais de saúde deve ser utilizada como estratégia para educar a população e, consequentemente, reduzir possíveis problemas relacionados ao uso não orientado de medicamentos.

O estudo apresenta uma abordagem ampla da utilização de medicamentos por automedicação por idosos, considerando aspectos farmacoterápicos, como interações medicamentosas e medicamentos potencialmente inapropriados para idosos, que são aspectos pouco avaliados em estudos prévios. Neste sentido, apresenta contribuições importantes para prática clínica e subsidia ações para prevenção da automedicação em idosos. Entretanto, algumas limitações devem ser consideradas. Primeiro, a amostra é não probabilística e predominantemente feminina, e abrange um único centro de referência, o que não permite que os resultados sejam generalizados a todos os idosos. Segundo, não houve definição sobre o período de automedicação antes da entrevista, fator que pode ter contribuído para maximizar a frequência do uso de medicamentos por automedicação.

CONCLUSÃO

A utilização por idosos de medicamentos sem orientação de um profissional de saúde foi alta. Os medicamentos relaxantes musculares de ação central, analgésicos e antipiréticos, e os anti-inflamatórios e antireumáticos não esteroidais foram os mais utilizados por automedicação pelos idosos. O amplo uso de medicamentos de venda livre e/ou potencialmente inapropriados aumenta o risco de interações medicamentosas que podem acarretar eventos adversos.

REFERENCES

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Nov 2018
  • Data do Fascículo
    2018

Histórico

  • Recebido
    20 Dez 2017
  • Aceito
    21 Maio 2018
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