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Editorial

Editorial

O número 43 da Educar em Revista representa a consolidação de uma trajetória que colocou esse periódico entre os melhores da área educacional, tanto no âmbito nacional quanto internacional. Essa consolidação é uma caminhada marcada por uma história cheia de superações, seja das dificuldades próprias da produção de uma publicação científica, principalmente de captação de recursos financeiros, seja dos esforços no sentido de ultrapassar os contornos impostos por limites como a endogenia e a manutenção da periodicidade. Vale lembrar, no entanto, que essa caminhada, longe de ser solitária, foi e tem sido construída com um trabalho coletivo e solidário. Por isso, essa consolidação é uma vitória de todos que têm colaborado para o crescimento da Educar em Revista, corajosamente.

Assim, para essa comemoração, nada mais apropriado do que o dossiê temático Educação de bebês e desenvolvimento infantil: intervenção e atenção precoce, proposto por Maria Augusta Bolsanello, onde é apresentado um conjunto de pesquisas e estudos inéditos com o objetivo de contribuir para o grande desafio da melhoria do atendimento biopsicossocial e educacional de crianças na faixa etária entre zero e três anos e da criança pequena. Por meio desse dossiê, segundo a organizadora em sua apresentação, "pretende-se trazer um pouco mais de luz sobre o tema da atenção precoce e evidenciar algumas questões relacionadas com o desenvolvimento infantil, sobretudo no espaço educativo, no sentido de contribuir para o avanço desta disciplina na realidade brasileira". Nessa mesma apresentação, a organizadora renova a importância do respeito aos princípios da dignidade humana, da educação para todos e dos preceitos constitucionais, com os quais a Educar em Revista tem se comprometido em sua trajetória.

Na seção de artigos de demanda contínua, dando curso a esse compromisso e tendo a primeira infância como objeto de investigação, bem como os desenhos e fotografias como fontes documentais, Marcia Gobbi, em seu artigo "Desenhos e fotografias: marcas sociais da infância", se propõe a "suscitar a circulação de ideias sobre criança, infância e suas inventividades, circunscritas a um determinado período de nossa história e cultura". A criança também é tema de discussão no artigo "Enfrentando o problema dos estágios no desenvolvimento mental das crianças", de D. B. Elkonin, traduzido por Maria Luísa Bissoto, com o objetivo de discutir o conceito naturalista e evolutivo de desenvolvimento mental, que dicotomiza a criança nos aspectos necessidade-motivação e intelectuais-cognitivos.

As relações entre perspectivas e metodologias de investigação e o tema da juventude e dos jovens são abordados por Márcia Cabral da Silva, com o título "Grupo focal em pesquisa qualitativa sobre leitura com jovens". A autora traz uma interessante contribuição acerca da utilização do grupo focal como método de coleta de dados, abordando aspectos relacionados aos desafios e reflexões éticas em relação à utilização desse método.

O artigo "Panorama geral das Escolas Agrotécnicas Federais após a Reforma da Educação Profissional (1997-2003)", de Moacir Gubert Tavares e Flávio Massao Matsumoto, analisa a situação do ensino técnico brasileiro no período citado. Realizando pesquisa bibliográfica, análise de documentos norteadores e pesquisa de campo de cunho qualitativo, os autores afirmam que "os resultados sugerem que professores e alunos tiveram que aderir à Reforma da Educação Profissional sem que houvesse tempo suficiente para o debate no interior das escolas" e que esse fato pode ter contribuído para "desmontar toda uma organização que historicamente vinha conferindo à rede de Escolas Agrotécnicas Federais o status de centros de excelência neste ramo de ensino profissionalizante".

A partir de uma instigante pesquisa qualitativa realizada junto a professores(as) do Ensino Fundamental e Médio de uma escola pública, os autores Glauberto da Silva Quirino e João Batista Teixeira da Rocha apresentam o artigo "Sexualidade e educação sexual na percepção docente". Os resultados encontrados levaram os autores a afirmar que "o trabalho docente necessita de constante renovação, sendo preciso superar o modelo biomédico/científico na sexualidade, considerando suas dimensões histórica, social e cultural, cuja transversalidade das ações deve ser uma meta a ser alcançada nos diversos campos do saber".

Betina Schuler e Paula Correa Henning problematizam o conceito de igualdade, "tal como um valor de verdade, funcionando no discurso da Justiça Restaurativa". Considerando que "vivemos uma biopolítica contemporânea", elas fazem uma reflexão a partir de um desafio - "poderíamos pensar em práticas de resistência que buscariam outras experimentações nesse campo educacional, tal como brechas de respiro, não para buscar instalar, então, uma verdade ainda mais verdadeira, mas justamente se colocando nesse jogo da verdade na problematização dos modos como estamos sendo governados e as implicações disso em nosso presente?".

Na continuidade, o educador e pesquisador chileno Juan Cornejo Espejo apresenta as interfaces de uma importante problemática contemporânea, em seu ensaio sobre "Educação, interculturalidade e cidadania". Para esse pesquisador, no cenário latino-americano produto da globalização, "um dos grandes desafios da ação educativa deveria ser a criação de uma cidadania como âmbito de participação, de modo a conciliar identidade cultural e diversidade. Isto é, a escola deveria promover uma 'cidadania intercultural', que não é outra coisa senão uma cidadania consoante com a democracia pluralista que inclui a diversidade cultural".

A resenha elaborada por Marisa Zanoni Fernandes apresenta o livro A educação infantil como um projeto da comunidade: crianças, educadores e pais nos novos serviços para a infância e a família. A experiência de San Miniato, do educador italiano Aldo Fortunati, com tradução de Ernani Rosa e publicação da Artmed. Segundo a autora, a obra mostra a "profunda transformação ocorrida nos últimos 30 anos nos serviços educativos para as crianças de zero a 3 anos de idade da comunidade de San Miniato - Itália, que tem como pano de fundo uma longa trajetória de atenção, reflexão, trabalho, intervenção e pesquisa sobre a infância" e essa experiência "é relatada com muita sensibilidade pelo professor Aldo Fortunati", inspirador, coordenador e partícipe ativo deste projeto educativo.

Esse número da Educar em Revista divulga ainda a tese "Economia solidária: uma proposta de educação não formal", defendida por Sandra Suely Soares Bergonsi, no Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR, sob a orientação da Profa. Dra. Tânia Stoltz.

Com esse conjunto multiperspectivado de temáticas e abordagens, acreditamos que esse número da Educar em Revista vem contribuir, de forma instigante, para reflexões e novas problemáticas na área educacional, dando continuidade à sua trajetória de um periódico comprometido e inovador.

Boa leitura!

Maria Auxiliadora Moreira dos Santos Schmidt

Tânia Maria Figueiredo Braga Garcia

Editoras

Março de 2012

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Abr 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2012
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