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Apresentação

A ideia deste dossiê nasceu de uma simples discussão que tive com um grupo de alunos da pós-graduação em Educação da UFPR sobre as siglas utilizadas atualmente nos trabalhos sobre Educação a distância - EaD, EAD, ead, Ead, EAd. Esta discussão terminou imediatamente, com os esclarecimentos de Belão (2014):

oficialmente as nomenclaturas corretas são EaD e EAD. A diferença entre as duas é que EaD significa Educação a Distância, fazendo referência a cursos onde há distância de tempo e ou espaço; já EAD significa Educação Aberta e a Distância e ocorre em cursos onde o próprio aluno escolhe os módulos que vai cursar, por isso é chamada de Aberta. Portanto, EaD e EAD não são sinônimos1.

Se a sigla da educação a distância gera tantas dúvidas e discussões seria interessante ampliar a discussão sobre EaD. Desta forma, trago para este número especial da Educar em Revista da Universidade Federal do Paraná o dossiê sobre Educação a Distância, com pesquisas sobre alguns elementos considerados na organização de um sistema de EaD, que são: os atores da EaD, ou seja, os alunos, professores e tutores; aspectos pedagógicos e de aprendizagem, a infraestrutura, tecnologias, políticas públicas e outros elementos. Reconhecemos que estes elementos, na pesquisa em EaD, nem sempre são considerados separadamente, mas por uma questão de organização classificamos os artigos neste dossiê a partir destes elementos.

No primeiro artigo, "A educação a distância em pesquisas acadêmicas: uma análise bibliométrica em teses do campo educacional", os autores Daniel Mill e Márcia Rozenfeld Gomes de Oliveira apresentam uma análise das relações entre os temas "Pesquisa" e "Educação a Distância" (EaD). Buscaram identificar as articulações entre a agenda de pesquisa sobre EaD e a evolução da área a partir de uma análise bibliométrica das produções científicas (teses de doutorado em Educação), catalogadas pelo Grupo Horizonte (UFSCar).

No artigo seguinte o elemento explorado é a política pública sobre educação a distância no Brasil. Katia Morosov Alonso, no segundo artigo, "A EaD no Brasil: sobre (des)caminhos em sua instauração", analisa documentos emanados do Ministério da Educação, dados de Resumos Técnicos de Censos do Ensino Superior e publicações dedicadas ao tema educação a distância com o objetivo de explicitar determinadas tendências e delineamentos presentes na oferta da educação a distância no Brasil e aponta a urgência na e para a avaliação desta política pública.

O terceiro elemento explorado nesta edição é o da aprendizagem. Suely Scherer e Glaucia da Silva Brito, no terceiro artigo, "Educação a distância: possibilidades e desafios para a aprendizagem cooperativa em ambientes virtuais de aprendizagem", nos trazem os resultados de um estudo que teve por objetivo analisar possibilidades de aprendizagem cooperativa em ambientes virtuais de aprendizagem de disciplinas e cursos oferecidos na modalidade de Educação a Distância (EaD). No quarto artigo, "Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida", o autor José Armando Valente discute o blended learning, que combina atividades presenciais e atividades educacionais a distância, realizadas por meio das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC). Nos apresenta a sala de aula invertida (flipped classroom) como uma das maneiras de combinar as atividades presenciais e a distância.

O quinto artigo, "Estado del Mobile Learning en España", discute também o elemento aprendizagem, sendo de autoria de Francisco Brazuelo Grund e Domingo José Gallego Gil, professores e pesquisadores da Universidad Nacional de Educación a Distancia de Madrid, Espanha. Os autores nos apresentam uma investigação sobre o estado da arte do Mobile Learning ou aprendizagem móvel na Espanha a partir de uma revisão sobre o estudo descritivo da produção científica nacional, no período de 2009 a 2013.

Nos próximos artigos o elemento explorado foi o ator "professor" e sua formação em diversos aspectos: como aluno, como professor formador, como professor autor e professor-tutor em um curso na modalidade a distância. O sexto artigo, "Formação de professores a distância e as perspectivas de articulação entre teoria e prática por meio de ambientes on-line", de Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida e Katia Alexandra de Godoi e Silva, traz questões sobre a formação inicial de professores e da articulação entre teoria e prática nas modalidades presencial e a distância. As autoras Maria Teresa Menezes Freitas e Aléxia Pádua Franco, no artigo de número sete, "Os desafios de formar-se professor formador e autor na Educação a Distância", problematizam e discutem os desafios de formar professores autores e formadores para atuar em cursos na modalidade a distância a partir de duas questões centrais: Existe a necessidade de formar docentes, atuantes em cursos presenciais, para atuar em EaD? Que práticas formativas podem contribuir para que o professor possa se apropriar de detalhes fundamentais para o sucesso do trabalho profissional no contexto da EaD? No oitavo artigo, "Formação de professores dos anos iniciais da educação básica na modalidade EaD: ensino de língua materna e a influência das Tecnologias da Informação e Comunicação", escrito pelas autoras Lucilene Lisboa de Liz e Sandra Quarezemin, problematiza-se a percepção dos professores dos anos iniciais, alunos em formação por meio da educação a distância (EaD), no que diz respeito ao ensino de língua materna. No nono artigo, "As representações sociais do trabalho do tutor presencial: limites e possibilidades", as autoras Maria Luisa Furlan Costa e Maria Aparecida Crissi Knuppel apresentam o modelo de tutoria adotado pelas Instituições Públicas de Ensino Superior que integram o programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), trazendo como foco central os tutores presenciais que se responsabilizam pelo atendimento aos alunos no polo de apoio presencial.

O elemento tecnologia na EaD é tratado nos próximos artigos. O autor Rui Trindade apresenta, no décimo artigo, "Os benefícios da utilização das TIC no Ensino Superior: A perspectiva docente na E-Learning", uma análise de projetos que receberam o prêmio Excelência E-Learning da Universidade do Porto (Portugal), atribuído entre 2004/2005 e 2010/2011, a partir dos benefícios que os docentes atribuíam à utilização das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como suportes de iniciativas pedagógicas em contextos de formação relacionados com o Ensino Superior. Ainda enfatizando a questão das tecnologias, no artigo décimo primeiro, "Objetos de Aprendizagem como elementos facilitadores na Educação a Distância", as autoras Mára Lúcia Fernandes Carneiro e Milene Selbach Silveira nos apresentam a análise de um conjunto de 65 objetos de aprendizagem produzidos no Núcleo de Apoio à Educação a Distância (NAPEAD) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), discutindo os achados desta pesquisa e o ponto de vista de alguns dos diferentes atores envolvidos no processo de produção e uso desses OAs.

Encerramos esta edição com a resenha de Sônia Cristina Vermelho, que destaca a obra de um autor que se tornou referência e traz alguma contribuição à temática da educação a distância nesta última década. Desta forma, MOORE. Michael G.; KEARSLEY, Greg. Educação a distância: sistemas de aprendizagem on-line. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013, foi resenhado por ser um dos precursores da EaD nos EUA e muito citado no Brasil.

Desejo a todos uma boa leitura!

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    BELÃO, Vanessa do R. G. Garret. Tendências das pesquisas em educação a distância em teses e dissertações defendidas entre 2002 e 2012 em Instituições do Estado do Paraná. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2014.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    2014
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