Resumo
Este trabalho discorre sobre as contribuições da teoria histórico-cultural para a discussão das questões raciais no âmbito da educação escolar. Para tanto, aborda pontos relacionados com a constituição do sujeito, a importância da linguagem e a produção de sentido e significado, a partir de autores contemporâneos que estudaram a perspectiva vigotskiana. O estudo de natureza teórica procura contextualizar o pensamento de Vigotski relacionando conceitos de sua obra com a problemática do racismo e da discriminação racial, estruturantes das relações sociais no Brasil. No intuito de apresentar uma psicologia capaz de dar luz às questões raciais, busca-se nos fundamentos da teoria histórico-cultural e de seus interlocutores um aporte para o entendimento das concepções de desenvolvimento humano e o papel das relações étnico-raciais na formação da subjetividade, especialmente da população negra. Discutem-se também os impactos do racismo estrutural brasileiro no processo de subjetivação humana, tomando a área da educação como um dos âmbitos capazes de contribuir para a perpetuação do preconceito racial, ao mesmo tempo que possibilita o aparecimento de iniciativas para a resolução dessa problemática. Constata-se que a teoria histórico-cultural pode constituir-se como fundamento basilar para a compreensão das múltiplas relações raciais que estruturam os espaços educacionais, permitindo o entendimento dos significados e sentidos elaborados pela população a respeito do lugar das pessoas negras numa sociedade em que imperam as desigualdades entre brancos e não brancos.
Relações étnico-raciais; Teoria histórico-cultural; Lev Semenovich Vigotski; Racismo; Educação