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Editorial

Editorial

A Educar em Revista número dezessete vem a público em um momento particularmente importante para a história do periódico. Embora ainda nos faltem detalhes sobre a avaliação dos periódicos educacionais realizada pela Comissão CAPES/QUALIS, já é público o resultado geral, que inclui a Educar entre os periódicos educacionais de abrangência nacional. Compreendemos essa avaliação não como um processo que visa a seletividade e a formação de centros de excelência, mas sim como parâmetro de análise da qualidade da informação acadêmica que circula em nosso país e, sobretudo, como estímulo para a melhoria da qualidade dos veículos responsáveis pela disseminação do conhecimento científico.

O crescimento quantitativo e qualitativo da pesquisa em educação depende da existência de inúmeros periódicos de qualidade, localizados em diferentes instituições, cidades e regiões brasileiras. A propalada democratização da informação científica passa necessariamente por medidas que estimulem a descentralização da sua produção e, por extensão, dos projetos editoriais, de maneira a garantir a pluralidade e a vitalidade do pensamento educacional brasileiro.

Do ponto de vista específico da evolução de nosso periódico, cabe ressaltar que, comparando com a avaliação anterior, passamos de periódico local, nível C, para periódico nacional, nível B. Dos sessenta periódicos avaliados, cinco receberam o conceito de abrangência internacional, nove de abrangência nacional A, dez B, dezoito C e os dezoito restantes foram classificados como de abrangência local A, B e C.

Esse resultado é particularmente interessante, pois conjuga duas mensagens: a primeira reafirma a correção da linha editorial que rompeu com o caráter setorial e departamental da publicação, levando o periódico à condição de abrangência nacional; a segunda indica que precisamos continuar investindo seriamente no aprimoramento de nossa revista, pois ainda existem outros estágios a serem atingidos. E, nesse sentido, cabe lembrar que os obstáculos que enfrentamos não são somente técnicos, financeiros ou gerenciais.

Há problemas muito mais complexos de serem superados, tais como o de produzir um periódico científico em uma área de pesquisa recente como a educação e, mais especificamente, de penetrar no restrito espaço brasileiro de produção cultural e científica, que, historicamente, traz a marca conformadora da concentração das iniciativas em torno de alguns Estados e instituições brasileiras.

Neste número dezessete, temos duas inovações: a primeira refere-se à inauguração da seção de resumos de teses e de dissertações defendidas recentemente; a segunda é a formação do Conselho Editorial Nacional/Internacional. A primeira visa divulgar os trabalhos acadêmicos concluídos recentemente e a segunda aprofundar o processo de avaliação externa e de intercâmbio nacional e internacional. A formação do Conselho Editorial, composto por intelectuais de diferentes instituições, formações e experiências acadêmicas, encerra o ciclo de reformas estruturais que, a partir de 1999, a Educar se empenhou em realizar. A atualização, a periodização semestral, a avaliação externa por pares e a indexação não são mais obstáculos para nós. A questão está, no plano imediato, na manutenção desses requisitos editoriais indispensáveis e, no plano do médio e do longo prazo, em garantir a excelência dos artigos publicados e a penetração do periódico nos diversos espaços de discussão e de produção de conhecimento educacional.

O dossiê publicado neste número, intitulado Cultura e escola: saberes, tempos e espaços como dimensões do currículo, organizado pelas professoras Gizele de Souza e Monica Ribeiro da Silva, do Setor de Educação da UFPR, é mais um passo nesse processo, já que cria condições privilegiadas de interlocução entre a nossa instituição e intelectuais destacados no cenário educacional brasileiro e internacional a partir de uma temática extremamente atual e significativa para a área. Não dedicarei mais observações a respeito desse dossiê, uma vez que as organizadoras realizaram um balanço minucioso de sua produção nas páginas que antecedem os artigos.

A seção de artigos de demanda contínua conta com três contribuições importantes. O artigo de José Carlos Libâneo, Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas, que representa mais uma contribuição de um pesquisador, decididamente dedicado ao debate sobre a especificidade da educação como área do conhecimento, bem como sobre a especificidade da formação de professores e de pedagogos. Na seqüência, os artigos O ensino de História no Paraná, na década de setenta: práticas de professores, de Cláudia Regina Kawka Martins, e Urbanidade e disciplinarização do imigrante italiano nas relações sociais: o Método Facile, de Rosa Lydia Teixeira Corrêa, conjugam, guardadas as suas especificidades temáticas e teóricas, a pesquisa histórica e a reflexão metodológica sobre o ensino de História e de Língua Portuguesa para imigrantes italianos respectivamente.

Após a seção de resumos, segue a resenha de Gisele Quadros Ladeira Chornobai, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPR, sobre a instigante obra Dos pardieiros aos palácios: cultura escolar e urbana em Belo Horizonte na Primeira República, de Luciano Mendes Faria Filho.

O Editor - Carlos Eduardo Vieira

Outono de 2001.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Mar 2015
  • Data do Fascículo
    Jun 2001
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