Resumo
O cuidado a pessoas em uso de substâncias psicoativas é historicamente associado a práticas segregatórias, inclusive com o público infanto-juvenil. O objetivo desta pesquisa é compreender o lugar de cuidado a partir das falas de adolescentes. Realizou-se observação participante e entrevistas semiestruturadas com seis adolescentes em uso de substâncias psicoativas, atendidos em um serviço de saúde mental infantojuvenil. Os dados foram analisados mediante análise temática e discutidos à luz da psicologia analítica e dos pressupostos da reforma psiquiátrica. Conclui-se que a existência do lugar de cuidado não é fixa, mas depende de como este é realizado, compreendido e recebido, e de como se dão os processos relacionais estabelecidos no serviço com o adolescente. As partir das relações terapêuticas construídas no serviço, este pode ser compreendido como tememos, o lugar seguro e potencialmente terapêutico, onde o processo de transformação e desenvolvimento dos sujeitos pode ser sustentado.
Palavras-chave
Adolescência; Psicologia analítica; Saúde mental; Substâncias psicoativas