O objetivo deste artigo é analisar a maneira pela qual Adriana Lisboa representa o deslocamento migratório e o espaço urbano em Hanói (2013). A partir de discussões sobre a literatura como espaço de representação, argumenta-se que os espaços migratórios no romance de Lisboa são construídos em relação às reflexões e memórias dos protagonistas Alex e David. Nessa representação, percebe-se uma ênfase nas emoções, nos sentimentos e nos pensamentos das personagens como forma de refletir a situação do migrante numa metrópole nos Estados Unidos. Trata-se, portanto, do desdobramento das histórias de dois indivíduos para falar da história coletiva de sujeitos migrantes. No entanto, questionam-se as limitações éticas implicadas nessa representação da questão migratória, tendo em vista que a ênfase na melancolia e no isolamento como principais reações afetivas do processo migratório aparecem como empecilho para reflexões mais críticas sobre as consequências políticas e socioeconômicas da migração na sociedade contemporânea.
migração; melancolia; espaço urbano; Adriana Lisboa