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O sujeito diante da aceleração e da ilimitação contemporâneaI I - Replicamos neste texto trabalhos realizados nos últimos anos, trabalhos dedicados ao futuro do sensível nas sociedades contemporâneas, entendendo por isso tanto os sentidos e a sensorialidade quanto os sentimentos. L’avenir du sensible, PUF, 2008. É na fronteira entre sociologia e antropologia que aqui nos situamos, próximo sob muitos aspectos de Mauss, que estabeleceu que os comportamentos e os sentimentos são em grande parte construídos e regidos por modelos.

Subjects in the face of contemporary acceleration and limitlessnessI I - Replicamos neste texto trabalhos realizados nos últimos anos, trabalhos dedicados ao futuro do sensível nas sociedades contemporâneas, entendendo por isso tanto os sentidos e a sensorialidade quanto os sentimentos. L’avenir du sensible, PUF, 2008. É na fronteira entre sociologia e antropologia que aqui nos situamos, próximo sob muitos aspectos de Mauss, que estabeleceu que os comportamentos e os sentimentos são em grande parte construídos e regidos por modelos.

A ampliação dos fluxos tecnológicos, com sua velocidade e crescente aceleração, tem acompanhado e até mesmo provocado a emergência de um mundo líquido e doravante globalizado, em que real e virtual, profundamente imbricados, tendem a ser desprovidos de limites. A construção do sujeito na modernidade bem como as condições da vida psíquica e social foram assim profundamente perturbadas. As condições contemporâneas são dominadas por fluxos sensoriais e informacionais contínuos que, estimulando e até mesmo impondo a instantaneidade e a imediatidade, embaraçam a possibilidade de temporização e de reflexão ao longo do tempo. Esses fluxos provocam efeitos sobre as maneiras de ser, de viver, de pensar, os modos de representação de si e do outro e ainda sobre as maneiras de sentir e de perceber: ao exercer uma pressão contínua sobre os indivíduos, provocam a perda de critérios estáveis e o princípio de limites tangíveis ou pelo menos perceptíveis no espaço e no tempo. Os fluxos contínuos levam o indivíduo a formas de propriedade de si ilimitadas, ao mesmo tempo em que induzem um estreitamento do espaço interior: induzem uma insegurança psíquica e social profunda e, além disso, formas de angústia inéditas.

Personalidade contemporânea; Sociedade líquida; Globalização; Aceleração; Ilimitação


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