Acessibilidade / Reportar erro

A importância dos biomateriais derivados de plantas para a engenharia de tecidos cardíacos

Caro Editor,

O artigo “Engenharia de tecidos cardíacos: atual estado da arte a respeito de materiais, células e formação tecidual”,(11. Rodrigues IC, Kaasi A, Maciel Filho R, Jardini AL, Gabriel LP. Cardiac tissue engineering: current state-of-the-art materials, cells and tissue formation. einstein (São Paulo). 2018;16(3):eRB4538.) publicado nesta revista, contribui com a discussão sobre o papel da engenharia de tecidos. Desafios nessa área envolvem alcançar propriedades biológicas e físicas desejáveis em biomateriais, como estruturas que favoreçam uma alta eficiência na entrega de nutrientes,(22. Fontana G, Gershlak J, Adamski M, Lee JS, Matsumoto S, Le HD, et al. Biofunctionalized plants as diverse biomaterials for human cell culture. Adv Healthc Mater. 2017;6(8):10.1002/adhm.201601225.
https://doi.org/10.1002/adhm.201601225...

3. Adamski M, Fontana G, Gershlak JR, Gaudette GR, Le HD, Murphy WL. Two methods for decellularization of plant tissues for tissue engineering applications. J Vis Exp. 2018;(135):57586.
-44. Gershlak JR, Hernandez S, Fontana G, Perreault LR, Hansen KJ, Larson SA, et al. Crossing kingdoms: using decellularized plants as perfusable tissue engineering scaffolds. Biomaterials. 2017;125:13-22.) suprindo a falta de uma rede vascular funcional – um dos principais fatores que afetam a tradução clínica da engenharia de tecidos.

A microvasculatura ainda não pode ser reproduzida com eficácia pelas técnicas atuais de biofabricação.(44. Gershlak JR, Hernandez S, Fontana G, Perreault LR, Hansen KJ, Larson SA, et al. Crossing kingdoms: using decellularized plants as perfusable tissue engineering scaffolds. Biomaterials. 2017;125:13-22.) Biomateriais originados de tecidos descelularizados de animais são uma alternativa a essa problemática, porém eles possuem alto custo de obtenção, disponibilidade limitada e, muitas vezes, baixa biocompatibilidade, além de pouca durabilidade.(33. Adamski M, Fontana G, Gershlak JR, Gaudette GR, Le HD, Murphy WL. Two methods for decellularization of plant tissues for tissue engineering applications. J Vis Exp. 2018;(135):57586.) Alternativamente, biomateriais derivados de plantas possuem degradação limitada, sendo resistentes à ação enzimática e tendo maior vida útil,(22. Fontana G, Gershlak J, Adamski M, Lee JS, Matsumoto S, Le HD, et al. Biofunctionalized plants as diverse biomaterials for human cell culture. Adv Healthc Mater. 2017;6(8):10.1002/adhm.201601225.
https://doi.org/10.1002/adhm.201601225...
)baixo custo e maior disponibilidade.(44. Gershlak JR, Hernandez S, Fontana G, Perreault LR, Hansen KJ, Larson SA, et al. Crossing kingdoms: using decellularized plants as perfusable tissue engineering scaffolds. Biomaterials. 2017;125:13-22.) Ainda, possuem alta área de superfície, porosidade interconectada e redes vasculares preexistentes.(22. Fontana G, Gershlak J, Adamski M, Lee JS, Matsumoto S, Le HD, et al. Biofunctionalized plants as diverse biomaterials for human cell culture. Adv Healthc Mater. 2017;6(8):10.1002/adhm.201601225.
https://doi.org/10.1002/adhm.201601225...
,33. Adamski M, Fontana G, Gershlak JR, Gaudette GR, Le HD, Murphy WL. Two methods for decellularization of plant tissues for tissue engineering applications. J Vis Exp. 2018;(135):57586.) Além disso, estudos com celulose mostram sua aplicação na cicatrização de feridas.(55. Czaja WK, Young DJ, Kawecki M, Brown RM Jr. The future prospects of microbial cellulose inbiomedical applications. Biomacromolecules. 2007; 8(1):1-12. Review.)

Em 2017, Gershlak et al.,(44. Gershlak JR, Hernandez S, Fontana G, Perreault LR, Hansen KJ, Larson SA, et al. Crossing kingdoms: using decellularized plants as perfusable tissue engineering scaffolds. Biomaterials. 2017;125:13-22.) mostraram que cardiomiócitos derivados de células-tronco mesenquimais humanas apresentaram capacidade de manipulação de cálcio e função contrátil espontânea, após a recelularização em biomateriais obtidos de folhas de espinafre. As folhas descelularizadas, além de manterem as características vasculares e topográficas, foram capazes de suportar o fluxo de líquidos e de células do tamanho de um glóbulo vermelho.(44. Gershlak JR, Hernandez S, Fontana G, Perreault LR, Hansen KJ, Larson SA, et al. Crossing kingdoms: using decellularized plants as perfusable tissue engineering scaffolds. Biomaterials. 2017;125:13-22.) Como muitos biomateriais sintéticos são derivados de recursos não renováveis, podendo ainda gerar subprodutos tóxicos, e devido à preocupação geral com o meio ambiente, as plantas descelularizadas utilizadas como biomateriais poderiam representar uma tecnologia “verde” de fácil acesso, sendo extremamente relevantes em nosso cenário atual.

REFERENCES

  • 1
    Rodrigues IC, Kaasi A, Maciel Filho R, Jardini AL, Gabriel LP. Cardiac tissue engineering: current state-of-the-art materials, cells and tissue formation. einstein (São Paulo). 2018;16(3):eRB4538.
  • 2
    Fontana G, Gershlak J, Adamski M, Lee JS, Matsumoto S, Le HD, et al. Biofunctionalized plants as diverse biomaterials for human cell culture. Adv Healthc Mater. 2017;6(8):10.1002/adhm.201601225.
    » https://doi.org/10.1002/adhm.201601225
  • 3
    Adamski M, Fontana G, Gershlak JR, Gaudette GR, Le HD, Murphy WL. Two methods for decellularization of plant tissues for tissue engineering applications. J Vis Exp. 2018;(135):57586.
  • 4
    Gershlak JR, Hernandez S, Fontana G, Perreault LR, Hansen KJ, Larson SA, et al. Crossing kingdoms: using decellularized plants as perfusable tissue engineering scaffolds. Biomaterials. 2017;125:13-22.
  • 5
    Czaja WK, Young DJ, Kawecki M, Brown RM Jr. The future prospects of microbial cellulose inbiomedical applications. Biomacromolecules. 2007; 8(1):1-12. Review.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Jul 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    14 Abr 2021
  • Aceito
    6 Maio 2021
Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein Avenida Albert Einstein, 627/701 , 05651-901 São Paulo - SP, Tel.: (55 11) 2151 0904 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@einstein.br