O paciente diagnosticado com transtorno alimentar pode ser visto como alvo de orientação ou ser posicionado, junto ao profissional, como especialista na condução do tratamento. Buscou-se compreender, a partir das práticas discursivas de pessoas diagnosticadas com esses transtornos, como profissionais e pacientes constroem as decisões sobre o tratamento. Foram realizadas entrevistas com 12 pacientes de um serviço especializado na área, e quatro foram selecionadas para análise, que teve como fundamento o discurso construcionista social. A análise permitiu abordar os movimentos denunciativos das participantes com relação às decisões unilaterais tomadas por profissionais de saúde, e seu pleito por maior participação do paciente nas decisões do tratamento. Essas realidades relacionais foram discutidas a partir dos discursos sociais privilegiados nas práticas discursivas empreendidas no relacionamento profissional-paciente, da problematização da organização das políticas públicas em saúde em nosso país e do modo de funcionamento das instituições hospitalares.
Anorexia nervosa; Bulimia nervosa; Construcionismo social; Pessoal de saúde; Relações médico-paciente