Acessibilidade / Reportar erro

Pré-adolescentes em psicoterapia: capacidade de mentalização e divórcio altamente conflitivo dos pais

Preteens in psychotherapy: mentalization capacity and parents' highly conflictive divorce

Resumos

O foco deste estudo foi a capacidade de mentalização de pré-adolescentes, no contexto dos rompimentos de vínculos resultantes da separação conjugal altamente conflitiva, bem como a possibilidade de desenvolvimento da capacidade de mentalização no processo terapêutico. Esses conceitos vêm sendo elaborados com base na vertente psicanalítica da teoria do apego, nas contribuições de alguns teóricos das relações objetais, especialmente Bion e Winnicott, e na Psicologia Cognitiva. Foi realizado um estudo de abordagem qualitativa, baseado no procedimento de Estudos de Casos Múltiplos. Os participantes - dois pré-adolescentes e seus pais - foram atendidos em uma clínica-escola na Região Sul do Brasil. A capacidade de mentalização desses participantes foi avaliada antes e depois de cinco meses de psicoterapia. Os principais resultados apontaram a capacidade de mentalização limitada ou ausente no início da psicoterapia, e mudanças na função reflexiva e capacidade de mentalização após os primeiros cinco meses de atendimento.

Adolescente; Divórcio; Psicoterapia; Teoria da mente


The focus of this study was the mentalization capacity of preteens, in the context of a break in ties due to highly conflictive marital separation, and the possibility of developing the capacity of mentalization during the therapeutic process of these youths. These concepts have been conceived, based on the psychoanalytical branch of the attachment theory, contributions of certain object relations theories, especially those of Bion and Winnicott, and on Cognitive Psychology. A study with qualitative research approach was conducted, based on the procedure of Multiple Case Studies. The participants - two preteens and their parents - were treated at a clinic-school in the Southern region of Brazil. The mentalization capacity of these youths was evaluated before and after five months of psychotherapy. The main results pointed out to a limited or absent mentalization capacity at the beginning of psychotherapy and changes in the reflective function and mentalization capacity after the first five months of treatment.

Adolescent; Divorce; Psychotherapy; Theory of mind


ARTIGOS

Pré-adolescentes em psicoterapia: capacidade de mentalização e divórcio altamente conflitivo dos pais

Preteens in psychotherapy: mentalization capacity and parents' highly conflictive divorce

Patrícia Coral Viegas; Vera Regina Röhnelt Ramires

Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Av. Unisinos, 950, Cristo Rei, 93022-000, São Leopoldo, RS, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: P.C. VIEGAS. E-mails: <patriciacviegas@hotmail.com>; <patriciacoralviegas@gmail.com>

RESUMO

O foco deste estudo foi a capacidade de mentalização de pré-adolescentes, no contexto dos rompimentos de vínculos resultantes da separação conjugal altamente conflitiva, bem como a possibilidade de desenvolvimento da capacidade de mentalização no processo terapêutico. Esses conceitos vêm sendo elaborados com base na vertente psicanalítica da teoria do apego, nas contribuições de alguns teóricos das relações objetais, especialmente Bion e Winnicott, e na Psicologia Cognitiva. Foi realizado um estudo de abordagem qualitativa, baseado no procedimento de Estudos de Casos Múltiplos. Os participantes - dois pré-adolescentes e seus pais - foram atendidos em uma clínica-escola na Região Sul do Brasil. A capacidade de mentalização desses participantes foi avaliada antes e depois de cinco meses de psicoterapia. Os principais resultados apontaram a capacidade de mentalização limitada ou ausente no início da psicoterapia, e mudanças na função reflexiva e capacidade de mentalização após os primeiros cinco meses de atendimento.

Unitermos: Adolescente. Divórcio. Psicoterapia. Teoria da mente.

ABSTRACT

The focus of this study was the mentalization capacity of preteens, in the context of a break in ties due to highly conflictive marital separation, and the possibility of developing the capacity of mentalization during the therapeutic process of these youths. These concepts have been conceived, based on the psychoanalytical branch of the attachment theory, contributions of certain object relations theories, especially those of Bion and Winnicott, and on Cognitive Psychology. A study with qualitative research approach was conducted, based on the procedure of Multiple Case Studies. The participants - two preteens and their parents - were treated at a clinic-school in the Southern region of Brazil. The mentalization capacity of these youths was evaluated before and after five months of psychotherapy. The main results pointed out to a limited or absent mentalization capacity at the beginning of psychotherapy and changes in the reflective function and mentalization capacity after the first five months of treatment.

Uniterms: Adolescent. Divorce. Psychotherapy. Theory of mind.

Este estudo buscou explorar uma alternativa de intervenção psicoterápica com pré-adolescentes que vivenciaram o divórcio altamente conflitivo dos pais, analisando particularmente a possibilidade de modificação de sua capacidade de mentalização. A função reflexiva e a capacidade de mentalização são conceitos que vêm sendo elaborados com base na vertente psicanalítica da teoria do apego, nas contribuições de alguns teóricos das relações objetais, especialmente Bion e Winnicott, e na Psicologia Cognitiva (Bateman & Fonagy, 2003, 2004, 2006; Fonagy & Bateman, 2006, 2007). Trata-se de capacidades que se desenvolvem no contexto de relações de apego seguro e se mostram prejudicadas em pacientes que apresentam, por exemplo, transtorno de personalidade borderline e/ou viveram alguma forma de maus-tratos e rompimentos de vínculos.

O número de separações e divórcio tem aumentado significativamente no Brasil e no mundo. A última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2011), relativa ao ano de 2010, informa que a taxa de divórcio foi a maior desde 1984, ano em que se iniciaram as estatísticas do Registro Civil no Brasil. Houve um acréscimo de 36,8% em relação ao ano de 2009. Por outro lado, houve decréscimo no índice geral de separações em 0,5%. Os números apontam ainda que, em 2010, 71,0% das separações foram consensuais e 29,0% não consensuais. Os dados revelam também que, entre 2005 e 2010, houve um aumento de 6,1% nos casos envolvendo altos níveis de conflito.

Nas últimas décadas, esse tema tem sido o foco de inúmeras investigações científicas. Casais que optam pela separação podem realizá-la de diversas maneiras. Alguns pais conseguem preservar os filhos do conflito conjugal, enquanto outros os colocam no centro das brigas, não sendo capazes de identificar-lhes as necessidades e promovendo um ambiente desprotegido (De la Cruz, 2008; Strohschein, 2005). Além da esfera emocional, que em geral é afetada nesse tipo de situação (Benetti, 2006; Di Domenico, 2006), o alto índice de conflito pode atingir outros aspectos do desenvolvimento infanto-juvenil, como as áreas cognitiva e social (Benetti, 2006).

A separação conjugal altamente conflitiva

O primeiro ano da separação dos pais é o mais complicado, podendo emergir sintomas nas crianças (Cohen, 2002; Kelly & Emery, 2003), enquanto os dois anos seguintes são associados a sua diminuição e a uma reorganização da vida. Entretanto, quando o rompimento conjugal ocorre num contexto altamente conflitivo, ele pode ser traumático para as crianças envolvidas, pois se torna fator de risco para o desenvolvimento do self, bem como para a qualidade dos vínculos afetivos (De la Cruz, 2008; Munõz-Ortega, Gómez-Alaya, Marcela & Santamaria-Ogliastri, 2008).

Comumente, conflitos ligados a esse tipo de separação conjugal envolvem aspectos relacionados aos filhos, como guarda, pensão e visitas. Pais que utilizam o filho como arma no conflito conjugal, referem M.S. Guimarães e A.C.S. Guimarães (2002), e que mantêm a disputa judicial como forma de não se desvincular, impedem que o luto e os sentimentos depressivos sejam vivenciados. Nesses casos, há falta de olhar para o bem-estar dos filhos, que passam a ser utilizados como complemento narcísico dos genitores (De la Cruz, 2008; M.S. Guimarães & A.C.S. Guimarães, 2002).

A qualidade dos vínculos afetivos estabelecidos antes e depois da separação será a base para assegurar o bem-estar e a saúde mental das crianças e/ou adolescentes envolvidos, uma vez que a integração do self, quando feita de forma adequada, produz segurança interna e equilíbrio na regulação das emoções. Do contrário, quando os pais são incapazes de estabelecer um vínculo seguro e seus interesses estão alicerçados egocentricamente, aumentam os riscos de instauração de traumas e doenças.

Todas essas dificuldades terão uma repercussão sobre a organização do self da criança. O apego inseguro tem sido relacionado a deficits na função reflexiva e na capacidade de mentalização, aquisições desenvolvimentais importantes para a saúde mental e para o enfrentamento dos conflitos (Bateman & Fonagy, 2003, 2006; Fonagy & Bateman, 2012).

A função reflexiva, a capacidade de mentalização e a psicoterapia baseada na mentalização

A função reflexiva e a capacidade de mentalização são fundamentais para a aquisição do self (personalidade) e a regulação do afeto. Esses conceitos vêm sendo desenvolvidos especialmente com relação a pacientes diagnosticados com Transtorno de Personalidade Borderline (Allen & Fonagy, 2006; Bateman & Fonagy, 2006; Fonagy & Bateman, 2003). A modalidade psicoterápica para esses pacientes, psicanaliticamente orientada, tem como foco o desenvolvimento da capacidade de mentalização. Pesquisas voltadas para a análise desse processo em crianças ainda não são comuns, e Fonagy (2003) assinala a sua importância e necessidade.

A função reflexiva é uma aquisição do desenvolvimento, resultante da qualidade do vínculo primitivo mãe-bebê, que permite à criança responder ao comportamento de outra pessoa e também fazer conceituações sobre sentimentos, atitudes, desejos, conhecimentos, simulações e assim por diante, do que se passa na mente das outras pessoas (Fonagy, Gergely, Jurist & Target, 2002), dando significado ao comportamento do outro. Essa função envolve uma capacidade psicológica intimamente relacionada à representação do self. É também autorreflexão e componente interpessoal que supre o indivíduo idealmente com uma capacidade bem desenvolvida para distinguir a realidade interna da externa (Fonagy & Target, 1997; Fonagy et al., 2002; Fonagy & Bateman, 2012). Para que isso seja possível, Slade (2005) assinala a importância da função reflexiva dos pais para dar suporte ao estado mental da criança.

O termo função reflexiva, portanto, refere-se à "operacionalização dos processos psicológicos subjacentes à capacidade de mentalizar "um conceito que tem sido descrito tanto na literatura psicanalítica como na cognitiva" (Fonagy et al., 2002, p.24). Esse conceito diz respeito à capacidade para compreender e interpretar o comportamento humano, levando em conta os estados mentais subjacentes (Fonagy & Bateman, 2003; 2012). A capacidade de mentalização desenvolve-se por meio do processo de haver experimentado a si mesmo na mente de um outro durante a infância, num contexto de apego seguro, contexto esse que seria condição para o amadurecimento da criança.

Por outro lado, quando ocorrem maus-tratos ou outras situações traumáticas, como altos níveis de conflito na família, separações litigiosas etc., os cuidadores podem apresentar dificuldades na função reflexiva e na possibilidade de oferecer uma base segura para suas crianças, deixando-as expostas e vulneráveis. Fonagy e Bateman (2003) sugerem que falhas na capacidade dos pais de oferecer respostas acuradas tendem a estabelecer estruturas narcisistas e de falso self, uma vez que o estado interno infantil não corresponde em nada ao mundo real.

Há uma lacuna entre as experiências afetivas primárias do paciente e suas representações simbólicas, quando falha a capacidade de mentalização. Essa lacuna precisa ser preenchida na psicoterapia (Fonagy & Bateman, 2003; Midgley & Vrouva, 2012). Para isso, o terapeuta necessita não somente ajudar o paciente a compreender e identificar os estados mentais, mas também a situar esses estados emocionais no contexto presente. Dessa maneira, possibilitará a estabilidade da estrutura do self, através do desenvolvimento de representações internas estáveis, auxiliando o paciente a identificar e a expressar apropriadamente o afeto, na medida em que a estrutura do self é desestabilizada em contextos com altos níveis de conflito (Allen & Fonagy, 2006; Fonagy & Bateman, 2006; Sharp & Venta, 2012).

Para que isso seja possível, é necessária a clareza da proposta e dos objetivos terapêuticos (Bateman & Fonagy, 2006; Fonagy & Bateman, 2003). As intervenções devem ser simples e curtas, com foco prioritário nos afetos de eventos atuais do paciente, e não em seu comportamento. Nessa modalidade psicoterápica priorizam-se os processos mentais, mais do que os conteúdos mentais. Interpretações de conteúdo inconsciente só serão possíveis e recomendadas após a exploração dos processos psicológicos. Do contrário, conforme alertam Fonagy e Bateman (2003), podem ser prejudiciais para o paciente traumatizado, porque ele poderia experimentá-las como o terapeuta repetindo o comportamento do objeto primário autocentrado. Enfim, as distorções do self não são irreversíveis (Bateman & Fonagy, 2003).

A aquisição da capacidade de criar uma narrativa dos próprios pensamentos e sentimentos - capacidade de mentalizar -, pode superar falhas na organização do self. Dessa forma, justifica-se a relevância deste estudo diante dos danos e prejuízos causados na organização do self pela vivência de separação dos pais com alto grau de conflito, e da necessidade de intervir sobre os mesmos. Parte-se do pressuposto de que a psicoterapia pode ser um meio de prevenção do desfecho negativo sobre a organização da personalidade e dos vínculos da criança e do adolescente.

Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar a possibilidade de desenvolvimento da capacidade de mentalização no processo terapêutico de pré-adolescentes. Buscou-se também analisar e descrever os vínculos afetivos constituídos entre esses jovens e seus cuidadores primários, no contexto da separação conjugal altamente conflitiva.

Método

Baseado na abordagem qualitativa de pesquisa, este estudo foi pautado pelo método clínico. O método clínico pressupõe duas dimensões paradigmáticas e próprias da clínica psicanalítica: a singularidade do sujeito e a contemporaneidade entre pesquisa e intervenção (Aguiar, 2001). O procedimento adotado foi o Estudo de Casos Múltiplos (Yin, 2005), que permite a investigação sistemática e tão exaustiva quanto possível de casos individuais.

Participantes

Os participantes deste estudo foram dois pré-adolescentes de classe média e seus pais: Ennis, um menino de 13 anos e Penélope, uma menina de 11 anos, que buscaram atendimento em uma clínica-escola de uma universidade da Região Sul do Brasil. Cada pré-adolescente e seus pais foram considerados um caso.

Um dos pré-adolescentes foi encaminhado pelo Poder Judiciário e o outro caso buscou atendimento diretamente na clínica-escola. Foram informados acerca da pesquisa, concordando em participar. Os pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade que abriga a clínica-escola em questão.

Procedimentos

Os procedimentos para coleta de dados foram: a) entrevistas semiestruturadas com os pais, para levantamento de Anamnese (história de vida dos pré-adolescentes e história clínica); b) entrevistas semiestruturadas com os pré-adolescentes, para exploração do motivo de atendimento, das vivências do momento atual, e da situação de conflito familiar; c) Teste das Fábulas (Cunha & Nunes, 1993), utilizado por ser um instrumento útil para compreensão do diagnóstico psicodinâmico e identificação dos conflitos centrais organizadores da personalidade, além de ser um indicador da natureza das relações entre a criança e seus pais ou cuidadores e d) checklist para avaliação clínica da mentalização (Checklist for Clinical Assessment of Mentalization, Bateman & Fonagy, 2006) - instrumento que avalia a capacidade de mentalização focalizando quatro temas: "os pensamentos e sentimentos das outras pessoas", "a percepção do próprio funcionamento mental", "a representação do self" e "atitudes e valores gerais". O instrumento, ainda não padronizado para o Brasil, foi adaptado para este estudo e utilizado em dois momentos: na avaliação prévia ao início da psicoterapia e após a realização das sessões, com o objetivo de avaliar se houve alteração na capacidade de mentalização.

Após as sessões de avaliação, confirmando-se a demanda e o desejo de realizar a psicoterapia, Ennis e Penélope foram atendidos por um período de 26 e 17 semanas, respectivamente, numa frequência de uma sessão por semana. A psicoterapia teve foco no desenvolvimento da capacidade de mentalização. Seus pais e mães foram acompanhados durante esse mesmo período de tempo, por meio de entrevistas esporádicas, realizadas sem a participação dos pré-adolescentes.

As sessões foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas. Também foram realizados relatos complementares, descrevendo a linguagem não verbal durante as sessões, assim como registradas as impressões da terapeuta ao final de cada sessão.

A análise dos dados seguiu o método de proposições teóricas de Yin (2005), tendo percorrido as seguintes etapas:

1º Passo: todas as entrevistas gravadas foram transcritas; 2º Passo: os dados coletados através dos instrumentos foram interpretados e analisados com base nas instruções correspondentes; 3º Passo: foi realizada uma descrição abrangente de cada caso, organizada de forma cronológica (seguindo os eventos importantes da História de Vida e da História Clínica do Caso) e temática (identificando os aspectos relevantes das situações de conflitos familiares litigiosos experimentados pelo pré-adolescente) e identificando a capacidade de mentalização no início da psicoterapia e após as sessões; 4º Passo: foi utilizada a técnica de Construção da Explanação, analisando-se exaustivamente os dados de cada Estudo de Caso e construindo uma explanação sobre o mesmo. Todos os dados e resultados (sessões de psicoterapia e testes) foram integrados na compreensão geral das hipóteses acerca da capacidade de mentalização e sua evolução ao longo da psicoterapia; 5º Passo: foi utilizada a técnica de Síntese de Casos Cruzados, confrontando-se os resultados da análise de cada caso, identificando convergências e divergências e buscando evidências que auxiliassem a identificar ou não a possibilidade de desenvolvimento da capacidade de mentalização no processo psicoterapêutico.

Resultados

Caso 1: Ennis

No início do atendimento, Ennis era um pré-adolescente de 13 anos, que há seis anos morava com a mãe (Sally) e o padrasto (Scott). O pai biológico, Kim, convivia há oito anos com a nova companheira, Kate. A história familiar era rodeada por lutos mal elaborados, anteriores ao nascimento de Ennis, mas conhecidos por ele, mesmo que, por vezes, de forma fantasiosa. Duas irmãs de sua mãe faleceram precocemente, aos 19 e 24 anos; o primeiro filho de seus pais foi a óbito, com 16 dias, e posteriormente sua mãe teve um aborto espontâneo.

As relações familiares, antes da gravidez de Ennis, eram consideradas de boa qualidade pelo casal. A partir da gestação, no entanto, a mãe começou a se sentir desrespeitada por Kim, pois ele se ausentava muito e havia episódios de traição. Nesse contexto, Sally deixou de amá-lo e se sentiu segura para romper o matrimônio. Kim não aceitou bem o pedido de divórcio. Sendo assim, configurou-se a separação litigiosa. Ennis tinha cinco anos nessa época.

O casal estava em litígio judicial há oito anos. Durante esses anos, muitas ações foram ajuizadas pelo casal, sendo a última de "dissolução da obrigatoriedade das visitas ao pai e liberdade para viagens sem a autorização de Kim". O pré-adolescente teve que ser avaliado por diversos profissionais, como assistentes sociais, psicólogos e conselheiros tutelares nesses anos.

A mãe de Ennis considerou o período pós-separação como de intensa tortura psicológica, tanto para ela como para o filho. Ocorreram muitas agressões verbais e físicas por parte de Kim em relação a ela, sua família e ao filho, motivando alguns processos na justiça criminal por ameaça e tentativa de agressão. Kim, por sua vez, também moveu uma denúncia contra Sally, por agressão. Ennis participou de tudo isso, tendo "tomado partido" em favor da mãe.

Por tudo isso e por não ter prazer em conviver com o pai, Ennis referiu não querer manter contato com ele, não o identificando como seu pai. Mencionou que Kim tem problema mental e que não é um pai preocupado e amoroso, características que considera importantes nessa figura.

Kim referiu que o filho piorou em relação a ele a partir dos 10 anos, ficando mais agressivo verbalmente e aos 11 anos se afastou completamente. Por outro lado, Sally refere que Kim melhorou sua conduta entre os 10 e 12 anos de Ennis. Desde os 10 anos, Sally não o força a visitar o pai, como era determinado pela justiça.

Teste das fábulas

O teste permitiu levantar as seguintes hipóteses: simbiose entre mãe-filho e não aceitação da perda da posição infantil-dependente; processo de separação-individuação não completamente superado; figura materna introjetada como objeto poderoso, potencialmente tóxico, mas também onipotente e de apoio; conflito edípico negado, podendo ter relações com as fantasias homossexuais apresentadas no processo psicoterápico, somado à desvalorização da figura masculina e à fixação na figura materna (conflito sobre a sexualidade); impulsos agressivos em primeiro plano, em geral retornando para o próprio sujeito (autoagressões); núcleo melancólico importante, possivelmente associado a ideação suicida.

Checklist for clinical assessment of mentalization

No Quadro 1, a ser discutido posteriormente, apresenta a comparação dos resultados do Checklist for Clinical Assessment of Mentalization (Bateman & Fonagy, 2006) de Ennis em relação à capacidade de mentalização antes e após a psicoterapia.


Caso 2: Penélope

Penélope tinha 11 anos no início da psicoterapia. Inicialmente, morava com a mãe (Betty) e com os avós maternos; posteriormente, com a mãe e o padrasto (Barney). Parecia ter menos idade, tinha um aspecto infantil e frágil. O pai, Fred, vivia na casa em que moravam antes da separação, ao lado da residência de seus pais.

No início da avaliação, a menina apresentava diminuição da concentração na escola, muitas conversas em aula e uma saída da escola sem permissão, mentindo sobre o fato. A mãe estava preocupada com a filha, fato que a fez buscar atendimento.

Betty e Fred estavam juntos há 14 anos quando ela decidiu se separar. A história conjugal é cheia de "altos e baixos", com problemas de relacionamento entre o casal e com a família, além de dificuldades materiais. Aos 19 anos, Betty resolveu engravidar, mesmo sem o consentimento de Fred. Em determinado momento do relacionamento, Betty descobriu a traição de Fred e começaram a ter brigas intensas. Betty optou por se separar em dois momentos, sendo o segundo definitivo. Na primeira separação, a mãe iniciou uma relação com Barney. Entretanto, resolveu voltar para Fred em função dos seus pais e porque Penélope chorava muito. Ela já havia tentado encaminhar a separação judicial e a divisão dos bens, o que deixou o marido muito contrariado. A separação definitiva instituiu a disputa judicial. Fred não aceitou nenhum acordo de divisão de bens e revelou que tudo estava no nome de terceiros.

Após a separação dos pais, Penélope acusava Betty de ter abandonado seu pai. Betty sentiu necessidade de contar para a filha os motivos da separação. Foi franca e percebeu que foi difícil para a filha ouvir sobre o pai ter-se envolvido em outros relacionamentos, mas posteriormente compreendeu melhor a mãe.

Quando o ex-marido descobriu o novo relacionamento de Betty, passou a fazer ameaças de morte à ex-esposa, que passou a sentir muito medo. Inicialmente, Penélope ficou indiferente em relação ao novo relacionamento da mãe; depois, ficou rebelde, gritona e afastou-se da mãe; mais adiante, reaproximou-se dela.

As entrevistas de avaliação com a mãe caracterizaram-se pelo medo que o ex-marido lhe fizesse algo. Falava pouco sobre a filha, denotando uma falta de olhar para as necessidades da menina. Durante as consultas com Penélope, a pré-adolescente se mostrou frágil, bastante tímida e sofrendo muito com a separação dos pais. Chorava muito ao falar sobre a separação, especialmente ao lembrar que gostava do pai e não estavam mais reunidos os três. Achava que seus pais estavam "normais" em relação ao rompimento, não percebia tristeza neles, apenas nela. Parecia com dificuldades de pensar sobre a situação, usando muito o termo "não sei", provocando na terapeuta uma sensação de necessidade de falar sobre questões superficiais.

Teste das fábulas

Evidenciaram-se as seguintes hipóteses: relação de extrema dependência com a mãe, marcada por importantes componentes orais; regressão e projeção, diante da ansiedade e dos impulsos agressivos, como principais mecanismos de defesa utilizados; prevalência de posição passiva, à espera de cuidados e de atenção, o que a impedia de assumir tarefas próprias de sua faixa etária e de avançar no desenvolvimento; fragilidade egoica ao lidar com conflitos e índices altos de ansiedade, especialmente demonstrando não ter podido elaborar a separação dos pais; confusão em relação às referências familiares; ambivalência quanto à figura paterna, objeto tanto de impulsos agressivos quanto de sentimentos pesarosos pelo afastamento e perdas decorrentes da separação.

Checklist for clinical assessment of mentalization

A seguir, o Quadro 2 explicita os resultados comparativos do Checklist for Clinical Assessment of Mentalization (Bateman & Fonagy, 2006) de Penélope em relação à capacidade de mentalização, antes e após o processo psicoterápico.


Discussão

As separações conjugais, nos dois casos do estudo, caracterizaram-se como altamente conflitivas. Tanto os pais de Ennis como os de Penélope apresentaram situações de traição anterior à dissolução do casamento, motivando o posterior rompimento. O primeiro ano pós-separação foi imerso em divergências entre os membros dos casais e agressões verbais. No caso Ennis, houve ainda agressões físicas a membros da família da mãe e também a ela e ao próprio filho.

As mulheres referiram ser esse um período de angústias elevadas, com ameaças por parte dos ex-maridos, as quais ocasionaram registros policiais (Caso 1) ou ameaças de registro de ocorrências (Caso 2). Esses fatos pressupõem que a busca pela lei externa (polícia) indica a incapacidade deles próprios em estabelecerem regras para uma boa convivência em um momento de ruptura, como expressão de suas angústias e sentimentos.

Ficou evidente que os filhos estiveram no meio das brigas dos pais, tendo que ocupar papel de escuta da queixa dos "cuidadores", sendo colocados em papel inverso ao que lhes cabia, como, por exemplo, gerir sua própria vida, ficar em casa sozinho (Caso 1) ou decidir sobre atividades como Catequese (Caso 2).

Tanto as mães como os pais pareceram ter dificuldades para identificar as necessidades dos filhos, observando-se suas limitações em relação à função reflexiva e à capacidade de mentalização, permanecendo centrados em si mesmos. Como, então, poderiam desempenhar plenamente seu papel de cuidadores? Fonagy e Bateman (2007) revelam que a ausência do espelhamento continente por parte dos cuidadores promove o apego desorganizado dos filhos, fomentando incoerências e formas ineficazes de regular suas emoções.

As mães eram figuras de apoio para os filhos, mas ambas demonstraram características predominantemente narcisistas de personalidade. Ennis e Penélope apresentaram indicadores de apego inseguro, provavelmente também como consequência de uma função reflexiva pobre por parte dos cuidadores. Prejuízos nessa área tendem a ocasionar uma fragilidade na organização do self, o que foi constatado nos casos desse estudo (Fonagy & Bateman, 2007; Fonagy et al., 2002).

Para Fonagy e Bateman (2007), o primeiro trauma do apego enfraquece a capacidade de mentalização e, quando há trauma posterior, como no caso do divórcio, é despertado esse sistema de apego (na busca de proteção). Entretanto, a criança tende a ser traumatizada adicionalmente. Os estados emocionais dos pré-adolescentes traumatizados se tornam insuportáveis, não simbolizados (Fonagy & Bateman, 2007; Macedo & Werlang, 2007), demandando o uso de mecanismos de defesa primitivos para lidar com tamanha energia desligada no psiquismo, como a projeção no caso de Ennis e a regressão no caso de Penélope (Fonagy & Bateman, 2007).

Os resultados iniciais da avaliação clínica da mentalização evidenciaram limitações na capacidade de mentalização dos jovens (Quadros 1 e 2), identificando-se pontos de convergências, especialmente nas duas primeiras categorias, em que o resultado foi Pobre "em relação aos pensamentos e sentimentos de outras pessoas" e na "percepção do próprio funcionamento mental". Mostravam, portanto, uma dificuldade significativa para identificar sentimentos e pensamentos, tanto os próprios como os dos outros, talvez porque fossem muito dolorosos e/ou assustadores (Bateman & Fonagy, 2006; Fonagy & Beteman, 2003). A "Representação do self" não pareceu tão afetada e foi considerada Moderada em ambos os casos. Talvez pelo período da adolescência que se iniciava, havia uma preocupação e investimento maior nessa representação por parte dos dois pacientes.

O trabalho terapêutico propôs que os pré-adolescentes descobrissem sua mente e a dos outros, com o suporte de um setting seguro e acolhedor das suas angústias e emoções, fatores fundamentais para o desenvolvimento da capacidade de mentalização (Bateman & Fonagy, 2006; Fonagy & Bateman, 2003, 2007). Os resultados finais, após as sessões de psicoterapia (Quadros 1 e 2), apresentaram significativa melhora nos dois casos estudados. Houve consonância das mudanças especialmente com relação à "percepção do próprio funcionamento mental" e à "representação do self", tornando-se Moderadas e Boas, respectivamente.

O tempo de conflito decorrido desde a separação dos pais parece ter influenciado nos resultados de Ennis. No início da psicoterapia, os dois casos mostravam limitações na capacidade de mentalização e seus resultados eram similares. Entretanto, na segunda avaliação, os dados sugerem que os conflitos de Ennis implicaram maiores desgastes, sendo suas melhoras mais sutis do que as de Penélope, que vivencia conflitos importantes relacionados à separação dos pais, porém há menos tempo.

Sendo assim, ficou visível a melhora nos dois casos deste estudo e o estabelecimento de um vínculo seguro, em alguma medida, com a terapeuta. Porém, trata-se apenas de um primeiro passo no sentido da aquisição de uma função reflexiva mais adequada e da capacidade de mentalização. Em função disso, em ambos os casos, recomendou-se a continuidade do acompanhamento psicoterápico.

Considerações Finais

Os resultados deste estudo vão ao encontro do que a literatura vem descrevendo a respeito da função reflexiva e da capacidade de mentalização, e sua relação com um contexto de apego seguro. A aplicação desses conceitos e desse enfoque psicoterápico a pré-adolescentes mostrou-se frutífera e com potencial de auxílio importante nas crises geradas por transições familiares muito conflitivas e que implicam alguma forma de trauma psíquico.

As características de personalidade dos pais e mães, mais narcísicas, parecem ter dificultado o exercício de uma boa função reflexiva, que promovesse a capacidade de mentalização dos filhos. Tais fatores, somados às repercussões das separações conjugais turbulentas, levaram às dificuldades nos dois pacientes de regular as próprias emoções e adquirir e manter uma representação integrada do self.

Pôde-se constatar que a psicoterapia baseada na mentalização, nesses casos, contribuiu para o restabelecimento da capacidade de mentalização no contexto de um setting seguro. Embora não seja possível modificar uma realidade familiar adversa, nem tampouco experiências traumáticas vividas nesses contextos, a mudança nas representações dos vínculos envolvidos e a promoção da capacidade de mentalização podem significar a esperança de relacionamentos mais seguros e gratificantes, assim como auxiliar na superação do trauma.

O delineamento da pesquisa-intervenção e a utilização do procedimento de Estudos de Casos mostraram-se muito ricos, permitindo aliar o trabalho clínico à investigação científica na compreensão da situação proposta. Pesquisas em psicoterapia, ou sobre a psicoterapia, devem lançar mão desse dispositivo por sua riqueza e possibilidades.

Evidentemente, a discussão aqui descrita não esgota a complexidade dos casos estudados. Estabeleceu-se um recorte, a partir do interesse desta investigação. Vários outros aspectos dos casos poderiam ser abordados, compreendidos e discutidos. Acredita-se que outros estudos, que explorem a psicoterapia baseada na mentalização, possam contribuir para o enriquecimento dessa modalidade psicoterápica, voltada para o espectro dos estados limítrofes, tão comum na clínica contemporânea. Estudos em que seja possível analisar um período mais longo de psicoterapia poderão trazer novas contribuições sobre as mudanças na capacidade de mentalização em situações de rompimento de vínculos e traumas psíquicos.

Deve-se destacar a limitação causada pela pequena disponibilidade de instrumentos para avaliar o apego e a capacidade de mentalização em crianças e adolescentes, e a consequente necessidade de adaptação de instrumentos desenvolvidos em outros contextos. Trata-se de um tema que merece receber a atenção dos pesquisadores em futuros estudos.

Considera-se a necessidade e a importância de se desenvolverem mais estudos com foco na capacidade de mentalização nas desordens da adolescência. A exploração desse constructo com populações não clínicas também pode contribuir para lançar luz sobre o mesmo.

Recebido em: 11/11/2011

Versão final em: 3/4/2012

Aprovado em: 24/4/2012

Artigo elaborado a partir da disertação da P.C. VIEGAS, intitulada "A capacidade de mentalização em pré-adolescentes que vivenciaram o divórcio altamente conflitivo dos pais". Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2009.

  • Aguiar, F. (2001). Método clínico: método clínico? Psicologia: Reflexão e Crítica, 14 (3), 609-616.
  • Allen, J. G., & Fonagy, P. (2006). The handbook of mentalization based treatment New Jersey: John Wiley & Sons.
  • Bateman, A., & Fonagy, P. (2003). The development of an attachment-based treatment program for borderline personality disorder. Bulletin of the Menninger Clinic, 63 (3), 187-211.
  • Bateman, A., & Fonagy, P. (2004). Psychotherapy of borderline personality disorder: mentalisation-based treatment Oxford: Oxford University Press.
  • Bateman, A., & Fonagy, P. (2006). Mentalization-based treatment for borderline personality disorder: a practical guide Oxford: Oxford University Press.
  • Benetti, S. P. C. (2006). Conflito conjugal: impacto no desenvolvimento psicológico da criança e do adolescente. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19 (2), 261-268. Recuperado em novembro 29, 2007, disponível em <www.scielo.br/prc>
  • Cohen, G. J. (2002). Helping children and families deal with divorce and separation. Pediatrics, 110 (5), 1019-1023.
  • Cunha, J. A., & Nunes, M. L. T. (1993). Teste das fábulas: forma verbal e pictórica. São Paulo: CETEPP.
  • De la Cruz, A. C. (2008). Divorcio destructivo: cuando uno de los padres aleja activamente al otro de la vida de sus hijos. Revista Diversitas: Perspectivas en Psicología, 4 (1), 149-157.
  • Di Domenico, R. (2006). Famílias separadas y apego. Psicología: Segunda Época, 25 (2), 6-17.
  • Fonagy, P. (2003). The research agenda: the vital need for empirical research in child psychotherapy. Journal of Child Psychotherapy, 29 (2), 129-136.
  • Fonagy, P., & Bateman, A. W. (2003). The development of an attachment-based treatment program for borderline personality disorder. Bulletin of the Menninger Clinic, 63 (3), 187-211.
  • Fonagy, P., & Bateman, A. W. (2006). Mechanisms of change in mentalization-based treatment of BPD. Journal of Clinical Psychology, 62 (4), 411-430.
  • Fonagy, P., & Bateman, A. W. (2007). Mentalizing and borderline personality disorder. Journal of Mental Health, 16 (1), 83-101.
  • Fonagy, P., & Bateman, A. (2012). Handbook of mentalizing in mental health practice New York: American Psychiatric Publishing.
  • Fonagy, P., Gergely, G., Jurist, E. L., & Target, M. (2002). Affect regulation, mentalization, and the development of the self New York: Other Press.
  • Fonagy, P., & Target, M. (1997). Attachment and reflexive function: their role in self organization. Development and Psychopathology, 9 (4), 679-700.
  • Guimarães, M. S., & Guimarães, A. C. S. (2002). Guarda: um olhar interdisciplinar sobre casos judiciais complexos. In D. Zimerman. Aspectos psicológicos na prática jurídica Campinas: Millennium.
  • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2011). Estatísticas do Registro Civil 2010 (Vol. 37). Rio de Janeiro: IBGE.
  • Kelly, J. B., & Emery, R. E. (2003). Children's adjustament following divorce: risk and resilience perspectives. Family Relations, 52 (4), 352-362.
  • Macedo, M. M. K., & Werlang, B. S. G. (2007). Trauma, dor e ato: o olhar da psicanálise sobre uma tentativa de suicídio. Ágora, 10 (1), 89-106.
  • Midgley, N., & Vrouva, I. (Eds.). (2012). Minding the child: mentalization-based interventions with children, young people and their families London: Routledge.
  • Muñoz-Ortega, M. L., Gómez-Alaya, P. A., Marcela, C., & Santamaría-Ogliastri, M. C. (2008). Pensamientos y sentimientos reportados por los niños ante la separación de sus padres. Universitas Psychologica, 7 (2), 347-356.
  • Sharp, C., & Venta, A. (2012). Mentalizing problems in children and adolescents. In N. Midgley & I. Vrouva (Eds.), Minding the child: mentalization-based interventions with children, young people and their families London: Routledge.
  • Slade, A. (2005). Parental reflexive functioning: an introduction. Attachment & Human Development, 7 (3), 269-281.
  • Strohschein, L. (2005). Parental divorce and child mental health trajectories. Journal of Marriage and Family, 67 (5), 1286-1300.
  • Yin, R. (2005). Estudo de caso: planejamento e métodos (3Ş ed). Porto Alegre: Bookman.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Fev 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 2012

Histórico

  • Recebido
    11 Nov 2011
  • Aceito
    24 Abr 2012
  • Revisado
    03 Abr 2012
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas Núcleo de Editoração SBI - Campus II, Av. John Boyd Dunlop, s/n. Prédio de Odontologia, 13060-900 Campinas - São Paulo Brasil, Tel./Fax: +55 19 3343-7223 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: psychologicalstudies@puc-campinas.edu.br