Open-access Construindo relações entre o conceito de desclassificação e a folksonomia: por Sistemas de Organização do Conhecimento representativos da diversidade social

Building relationships between the concept of declassification and folksonomy: through Knowledge Organization Systems representative of social diversity

Resumo:

Este trabalho objetiva estudar a literatura sobre o conceito de desclassificação e a folksonomia enquanto sistema de indexação social, para identificar suas possíveis relações no âmbito da Ciência da Informação e da Organização e Representação do Conhecimento. Com base nos procedimentos metodológicos da pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo e no método da análise de conteúdo, foram analisados trabalhos que se dedicam a estudar os temas correlatos, contribuindo assim para alcançar o objetivo proposto: analisar a construção de relações entre o conceito de desclassificação e as folksonomias, buscando pensar modelos mais colaborativos de Sistemas de Organização do Conhecimento. Além disso, objetiva responder à seguinte questão de pesquisa: ao refletir uma indexação social, qual o potencial da folksonomia em contribuir com uma discussão relacionada ao conceito de desclassificação e, a partir disso, pensar Sistemas de Organização do Conhecimento mais integrados aos diferentes contextos sociais? A partir do processo de inferência e categorização e considerando o universo da pesquisa, foram identificados três estudos que contribuem para reforçar relações entre a folksonomia e o conceito de desclassificação. Os resultados revelaram também que, por prescindir de um trabalho envolvendo os usuários e suas necessidades informacionais, é possível construir relações entre esse Sistemas de Organização do Conhecimento e o conceito de desclassificação, além de contribuir para elaborar Sistemas de Organização do Conhecimento integrados à diversidade social. Conclui-se sobre a importância de ampliar a discussão no âmbito da Ciência da Informação e da Organização e Representação do Conhecimento, para embasar a constituição de sistemas de indexação sociais colaborativos, inclusivos e abertos às contribuições dos usuários.

Palavras-chave:
desclassificação; folksonomia; sistema de organização do conhecimento colaborativo; indexação social

Abstract:

This study aims to review the literature on the concept of declassification and folksonomy as a social indexing system to identify their potential relationships within Information Science and the Knowledge Organization and Representation. Using qualitative bibliographic research methods and content analysis, we analyzed papers dedicated to studying related topics, thereby contributing to achieving the proposed objective: to analyze the construction of relationships between the concept of declassification and folksonomies, aiming to develop more collaborative models of Knowledge Organization Systems. Additionally, the study seeks to address the following research question: by reflecting social indexing, what is the potential of folksonomy to contribute to discussions related to the concept of declassification and, consequently, to conceive Knowledge Organization Systems that are more integrated into diverse social contexts? Through inference and categorization processes, considering the research universe, three studies were identified that help reinforce relationships between folksonomy and the concept of declassification. The results also revealed that, by involving users and their informational needs, it is possible to establish connections between this Knowledge Organization Systems and the concept of declassification, and to contribute to the development of Knowledge Organization Systems that are integrated with social diversity. The conclusion emphasizes the importance of expanding the discussion within Information Science and the Knowledge Organization and Representation to support the creation of collaborative, inclusive social indexing systems that are open to user contributions.

Keywords:
declassification; folksonomy; collaborative knowledge organization system; social indexing; epistemography

1 Introdução

A realidade social é configurada baseando-se em modelos classificatórios geridos e regidos por fatores culturais, econômicos e sociais que representam padrões e, a partir de convenções e contratos sociais, estabelecem contextos e narrativas que moldam a forma de entendimento do mundo.

Dessa forma, marcadores como gênero, classe social e nacionalidade são socialmente estabelecidos, refletindo pactos de um determinado grupo dominante que representa e classifica o mundo - e por ele é classificado (Costa, 1998) - exprimindo, por sua vez, uma relação desigual na maneira de representar esses marcadores em amplos contextos sociais.

A partir dessas reflexões, é possível suplantar cenários de opressões materiais e simbólicas, como o do império cognitivo, da indústria cultural e da cultura elitista, por exemplo. Nesse sentido, Gramsci (1978, 1982) explica que é necessário estabelecer um novo senso comum e uma nova intelectualidade orgânica, mas para que isso ocorra, é preciso que o ser humano aprenda “a desclassificar o mundo” (García-Gutiérrez, 2006, p. 110) e a estabelecer modelos alternativos que transcendam o positivismo e o pragmatismo. Tal cenário possibilita refletir sobre o fenômeno da dialética da informação, questionando modelos de representação hegemônicos e, a partir disso, propondo formas de representação mais coerentes, especificamente no âmbito dos Sistemas de Organização do Conhecimento (SOC). “Desclassificar”, nesse sentido, permite reflexões, caminhos e práticas sobre propostas mais horizontais de representação do conhecimento.

Considerando o exposto, o conceito de desclassificação proposto por Garcia Gutierrez (2006) pode ser discutido estabelecendo relações com a folksonomia, colocando-a em posição de destaque ao assumir o papel de uma práxis informacional concretizada no modo de se fazer uma categorização baseada em tags/etiquetas e no conteúdo produzido pelo próprio sujeito que se relaciona com o sistema, com o seu ambiente e com o ambiente de “domínio”.

Dessa maneira, a questão norteadora deste trabalho é: ao refletir uma indexação social, qual o potencial da folksonomia em contribuir com uma discussão relacionada ao conceito de desclassificação e, a partir disso, pensar SOC mais integrados aos diferentes contextos sociais? Para tanto, o objetivo é analisar a construção das relações entre o conceito de desclassificação e as folksonomias, buscando pensar modelos mais colaborativos de Sistemas de Organização do Conhecimento.

A temática da pesquisa se justifica por sua relevância social ao propor reflexões que contribuem para pensar sobre Sistemas de Organização do Conhecimento representativos da diversidade social ao integrar a colaboratividade operada no próprio fazer da folksonomia por meio das tags estabelecidas pelos usuários com a ideia de desclassificar trazida por García-Gutierrez (2006) quando propõe uma ressignificação na forma de perceber as classificações do conhecimento até então operadas na Ciência da Informação e na Organização e Representação do Conhecimento.

Os procedimentos metodológicos consistem em pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo, pesquisa exploratória e pesquisa documental, visto que são analisados artigos em periódicos brasileiros da área de Ciência da Informação. No levantamento bibliográfico foram utilizados os trabalhos de García-Gutiérrez que discutem o conceito de desclassificação. O referido autor fundamentou a pesquisa do conceito de desclassificação, já que inaugura tal conceito na Ciência da Informação. Os trabalhos escritos por ele e publicados em 2006 e 2011 foram essenciais nesse sentido.

Posteriormente, foram definidas as seguintes palavras-chave: “folksonomia”, “indexação social”, “modelo colaborativo”, “modelo colaborativo de indexação”, “SOC colaborativo”, “sistema colaborativo”. Esses termos foram utilizados para a busca em cinco periódicos brasileiros qualificados como Qualis CAPES A2, com corte temporal entre 2020 e 2024: Informação & Informação; Em Questão; Encontros Bibli; Informação e Sociedade: Estudos; Perspectivas em Ciência da Informação. A escolha por esses periódicos se justifica em razão de representarem extratos relevantes de periódicos da área da Ciência da Informação no Brasil. O levantamento permitiu quantificar e avaliar as abordagens de cada artigo, considerando a palavra-chave encontrada. Para a análise dos resultados, os artigos foram lidos integralmente e discutidos à luz da Análise de Conteúdo proposta por Bardin (1977), contribuindo, dessa forma, com o desenvolvimento da abordagem qualitativa do trabalho, na medida em que permitiu fazer inferências sobre o contexto em estudo.

A análise de conteúdo permitiu perceber, primeiramente, a existência de poucos trabalhos dedicados à discussão envolvendo conceitos como o de indexação social, folksonomia ou sistema colaborativo. Foi identificado um total de sete artigos considerando o recorte temporal da pesquisa. Além disso, por meio do processo de categorização e inferência, notou-se, como resultado da pesquisa, a maneira como três desse total de artigos discutem a folksonomia como sistema de indexação social colaborativo, inclusivo e aberto às contribuições dos usuários e suas necessidades informacionais, possibilitando inferir a respeito das possíveis relações entre o conceito de folksonomia e o de desclassificação, uma vez que refletem contextos diferentes no processo de Organização e Representação do Conhecimento, inerente ao caráter aberto e plural do ato desclassificatório pensado por García-Gutiérrez (2006).

Os resultados demonstram também que, por prescindir de um trabalho envolvendo os usuários e suas necessidades informacionais, é possível construir relações entre esse sistema de organização do conhecimento e o conceito de desclassificação, além de contribuir para elaborar Sistemas de Organização do Conhecimento integrados à diversidade social.

2 Desclassificação do conhecimento

Classificar faz parte da vida em sociedade, está presente nas escolhas do cotidiano e nos sistemas que organizam o conhecimento em unidades de informação, sejam elas públicas ou privadas. As classificações, conforme Albuquerque (2012), podem ser pensadas tanto como um processo mental com a finalidade de organizar e direcionar tarefas quanto como um processo material, para organizar coisas, documentos e objetos.

No âmbito da Ciência da Informação e da Organização e Representação do Conhecimento, as classificações foram expressas em sistemas que contribuíram para organizar livros nas estantes de bibliotecas e uma diversidade de documentos, como a Classificação Decimal de Dewey (CDD), publicada na década de 1870, e a Classificação Decimal Universal (CDU), publicada em 1905 (Albuquerque, 2012; Pinho, 2009).

Frutos de um modelo de pensamento positivista, ambos os sistemas de classificação devem seus fundamentos ao mundo ocidental moderno, seguindo parâmetros cientificistas e racionalistas (San Segundo Manuel, 1996). Paralelamente à outros sistemas de organização do conhecimento criados à posteriori “[...] adotam paradigmas, divisões, hábitos e nomenclaturas do pensamento moderno [...] determinando todas as práticas da vida cotidiana ocidental” (García-Gutiérrez, 2006, p. 105).

A partir de um ponto de vista crítico, García-Gutiérrez (2006) questiona o ato de classificar enquanto processo neutro e isento de valores e visões de mundo daquele que classifica, tratando a classificação como ação estanque e de certa maneira, excludente, dogmática e seletiva. Nas palavras do autor: “Classificar tem, entre suas muitas acepções, uma aparência perversa e paradoxal: ocultar conhecimento” (García-Gutiérrez, 2006, p. 110).

Propõe, então, um caminho inverso, a partir do que denomina como desclassificação, cuja função “[...] consiste em instalar o pluralismo lógico no coração mesmo da classificação” (García-Gutiérrez, 2006, p. 108), sinalizando o caráter aberto e plural que prescinde do ato desclassificatório.

Em um trabalho de 2011, García-Gutiérrez explicita aspectos subjetivos inerentes ao que chama de Desclassificação na Organização e Representação do Conhecimento. Conforme o autor, “A desclassificação envolve basicamente a introdução do pluralismo na lógica central da classificação. É uma operação metacognitiva e não automática que, em cada ação do classificador, requer uma consciência completa de incompletude” (García-Gutiérrez, 2011a, p. 10, tradução nossa).

A isso acrescentam-se aspectos relacionados à terminologia da palavra, notadamente ao prefixo DES- (c2024) que acompanha o termo CLASSIFICAR, aqui configurado como um neologismo com o seguinte significado: “Indica negação, separação ou cessação (ex.: desleal; desossar; dessintonizar)”.

Com base nessa compreensão, o senso comum poderia ser levado a relacionar o termo desclassificação ao sinônimo de desconsiderar, deslegitimar ou desvalorizar os modelos clássicos já cristalizados e hegemônicos (Gaudêncio; Albuquerque; Côrtes, 2021, p. 511). Porém, não se trata desse entendimento. Considera-se que:

A desclassificação não deixa de classificar e organizar, [...]. Instâncias desclassificadas têm oportunidades iguais porque o sistema de desclassificação não prescreve ou proscreve, mas sugere, não hierarquiza, mas complementa, não subordina, mas se aproxima, não fecha, mas abre significado, nunca termina instâncias, mas busca incessantemente posições e oposições para alimentá-las, não exclui, mas inclui, não apaga, mas acumula, não explica, mas mostra, nunca interrompe seu trânsito porque acompanha o trânsito do conhecimento (García-Gutiérrez, 2011b, p. 202, tradução nossa).

Compreende-se que António García-Gutiérrez propõe uma ressignificação, uma suspensão ou mesmo uma desregulamentação na forma de perceber, conceber e fazer a classificação do conhecimento. O autor esclarece que sua posição é de uma proposta contra hegemônica, uma alternativa aos modelos coloniais e dominantes, em que cada grupo de domínio passa a ter papel preponderante enquanto lugar de fala e de visibilidade frente a uma exomemória cultural. Tem-se assim uma práxis informacional pautada na multiculturalidade social.

Então, em essência, não se trata de um polo opositor. Trata-se de um crítico-construtor alternativo em busca de uma nova epistemologia. Seria possível, nesse sentido, optar pelo uso do prefixo DE, e assim denominar o termo como DECLASSIFICAR, especialmente porque a esse prefixo confere-se a seguinte orientação terminológica: “Exprime a noção de movimento descendente [...] de negação, separação ou cessação (ex.: decodificar; demitologizar)” (DE-, c2024). Tal percepção esclarece o sentido do conceito no domínio dos estudos de Gutierrez, alinhado, nessa medida, aos objetivos da pesquisa.

Independentemente do prefixo utilizado, como o discurso do autor espanhol a respeito da desclassificação é fundamentado no conceito de epistemografia, o resultado não sofrerá interferência, pois, ao se operar a partir de uma visão horizontalizada do conhecimento e da memória registrada, saberes marginalizados pela ciência tradicional emergem e se ocupam do conhecimento despercebido:

A epistemografia [...] é uma configuração transdisciplinar que tem como objeto a organização horizontal e interativa dos conhecimentos e, por extensão, da exomemoria. Consequentemente, em sua aplicação cotidiana, lida com conceitos bem conhecidos e mitificados pela Epistemologia moderna, tais como categoria, classificação, ordem [...] método, conhecimento, [...] representação, entre tantos outros. [...] A epistemografia [...] se permite questionar a Epistemologia [...] (García-Gutiérrez, 2006, p. 104).

Com base em um fundamento epistemográfico seria possível, assim, a incorporação de conceitos e categorias outrora relegadas pelo pensamento colonial e imperialista, introduzindo conhecimentos dos marginalizados do conhecimento (García-Gutiérrez, 2006).

Para viabilizar esse cenário, é necessária uma desconstrução na forma de perceber o mundo, com um olhar crítico para as hegemonias socioculturais construídas. É preciso também fomentar categorias teórico-metodológicas críticas e indutoras que potencializem modelos horizontais de reflexão para a organização do conhecimento, como a dialética, o construtivismo, a teoria crítica e a interseccionalidade.

Sob a influência de teorias sociointeracionistas, o construtivismo pode contribuir com a desconstrução de hegemonias socioculturais no âmbito da ORC ao buscar superar dicotomias por meio da construção de novas maneiras de se pensar a partir da interação do indivíduo com o seu meio (Souza, 2006). Vale ressaltar ainda que propostas mais horizontalizadas de organizar o conhecimento podem ser também fomentadas, posto que no construtivismo, a experiência vale mais que o resultado.

Um dos pensamentos decorrentes da teoria crítica provém de Kellner1 (2007 apudBezerra et al., 2019), que ao discutir a obra de Marcuse (2015), explica como a teoria crítica deve se ocupar de compreender não somente as causas das coisas, porque os fenômenos são como são, mas também investigar que essas mesmas coisas poderiam ser de outra forma. Os fundamentos dessa teoria colaboram assim, para o questionamento de relações de dominação que se fazem presentes nos processos e sistemas de organização do conhecimento.

Tendo como preocupação uma combinação de fatores que definem a identidade de sujeitos ou grupos sociais, como raça, gênero e classe social, por exemplo, a interseccionalidade, por sua vez, a partir de um ponto de vista crítico, conforme Silva e Sales (2024, p. 21): “[...] possibilita a identificação e a correção de problemas sociais gerados por desigualdades sociais complexas, como o racismo e o patriarcado, com os aspectos classistas existentes.”. Nesse sentido, quando pensados em conjunto com os processos, instrumentos e produtos da ORC, colaboram para maneiras mais igualitárias de organizar e representar o conhecimento

A respeito da dialética, nos últimos anos, alguns autores têm se debruçado nessas discussões, a partir do estabelecimento de uma relação aproximativa e dialógica com o campo da Ciência da Informação, em especial, com o domínio da Organização e Representação do Conhecimento. Nesse sentido, observam-se as contribuições de García-Gutiérrez (2014), Bufrem e Pinho (2017) e Gaudêncio, Albuquerque e Cortez (2023), expressas no Quadro 1.

Quadro 1 -
Relação da dialética com a Organização e Representação do Conhecimento

Esses autores estabelecem suas posições pensando na constituição de um modelo de sociedade baseado no que García-Gutiérrez (2014) chama de “nova ordem transcultural”, a partir de um investimento dialético. Na acepção de Gaudêncio, Albuquerque e Côrtes (2023), esse caminho levará à construção de cenários plurais que adotarão, desde suas concepções até as práticas informacionais, reflexões e posicionamentos para construção de uma nova ciência (Morin, 2015) pautada em categorias como a contradição, movimento, mediação e totalidade (Gaudêncio; Albuquerque; Côrtes, 2023).

Ao tomar como ponto de partida a contradição, aspecto fulcral e essencial da dialética, Bufrem e Pinho (2017, p. 223) entendem que ela é “[...] um método que fornece os elementos e base necessários para a sistematização teórica de seus procedimentos, assim como para a busca da compreensão dos caminhos para o conhecimento e, portanto, de sua representação”.

Ao tratar da contradição como um dos pilares da dialética, tem-se as bases para a configuração e estabelecimento de um processo de desclassificação do conhecimento, assim como de um modelo decolonial pós-epistemológico, ou seja, epistemográfico.

Quando voltada diretamente aos estudos e investimentos ontológicos e epistemográficos, a dialética pode ser tratada como dialética do conhecimento. Ela se ocupará de compreender a forma como o fenômeno do conhecimento se manifesta e atua na sociedade, tendo como ponto de partida, assim como na concepção clássica, a valorização da contradição. Postula, assim, reflexões acerca de paradoxos como dos excluídos/incluídos, dos abastados/miseráveis, do colonial/decolonial.

Partindo dessas contradições, a dialética contribui para compreender a construção social da realidade de forma simultaneamente global, local e interseccional. Ao fazer isso, insere-se como fundamento de uma prática desclassificatória e como “mola propulsora” de uma epistemografia. Ainda assim, incorre-se a dúvida: de que maneira operacionalizar esse processo desclassificatório?

É possível tornar prática a desclassificação por meio de dois pontos de vista: o epistemográfico e o operacional. Do ponto de vista epistemográfico postula-se, primeiramente, que a desclassificação precisa ocorrer a partir de uma práxis informacional, ou seja, do encontro e do imbricamento entre teoria e prática; em segundo, deve ser dialética e valorizar a multiculturalidade social. Por fim, deve-se configurar como uma proposta paraconsciente (García-Gutiérrez, 2013) e favorecer a horizontalidade organizacional incluindo os grupos de domínios marginalizados. Do ponto de vista operacional, por sua vez, coloca-se como essencial valorizar Sistemas de Organizações do Conhecimento pós-coordenados, considerando a sua capacidade: dialógica, construtivista, crítica, dinâmica, colaborativa e coletiva. Um exemplo possível é a folksonomia, cuja aplicação pode ocorrer por meio da indexação social, conforme será possível verificar a seguir.

3 A folksonomia como sistema de indexação social

Por prescindir de um trabalho colaborativo que contribui para que a informação seja representada e recuperada de acordo com o ponto de vista dos próprios usuários (Santos; Corrêa, 2015), a folksonomia se mostra útil na incorporação de termos e conceitos marginalizados na representação do conhecimento. Buscando na etimologia da palavra um dos fundamentos que corroboram a discussão aqui proposta, é possível perceber a maneira como a folksonomia está relacionada ao que remete ao povo de modo geral.

O termo, cunhado no ano de 2004 por Thomas Vander Wal, é oriundo da junção das palavras folk, que significa “grupo de pessoas”, na língua germânica, e taxonomy, do grego, ciência ou técnica da classificação (Santos; Corrêa, 2015). Enquanto um instrumento elaborado a partir de teorias e métodos da Organização e Representação do Conhecimento, folksonomia é:

[...] o resultado da marcação livre de informações pessoais e objetos (qualquer coisa com url) para sua própria recuperação. A marcação [ou etiquetagem] ocorre em ambientes digitais sociais (geralmente abertos a outras pessoas). A folksonomia é criada a partir do ato de etiquetar pela própria pessoa que consome a informação (Soler Monreal; Gil Leiva, 2010, p. 364, tradução nossa).

Ao ser empregada pelos próprios usuários da informação, mediante a atribuição de palavras-chave provenientes da linguagem natural e sem a necessidade de adotar regras ou políticas de indexação, a folksonomia permite um trabalho colaborativo que contribui para que a informação seja representada e recuperada de acordo com o ponto de vista do usuário, considerando suas necessidades e anseios de informação (Santos; Corrêa, 2015). Os usuários, nesse sentido, são inseridos como agentes ativos no processo de representação da informação e do conhecimento, trazendo à luz descritores provenientes da linguagem e das perspectivas desses sujeitos informacionais.

De seu caráter colaborativo, afirma-se que a folksonomia agrega a inteligência de seus usuários no respectivo sistema, que, por sua vez, “[...] podem colaborar na produção significativa de metadados semânticos em sistemas que utilizam modelos de colaboração” (Santos; Corrêa, 2019, p. 11).

Importante destacar, conforme explica Santos (2016), que os estudos envolvendo o conceito de folksonomia são relativamente recentes nas discussões da Ciência da Informação e da Organização e Representação do Conhecimento, e por esse motivo, “[...] não há uma conceituação única do real significado da folksonomia no âmbito da produção científica sobre essa temática” (Santos, 2016, p. 34). Por esse motivo, existem variações em sua definição, sendo compreendida como sistema, como classificação, como vocabulário, como método e como fenômeno (Santos, 2016). A autora, no entanto, destaca o caráter social da folksonomia, compreendida em sua pesquisa como “[...] resultado do processo de etiquetagem livre [...] realizada pelos usuários [...] em sistemas colaborativos [...]” (Santos, 2016, p. 37).

Assim, para além dos Sistemas de Organização do Conhecimento mais tradicionais, tais como os tesauros, as ontologias, os sistemas de classificação e as taxonomias, as folksonomias são as que mais se aproximam da ideia de se constituir sistemas mais horizontalizados, por propiciar aos usuários uma efetiva participação no processo de representação e organização da informação. Na explicação de Barros, Sales e Rosa (2022), isso se corrobora ainda mais quando se trata de informações no ambiente web e sua expressão nos mais variados signos, entre textos, vídeos e sons. Esses objetos digitais são tagueados pelos usuários por meio de conceitos e palavras-chave representativos dos fenômenos ali expressos.

Santos e Corrêa (2019) elucidam a existência de algumas produções científicas cujos elementos podem constituir modelos colaborativos de indexação. Entre essas produções, os autores destacam Kim et al. (2011), explicitando os seguintes recursos: objeto(s), que se referem a recursos informacionais passíveis de serem etiquetados; tag(s), que são as etiquetas atribuídas aos recursos informacionais; etiquetador(es), usuários em geral ou profissionais que instituem o processo de relacionamento entre a etiqueta e o objeto; fonte, as ambiências informacionais onde são atribuídas as etiquetas; polaridade, solução de possíveis problemas de representação da informação a partir da avaliação dos usuários.

Para Soler Monreal e Gil Leiva (2010), a folksonomia pode contribuir com a organização do conhecimento em vários aspectos, como por exemplo: pode ser realizada por qualquer pessoa e sem interesses próprios (que acabam interferindo na lógica de organização do conhecimento); os benefícios dos usuários da informação se ampliam com a atribuição das palavras-chave; as etiquetas (ou tags) formam um conjunto e não uma hierarquia de palavras; as folksonomias são mais flexíveis e se constituem por um processo não centralizado, além de ser simples e de baixo custo.

As folksonomias, nesse sentido, contribuem para reforçar a importância de trabalhos colaborativos por meio do uso de contextos linguísticos mais plurais e diversificados, sugerindo dessa forma, uma proposta de organização do conhecimento mais dedicado à relações entre termos, com destaque para uma proposta de “descentralização das linguagens” e de “desterritorialização dos domínios” (Barros; Sales; Rosa, 2022, p. 433).

Como um trabalho colaborativo, as folksonomias podem propiciar a indexação e recuperação de informações contextualizadas, na medida em que dinamiza esses processos por meio da percepção dos usuários sobre os registros que tagueiam. Por isso, sua operacionalização ocorre sem a predeterminação de conceitos ou terminologias, permitindo que usuários vejam as marcações feitas por outros usuários, identificando assim, se determinada tag é mais popular que outra (Barros; Sales; Rosa, 2022). A folksonomia contribui também com a busca e preservação da memória científica e tecnológica, por poder prescindir da colaboração na indexação da comunicação de caráter científico (Pinho; Oliveira, 2020). Isso permite afirmar, com base em Pinho e Oliveira (2020, p. 3) “[...] que a folksonomia é um fenômeno que não pode ser compreendido e explicado isoladamente e fora dos fenômenos que a cercam [...]”.

Quanto às aplicações, Barros, Sales e Rosa (2022) elucidam a existência de quatro linhas principais, considerando também seus objetivos: a aplicação com foco no usuário; com foco na recuperação da informação; com foco na recomendação da informação; e com foco em testes de modelos de construção e avaliação de folksonomias. As características dessas aplicações estão expressas no Quadro 2.

Quadro 2 -
Principais aplicações da folksonomia

Independentemente da aplicação, a construção das tags possibilitadas pela folksonomia levam à recuperação de certos conteúdos ou objetos digitais. No entanto, observando dialeticamente o processo de construção e socialização do saber, importa destacar que alguns cuidados devem ser tomados, sobretudo quanto à maneira como os conteúdos são produzidos, assim como o modo como eles são encontrados na internet.

Se por um lado existe o desafio de dar voz aos silenciados do saber do ciberespaço, por outro, devemos considerar a grande quantidade de informação produzida e compartilhada nesse contexto, considerando que muitos dos sujeitos que participam do processo de construção desse conhecimento encontram-se em estágio de vulnerabilidade social e/ou estão alienados do acesso à informação crítica e confiável. O cenário, contudo, não dirime a contribuição da folksonomia como sistema de indexação social e, assim sendo, a possibilidade de esse sistema ser pensado a partir da integração com contextos sociais diversos. Essas discussões demonstram os desafios colocados aos cientistas da informação no que tange ao diálogo entre a folksonomia e a desclassificação do conhecimento.

Antes de provocar uma ressignificação mental/cognitiva, é necessário então que as relações entre essas disciplinas sejam capazes de refletir uma epistemografia inclusiva, que aborde as contradições existentes entre a colaboratividade de um sistema de organização do conhecimento inclusivo e a marginalização social de seus usuários.

4 Construindo relações entre o conceito de desclassificação e a folksonomia para elaborar modelos colaborativos de Sistemas de Organização do Conhecimento

Como parte da pesquisa bibliográfica foram buscados, primeiramente, os trabalhos de García-Gutiérrez que discutem o conceito de desclassificação, identificando sobretudo o de 2006. Um artigo de 2011 foi também fundamental nesse sentido, ao trazer a desclassificação como caminho para superar a epistemologia imposta pela racionalidade moderna (García-Gutiérrez, 2011a) e assim aliar a discussão ao objetivo e a problemática de pesquisa proposta no trabalho. Outros trabalhos do autor (2013, 2014) que desenvolvem temáticas correlatas foram também identificados e analisados.

Em um segundo momento, procedeu-se ao levantamento e estudo dos trabalhos publicados em cinco periódicos Qualis CAPES A2 da Ciência da Informação (Informação & Informação; Em Questão; Encontros Bibli; Informação e Sociedade: Estudos; Perspectivas em Ciência da Informação), publicados entre 2020 e 2024, a partir de palavras-chave relacionadas ao tema do trabalho - “folksonomia”, “indexação social”, “modelo colaborativo”, “modelo colaborativo de indexação”, “SOC colaborativo”, “sistema colaborativo”.

Tais artigos foram submetidos à análise de conteúdo, proposta por Bardin (1977). Para fazer essa seleção, foram verificados primeiramente seus títulos e havendo proximidade com os temas das palavras-chave ou trazendo alguma delas como parte do título, procedeu-se ao download do documento, à leitura do resumo e na sequência, à busca pelas palavras-chave. Foram consultados, também, as seções e tópicos de cada um dos trabalhos, bem como seus resultados, buscando entender os conceitos ali trabalhados para assim identificar ou não relações com a temática da pesquisa.

Conforme explicita Bardin (1977), são consideradas como parte da análise de conteúdo ações que, a partir de um conjunto de técnicas, possam explicitar e sistematizar o conteúdo das mensagens e o que seria a expressão desse conteúdo. Desse conjunto de técnicas, fazem parte três etapas, as quais foram adaptadas considerando as características da pesquisa:

  1. pré-análise - procede-se à escolha dos artigos a serem analisados, bem como à elaboração de hipóteses e objetivos, que incidirão nos resultados da interpretação. Nessa etapa ainda ocorre a escolha dos artigos alinhados aos objetivos da pesquisa, a coleta do corpus de artigos cujas palavras-chave foram encontradas, aplicando-se a eles a regra de exaustividade e, posteriormente, a regra de representatividade - apenas aos artigos que desenvolvem um trabalho com sistemas de indexação social do tipo folksonomia;

  2. exploração - etapa dedicada à análise dos artigos considerando as regras e critérios estabelecidos;

  3. tratamento dos resultados - analisam-se os resultados com base em inferências.

Por meio da investigação nos portais dos periódicos para a escolha dos artigos, percebeu-se que grande parte dos que se dedicam aos estudos envolvendo a indexação, desenvolvem a abordagem a respeito de indexação automática, metodologias de representação de objetos informacionais, diretrizes para palavras-chave, todos ligados a sistemas de organização do conhecimento mais tradicionais.

Do corpus selecionado, observa-se um total de sete artigos, três deles recuperados na Encontros Bibli, um na Informação & Informação e três na Informação e Sociedade: Estudos. Não foram encontrados trabalhos relacionados às palavras-chave nos periódicos Em Questão e Perspectivas em Ciência da Informação.

A partir desse universo, procedeu-se ao tratamento dos resultados com base nos princípios de categorização (Bardin, 1977). Foram reunidos artigos cujo conteúdo da mensagem apresenta ligação com discussões envolvendo indexação social do tipo folksonomia que contribui para reforçar possíveis relações entre a folksonomia e o conceito de desclassificação de Garcia-Gutierrez. Esse tratamento se deu, primeiramente, identificando como as temáticas foram desenvolvidas nos artigos. Em um segundo momento, procedeu-se à interpretação e inferência desses trabalhos, com base na constituição de categoria, notadamente, a categoria Sistema Colaborativo de Organização do Conhecimento.

Considerando as etapas preconizadas por Bardin (1977) a respeito da análise de conteúdo, os resultados obtidos estão demonstrados no Quadro 3.

Quadro 3 -
Resultados a partir dos procedimentos da análise de conteúdo

Os autores Silva e Correa (2020) propõem a análise comparativa de dois sistemas de indexação automática por atribuição multilíngue, o Sistema de Indexação Semiautomático (SISA) e o Multi-purpose Automatic Topic Indexing (MAUI), identificando os respectivos recursos de cada sistema durante o processo de indexação automática. No artigo, o termo folksonomia aparece uma única vez, como um possível atributo da ferramenta MAUI na medida em que as tags da ferramenta podem ser aprimoradas por meio de marcas pessoais de seus usuários.

Nascimento, Martins e Albuquerque (2023) têm como foco a produção científica e as tendências de pesquisa sobre indexação automática, semiautomática e por computador, indexadas na Base de Dados Referencial de Artigos e Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI), de 1972 a 2021, identificando pesquisadores, periódicos e períodos que mais apresentaram pesquisas correlatas. Nesse artigo, os termos indexação social e folksonomia, que vem acompanhado do termo “assistida”, aparecem apenas uma vez, no contexto de exemplificação de temas que foram estudados com mais frequência em um período específico do recorte temporal da pesquisa (2017-2020).

Morais e Gracioso (2023) buscam identificar conceitos que expressam o feminismo decolonial, defendendo-o como um movimento genuíno de justiça social. Os conceitos identificados são analisados a partir das Categorias Fundamentais de Ranganathan, constatando a viabilidade desse sistema na compreensão de diferentes domínios do conhecimento. No artigo, o termo folksonomia aparece uma vez, e somente dentro do título de uma pesquisa exemplificada como obra que versa sobre o feminismo: #Vamosfazerumescandalo: folksonomia e ativismo digital, de autoria de Romeiro (2021).

Barros, Sales e Rosa (2022), por sua vez, buscam sistematizar aspectos fundamentais da folksonomia com base na literatura sobre o tema, identificando uma predominância de publicações de origem chinesa relacionadas à temática, notadamente no ano de 2018. Com base em linhas de abordagem da folksonomia, os autores demonstram como elas podem ser aprimoradas por meio da categorização de termos. Por trazer a folksonomia como discussão central, o termo aparece aproximadamente 75 vezes, sendo tratada e discutida em seus aspectos conceituais ou para exemplificar suas possibilidades de aplicação. O termo indexação social aparece uma vez como uma outra possibilidade de denominação para folksonomia.

Pinho e Oliveira (2020) conceituam folksonomia para investigar se os conceitos de ordem, desordem e organização de Morin contribuem para a compreensão dessa enquanto SOC, identificando que tais conceitos permitem compreender a gênese e a função da folksonomia enquanto SOC colaborativo e complexo. Nesse trabalho, o conceito de folksonomia é também central na discussão, aparecendo cerca de 40 vezes.

Santos (2020) tem como objetivo estudar o processo de indexação das xilogravuras apresentando uma proposta metodológica para a indexação desse tipo de imagem com base no arcabouço da Semântica Discursiva. O termo folksonomia aparece em duas ocorrências, uma vez para se referir à pesquisa de doutorado que deu origem ao artigo, na qual foram discutidas as potencialidades da folksonomia para a representação de xilogravuras, e outra para exemplificar um tipo de ferramenta colaborativa de indexação de recursos imagéticos. O termo sistema colaborativo é mencionado para explicar uma das etapas para a indexação da xilogravura.

Por fim, Fujita (2020) trata sobre o debate existente na literatura acerca da linguagem natural ou controlada no contexto da web 2.0, concluindo com a necessidade da coexistência de ambas em sistemas de informação para a representação na indexação e na busca. O termo indexação social é mencionado sete vezes no artigo e aparece, na primeira vez, como categoria de análise em torno do debate sobre palavras-chave oriundas da linguagem natural e descritores da linguagem controlada, sob a categorização “Estudos sobre o uso de sistemas de marcação do usuário para indexação social”. Em outro momento, a autora menciona pesquisadores que se dedicam ao estudo dessa categoria, exemplificando a maneira como Santos (2016) e Santos e Corrêa (2015) abordam a indexação social em seus trabalhos. Essa exemplificação é acompanhada do termo “modelos colaborativos”, utilizado para qualificar indexação social, mencionando assim o termo “modelos colaborativos de indexação social”. Além dessa ocorrência, modelo colaborativo aparece mais uma vez, também para qualificar indexação social. Folksonomia aparece uma única vez na explicação do trabalho desenvolvido por Santos e Corrêa (2015).

Quanto à interpretação e inferência dos trabalhos, foram selecionados aqueles que mais se relacionam com discussões que contribuem para reforçar potenciais relações entre a folksonomia e o conceito de desclassificação de García-Gutiérrez, inserindo-os na categoria Sistema Colaborativo de Organização do Conhecimento.

Os procedimentos metodológicos da pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo junto às etapas da análise de conteúdo contribuíram para o levantamento e o estudo direcionado de trabalhos que discutem a folksonomia enquanto sistema de organização do conhecimento colaborativo, assim como aqueles que trazem em seu bojo o conceito de desclassificação, debatidos a partir do conceito original trazido por García-Gutiérrez (2006). A conceitualização da dialética do conhecimento mostrou-se também importante nas discussões ao trazer a contradição em sua base e, assim, postular reflexões que propiciam um processo de desclassificação do conhecimento.

As possibilidades apresentadas pela folksonomia como sistema de indexação social permitem contribuir com propostas de sistemas que dirimam a dominação comumente expressas nesses sistemas, dadas suas aberturas ao poder hegemônico e “[...] aos discursos [...] autoritários e regulatórios” (Moura, 2018, p. 120). As classificações também se inserem nessa lógica. De acordo com Adler:

As classificações nunca são construídas isoladamente. Elas são formadas por processos sociais e estão em diálogo umas com as outras. [...] sua invisibilidade e onipresença significam que os sistemas e hierarquias são profundamente enraizados em nossos sistemas de recuperação de informações, nas estantes e através de comunidades discursivas (Adler, 2017, p. 23, tradução nossa).

Inseridos nesse contexto, as fragilidades dos sistemas de organização do conhecimento têm ocupado discussões no âmbito da Organização e Representação do Conhecimento na tentativa de propor soluções para superar as assimetrias colocadas pelo discurso dominante. Assim, ocupam-se de reflexões que propiciem aos SOC a representação, a indexação, a recuperação e a circulação da informação com atenção às questões sociais. Moura (2018) destaca, nesse sentido, a importância de se considerar a diversidade de fontes e contextos na construção e validação de termos que serão parte da indexação, tornando possível, assim, “[...] retirar das sombras do rareamento inúmeras temáticas e agendas sociais” (Moura, 2018, p. 8).

A colaboratividade da folksonomia se destaca nesse sentido, ao aproximar o sistema da realidade social a partir da integração entre indexadores e sujeitos. Lara e Mendes (2017, p. 29) afirmam que “Não é possível conceber o conhecimento do sujeito fora de sua inserção no mundo” e, com base em Mai (2011) explicam as transformações ocorridas nos procedimentos da Organização e Representação do Conhecimento, antes centrados na reprodução da realidade objetiva para uma tradição voltada para o usuário, “[...] onde objetivam auxiliar nas atividades de um domínio particular do conhecimento e facilitar a comunicação entre documentos, classificadores e usuários” (Lara; Mendes, 2017, p. 33).

Apoiando a folksonomia como um sistema de indexação social ou colaborativo, por estar relacionada aos conhecimentos construídos a partir da experiência, Soler Monreal e Gil Leiva (2010) estabeleceram um rol de características, expressas no Quadro 4, a partir de atributos específicos que permitem compreendê-la por um olhar mais amplo e como um processo não centralizado.

Quadro 4 -
Características da Folksonomia

No que tange à subjetividade de suas fontes, à inexistência de autoria, à linguagem natural, às relações associativas e à participação ativa dos usuários, conforme exposto no quadro, é possível relacionar a folksonomia à desclassificação, na medida em que opera tal qual a desclassificação, ou seja, “[...] com categorias abertas, cuja tendência última é o pluralismo lógico, cultural, social ou cognitivo [...] [introduzindo] uma nova ordem [...] para agregar, reunir” (García-Gutiérrez, 2006, p. 110).

Além disso, dada a característica social ou colaborativa inerente à folksonomia, solidificam-se as aproximações com a desclassificação, notadamente quando discutidas sob as bases da epistemografia:

[...] a Epistemologia representaria esse mundo ideal do conhecimento competitivo e bem sucedido e, a epistemografia, se ocuparia do conhecimento despercebido. Assim, a partir de sua posição sensível, a epistemografia adentra tanto nos privilegiados vice-reinados das áreas científicas como na imensidão das favelas do saber, mas com interesses reais e conhecimento digno, que sobrevivem em seu entorno (García-Gutiérrez, 2006, p. 105).

As aproximações foram também percebidas a partir do processo de categorização e inferência como parte dos procedimentos da análise de conteúdo (Bardin, 1977), cuja análise do corpus selecionado na pesquisa permitiu a criação de categoria que se relaciona com as discussões que contribuem para reforçar possíveis relações entre a folksonomia e o conceito de desclassificação de García-Gutiérrez. Assim, esses trabalhos foram inseridos na categoria Sistema Colaborativo de Organização do Conhecimento, possibilitando interpretações e inferências conforme demonstrado no Quadro 5:

Quadro 5 -
Categorização e inferência dos resultados sob a categoria Sistema Colaborativo de Organização do Conhecimento

Para além do processo de inferência a partir da categorização apresentada no quadro anterior, demonstra-se que, ao ser empregada pelos próprios sujeitos informacionais e usuários da informação, a folksonomia possibilita ampliar o espectro de diálogo, antes apenas restrito à comunidade científica, e, assim, propor sistemas de organização do conhecimento mais integrados aos diferentes contextos, de acordo com a realidade social e em diálogo com a multiculturalidade.

Dado seu caráter descentralizado no processo de representação do conhecimento, ao possibilitar a atribuição e categorização de tags em sistemas colaborativos, obtém-se o potencial da folksonomia na contribuição de discussões relacionadas ao conceito de desclassificação, posto que pode operar pela desclassificação, pela decolonização, incorporando, assim “[...] conhecimentos excluídos dos fluxos em que transitam os conhecimentos dominantes [...]” (García-Gutiérrez, 2006, p. 105).

Ainda, considerando a possibilidade da livre inclusão de marcadores e etiquetas por múltiplos usuários ou grupos de pessoas, por meio do uso da linguagem natural para representar o conhecimento (Corrêa; Santos, 2018), tem-se os fundamentos para se pensar na constituição de SOC mais integrados aos diferentes contextos sociais que, aliados à ideia de epistemografia de García-Gutiérrez (2006), corroboram as relações entre o conceito de desclassificação e a folksonomia.

5 Considerações finais

A partir do exposto, é possível concluir que a desclassificação é parte do processo de construção de uma epistemografia, ultrapassando, portanto, as determinações do positivismo e do racionalismo. Sua razão de ser é forjada e se fortalece a partir dos postulados que congregam correntes teóricas como a dialética, o construtivismo, a teoria crítica e a interseccionalidade.

A desclassificação é potencialmente uma forma de pensar e agir que valoriza a exomemória descrita por García-Gutiérrez (2006) e, por consequência, a memória coletiva dos excluídos do saber por meio do registro e da recuperação realizada pelo usuário comum (Santos; Corrêa, 2015).

O conceito, nesse sentido, pode ser relacionado à folksonomia, pois ambas as discussões possibilitam tratar o processo de indexação a partir de uma perspectiva sociocultural, valorizando a construção social da realidade local, inerente às práticas da Organização e Representação do Conhecimento, principalmente quando falamos de indexação social.

Reforça-se que não se trata de explorar a indexação no sentido pleno do conceito, já que não é necessariamente realizada pelo profissional da informação e não adota regras ou políticas de indexação, além de não formar uma hierarquia de palavras. Ainda assim, possibilita ampliar o espectro de atribuição de descritores na indexação, já que nem sempre apenas o profissional da Ciência da Informação consegue fazer um tratamento descritivo e temático de uma dada coleção e os usuários podem auxiliar nessa tarefa (Santos, 2016).

Na medida em que desclassificar significa inverter a lógica dominante do ato classificatório empreendido pela ciência moderna, reiteram-se as relações entre o conceito de desclassificação e a folksonomia enquanto um sistema de organização do conhecimento colaborativo e participativo, e nessa medida, integrado ao usuário e suas necessidades enquanto sujeitos informacionais.

Essas discussões demonstram, assim, de que maneira é possível construir relações entre o conceito de desclassificação, de García Gutiérrez (2006) e a folksonomia, a partir dos fundamentos teóricos que sustentam esses estudos na Ciência da Informação e na Organização e Representação do Conhecimento.

Por fim, importa destacar que a investigação realizada por meio da análise de conteúdo permitiu inferir a respeito da pouca quantidade de trabalhos que desenvolvem a temática no âmbito da Ciência da Informação e da Organização e Representação do Conhecimento, dificultando tratar tal método de indexação a partir de um ponto de vista contra hegemônico, com um olhar para a proposta de desclassificação de García-Gutiérrez.

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Editado por

  • Editor-chefe
    Thiago Henrique Bragato Barros

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    17 Jul 2024
  • Aceito
    29 Jan 2025
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