OCUPAÇÕES SECUNDARISTAS EM MINAS GERAIS: SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA E TRAJETÓRIAS

Groppo, Luís Antonio; Oliveira, Mara Aline

doi:10.1590/ES.240770

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Brasil

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Sumário

Dossiê: Educação e Comportamento Político • Educ. Soc. 42 • 2021 • https://doi.org/10.1590/ES.240770 copiar

OCUPAÇÕES SECUNDARISTAS EM MINAS GERAIS: SUBJETIVAÇÃO POLÍTICA E TRAJETÓRIAS

STUDENT OCCUPATIONS IN MINAS GERAIS, BRAZIL: POLITICAL SUBJECTIVATION AND TRAJECTORIES

OCUPACIONES DE ESTUDIANTES DE SECUNDARIA EN MINAS GERAIS, BRASIL: SUBJETIVACIÓN POLÍTICA Y TRAYECTORIAS

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

São analisadas, por meio de entrevistas semiestruturadas, as experiências de catorze estudantes nas ocupações secundaristas em Minas Gerais, em 2016, enfatizando como a dimensão educacional desse movimento afetou as suas trajetórias políticas. A ocupação pode ser considerada um processo de subjetivação política, conforme Jacques Rancière, em que a ativa participação política em uma ação coletiva de grande impacto formativo acionou processos de desidentificação em relação a tradicionais papéis sociais, em especial os de adolescente, estudante e mulher. Apesar de ser constatado que houve poucos engajamentos efetivos em organizações políticas, verifica-se a prontidão para a participação política e a conversão das experiências da ocupação em práticas definidas como progressistas no cotidiano.

Palavras-chave
Ocupações; Estudantes do Ensino Médio; ubjetivação política

Pseudônimo	Gênero	Idade	Raça/cor	Escola ocupada	Atuação política	Atuação na ocupação
Ana Clara	F	18	Branca	Escola de Aplicação, Juiz de Fora.	Era filiada à UJS, na qual se mantém. Filiou-se ao PCdoB.	Ocupou escola da qual não era estudante, como tarefa para a UJS, atuando em várias comissões.
Ramon	M	23	Branca	Instituto técnico, Juiz de Fora.	Liderança da UJS. Atual coordenador geral de Diretório Central de universidade pública e filiado ao PCdoB.	Era da diretoria do grêmio, que organizou a ocupação, orientada por UJS e UBES.
Pagu	F	18	Branca	Escola Municipal Central, Poços de Caldas.	Passou a militar, por influência da ocupação, no Levante Popular da Juventude (LPJ), em coletivo feminista e no Partido dos Trabalhadores (PT).	Atuou em todas as comissões, desde o início da ocupação.
Have	M	20	Negra	Escola Estadual Periférica e Escola Estadual Central, Poços de Caldas.	Sem militância prévia, ingressou na Juventude do PT (JPT), mas tem se afastado para se dedicar à graduação.	Era da direção do grêmio, que organizou a ocupação de sua escola. Também participou da ocupação de outra escola e da Superintendência Regional de Ensino (SRE).
Elionor	F	18	Branca	Escola Estadual Central, Belo Horizonte.	Militante da UJS, participava da direção do grêmio, da qual seria sua presidente em 2017. Abdicou da presidência e desfiliou-se da UJS.	Era da direção do grêmio, que organizou a ocupação. Coordenou as oficinas e a comissão de comunicação.
Humberto	M	20	Negra	Escola Estadual Periférica, sul de MG.	Atuante da Pastoral da Juventude (PJ), da qual ainda participava. Era coordenador do grêmio.	Era coordenador do grêmio, que organizou a ocupação da escola.
Carolina de Jesus	F	19	Branca	Escola Estadual Central, Poços de Caldas.	Sem militância prévia ou posterior. Era da direção do grêmio.	Era da direção do grêmio, que organizou a ocupação. Também ocupou a SRE.
Beatriz	F	19	Negra	Escola Estadual Central, Poços de Caldas.	Sem militância prévia. Formou coletivo que criou aplicativo de celular para mulheres denunciarem violência.	Atuou nas comissões de limpeza e alimentação. Participou de todas as oficinas
Nakas	F	20	Branca	Escola Municipal Central, Poços de Caldas.	Sem militância prévia ou posterior.	Inseriu-se depois de iniciada a ocupação e participou da comissão de segurança e alimentação, bem como da ocupação da SRE.
Johnny Cash	M	21	Negra	Escola Estadual Central, Poços de Caldas.	Sem militância prévia. Participou por algumas semanas do LPJ. Não tem mais intenção de militar. Foi o único a declarar ter votado no presidente eleito em 2018.	Ocupou escola da qual não era estudante, em apoio a amigas. Atuou em várias comissões e da ocupação da SRE.
Khalo	F	21	Branca	Escola Estadual Central, Poços de Caldas.	Sem militância prévia, participou por alguns meses do LPJ e hoje apoia o movimento sindical do ramo da hotelaria, mas sem cargo no sindicato.	Começou a participar depois de a ocupação ter se iniciado, atuou em comunicação e intercâmbio, além das oficinas e da criação de horta na escola. Ocupou a SRE.
Raven	M	22	Parda	Escola Estadual Periférica, sul de MG.	Sem militância prévia ou posterior. Diz que poderia se engajar em movimento pela causa LGBTT² 2 Lésbicas, Gays, Transgêneros e Transexuais. .	Entrou na ocupação depois de seu início, atuando intensamente nela. Participou de manifestação em 29 de novembro de 2016 em Brasília.
Gabriela	F	19	Branca	Escola Estadual Central, sul de MG.	Antes da ocupação, aproximara-se de juventude partidária que ocupava uma universidade. Atualmente, manifesta rejeição por juventudes partidárias.	Independente, ajudou a organizar a ocupação de sua escola, que não tinha grêmio. Tendo entrado em embate com a JPT, retirou-se antes do final da ocupação.
Cássia Eller	F	19	Branca	Escola Estadual Central, Belo Horizonte.	Sem militância prévia ou posterior. Atuação em paróquia católica e projeto social, com teatro.	Independente, ajudou a organizar a ocupação de sua escola, que não tinha grêmio.

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[1] Luís Antonio Groppo é doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas . É Professor da Universidade Federal de Alfenas, onde atua no Programa de Pós-graduação em Educação e coordena o Grupo de Estudos sobre a Juventude. É Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Coordenador do GT 03 – Movimentos Sociais, Sujeitos e Processos Educativos, da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação, na gestão 2020–2021.