Situação-limite e potência de ação: Atuação preventiva crítica em psicologia escolar

Moreira, Ana Paula Gomes; Guzzo, Raquel Souza Lobo

doi:10.5935/1678-4669.20160020

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Estudos de Psicologia (Natal)

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Sumário

A Psicologia e a atuação do psicólogo nas Políticas Sociais, Direitos Humanos e Relações Pessoa-ambiente • Estud. psicol. (Natal) 21 (2) • Apr-Jun 2016 • https://doi.org/10.5935/1678-4669.20160020 copiar

Situação-limite e potência de ação: Atuação preventiva crítica em psicologia escolar

Limit-situation and potent actions: Critical intervention is school psychology

Situación-límite y potencia de acción: Actuación crítico preventiva en psicología escolar

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Falar sobre a trajetória que consolida a Psicologia Escolar no interior do movimento de crítica à estrutura e à dinâmica da sociabilidade capitalista é assunto recorrente, embora sempre pertinente. No entanto, entender que a delimitação do conteúdo da ação crítica do psicólogo escolar não é, ou pelo menos não tem sido, consequência imediata desta trajetória é um desafio urgente. Neste sentido, este trabalho soma-se às iniciativas que vem demonstrando, na prática, o que significa a atuação crítica do psicólogo escolar. Apresentamos aqui uma síntese da nossa proposta: materializar o conteúdo da atuação crítica do psicólogo escolar por meio do conceito de situação-limite desenvolvido por Martín-Baró no interior da Psicologia Social da Libertação e enfatizar o papel da escola como palco desta atuação.

Palavras-chave:
psicologia escolar; psicologia social da libertação; atuação, crítica

Ato 1: O que se perde enquanto os olhos piscam
Cena 1	Ações-Limite	Cena 2
Professora de educação especial conversa com P/P sobre um bilhete que ela recebera de uma professora do 1° ano, apresentando uma das crianças de sua sala, um garoto de 7 anos que ele descreve como hostil porque, segundo ela, ele bate nas outras crianças; P/P e professora de educação especial conversam com a professora do 1° ano sobre a criança supostamente agressiva. A professora diz que se preocupa com o fato de que o comportamento inadequado de uma criança possa prejudicar todas as outras.	P/P pergunta à professora de educação especial sobre a relação que se estabelece entre crianças supostamente agressivas e o trabalho de educação especial, argumentando que isso descaracteriza tanto o trabalho do educador especial como o processo educativo como um todo; P/P pergunta para a professora sobre o que é possível observar como comportamento manifesto da criança e o que desconhecemos da história dela. P/P sugere conversa com a criança.	P/P conversa com a criança fora da sala de aula;
Ações- Limite	Cena 3	Ações-Limite
P/P sugere um desenho e a criança fala sobre sua família; P/P incentiva a criança a dizer como se sente e ela diz que está triste porque os colegas na sala o ximgam e, por isso, ele bate neles	P/P conversa com a professora da classe e com a professora de educação especial sobre suas impressões sobre a conversa com a criança; A professora da classe reitera sua preocupação sobre não permitir que os comportamentos de uma criança atrapalhem a turma toda e sobre sua hipótese de que a criança seja negligenciada pela mãe.	P/P questiona sobre a professora sobre como podemos determinar o que significa o sofrimento de uma criança e de todas as crianças; P/P argumenta que a família está distante da escola e que a escola também deve se implicar com isso para que não produza ações baseadas em suposições; P/P sugere que a professora convide a mãe da criança para uma conversa e se disponibiliza a participar da conversa e ela concorda.
Cena 4	Ações- Limite	Cena 5
P/P e professora conversam com a mãe; P/P fala do Voo da Águia e dos objetivos da Equipe de Psicologia na escola, ressaltando a importância de conhecermos as crianças e suas famílias; Mãe fala sobre sua rotina e a rotina dos seus filhos em casa. Diz que tem trabalhado muito e que isso a tem afastado das crianças e do cuidado com a alimentação e com as roupas delas. Falou que as crianças também sofriam com a ausência do pai, de quem ela se separara recentemente; Mãe fala sobre a importância do contato da escola e diz que vai estar mais atenta às expressões do filho e ao contato com a escola	P/P conduz a conversa, falando para a mãe sobre como vemos a criança na escola, sobre como ela tem se relacionado com os colegas na sala de aula; A professora fala para a mãe sobre o histórico do seu convívio com a criança, descrevendo-o como uma criança doce, mas que, ultimamente, demonstrava sinais de cansaço e irritação; P/P argumenta fala com a mãe sobre a importância da sua proximidade com a criança e da escola com a família, enfatizando a importância de que ambas se dedicassem às necessidades e ao desenvolvimento da criança.	P/P conversa com a professora sobre a criança e ela se diz espantada com a mudança que observara no comportamento da criança; Conversamos sobre o conteúdo das nossas ações e da nossa aproximação da criança e da sua família e sobre o que isso significa para a vivência da criança na escola.

Programa de Pós-graduação em Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicobiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte Caixa Postal 1622, 59078-970 Natal RN Brazil, Tel.: +55 84 3342-2236(5) - Natal - RN - Brazil
E-mail: revpsi@cchla.ufrn.br

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[1] Ana Paula Gomes Moreira, Doutora em Psicologia como Profissão e Ciência pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), é Professora no Curso de Pedagogia da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Endereço para correspondência: Rua Major Francisco de Paula Elias, 330, apto 24, Vila Adyana, São José dos Campos (SP). E-mail: anapaulaa.moreira@gmail.com