Historicamente, Laennec (1834) descreveu o enfisema pulmonar a partir de observações em cortes necroscópicos superficiais de pulmões humanos, atribuindo a lesão à atrofia do tecido pulmonar resultante da hiperinsuflação pulmonar.(11. Laennec RTH. A treatise on diseases of the chest and on mediate auscultation. 4th ed. Forbes J, translator. London: Longman; 1834.) O enfisema foi, então, redefinido como uma “dilatação anormal e permanente dos espaços aéreos distais do bronquíolo terminal”.(22. Terminology, definitions and classifications of chronic pulmonary emphysema and related conditions: a report of the conclusions of a Ciba Guest Symposium. Thorax. 1959;14(4):286-99.) Além do mais, a evidência da destruição da parede alveolar e de fibrose não deve ser ignorada na patogenia da doença.(33. The definition of emphysema. Report of a National Heart, Lung, and Blood Institute, Division of Lung Diseases workshop. Am Rev Respir Dis. 1985;132(1):182-5.)
Essas alterações anatomopatológicas resultam na perda da superfície respiratória e de irrigação sanguínea, na diminuição do recolhimento elástico e na hiperexpansão pulmonar, podendo atingir parte do ácino ou toda sua estrutura.(44. Snider GL. Experimental studies on emphysema and chronic bronchial injury. Eur J Respir Dis Suppl. 1986;146:17-35.)
O enfisema pulmonar é obviamente uma doença causada pelo desequilíbrio enzimático existente entre proteases e antiproteases, resultando na destruição da parede alveolar ocasionada pela ação de enzimas proteolíticas, que degradam a matriz extracelular (MEC)(55. Hogg JC, Senior RM. Chronic obstructive pulmonary disease – part 2: pathology and biochemistry of emphysema. Thorax. 2002;57(9):830-4.) e afetam a integridade de seus componentes, particularmente as fibras elástica.(66. Strawbridge HTG. Chronic pulmonary emphysema (an experimental study): I. Historical review. Am J Pathol. 1960;37:161-74.)
Modelos experimentais de enfisema pulmonar baseiam-se na nebulização ou instilação de enzimas proteolíticas, como papaína (Carica papaya),(77. Gross P, Bajak MA, Tolker E, Kaschak M. Enzymatically produced pulmonary emphysema: a preliminary report. J Occup Med. 1964;6:481-3) elastase pancreática de porco,(44. Snider GL. Experimental studies on emphysema and chronic bronchial injury. Eur J Respir Dis Suppl. 1986;146:17-35.) e elastase neutrofílica humana.(88. Senior RM, Tegner H, Kulm C, Ohlsson K, Starcher BC, Pierce JA. The induction of pulmonary emphysema induced with human leukocyte elastase. Am Rev Respir Dis. 1977;116(3):469-77.) Esse processo proteolítico, associado à destruição uniforme da MEC do ácino pulmonar, resulta em alterações morfo-histológicas e fisiológicas dos pulmões equivalentes às alterações encontradas no enfisema em seres humanos.(99. Hogg JC, Senior RM. Chronic obstructive pulmonary disease – part 2: pathology and biochemistry of emphysema. Thorax. 2002;57(9):830-4.,1010. Mahadeva R, Shapiro SD. Chronic obstrutive pulmonary disease 3: Experimental animal models of pulmonary emphysema. Thorax. 2002;57(10):908-14.)
A dilatação dos espaços aéreos distais do bronquíolo terminal (Figura 1) e a redução da área ocupada pelas fibras elásticas (Figura 2) evidenciam histologicamente o enfisema pulmonar em modelos experimentais instilados por elastase pancreática de porco.
Fotomicrografias do parênquima pulmonar (hematoxilina-eosina), aumento x100. (A) Pulmão naive e (B) pulmão enfisematoso, demonstrando hiperdistensão dos ductos alveolares com ruptura dos septos alveolares
Fotomicrografias do parênquima pulmonar (Verhoeff), aumento de 400x. (A) Pulmão naive demonstrando integridade dos componentes elásticos da parede alveolar, contrastando com áreas desnudas ao longo dos septos associadas ao adensamento de fibras elásticas na parede alveolar e diminuição da concentração de fibras elásticas no pulmão enfisematoso (B)
REFERÊNCIAS
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1Laennec RTH. A treatise on diseases of the chest and on mediate auscultation. 4th ed. Forbes J, translator. London: Longman; 1834.
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2Terminology, definitions and classifications of chronic pulmonary emphysema and related conditions: a report of the conclusions of a Ciba Guest Symposium. Thorax. 1959;14(4):286-99.
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3The definition of emphysema. Report of a National Heart, Lung, and Blood Institute, Division of Lung Diseases workshop. Am Rev Respir Dis. 1985;132(1):182-5.
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4Snider GL. Experimental studies on emphysema and chronic bronchial injury. Eur J Respir Dis Suppl. 1986;146:17-35.
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5Hogg JC, Senior RM. Chronic obstructive pulmonary disease – part 2: pathology and biochemistry of emphysema. Thorax. 2002;57(9):830-4.
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6Strawbridge HTG. Chronic pulmonary emphysema (an experimental study): I. Historical review. Am J Pathol. 1960;37:161-74.
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7Gross P, Bajak MA, Tolker E, Kaschak M. Enzymatically produced pulmonary emphysema: a preliminary report. J Occup Med. 1964;6:481-3
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8Senior RM, Tegner H, Kulm C, Ohlsson K, Starcher BC, Pierce JA. The induction of pulmonary emphysema induced with human leukocyte elastase. Am Rev Respir Dis. 1977;116(3):469-77.
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9Hogg JC, Senior RM. Chronic obstructive pulmonary disease – part 2: pathology and biochemistry of emphysema. Thorax. 2002;57(9):830-4.
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10Mahadeva R, Shapiro SD. Chronic obstrutive pulmonary disease 3: Experimental animal models of pulmonary emphysema. Thorax. 2002;57(10):908-14.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
29 Ago 2014 -
Data do Fascículo
Jul-Sep 2014
Histórico
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Recebido
6 Nov 2012 -
Aceito
2 Dez 2013