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Sobre a melhoria da produção e da avaliação de periódicos científicos no Brasil

About the improvement of production and evaluation of scientific journals in Brazil

Sobre la mejoría de la producción y de la evaluación de revistas científicas en Brasil

Resumo

O documento que apresentamos é fruto da reflexão de Editores de Periódico Científicos ligados ao FEPAE Sudeste – Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação Sudeste – e expressa preocupações concretas sobre as condições materiais para a realização de seu trabalho, assim como, sobre os critérios de avaliação que vêm sendo utilizados para qualificar suas revistas. Orçamentos mais enxutos, o desmonte de estruturas universitárias que sustentavam muitas revistas acadêmicas e indexadores que cada vez mais complicam os procedimentos operacionais envolvidos na produção editorial, fragilizam as revistas nacionais. Falta de visibilidade sobre os processos de avaliação, ausência de diálogo sobre resultados e questões ligadas à periodicidade do QUALIS trazem uma insegurança para os autores que têm nos periódicos o veículo de divulgação de suas práticas e teorias. Queremos, assim, adensar a discussão com a comunidade científica e a Agência Reguladora Governamental, sobre os destinos que estarão reservados aos Periódicos Científicos brasileiros.

processo editorial; periódicos acadêmicos; avaliação; Qualis; CAPES

Abstract

The document we presented is the result of the reflection of Editors of Scientific Journals connected to FEPAE Southeast and expresses concrete concerns about the material conditions for the realization of its work and about the evaluation criteria that have been used to qualify its journals. Cheaper budgets, dismantling of university structures that supported many academic journals and indicators which everytime complicate even more the operational procedures involved in editorial production, undermine the national journals. Lack of visibility about the evaluation procedures, absence of dialogue about results and questions connected to the Qualis frequency bring uncertainty for the authors who have in the journals a vehicle for sharing its practices and theories. This way we want to deepen the discussion with the scientific community and the Regulatory Governmental Agency - CAPES - about the destinations reserved to Brazilian Scientific Journals.

editorial process; academics journals; evaluation; Qualis; CAPES

Resumen

El documento que presentamos es fruto de la reflexión de Editores de Revistas Científicas ligadas al FEPAE Sudoeste – Foro de Editores de Revistas del Área de Educación Sudoeste – y expresa preocupaciones concretas sobre las condiciones materiales para la realización de su trabajo, así como sobre los criterios de evaluación que vienen siendo utilizados para calificar sus revistas. Presupuestos más restrictos, el desmonte de estructuras universitarias que sustentaban muchas revistas académicas e indexadores que cada vez complican más los procedimientos operacionales involucrados en la producción editorial, fragilizan a las revistas nacionales. Falta de visibilidad sobre los procesos de evaluación, ausencia de diálogo sobre resultados y cuestiones ligadas a la periodicidad del QUALIS representan incertidumbre para los autores que ven a las revistas como un vehículo de divulgación de sus prácticas y teorías. Queremos, así, enriquecer la discusión con la comunidad científica y la Agencia Reguladora Gubernamental, sobre los destinos que estarán reservados a las Revistas Científicas brasileras.

proceso editorial; periódicos académicos; evaluación; Qualis; CAPES

1 Introdução

Em encontro do Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação (FEPAE) da Região Sudeste – realizado no dia 24 de junho do presente ano, na Sala do Conselho Universitário, na Reitoria da Universidade Estadual Paulista - UNESP, em São Paulo –, o grupo de editores que subscreve este documento avaliou as condições concretas de produção de periódicos científicos brasileiros em Educação e os processos de avaliação sob os quais eles estão submetidos1. Passamos a relatar as questões que foram discutidas e que compõem este documento.

2 Sobre a estrutura das Revistas

É preciso reconhecer que há profundas diferenças na estrutura operacional disponível para as revistas que fazem parte do FEPAE Sudeste e este fator impacta na visão de cada Editor, na percepção que cada um tem sobre a editoração de periódicos científicos. A fonte de financiamento; o tamanho do orçamento; a qualidade das equipes envolvidas no processo de produção; o QUALIS da publicação; a sua natureza pública, privada, fundacional, associativa ou confessional; o seu vínculo mais próximo ou mais distante de um Programa de Pós-Graduação são aspectos que definem diferentes desafios para cada revista. Enquanto alguns assumem o papel de profissional multitarefas em produção de revistas; outros têm que aprender sobre licitações e como lidar com o Ministério Público.

De qualquer forma, todos reconhecem a dificuldade que atravessamos: por um lado, financiamentos, orçamentos, equipes, equipamentos e espaços mais enxutos; por outro lado, um sistema de avaliação pautado em critérios internacionais que exigem maior volume de respostas para itens que nem sempre estão ancorados na qualidade e significância acadêmica do meio de divulgação. Assim, fica claro que, embora diferentes, nós podemos colaborar para melhorar o processo de editoração de revistas da Área de Educação, contribuindo com o fortalecimento do FEPAE, com a produção intelectual dos professores vinculados aos Programas de Pós-Graduação, com o protagonismo da ANPED – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – no cenário nacional e com a Educação brasileira de forma geral, difundindo ideias e experiências significativas.

A construção de um espaço colaborativo permitirá que enfrentemos com maior desenvoltura editorial e força política questões que estão no horizonte do conhecimento em Educação sobre as quais passamos a problematizar.

3 Como traçar uma política de atuação nucleada pelo FEPAE?

Quando olhamos para a articulação que se forma em torno do FEPAE, sentimos falta de um protagonismo para traçar e debater fronteiras da produção editorial de periódicos científicos. Normalmente, seguimos reagindo a estímulos provocados, em última instância, pelo sistema de avaliação da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Dois parceiros têm papel estratégico para nos auxiliar a planejar o futuro de nossas revistas: a ANPED e o FORPRED (Fórum Nacional de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Educação). Por um lado, os espaços de divulgação do conhecimento brasileiro em Educação não podem estar dissociados daqueles que produzem este conhecimento, portanto, só há sentido, por exemplo, em discutirmos a inserção editorial de nossos veículos internacionalmente se esta ação corresponder à estratégia traçada pelos integrantes dos Programas de Pós-Graduação brasileiros. FEPAE, FORPRED, ANPED e as Universidades brasileiras precisam traçar espaços de debates que resultem em parâmetros para a Educação que se faz no país, dizendo claramente quais aspectos devem ser medidos pelos órgãos reguladores do sistema educativo. Por outro lado, é preciso reconhecer que o momento Histórico-institucional vivido por nossas organizações dentro da ANPED avança para uma postura mais democrática e participativa, criando oportunidades de aproximação produtiva.

Embora tenhamos discutido a possibilidade de outro órgão, para além da CAPES, exercer o papel de avaliar o sistema de periódicos científicos de Educação – tais como FEPAE, FORPRED ou mesmo a ANPED –, concluímos que essa atitude só nos enfraqueceria politicamente. Aumentaríamos o trabalho colocado sob nossa responsabilidade, geraríamos um desgaste desnecessário entre nós, lançaríamos dúvidas sobre o Sistema de Avaliação, geraríamos controvérsias que retirariam a força política que devemos ter para contra-argumentar com a Agência que nos regula. Ações de colaboração entre nós, porém, podem auxiliar na superação de problemas que hoje enfrentamos na relação com a CAPES, dando visibilidade ao processo de estabelecimento de critérios; ao processo de avaliação de cada publicação; e invertendo as regras de delimitação dos parâmetros de periodização que servem para a avaliação.

Outro ponto colocado durante o encontro foi a necessidade de o FEPAE protagonizar ações – associado à ANPED e ao FORPRED – para atrair novos periódicos para as nossas lutas comuns evitando outras propostas que a discussão descartou como a formação de uma Associação Brasileira de Periódicos Científicos. Inclusive seria muito bom ter um selo distintivo de membro do FEPAE para as revistas associadas. No entanto, é importante notar que os Editores de revistas científicas se sentem extremamente desconfortáveis quando justas reivindicações sobre o processo avaliativo são tratadas como “choro de perdedores”.

Finalmente, espera-se um incansável trabalho do FEPAE para que as revistas sejam reconhecidas pelas Universidades. Em período de crise financeira, como o que estamos vivendo, muitas revistas têm no apoio das Universidades sua chance de sobrevivência: é fundamental uma campanha de conscientização sobre a importância dos periódicos científicos junto às Pró-Reitorias de Pós-Graduação e às Reitorias das Universidades brasileiras. O mesmo vale para as revistas ligadas às fundações e outras instituições público-privadas, reconhecer a relevância é o primeiro passo para a manutenção do periódico.

4 Dois princípios e uma consideração sobre o processo de avaliação

O FEPAE Sudeste reconhece que a autoridade institucional para a avaliação de qualquer processo que lide com a Educação deve ser construída através da postura ética e do respeito entre interlocutores; do rigor de critérios e métricas de aplicação; da visibilidade dada ao processo; do diálogo que permita a superação de divergências de interpretação; e do caráter pedagógico que reveste o ato de avaliar, ou seja, para que os avaliados encontrem na avaliação u

m caminho para melhorar seus resultados. As críticas que hoje aparecem sobre a avaliação dos Periódicos da Área de Educação estão diretamente ligadas à quebra de procedimentos frente àquilo que julgamos ético, visível, democrático e pedagógico. Retomamos a discussão já esboçada no item anterior, reforçando a ideia de centrar o nosso debate em dois princípios e uma consideração que norteiem a relação entre avaliadores e avaliados.

O primeiro princípio é muito simples e diz respeito à submissão de todo o processo de avaliação aos critérios estabelecidos pelo Documento da Área de Educação na CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Seria ingênuo de nossa parte imaginar que não existem sombras, interstícios entre critérios, mas é importante lembrar que na administração pública – campo que chancela o caráter institucional da avaliação em órgão atinente à estrutura governativa – quando se usa o poder discricionário é necessário formalizar o argumento a favor da decisão tomada. É importante ressaltar que um bom critério é aquele que dá um horizonte para que Editores planejem suas ações na direção do que almejam para o futuro de suas Revistas. O mesmo efeito educativo tem o resultado da avaliação: o Editor olha para Revistas mais bem avaliadas e constrói uma trajetória de melhorias para chegar até elas. São regras básicas que reforçam a confiança no sistema de avaliação.

O segundo princípio decorre do primeiro: se critérios são eticamente aplicados e estão formalizados em uma ficha de avaliação para cada Periódico, não há porque não dar conhecimento – publicizar – aos avaliados de seus resultados em cada quesito. Num país que engatinha para tornar visível a gestão da coisa pública, da res publica – por exemplo, na questão dos gastos públicos com a Lei da Transparência – é inconcebível que não seja possível estabelecer diálogo pedagógico com avaliadores por desconhecimento do resultado de cada julgamento particular. Praticamente toda a desconfiança sobre o sistema de avaliação é gerada por esse único fato. Está claro entre nós a publicização dos resultados não é uma demanda daqueles que exibem notas de avaliação mais baixas, já que a Revista bem avaliada também está insegura frente ao futuro.

A consideração que se coloca é: avaliar para quê? A avaliação é uma punição pelo passado ou algo que ajude a planejar o futuro, dando estabilidade ao sistema e permitindo a correção de rotas para o aperfeiçoamento contínuo. O QUALIS publicado posteriormente à coleta de dados na Plataforma Sucupira sobre o período de avaliação anterior é injusto e desestabiliza o sistema de avaliação, transformando a quantificação da produção docente num jogo de loteria. O Qualis de hoje deveria estar valendo para o quadriênio 2017-2020, orientando os acadêmicos da Área de Educação para balizarem sua escolha do veículo a divulgar sua colaboração.

É normal que uma inversão desse tipo teria que ser acompanhada de outras decisões sobre rotinas utilizadas para o processo avaliativo. A partir da publicização das fichas de avaliação 2013-2016:

  1. toda revista que se visse prejudicada no processo de avaliação poderia abrir um diálogo com os Avaliadores para dirimir divergências;

  2. revistas que melhorassem seus indicadores frente aos critérios – em período posterior à avaliação – poderiam pedir reavaliação;

  3. revistas novas poderiam entrar com pedido de avaliação a qualquer tempo, ou mesmo revistas que foram excluídas do sistema e gostariam de voltar.

Durante o período entre avaliações, os Avaliadores poderiam se valer de amostras retiradas dos estratos – 5 a 10% anualmente – para estabelecer um diálogo com os Editores sobre tendências importantes para a Área de Educação. De qualquer forma, todos esses procedimentos não invalidariam uma avaliação – na hora que fosse julgada conveniente – a uma Revista que se enfraquecesse diante dos critérios estabelecidos.

Para os Editores, essa medida proporcionaria o tempo necessário para que ações estratégicas fossem planejadas a partir da avaliação pregressa.

5 Proposta de pauta para a discussão sobre os periódicos científicos em Educação

O FEPAE Sudeste reforça o pedido de abertura urgente de diálogo sobre este documento com os demais FEPAEs, incluindo a Direção Nacional, com o FORPRED e com a ANPED num movimento de preparação para o que deve ser a nossa discussão no Encontro da ANPED, em São Luís do Maranhão.

Neste sentido, reforçamos também que: os Editores de Periódicos Acadêmicos da Área de Educação reconhecem a necessidade de fortalecer o FEPAE. Queremos auxiliar, o quanto nos seja possível, ações que venham a facilitar o trabalho de editoria científica em todo o país, realçando o tema da cooperação entre todos nós. Queremos trabalhar pelo selo FEPAE e pela divulgação do trabalho dos Editores junto às Universidades brasileiras.

6 Preparando São Luís

Alguns temas específicos devem estar na pauta de discussão com o FORPRED e com a direção Nacional da ANPED.

O primeiro é a ‘qualisficação’ da produção docente. O QUALIS Periódicos e o QUALIS Livros são a base da avaliação da produção docente na Área de Educação. Embora esse fato reforce a importância do desempenho de nossas revistas, parece-nos que a comunidade acadêmica, particularmente aquela diretamente voltada à Pós-Graduação, têm a responsabilidade de definir melhor sua postura frente ao Comitê de Área em Educação. Boa parte dos critérios usados para medir a produção do nosso conhecimento não pertence aos parâmetros das Ciências Humanas, em geral, e nem da Educação, em particular. Claramente, quais devem ser os parâmetros importantes a serem medidos na produção docente de forma a que esses parâmetros estejam rebatidos na seleção da produção que vai para divulgação em nossas Revistas? É importante perceber que o trabalho do Editor não pode estar restrito a atender apenas aos princípios que regem o QUALIS CAPES, ou as exigências dos Indexadores, já que o QUALIS abriu mão da Avaliação Científica dos Periódicos da Área de Educação e transformou-se num “contar” indexadores, cabendo aos Editores o papel menor de “adequarem-se” às métricas exigidas pelos diversos indicadores. Por outro lado, uma Revista cujo escopo não seja publicar pesquisas e teorias sobre Educação pode ser bem avaliada no nosso QUALIS?

O segundo tema conecta-se diretamente com o primeiro. Todas as discussões que temos participado colocam no horizonte da Avaliação o Fator de Impacto. O Fator de Impacto é o medidor universal que interessa à Área de Educação, como indicador da qualidade do que se produz de Conhecimento na nossa área, no Brasil? Fator de Impacto tem o mesmo significado de impacto científico, em Educação? Para as Revistas nacionais, é interessante participar da competição global sobre Impacto de Publicações, disputando com orçamentos internacionalizados? Temos que concorrer com empresas de divulgação global por uma fatia de mercado? Por outro lado, conhecemos as distorções de trabalhar com número de citações – mesmo utilizando ferramentas de controle para plágio, autoplágio e similaridade – através de políticas de Revistas que exigem ser citadas em troca de seu espaço editorial, ou do alto índice de citações de artigos absurdos.

Liga-se aqui um terceiro tema que é a internacionalização que queremos para a Área de Educação. Ao olharmos os movimentos em curso nas Agências de Financiamentos, percebemos uma clara intenção de que a internacionalização se faça no Eixo Norte-Sul, já que os rankings de universidades com maior prestígio privilegiam e classificam melhor, obviamente, países de língua inglesa. Assim, para que isso se reflita em aspectos muito concretos do trabalho de Edição – publicação em outras línguas; seleção de temáticas importantes; normas de padronização; etc. – é preciso que tenhamos uma direção sobre as prioridades que a Área de Educação está estabelecendo para sua produção. O universo concreto da educação que se faz na América Latina ou em Ibero América ou no continente Africano constitui-se em uma internacionalização menor?

O quarto tema é sobre a cientificidade que se estabelece sobre a proporcionalidade dos extratos do QUALIS e dos Programas de Pós-Graduação. A Área de Educação no Brasil chancela que haja qualquer sentido científico, para além da competição predatória, no fato de criar travas de proporcionalidade para a excelência de suas Revistas ou de sua Pós-Graduação? Existe uma métrica científica de proporcionalidade ótima entre bons e ruins; entre os melhores e os piores? Em um ambiente que se estabeleça sob esse princípio, como criar regras de colaboração produtiva? Qual é a pedagogia que se estabelece sobre esse método científico?

O quinto e último tema é de nosso particular interesse e diz respeito à formação de Editores e Pareceristas nos cursos regulares de Pós-Graduação em Educação. Há um estrangulamento, hoje, na oferta de pessoal habilitado a trabalhar nas Revistas ou em colaborar como Pareceristas. Dado que a avaliação da produção docente nos Programas de Pós-Graduação, hoje, é medida pela divulgação em Revistas qualificadas, formar bons escritores de textos científicos, bons Editores, bons revisores e bons pareceristas é nossa tarefa comum, ou seja, investir no letramento editorial de nossos pós-graduandos pode ser matéria curricular ou Atividade Regular importante da Pós-Graduação.

7 Principais desafios editoriais

A partir de apresentação feita pelo Editor Nelson Gimenes – Revista Estudos em Avaliação Educacional (EAE) da Fundação Carlos Chagas (FCC), elencamos alguns obstáculos a serem enfrentados no processo de edição, comum a todos.

  1. Sensibilizar alunos de Mestrado e Doutorado para questões como: o que é um periódico científico; quais são as fases do trabalho de editoração científica; qual o caminho que trilha uma Revista Acadêmica. Discutir formas de construir um processo de colaboração entre pós-graduandos e Editores.

  2. Quando nos debruçamos sobre nossas Revistas percebemos que falta padronização quanto a nossos Conselhos ou Comitês Acadêmicos e nossas Comissões Editoriais. Incomoda o distanciamento que se forma entre os Comitês e a Comissão Editorial. Falta padronização também em relação à norma: APA ou ABNT. As teses e dissertações trabalham com a ABNT, mas a marcação XML e algumas normas internacionais sugerem a APA.

  3. Ressaltou-se a importância da figura do Editor Associado que divide responsabilidades com o Editor, inclusive tomando decisões editoriais como fazer a gestão de manuscritos, indicar pareceristas, avaliar pareceres e realizar a leitura de aprovação, melhorando o fluxo da produção e dividindo a sobrecarga que é o trabalho do Editor. Há periódicos em que o Editor Associado não existe mas existe o Gerente Editorial ou o Editor Adjunto. Importa ter uma figura que divida as responsabilidades com o Editor chefe.

  4. Alguns dos indexadores de Revistas – como o Scielo, por exemplo – acusam de endogenia os Comitês Editoriais compostos por membros da mesma Instituição. Há casos em que a equipe de suporte à edição é toda vinculada à instituição – caso da FCC. No entanto, dentro de nossas instituições normalmente existe maior pluralidade, tendo em vista que convidamos parceiros acadêmicos de várias instituições para comporem o Comitê Editorial.

  5. Há um aspecto importante quando se melhora o QUALIS: o fluxo de artigos aumenta exigindo maior capacidade de resposta, tomando como exemplo o caso da EAE, quando foi classificada A2, o fluxo triplicou. Revistas A1 como a Ensaio: avaliação e políticas públicas em Educação, que mantiveram a qualificação, dobraram o número de artigos recebidos anualmente. Outro movimento importante que teve impacto no fluxo foi a montagem de Dossiês Temáticos e a divulgação da Revista nas redes sociais.

  6. Tudo isso, porém, dificultou encontrar o número suficiente de pareceristas para manter os prazos. Temos visto muitas vezes que pareceristas mais jovens têm mais disponibilidade e maior interesse para avaliar. De qualquer forma, é preciso lidar com pareceristas que muitas vezes gostariam de ter escrito o artigo, cheio de “correções obrigatórias” que voltam e revoltam. Às vezes é preferível negar a pertinência do artigo a entrar em infindáveis correções: se as correções solicitadas são estruturais é melhor rejeitar. Mesmo porque os autores entendem que quando é pedida a correção, basicamente o texto está aceito. Isto quando não ocorre de dois pareceres serem completamente díspares, exigindo uma terceira avaliação.

  7. Sabe-se que tem Revista que está cobrando o processo de produção para chegar à publicação: não há taxa de submissão, mas há taxa de publicação. Fora da Educação essa tática é muito comum – quando não se cobra diretamente –, mas na nossa área a maioria das Revistas assume o custo de revisão e produção.

  8. Uma coisa que facilita o trabalho do Editor é se o periódico pode contar com o trabalho de um setor de biblioteca. Mesmo que o bibliotecário não trabalhe para a Revista, a figura do bibliotecário pode indicar “o caminho das pedras” para uma boa publicação ou indexação.

  9. Dois aspectos que já estão discutidos: a questão do Fator de Impacto e do modelo de Internacionalização que nos interessa. Reforçando o que já foi dito: temos que encontrar um caminho que represente o desejo da Educação. No entanto, esses aspectos dizem respeito ao cotidiano da edição nas coisas mais simples. Por exemplo, um artigo que tenha potencial de citação deve estar no primeiro número do ano, aumentando o seu tempo de exposição na Revista. Quanto à internacionalização, há um impacto efetivo no custo para publicar em mais de uma língua. A pressão dos indexadores é que as Revistas sejam bilíngues. São duas edições ao mesmo tempo: o dobro do trabalho. Algumas questões: há Revistas com temáticas direcionadas ou locais, dependendo de seu escopo, para que traduzir? Todas as revistas possuem recursos para traduzir os artigos?

  10. Outra pressão é para que os Editores trabalhem no sistema Ahead of Print, ou seja, uma vez que o texto foi aprovado, já entra no sistema como publicado e disponível, aumentando o tempo de exposição do artigo. É como se fosse um fascículo de uma Edição. É possível atribuir o DOI, que quando passa a compor a Edição completa permanece o mesmo. Cria-se uma publicação contínua – como quer o Scielo – que vai sendo posteriormente fechada em Volumes.

  11. Outra questão que temos discutido muito é permanecer ou não com Edição impressa. Temos certo apego à Edição impressa e a base SEER permite poucas manobras estéticas. A questão é que a impressa é cara e nem todas as revistas possuem recursos financeiros para manter este tipo de edição.

  12. Finalizando, um aspecto importante, hoje, é a questão do plágio, do autoplágio e da similaridade. Existem muitos aplicativos para identificar o plágio, mas temos que considerar que submetemos artigos inéditos a um sistema: a responsabilidade é do Editor. Há um caráter pedagógico no apontar o plágio ou similaridade: chamar a atenção do autor para o seu compromisso com a originalidade para publicar. É dever de cada Revista estipular suas regras para conter essas práticas.

8 À guisa de conclusão

Posto isto, publicamos este documento para demonstrar nossa preocupação com a avaliação feita pela CAPES no último quadriênio (2013-2016), reforçando a necessidade de as revistas receberem suas fichas de avaliação, a fim de saberem onde precisam melhorar; indicando que as revistas façam parte de um órgão como o FEPAE, a fim de fortalecer o fórum como entidade de apoio e de diálogo com as diversas entidades que avaliam a todos; propondo a discussão imediata de temas como: internacionalização e fator de impacto. Que tipo de internacionalização queremos na área de Educação e até que ponto o Fator de Impacto pode medir, concretamente, o impacto científico dos artigos que publicamos? A intenção do nosso documento é clara, queremos dialogar, esclarecer e fortalecer o FEPAE como órgão mediador de demandas dos periódicos científicos, objetivando maior transparência no processo avaliativo, para que as revistas brasileiras melhorem seus conceitos e consequentemente publiquem em maior quantidade e qualidade, contribuindo para difundir o conhecimento científico.

Referências

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  • SOUZA, C. P. de; MARTINS, A. Qualificação da produção intelectual. Fórum da UNESP, suplemento do Jornal da UNESP. São Paulo: UNESP. Julho de 2017. Pg. 02. Disponível em: https://issuu.com/acireitoria/docs/fo334 Acesso: 17/08/17.
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  • 1
    Como subsídios para a discussão geral do encontro, três textos foram produzidos (Sousa & Martins, 2017SOUZA, C. P. de; MARTINS, A. Qualificação da produção intelectual. Fórum da UNESP, suplemento do Jornal da UNESP. São Paulo: UNESP. Julho de 2017. Pg. 02. Disponível em: https://issuu.com/acireitoria/docs/fo334. Acesso: 17/08/17.
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    – e uma entrevista com a Coordenadora Nacional do FEPAE, Joana Paulin Romanowski. Todo material foi publicado no encarte Fórum do Jornal da UNESP (Acesso em 17/08/17, disponível em: https://issuu.com/acireitoria/docs/fo334).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 2017
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