Enfrentando a pedagogia tradicional adultocêntrica, uma professora de Educação Infantil conduz projetos com a participação das crianças em uma sala com áreas diversificadas para brincandeiras livres. Ao utilizar a abordagem de projetos integrada aos pressupostos do High/Scope, a professora valoriza os saberes e as narrativas das crianças durante a construção de uma bruxa com caixa de papelão. O caso focaliza narrativas contendo expressões verbais de natureza binária, típicas do processo de categorização da criança, pesquisadas por Bruner e similares às do pensamento selvagem analisado por Lévi-Strauss. O contexto da pesquisa: espaço físico da sala de atividade, reformulado em 2003, conforme pressupostos do modelo curricular High/Scope e enriquecido com a Abordagem de Projetos. A pesquisa, qualitativa, configura um estudo de caso instrumental, colaborativo, em que uma professora de uma escola municipal de Educação Infantil da cidade de São Paulo desenvolve, com crianças de quatro anos, a prática de contar história em um ambiente que estimula a cooperação, o lúdico e as narrativas. Os resultados indicam que, segundo concepções brunerianas, as narrativas infantis binárias, como bruxa boa e má, morar perto e longe, caixa grande e pequena, evidenciam estruturas típicas do pensamento infantil, que auxiliam no processo de categorização de situações do cotidiano. Práticas de contar histórias, de ouvir a criança e de criar espaço para a recriação de narrativas são coerentes com pedagogias que respeitam as formas de representação do mundo da criança, como a abordagem de projetos.
Narrativas infantis; Abordagem de projetos; Pensamento binário; Andaime