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Experiências da desigualdade: os sentidos da escolarização elaborados por jovens pobres

Neste artigo, pretendo discutir os sentidos atribuídos à experiência de escolarização por jovens pobres da periferia de Belo Horizonte atendidos em um programa federal de inclusão social - o Programa Serviço Civil Voluntário (1996-2002) do Ministério da Justiça e do Ministério do Trabalho e Emprego. Os dados e depoimentos relatados foram coletados por meio da observação participante e da realização de entrevistas com jovens, pais/mães e profissionais (gestores, instrutores e coordenadores). Em uma de suas fases, debrucei-me sobre as experiências escolares dos sujeitos pesquisados, procurando captar os sentidos elaborados, valores e expectativas quanto à sua escolarização. Esses jovens cresceram sob o impacto da ampliação das desigualdades sociais e econômicas das últimas décadas no Brasil. Ao mesmo tempo em que usufruíram a expansão da escolarização para as novas gerações, experimentaram o acesso à educação de forma desigual. Ao olhar para os sujeitos da pesquisa, constatei que a maioria deles viveu uma trajetória escolar atribulada. Embora tenham maior escolaridade em relação aos seus pais, eles viveram uma trajetória incerta, coberta de dificuldades, feita de idas e vindas na escola. Ao mesmo tempo, embora vivenciem situações de exclusão social e econômica, os sentidos por eles atribuídos à escolarização são múltiplos. A educação permanece como um valor para esses jovens, apesar de manifestarem uma relação tensa e ambígua com relação à instituição escolar. Demandam uma escola de qualidade, com regras e procedimentos claros, mas também que sejam respeitados e reconhecidos como sujeitos de direito.

Juventude; Escolarização; Inclusão social


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