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O abuso sexual: estudos de casos em cenas incestuosas

Sexual abuse: case studies of incest

Resumos

A contribuição da perspectiva psicanalítica na compreensão do impacto do abuso sexual no funcionamento psíquico baseia-se na identificação da singularidade dos arranjos defensivos frente à angústia traumática. Assim, neste trabalho buscou-se compreender os processos mentais relativos ao funcionamento psíquico de vítimas dessa violência, a partir da perspectiva da teoria psicanalítica, além do impacto do processo traumático no funcionamento psíquico de dois casos de meninas em atendimento em um centro especializado para vítimas de abuso sexual. Para tal, foram utilizadas entrevistas de Hora de Jogo Diagnóstica e testes projetivos, como o Rorschach e o teste do desenho House-Tree-Person. Verificou-se que o funcionamento das meninas se caracterizava por uma dinâmica psíquica dissociativa de enfrentamento do trauma e por um processo identificatório ambivalente, que afetava a capacidade simbólica dos sujeitos. Em conclusão, o atendimento psicoterápico às vítimas de abuso sexual é um recurso indispensável no âmbito da saúde mental.

Abuso sexual; Feminino; Técnicas projetivas


The psychoanalytical contribution to the comprehension of the impact of sexual abuse on psychic functioning is based upon the identification of the uniqueness of the defensive strategy when faced with traumatic anxiety. Accordingly, the aim of this work was to understand the mental processes involved in psychic functioning based on psychoanalytical theory, as well as the impact of the traumatic process on psychic functioning in the case of two girls referred to a special center for sexual abuse victims. Diagnostic playtime interviews and projective tests, such as Rorschach and the House-Tree-Person drawing test were employed. It was ascertained that the functioning of the girls was characterized by a dissociative dynamic of coping with trauma and by an ambivalent identification process, which affected the subjects' symbolic abilities. In conclusion, psychotherapy for victims of sexual abuse is an essential resource for the field of mental health.

Sexual abuse; Female; Projective techniques


ARTIGOS ARTICLES

O abuso sexual: estudos de casos em cenas incestuosas1 1 Artigo elaborado a partir da dissertação de B.G. MALGARIM, intitulada "Abuso sexual: um trajeto da fantasia ao real", Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2009.

Sexual abuse: case studies of incest

Bibiana Godoi MalgarimI; Silvia Pereira da Cruz BenettiII

IESADE, Curso de Psicologia. Unidade Luiz Afonso, R. Luiz Afonso, 84, Cidade Baixa, 90050-310, Porto Alegre, RS, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: B.G. MALGARIM. E-mails: <bmalgarim@yahoo.com.br>; <bibiana.gm@hotmail.com>

IIUniversidade do Vale do Rio dos Sinos, Curso de Psicologia. São Leopoldo. RS, Brasil

RESUMO

A contribuição da perspectiva psicanalítica na compreensão do impacto do abuso sexual no funcionamento psíquico baseia-se na identificação da singularidade dos arranjos defensivos frente à angústia traumática. Assim, neste trabalho buscou-se compreender os processos mentais relativos ao funcionamento psíquico de vítimas dessa violência, a partir da perspectiva da teoria psicanalítica, além do impacto do processo traumático no funcionamento psíquico de dois casos de meninas em atendimento em um centro especializado para vítimas de abuso sexual. Para tal, foram utilizadas entrevistas de Hora de Jogo Diagnóstica e testes projetivos, como o Rorschach e o teste do desenho House-Tree-Person. Verificou-se que o funcionamento das meninas se caracterizava por uma dinâmica psíquica dissociativa de enfrentamento do trauma e por um processo identificatório ambivalente, que afetava a capacidade simbólica dos sujeitos. Em conclusão, o atendimento psicoterápico às vítimas de abuso sexual é um recurso indispensável no âmbito da saúde mental.

Unitermos: Abuso sexual. Feminino. Técnicas projetivas.

ABSTRACT

The psychoanalytical contribution to the comprehension of the impact of sexual abuse on psychic functioning is based upon the identification of the uniqueness of the defensive strategy when faced with traumatic anxiety. Accordingly, the aim of this work was to understand the mental processes involved in psychic functioning based on psychoanalytical theory, as well as the impact of the traumatic process on psychic functioning in the case of two girls referred to a special center for sexual abuse victims. Diagnostic playtime interviews and projective tests, such as Rorschach and the House-Tree-Person drawing test were employed. It was ascertained that the functioning of the girls was characterized by a dissociative dynamic of coping with trauma and by an ambivalent identification process, which affected the subjects' symbolic abilities. In conclusion, psychotherapy for victims of sexual abuse is an essential resource for the field of mental health.

Uniterms: Sexual abuse. Female. Projective techniques

O abuso sexual é uma temática complexa que perpassa diversas dimensões, desde situações específicas envolvendo perpetradores e vítimas, a questões familiares, sociais e culturais associadas à ocorrência dessa violência (Avery, Hutchinson & Whitaker, 2002; Santos & Dell'Aglio, 2008). Além disso, há consequências sérias, resultantes dessa experiência traumática, que afetam diversos aspectos do desenvolvimento cognitivo e emocional de crianças e adolescentes (Finkelhor, 1994; Pfeiffer & Salvagni, 2005; Prado & Féres-Carneiro, 2005). Por conseguinte, em virtude da incidência de casos e das graves consequências desta violência, o abuso sexual foi considerado um grave problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde, que destacou a importância de estudos dirigidos para a prevenção e atenção ao problema (Organização Mundial da Saúde, 1999).

O levantamento de revisões bibliográficas sistemáticas sobre o tema indica um crescente interesse das pesquisas na identificação de diferentes aspectos do problema, incluindo questões epidemiológicas, características, fatores associados e consequências do abuso sexual no desenvolvimento individual (MacDonald, Higgins & Ramchandani, 2006). Entretanto, apesar da extensa contribuição dessas diferentes pesquisas, há ainda uma carência de estudos baseados na compreensão psicanalítica sobre o abuso sexual (Hachet, 2006; Mess, 2001).

Quando na década de 1970 a questão do abuso sexual firmou-se como um grave problema de maus-tratos infantis, Young-Bruehl (2004) destacou que a psicanálise não participara diretamente desses estudos iniciais por ser considerada uma teoria mais intrapsíquica. Entretanto, o abuso sexual e seu respectivo impacto no desenvolvimento da personalidade do sujeito, independentemente de pertencer à fantasia ou ao real, ocupam um lugar de destaque na psicanálise clássica. Nesse sentido, compreensões baseadas em interpretações subjetivas, fundadas na teoria de desenvolvimento psicanalítica, podem contribuir com aspectos fundamentais para o entendimento do trauma do abuso sexual.

A experiência traumática do abuso sexual, sob a perspectiva psicanalítica, associa-se a dificuldades graves nas relações primárias ou vinculares, a vivências altamente ansiogênicas e a um funcionamento psíquico desorganizado, resultando em falhas estruturais importantes no aparelho psíquico (Davies & Frawley, 1994). Isto é, a qualidade dissociativa do funcionamento psíquico reflete a cisão do objeto internalizado, aspectos associados aos sentimentos de amor e agressão vividos, experiência que coloca a criança num estado confusional no qual representações do self e dos demais ficam distorcidas em função das experiências concretas de violência e das representações internas dos objetos primários (Fontes, Scheffer & Kapezinski, 2007).

Assim, considerando a complexidade dos aspectos envolvidos nas situações traumáticas associadas ao abuso sexual, neste trabalho buscou-se compreender os processos mentais relativos ao funcionamento psíquico de vítimas dessa violência. Com base na perspectiva da teoria psicanalítica, além do impacto do processo traumático no funcionamento psíquico, foram também investigadas as características e a dinâmica das representações objetais de dois casos de meninas em atendimento em um centro especializado para vítimas de abuso sexual.

Método

Este trabalho constitui uma pesquisa qualitativa realizada por meio de Estudo de Casos Múltiplos (Yin, 2005). A metodologia qualitativa garante a singularidade do objeto estudado, ao mesmo tempo que permite a formulação de hipóteses e teorias. Portanto, essa estratégia comporta tal aprofundamento ao explorar diferenças e similaridades da questão investigada. Além disso, as questões éticas envolvendo sujeitos em situação de maus-tratos foram consideradas em profundidade, discutindo-se o trabalho no contexto do local realizado, com a criança e os familiares ou responsáveis. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS).

Participantes

Participaram do estudo duas meninas encaminhadas pelo Conselho Tutelar a um serviço de atendimento voltado para vítimas de violência, localizado em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. O primeiro caso refere-se a Estela (10 anos), abusada pelo pai, situação que ela só relatou após a separação do casal. O segundo caso é o de Lauren (12 anos), abusada pelo avô materno, com quem morava até essa idade. Sua mãe, por sua vez, também sofrera abuso sexual por parte dele e suspeitava que a garota fosse filha do avô. O número da amostra (amostra por conveniência) delimitou-se em virtude da demanda registrada no local de atendimento e dos critérios de inclusão no estudo (sexo feminino, idade entre 10 e 13 anos, e encaminhamento em função de suspeita de abuso sexual intrafamiliar).

Instrumentos e Procedimentos

O processo de coleta de dados desenvolveu-se dentro dos parâmetros da Avaliação Psicológica, utilizando-se instrumentos projetivos, tais como o Rorschach (Anzieu, 1986; Traubenberg, 1998) e o teste do desenho House-Tree-Person (HTP) (Buck, 2003). Essas ferramentas foram selecionadas em virtude de serem consistentes, validadas para população brasileira e darem conta dos objetivos propostos no trabalho. Ainda, contou-se com Hora de Jogo Diagnóstica (Efron, Fainberg, Kleiner, Sigal & Woscoboinik, 2001) e entrevistas para a ratificação e complementação dos resultados achados nos testes. A avaliação psicológica foi composta de 6 a 10 encontros, mais a Entrevista Devolutiva, com sessões de 45 minutos de duração. Após o término de todo o processo, os sujeitos foram encaminhados para atendimento psicológico no próprio serviço.

Resultados

Em termos familiares, verifica-se que as vivências das duas meninas foram marcadas por eventos de violência e negligência, tanto em suas trajetórias pessoais de desenvolvimento como nos aspectos transgeracionais das famílias de origem.

Caso Estela

Primeiramente, em Estela, percebe-se que a fragilidade dos vínculos emocionais tem início na própria história materna. Vânia, mãe de Estela, foi colocada num internato na idade em que Estela agora se encontra, devido a problemas de relacionamento com a mãe, avó da menina. Iniciou sua vida sexual precocemente, tendo sua primeira relação sexual aos 12 anos. Em seguida, conheceu o futuro marido, com quem veio a se casar e ter Estela.

Segundo Vânia, o casamento já estava muito desgastado em virtude de separações ocasionais e discussões, tendo a separação efetiva ocorrido um ano antes deste estudo. Quando da separação, Estela apresentava sintomas como enurese, ansiedade e dores abdominais, que já haviam se manifestado aos 6 anos de idade. Entretanto, ela só veio a relatar o abuso sexual para a avó e a irmã mais velha após a separação dos pais. Mencionou que o pai costumava olhar para ela, passar a mão nos seus genitais e pedir para ela sentar-se em seu colo. Segundo o relato da mãe, a partir da separação e do relato do abuso, a menina passou a não conseguir mais sair de casa devido a manifestações ansiosas, como fortes dores abdominais acompanhadas por diarreia. Em razão disso abandonou a escola e, como consequência, sua leitura era precária, além de apresentar dificuldade em cálculos simples de matemática.

Estela demonstrou ser extremamente vaidosa, com fala prolixa, aparentemente extrovertida, embora com alto grau de ansiedade. Apesar de colaborativa, a interação estabelecida era superficial, manifestando um controle pouco efetivo das situações de conflito, características evidentes na Hora de Jogo Diagnóstica e nos testes projetivos. Nesse sentido, através da Hora de Jogo Diagnóstica, pontos importantes do funcionamento das crianças são identificados, visto que essa técnica é utilizada no mesmo sentido que se utiliza a fala com o adulto. Indicadores como escolha dos brinquedos, modalidades de brincadeiras, personificação, motricidade, criatividade, capacidade simbólica, tolerância à frustração e adequação à realidade, são elementos importantes para a compreensão do funcionamento infantil, conforme acentuam Efron et al. (2001).

No caso de Estela, durante as sessões, ela se detinha com maior frequência a organizar a brincadeira do que propriamente a brincar, apresentando um nível esperado para uma criança de três anos, no qual a brincadeira é egocêntrica, voltada para a investigação do objeto e para o prazer que lhe proporciona o exercício e a manipulação deste.

Da mesma forma, em relação à questão ligada às identificações, por meio do indicador de personificação, pode-se estabelecer a capacidade de assumir papéis com os quais o sujeito se identifica em algum nível. Estela não conseguiu trazer para o brinquedo nenhum elemento identificatório, apresentando uma tendência para brincar com situações que a colocavam diante de uma clara dificuldade (jogos que envolviam contas ou leituras). Portanto, a capacidade criativa era limitada à exploração do material, apontando a dificuldade em integrar elementos novos, característica de atividade defensiva egoica frente à não estruturação. Nesse sentido, a tolerância à frustração também é um aspecto a ser destacado, pois, embora nunca reagisse com raiva ou descontrole, quando se deparava com uma situação que a frustrava, tratava de encerrar a brincadeira (brincadeiras ligadas a leitura e contas, por exemplo).

No teste HTP, o comportamento impulsivo e o desejo de satisfação imediata de suas necessidades foram identificados na avaliação dos desenhos. Buck (2003) refere que crianças vítimas de incesto possuem controle precário de impulsos e desenvolvem uma estrutura defensiva que enfatiza a regressão. Os tempos cotados na elaboração do teste remetem a um estado de choque ou angústia, devido à rapidez com que Estela realizou a atividade, dando margem para inferir que ela tinha a intenção de se livrar dos estímulos tão logo pudesse, visto que eles a angustiavam e, não havendo outra forma de lidar com a situação, repelia-os. Além disso, no material puderam-se perceber pontos comuns com desenhos de crianças que sofreram abuso sexual, como as pernas juntas e pressionadas uma à outra (figura humana), árvores fálicas (o desenho da árvore "fecundada" por um regador fálico carregado por uma figura humana), olhos omitidos e/ou pequenos (os olhos da figura humana junto à árvore).

Segundo Buck (2003), crianças vítimas de incesto possuem controle precário de impulsos e desenvolvem uma estrutura defensiva que enfatiza a regressão. A análise dos desenhos demonstrou a dificuldade de Estela em manter contato com a realidade, pela necessidade de controle e desconfiança, adotando uma posição de superioridade em relação aos demais. No desenho da árvore, por exemplo, o tamanho excessivo da copa representa uma procura compensatória de satisfação dos impulsos, ao mesmo tempo que demonstra uma importante fragilidade dos recursos internos para alcançar essa satisfação.

Por último, a avaliação do Rorschach confirmou, em Estela, aspectos de um funcionamento psíquico associado à presença de conflitos importantes, bem como limitada capacidade de lidar com aspectos amplos da realidade. Predominaram mecanismos obsessivos de atenção ao detalhe e de adaptação ao que é esperado e desejável, em detrimento de uma elaboração que lhe permitiria maior acesso a vivências afetivas interiores. Além disto, a dinâmica de Estela apontou uma forte área de conflito em relação a questões da sexualidade, dificuldades com a figura de autoridade, egocentrismo e resistência em se colocar de forma autêntica.

Em termo de referências ao masculino e feminino, houve um indicativo de confusão apresentado tanto no HTP quanto no Rorschach. No primeiro, as figuras foram estereotipadas. Já no segundo, houve uma clara dificuldade interna na representação do humano - logo, do feminino e do masculino - expressa pela ausência dessas referências em todo o teste. Isso parece contraditório com a postura que Estela adotava, mostrando uma imagem extremamente feminina, vaidosa, sedutora e madura para sua idade. Entretanto, faz sentido quando se entende o funcionamento da menina, caracterizado pela superficialidade aliada à postura de atender ao que é esperado socialmente, exemplificado no número de respostas banais.

As representações parentais indicaram uma séria dificuldade de internalização de vivências afetivas satisfatórias. Assim, as representações objetais, exemplificadas nas pranchas I, II, III e especificamente nas pranchas IV (paterna) e VII (materna), demonstram que a ambivalência em relação às figuras parentais resultaram na inabilidade de identificação com os aspectos afetivos e amorosos do objeto, gerando uma situação de conflito que impede a organização e discriminação do self e do objeto. Em nenhuma dessas pranchas houve manifestação de formas humanas, predominando respostas de conteúdo animal, baseadas na forma e também de destaque ao conteúdo anatômico. Ou seja, em todas as pranchas que convidam ao sujeito a se identificar com humanos, com relações sociais e com a figura feminina, Estela não conseguiu reconhecer esses aspectos, visto que internamente a representação objetal é distorcida.

Caso Lauren

A análise do segundo caso, Lauren, aponta uma história marcada pela violência sexual, desde sua duvidosa concepção até seu momento atual de vida. Nascendo de uma cena incestuosa, a menina carrega em si a repetição da história da mãe, que também fora abusada pelo avô.

A mãe, Maria, relatou ter sido abusada pelo pai desde muito jovem, tendo dado à luz aos 16 anos. Portanto, acreditava que a filha fosse fruto dos abusos cometidos pelo pai. Na ocasião da avaliação, estava em andamento um exame de Ácido desoscirribonucléico (DNA) para averiguação dessa possibilidade. Após o nascimento da filha, ela permanecera na casa dos pais por mais um ano e meio, decidindo-se ir embora sem levar a filha. Nesse momento, já se encontrava grávida pela segunda vez. Em relação a essa segunda gestação, não apresentou dúvida sobre a paternidade, atribuída ao esposo.

Com sua saída de casa, a filha passou a ser criada pelos avós. Conforme relato de Maria, ela solicitara anteriormente a guarda da menina, mas o Conselho Tutelar não a concedeu em razão de ela não possuir residência. Finalmente, em dezembro de 2008, obteve a guarda de Lauren, ao levantar a possibilidade de esta estar sofrendo abuso sexual por parte do avô. Na ocasião, foi constatado através de exame médico que a garota havia tido relações sexuais.

Lauren era uma adolescente grande, robusta, mas com um ar infantil. Possuía uma deficiência auditiva que não se constituiu empecilho, visto que se comunicava bem e entendia tudo que lhe era perguntado. Segundo relatado à assistente social do serviço, os abusos ocorriam com frequência no sítio onde moravam. Lauren trabalhava com os avós na roça; havia um local que descreve como "um mato" perto da casa, onde o avô mantinha relações sexuais com ela.

Durante a Hora de Jogo Diagnóstica, observou-se uma brincadeira pobre, como na escolha dos brinquedos, os quais sempre foram direcionados a brincadeiras de uma faixa etária inferior à sua, indicando um escasso repertório do seu ego para com a realidade. Além disso, sua forma de desenvolver a brincadeira possuía características de estereotipia (Efron et al., 2001), tal como quando repetia falas de um personagem de um programa de humor. Essa brincadeira ainda apresentava uma forte carga de identificação, pois o personagem refletia uma moça envolvida com um senhor muito mais velho.

Lauren também se utilizou do desenho e da leitura nas sessões de avaliação. Os desenhos livres, pontuados pela obsessividade, característica encontrada também no HTP, revelaram uma questão familiar interessante: a irmã era colocada numa posição de superioridade frente a todos, uma figura francamente destacada. Já o padrasto ocupava um lugar distante dos demais no mesmo desenho. A irmã viveu com sua mãe toda a vida, pois esta, ao partir, levou consigo a segunda filha, deixando Lauren aos cuidados dos avós. Essa perspectiva de desvalia manifestava-se na preferência pelo livro do Patinho Feio, uma temática que reflete a busca empreendida pelo sujeito por um lugar que lhe seja próprio dentro da família (Corso & Corso, 2006). A fantasia empreendida nessa história associa-se com dúvidas sobre a filiação, tanto nos pais como nos filhos. A questão de filiação reflete o fato de que, no momento da pesquisa, Lauren se encontrava envolvida com um teste de DNA para comprovar ou não a paternidade do avô.

As representações da casa e da árvore no HTP denotam um esforço de controle obsessivo. Os desenhos significavam de forma geral ansiedade e busca por controle, manifestos pela obsessão e conflito na área sexual, este último indicado na figura da casa e da pessoa. A figura humana, a qual remete a si mesma, foi associada à irmã e a uma amiga. Segundo Lauren, essa amiga, por ser uma pessoa sozinha, necessitava de amigos, sentimento que possivelmente tenha experimentado durante sua vida.

Na avaliação do Rorschach, o protocolo de Lauren indicou que se trata de um sujeito que sofreu uma experiência traumática. Sua baixa capacidade de apreensão do todo, refletida no alto índice de respostas de detalhe (D 56,25%) e pequeno detalhe (Dd 31,25%), pode estar indicando uma tentativa de lidar com uma realidade que não lhe foi acolhedora, mas, ao contrário, foi hostil e traumática. Além disso, esse índice remete a um sujeito com dificuldades cognitivas, que exclui a subjetividade propriamente dita e, assim, utiliza-se essencialmente das funções básicas do ego, como atenção, linguagem, percepção etc. É através das partes, dos pedaços - por exemplo, olho, orelha - que consegue se manter nas relações, sendo esta uma estratégia defensiva e protetiva contra a ansiedade. Da mesma forma, aliam-se a essa estratégia defensiva as respostas banais, indicando que diz aquilo que se espera dela, numa atitude estereotipada e também defensiva. Além disso, outro dado importante referente à maturação do ego é a presença de movimento, o que não aparece no protocolo em nenhum momento.

O conteúdo animal foi predominante, sendo que, quando ocorriam referências a humanos, estas eram feitas por partes, salvo a figura feminina, com a qual parece manter internamente certa integridade. Portanto, quanto à organização da identidade, explorada na prancha V, pode-se inferir que havia certa integridade estrutural no caso de Lauren, sendo que a condição de fragmentação identificada estava mais ligada ao funcionamento. Isto é, essa desorganização funcional ocorreu em virtude de uma situação traumática, que produziu respostas deterioradas. Assim como a questão da identidade encontrava-se de certa forma preservada, diante do feminino havia um controle afetivo eficaz, embora alcançado à custa de um olhar parcial, pelas partes (prancha VII).

As relações sociais exploradas na prancha VIII indicam uma tentativa de controle afetivo, apontada por suas respostas estereotipadas. Nesse caso, quando Lauren começava a trazer conteúdos genuinamente seus, a desadaptação se evidenciou. Nos relacionamentos profundos (íntimos), a prancha IX indica uma área de conflito, assim como a área da sexualidade na prancha VI, ambas rejeitadas. Na ocasião do inquérito, Lauren sentiu-se irritada com a tarefa, demonstrando dificuldade em responder a razão pela qual tinha visto o que descrevera para a profissional. Além disso, um ponto interessante - que ratifica a forma de apreensão da menina, suas defesas e sua maneira de negociar com a realidade - foi quando ela percebeu que, dando um determinado tipo de resposta que era aceita, simplesmente repetia-a para não ter que elaborar uma outra.

Discussão

O objetivo central deste trabalho foi compreender e interpretar as características das representações objetais em pré-adolescentes vítimas de abuso sexual, através da avaliação psicológica de dois casos, Estela e Lauren. Nesse sentido, identificaram-se aspectos centrais ao desenvolvimento psicológico, destacando-se o impacto dessa vivência traumática na dinâmica psíquica das meninas.

Fundamentalmente, a experiência traumática associa-se a dificuldades graves nas relações primárias ou vinculares, a experiências concretas de vivências altamente ansiogênicas, e ao estabelecimento de um funcionamento psíquico desorganizado, resultando em falhas estruturais importantes no aparelho psíquico (Hachet, 2006; Intebi, 2008; Mess, 2001; Young-Bruhel, 2004). No caso de Estela, sua avaliação apontou um empobrecimento na capacidade de se colocar subjetivamente nas relações de forma autêntica, bem como um alto conteúdo ansiogênico. No caso de Lauren (13 anos), a situação traumática estava repercutindo na sua organização psíquica, que a garota buscava manter compensada, através da manutenção de um foco reduzido da realidade, de dificuldades no relacionamento interpessoal, assim como da presença de características obsessivas e ansiosas. A menina, cuja paternidade estava sob investigação devido à possibilidade de ser ela filha do avô, foi criada pelos avós maternos, tendo a mãe posteriormente obtido à guarda. Para Lauren, talvez esse movimento de resgate materno tenha propiciado uma retomada subjetiva importante de seu desenvolvimento psíquico. O momento em que sua mãe a retirou da convivência dos avós pode ser um elemento importante para a compreensão da integridade que mantinha da figura feminina. Segundo Lauren, sua vida era então muito diferente da que levava quando morava com seus avós, e, de acordo com sua fala, morar com a mãe pareceu estar sendo gratificante.

Todavia, tanto para Lauren como para Estela, as dificuldades vinculares não se restringiam ao momento do abuso, mas estavam presentes na história familiar, indicando que a violência se caracterizava por um padrão interativo transgeracional nas famílias. As vivências traumáticas posteriores vividas pelas meninas, representavam, portanto, uma confirmação de um contexto relacional associado a experiências violentas. Nessa direção, Santos e Dell'Aglio (2008), em uma revisão sobre as características maternas de crianças vítimas de abuso sexual, apontam aspectos importantes, tanto do funcionamento familiar como do materno, relativos ao ajustamento emocional, a elementos multigeracionais na história da família e à própria reação materna frente à revelação do episódio. Indicam, portanto, um fator essencial para a compreensão do abuso sexual referente à interação complexa de situações envolvidas nos casos.

Na perspectiva psicanalítica, os aspectos relacionados à representação simbólica do abuso e as respostas dissociativas do funcionamento psíquico formam a base para a compreensão das reações frente às experiências abusivas (Hachet, 2006; Intebi, 2008; Mess, 2001; Young-Bruhel, 2004). No caso do abuso sexual, as memórias traumáticas estarão associadas às fantasias sexuais infantis agressivas e, quanto mais precocemente ocorrer o abuso, mais sintomática será a resposta da criança em função da incapacidade do ego de organizar a experiência traumática. Por sua vez, a incapacidade de contenção afetiva, o significado e a estruturação da experiência colocam a criança numa organização caótica, que ocasiona vivências de isolamento pessoal e sintomas de ansiedade e pânico.

Logo, resta à criança uma forma elaborada de funcionamento, que consiste em isolar as experiências intrusivas, dissociando-as de outras vivências psíquicas. Essas experiências dissociativas não se limitam ao isolamento da memória do abuso, mas também atingem aspectos do self. Desse modo, considerando-se esses aspectos do funcionamento, observa-se que constituem a base para o possível desenvolvimento de personalidade borderline, situação caracterizada por alta modulação afetiva, ansiedade difusa, dificuldades relacionais, depressão e/ou agressividade (Davies & Frawley, 1994). Assim, Guiter (2000) assinala que crianças vítimas de experiências incestuosas lidam internamente com sentimentos de onipotência e, ao mesmo tempo, sentimentos de ódio, raiva e ambivalência, que geram um funcionamento psíquico marcado pelo temor da ameaça constante à estrutura psíquica (borderline), constituindo um entrave importante para o desenvolvimento psíquico.

Esse funcionamento psíquico relaciona-se a um empobrecimento na capacidade simbólica. Ou, como Prado e Feres-Carneiro (2005) destacam, o estrago produzido na capacidade de simbolizar e transformar irá constituir zonas mortas do psiquismo. Essas marcas traumáticas implicarão a destruição completa ou parcial do aparelho psíquico e do sentido de identidade pessoal, impedindo o desenvolvimento emocional. Portanto, as dificuldades em decorrência do abuso sexual permeiam as dimensões cognitivas, afetivas, identificatórias e relacionais das vítimas.

No nível cognitivo, na história das duas meninas havia uma trajetória de fracasso escolar. Para Estela, a questão da aprendizagem, apesar de revestida por uma roupagem de sucesso exemplificada em suas diversas falas, indicava um conhecimento que não possuía. No segundo caso, havia uma defasagem escolar: Lauren se encontrava atrasada na escola.

Da mesma forma, a capacidade de brincar e explorar o ambiente, no jogo das duas meninas, mostrou-se limitada, estereotipada e sem utilização de recursos de personificação criativa. As produções projetivas nos testes HTP e Rorschach demonstraram sinais de experiências traumáticas e indicadores sexuais, principalmente nos desenhos. Nestes últimos, a imaturidade e a ansiedade foram traços presentes nas duas meninas. Por último, no Rorschach, da mesma forma, as avaliações nos dois casos mostraram capacidade limitada de apreensão da realidade, com fragmentação da experiência e utilização de defesas obsessivas, exemplificadas pelo predomínio de respostas de detalhe, conteúdo animal e ausência de movimento. Chamou atenção, nesse sentido, a incapacidade de reconhecimento do humano, indicativo de uma internalização objetal marcada pela ambivalência e pelo conflito.

Segundo estudos nacionais que utilizaram a técnica do Rorschach com crianças vítimas de violência sexual, foram constatados, nos casos analisados: sinais de depressão; ansiedade; defesas dissociativas; sentimentos ambivalentes em relação às figuras paterna e materna; retraimento a um universo solitário e sem clara distinção entre o real e o imaginário (Mariuza, Azeredo & Netto, 2004); prejuízo na percepção do outro; dificuldade e empobrecimento das relações interpessoais; alto índice de isolamento; autoimagem desvalorizada; conflitos de identidade e de relacionamento (Vagostello, Silva & Tardivo, 2004); alto índice de respostas com conteúdo animal e percepção das figuras paterna e materna como agressivas, negligentes e desvalorizadas (Fontes, Scheffer & Kapzinski, 2007).

Esses resultados corroboram trabalhos internacionais com adultos. Por exemplo, numa investigação comparativa dos protocolos de Rorschach, envolvendo 22 casos de história de abuso sexual sem sintomas dissociativos, 13 casos com suspeita de abuso sexual e 43 casos sem história de abuso, Kamphuis, Kugeares e Finn (2000) confirmaram um maior índice de respostas de trauma no grupo vítima de abuso, com uma grande frequência de respostas com anatomia, raio-x e símbolos sexuais.

Além desse aspecto, nos protocolos de Rorschach com meninas e mulheres adultas vítimas de abuso sexual, evidencia-se, não uma maior frequência de respostas sexuais, mas uma preocupação com a representação corporal, indicando danos à representação do self (Arenella & Ornduff, 2000). Assim, os trabalhos científicos não identificam maior frequência de respostas sexuais em vítimas de abuso sexual, mas, ao contrário, observam que as respostas relacionam-se a dificuldades com o estabelecimento de fronteiras corporais, indicativas de uma representação de self instável e altamente intrusiva (Arenella & Ornduff, 2000; Billingsley, 1995).

Por último, em relação à idade da ocorrência do abuso, Zivney, Nash e Hulsey (1988) referem que as crianças vítimas de abuso sexual na infância diferem-se das crianças vítimas de abuso sexual na latência ou pré-adolescência. As primeiras teriam maiores conflitos relativos à oralidade e definição do self, exibindo padrões pré-edípicos de conflitos, centrando-se em dificuldades cognitivas, fronteiras do self e preocupações com gratificações orais e relacionais, enquanto as segundas manifestariam maior agressividade, hostilidade e medo.

Na perspectiva psicanalítica, a situação traumática pode alterar significativamente a forma como se processam as identificações e a funcionalidade da estrutura no sujeito, resultando em grande parte de conteúdo traumático não simbolizado e, consequentemente, desorganizador (Bergeret, 1998). No caso de Lauren, havia uma estrutura que tentava manter-se compensada, ainda que internamente houvesse pouco movimento no sentido de elaboração das experiências traumáticas. Logo, está-se diante de uma menina marcada pelo trauma, que tentava sobreviver internamente a um evento que certamente mudara o curso de sua dinâmica e que, à época, a mantinha paralisada. Estela, por sua vez, manifestou uma clara dificuldade em buscar as referências humanas para si, o que pode ocorrer em função de sua estrutura, articulada com a situação traumática. Pode-se supor que ela se identificava com o agressor, além de manifestar sentimentos ambivalentes por ele. Sua postura, sua linguagem, seus ganhos secundários e sentimentos ambivalentes denunciam um caminho estrutural perverso - limítrofe - que começou a ser organizado no tempo em que ocupava o espaço concreto de rivalidade com a figura materna.

Lauren, embora tomada pela violência sexual e com cotações do Rorschach muito próximas às de Estela, organizou-se de maneira diferenciada. Sua apreensão pelo pequeno detalhe é uma organização defensiva que caracteriza sua obsessividade, também expressa no HTP, como forma de manter-se compensada. Inferiu-se que, no caso de Estela, se o abuso referido por ela tenha de fato começado aos seis anos, ou seja, no início da latência, a menina passou a ocupar um lugar de rivalidade feminina concreta com a figura da mãe, fato esse potencialmente desorganizador. Logo, torna-se compreensível seu comprometimento psíquico e a característica menos integrada de personalidade em relação a Lauren. Sua personalidade se encontrava abalada pela questão traumática que se instalou aparentemente muito cedo em sua vida. No segundo caso, entretanto, houve um resgate positivo realizado pela figura feminina da mãe, algo que pode, possivelmente, trazer algo de reorganizador.

Finalmente, pensa-se que a questão edípica de ambos os casos não se organizou plenamente, predominando aspectos pré-edípicos voltados para conflitos relativos a questões narcísicas de gratificação e ao estabelecimento de uma representação objetal integrada e coesa. As identificações são de cunho mais primitivo e a relação estabelecida com as figuras ora são agressivas, ora negadas defensivamente, além da questão da sexualidade confusa ou também negada. Uma contribuição importante desse dado, que se mostra absolutamente coerente com a teoria revisada, é que um sujeito em desenvolvimento que não alcança com êxito a fase edípica pode ser jogado para dentro de uma organização limítrofe.

Essas meninas, embora estivessem até certo ponto adaptadas dentro do seu cotidiano, demonstraram que essa compensação lhes exigia diariamente um grande esforço psíquico. Contudo, cabe ainda ressaltar que se trata de meninas em transição entre a pré-adolescência e a adolescência propriamente dita, ou seja, sujeitos que comportam potencial para alcançar uma estrutura mais organizada e estável, ainda que notadamente isso não vá ocorrer espontaneamente. Destaca-se, portanto, a importância de um atendimento profissional especializado e comprometido com essas vítimas, além de uma rede de apoio satisfatória.

Considerações Finais

A contribuição da perspectiva psicanalítica para a compreensão do impacto do abuso sexual no desenvolvimento e funcionamento psíquico de meninas vítimas dessa violência se dá fundamentalmente no aprofundamento do conhecimento sobre a singularidade dos arranjos defensivos frente à angústia traumática, sobre o impacto desses arranjos nos processos identificatórios baseados na internalização das representações objetais, e sobre as consequências na estruturação do aparelho psíquico desses processos. Assim, verifica-se que o funcionamento das duas meninas vítimas de abuso sexual intrafamiliar se caracterizava fundamentalmente por uma dinâmica psíquica associada ao enfrentamento do trauma, porém sustentada em experiências dissociativas. Essas experiências, por sua vez, tornavam o processo identificatório marcado pela ambivalência entre amor e agressão ao objeto, funcionamento que impedia a internalização de uma representação coesa das figuras parentais. Todo esse processo afetava a capacidade simbólica dos sujeitos, visto que esta se consolida justamente no êxito de alcançar identificações coesas e estáveis, que no caso das vivências traumáticas é prejudicado. Por conseguinte, a estruturação psíquica se vê comprometida, podendo posteriormente organizar-se como uma estrutura limítrofe. Dessa maneira, o atendimento psicoterápico às vítimas de abuso sexual é um recurso indispensável no âmbito da saúde mental.

Finalmente, salienta-se que trabalhar e pesquisar o tema de violência sexual infantil é uma tarefa complexa. Nesse sentido, cabe serem destacadas algumas limitações do trabalho, tais como a utilização de um instrumento projetivo como o Rorschach, o qual exige prática e supervisão constante; o número de casos investigados, bem como as dificuldades inerentes ao processo avaliativo de situações traumáticas. Ainda assim, a possibilidade de um estudo aprofundado de casos permite uma melhor compreensão dos processos psíquicos associados à vitimização por abuso sexual, facilitando o aprimoramento do trabalho psicoterápico das vítimas.

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Recebido em: 21/12/2009

Versão final reapresentada em: 26/11/2010

Aprovado em: 8/8/2011

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  • 1
    Artigo elaborado a partir da dissertação de B.G. MALGARIM, intitulada "Abuso sexual: um trajeto da fantasia ao real", Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2009.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Jan 2012
    • Data do Fascículo
      Dez 2011

    Histórico

    • Aceito
      08 Ago 2011
    • Revisado
      26 Nov 2010
    • Recebido
      21 Dez 2009
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