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Descrição de genitálias de Neoblattella Shelford, 1911 com chave para identificação e considerações sobre o gênero (Blattaria, Blattellidae)

Description of genitalia of Neoblattella Shelford, 1911 with key for identification and considerations about the genus (Blattaria, Blattellidae)

Resumos

Neste trabalho sete espécies de Neoblattella Shelford, 1911 são estudadas e descritas, pela primeira vez, as genitálias do macho e da fêmea. Com base nesse estudo são reunidas em quatro grupos, com a finalidade de estabelecer relação entre elas e elucidar problemas taxonômicos.

Neoblattella; Blattaria; Blattellidae; genitália; taxonomia


In this paper seven species of Neoblattella Shelford, 1911 are studied and, in first time, described the female and male's genitalia. The species are gathered in four groups with the purpose of establishing relationship among them and to elucidate taxonomics problems.

Neoblattella; Blattaria; Blattellidae; genitalia; taxonomy


ARTIGOS PAPERS

Descrição de genitálias de Neoblattella Shelford, 1911 com chave para identificação e considerações sobre o gênero (Blattaria, Blattellidae)

Description of genitalia of Neoblattella Shelford, 1911 with key for identification and considerations about the genus (Blattaria, Blattellidae)

Sonia Maria Lopes; Edivar Heeren de Oliveira

Departamento de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, CEP: 20940-040 São Cristóvão, Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: sonialf@acd.ufrj.br

RESUMO

Neste trabalho sete espécies de Neoblattella Shelford, 1911 são estudadas e descritas, pela primeira vez, as genitálias do macho e da fêmea. Com base nesse estudo são reunidas em quatro grupos, com a finalidade de estabelecer relação entre elas e elucidar problemas taxonômicos.

Palavras-chave:Neoblattella, Blattaria, Blattellidae, genitália, taxonomia

ABSTRACT

In this paper seven species of Neoblattella Shelford, 1911 are studied and, in first time, described the female and male's genitalia. The species are gathered in four groups with the purpose of establishing relationship among them and to elucidate taxonomics problems.

Key words:Neoblattella, Blattaria, Blattellidae, genitalia, taxonomy

Introdução

As espécies de Neoblattella caracterizam-se por apresentar no macho: 1) abdome com modificação tergal no sexto, sétimo e oitavo segmentos ou somente no sétimo segmento, em forma de cílios dispersos; 2) placa supra-anal prolongada entre os cercos com as margens laterais retas e convergentes; 3) placa subgenital simétrica, estilos iguais afilados dispostos próximos aos bordos da placa; 4) L2vm bifurcado com L2d de formas diversas.

O gênero conta com 20 espécies, das quais sete foram estudadas neste trabalho, em razão da disponibilidade existente na coleção do Museu Nacional. Com esse material foi feito um estudo pioneiro das genitálias do macho e da fêmea de algumas dessas espécies, visando estabelecer a relação entre elas, para elucidar problemas taxonômicos. As espécies foram reunidas em complexos, e novos registros no Brasil foram acrescentados.

As espécies de Neoblattella com distribuição na região neotropical desde América Central até o sul da América do Sul (Fig. 55) são de habitat preferencialmente bromelícola, podendo ser encontradas também na vegetação e em folhiço dentro da mata.







O gênero Neoblattella foi descrito por Shelford (1911) com base em Blatta adspersicollis Stal, 1858.

Rehn (1915) a partir de uma fêmea descreveu uma espécie nova da Argentina (N. puerilis) e em 1932 uma espécie nova do Estado do Pará (N. sucina).

Bruijning (1959) estudando o gênero Neoblattella considerou à ele pertencentes somente seis espécies, englobando-as no grupo que denominou como adspersicollis (N. adspersicollis (Stal, 1861); N. binodosa Hebard, 1926; N. poecilops Hebard, 1926; N. longior Hebard, 1926; N. unifascia Hebard, 1926 e N. guianae Hebard, 1929).

Material e Métodos

Os espécimes foram analisados morfologicamente de acordo com as técnicas rotineiras desenvolvidas em laboratório e descritas em Lopes & Oliveira (2000). No texto utilizamos asterisco (*) para designar novas ocorrências, e as seguintes abreviaturas: L1 para falômero esquerdo; L2d para ápice do esclerito mediano; L2vm para esclerito mediano; R2 para falômero direito; R3 para esclerito do falômero direito, e no catálogo o local de depósito dos tipos nas Instituições como a seguir: AMNH para American Museum of Natural History, N. York; ANSP para Academy of Natural Sciences, Philadelphia; BMNH para British Museum National History; MNHP para Museum Histoire Naturelle de France; MNRJ para Museu Nacional do Rio de Janeiro; USNM para United States National Museum.

Resultados

Neoblattella Shelford, 1911

Neoblattella Shelford, 1911:155; Caudell, 1913:603 (Blattella); Hebard, 1916:159; 1919:58; 1922a:226; 1926: 159; 1932:204; Rehn & Hebard, 1927:54; Gurney, 1942:20; Rehn, 1949:12; Bruijning, 1959:60; Bonfils, 1969:115.

Espécie-tipo: Blatta adspersicollis Stal, 1858.

N. adspersicollis (Stal, 1858)

adspersicollis Stal, 1858-1861:308 (Blatta); Brunner, 1865:107; Saussure, 1870: 35; Walker, 1868:97 e 236; Brunner & Redtenbacher, 1892:202; Brunner, 1893:607; Saussure & Zehntner, 1893:42-43; Kirby, 1904:94; Bruner, 1906:139; Shelford, 1908:14; 1911:155; Gowdey, 1926:5 (Phyllodromia); Rehn & Hebard, 1905:32; 1914:379; Caudell, 1913:603; (Neoblattella); Hebard, 1917:38 (Latiblattella); Rehn & Hebard, 1912:239; Rehn, 1916:230; 1949:12; Hebard, 1922:198 e 232; 1926:163; 1929:357; Wolcott, 1924:19; Princis & Kevan, 1955:167; Bruijning, 1959:60; Rocha e Silva-Albuquerque & Gurney, 1962:247; Rocha e Silva-Albuquerque, 1964a:27; 1972:27; Rocha e Silva, 1982:14.

Localidade-tipo: Macho. BRASIL, Rio de Janeiro (ANSP).

Distribuição geográfica: BRASIL (Amapá, Pará, Ceará, Bahia, Mato Grosso, Rio de Janeiro), TRINIDAD, JAMAICA, PORTO RICO, GUIANA FRANCESA, COLÔMBIA.

N. binodosa Hebard, 1926

binodosa Hebard, 1926:165; Bruijning, 1959:61; Rocha e Silva-Albuquerque, 1964a: 27; 1972:27.

Localidade-tipo: Macho. GUIANA FRANCESA (ST. Jean du Maroni), (ANSP).

Distribuição geográfica: BRASIL (Pará, Bahia*, São Paulo), GUIANA FRANCESA E SURINAME.

N. carvalhoi Rocha e Silva-Albuquerque & Lopes, 1976

carvalhoi Rocha e Silva-Albuquerque & Lopes, 1976:895.

Localidade-tipo: Macho. BRASIL (Rio de Janeiro) (MNRJ).

Distribuição Geográfica: BRASIL (Rio de Janeiro).

N. elegantula Rocha e Silva-Albuquerque, 1964

elegantula Rocha e Silva-Albuquerque, 1964b:14.

Localidade-tipo: Macho. BRASIL (Amazonas) (USNM).

Distribuição Geográfica: BRASIL (Amazonas), VENEZUELA.

N. guianae Hebard, 1929

guianae Hebard, 1929:356; Bruijning, 1959:62; Rocha e Silva-Albuquerque & Gurney, 1962:248; Rocha e Silva-Albuquerque, 1964a:27; 1964c:3; 1972:28.

Localidade-tipo: Macho. GUIANA (Kartabo) (ANSP).

Distribuição geográfica: BRASIL (Amapá, Pará, Mato Grosso*, São Paulo*), GUIANA FRANCESA, GUIANA, PERU.

N. longior Hebard, 1926

longior Hebard, 1926:167; Bruijning, 1959:62; Rocha e Silva-Albuquerque, 1965:8; 1972:28.

Localidade-tipo: Macho. GUIANA FRANCESA (St. Jean du Maroni), (ANSP).

Distribuição geográfica: BRASIL (Pará, Mato Grosso*), GUIANA FRANCESA, SURINAME.

N. paulista Rocha e Silva-Albuquerque & Gurney, 1963

paulista Rocha e Silva-Albuquerque & Gurney, 1963:526, 527; Rocha e Silva-Albuquerque, 1964a:27.

Localidade-tipo: Macho. BRASIL: São Paulo (USNM)

Distribuição Geográfica: BRASIL (São Paulo)

N. picta Rocha e Silva-Albuquerque & Gurney, 1962

picta Rocha e Silva-Albuquerque & Gurney, 1962:248; Rocha e Silva-Albuquerque, 1964a:27; 1972:28; Rocha e Silva-Albuquerque & Lopes, 1976:895; Rocha e Silva, 1982:14.

Localidade-tipo: Macho. BRASIL (Amapá) (USNM).

Distribuição Geográfica: BRASIL (Amapá, Espírito Santo, Rio de Janeiro).

N. poecilops Hebard, 1926

poecilops Hebard, 1926:164; Bruijning, 1959:61; Rocha e Silva-Albuquerque, 1972:28.

Localidade-tipo: Macho. GUIANA FRANCESA (St. Jean du Maroni), (ANSP).

Distribuição Geográfica: BRASIL (Pará, Mato Grosso, Pernambuco*), GUIANA FRANCESA, SURINAME.

N. puerilis Rehn, 1915

puerilis Rehn, 1915:273 (Ceratinoptera); Hebard, 1922: 262; Becker, 1979:19-21.

Localidade-tipo: Macho. ARGENTINA (Missiones) (ANSP).

Distribuição Geográfica: BRASIL (Rio Grande do Sul), ARGENTINA.

N. sucina Rehn, 1932

sucina Rehn, 1932:24; Rocha e Silva-Albuquerque, 1964a: 27.

Localidade-tipo: Macho. BRASIL (Pará) (ANSP)

Distribuição Geográfica: BRASIL (Amazonas, Pará).

N. tapenagae Hebard, 1922

tapenagae Hebard, 1922:262-264.

Localidade-tipo: Fêmea. ARGENTINA (Chaco) (MNHP)

Distribuição Geográfica: ARGENTINA

N. titania (Rehn, 1903)

titania Rehn, 1903:267 (Blattella); Hebard, 1926:160; Rehn, 1932:24; Bruijning, 1959:66; Rocha e Silva-Albuquerque, 1964a:27; 1972:28.

Localidade-tipo: Macho. GUIANA (Bartica) (ANSP).

Distribuição Geográfica: BRASIL (Amazonas, Pará), GUIANA, GUIANA FRANCESA, SURINAME.

N. unifascia Hebard, 1926

unifascia Hebard, 1926:166; Bruijning, 1959:62; Rocha e Silva-Albuquerque & Lopes, 1976:894.

Localidade-tipo: Macho. GUIANA FRANCESA (Nouveau Chantier), (ANSP).

Distribuição geográfica: BRASIL (Amazonas), GUIANA FRANCESA.

Descrição das genitálias das espécies de Neoblattella Shelford, 1911

N. adspersicollis

(Figs. 4, 10, 16, 24, 30, 42 e 55)

Macho: a modificação tergal na região mediana apresenta-se no sétimo segmento em forma de cílios esparsos e no oitavo com cílios concentrados (Fig. 4). Placa supra-anal ciliada e pronunciada na região mediana (Fig. 10). Placa subgenital simétrica com estilos desenvolvidos e pouco afilados (Fig. 16).

Genitália: R2 em forma de gancho apicalmente em forma de unha (Fig. 42). L2vm bifurcado; L2d com espinhos pequenos e um espinho maior; ramo lateral do L2vm apicalmente arredondado com espinhos (Fig. 24). L1 em forma de U invertido com uma das extremidades maior e estrutura mediana com uma das bordas com espinhos (Fig. 30).

Material examinado: BRASIL: Amapá, Serra do Navio (1 macho e 1 fêmea), 9.I.1957; K. Lenko col.; Pará: Belém, I.A.N (1 macho e 1 fêmea), 10.IV.1963, Werner col.; localidade e coletor iguais, (1 macho), 4.IV.1963; Boa Vista, (1 macho), I.1965, W. França col.; Peixe-Boi, (1 macho e 1 fêmea), I.1964; Arlé col. (MNRJ).

N. binodosa

(Figs. 17, 23, 31, 40, 41, 46, 50, 54 e 55)

Macho: a placa subgenital é simétrica com cílios lateralmente; estilos pequenos e alargados próximos à região centro-apical da placa (Fig. 17). A modificação tergal no abdome e a placa supra-anal não foram observadas.

Genitália: R2 em forma de gancho robusto apicalmente terminando em forma de unha (Fig. 40). R3 em forma laminar, basalmente espatulado e apicalmente afilado (Fig. 41). L1 em forma de U invertido (Fig. 31). L2vm bifurcado, com L2d em forma de garra afilada e o ramo lateral com extremidade espatulada com várias proeminências pontiagudas (Fig. 23).

Fêmea: a placa supra-anal é curta e estreita, ciliada apicalmente e com reentrância mediana proeminente; cercos desenvolvidos e ciliados (Fig. 46). Placa subgenital oblonga com cílios nos bordos apicais (Fig. 50).

Genitália: válvulas desenvolvidas sendo o primeiro par mais robusto que os demais; segundo par muito afilado e subigual em tamanho ao primeiro par e o terceiro par muito desenvolvido em relação aos demais. Valvíferos laminares. Paratergitos desenvolvidos (Fig. 54).

Material examinado: BRASIL: Bahia*, Itabuna, (1 macho e 2 fêmeas), V.1971, Winder col. (em chão de cacau); Pará, Apeú, Castanhal, (1 macho), II.1964, Arlé col.; Belém, Utinga, X.1965, P. Waldir col.; mesma localidade (1 fêmea), II.1965, R. Arlé col.; Belém, I.A.N., (1 macho), X.1965. W. França col.; Serra Tumucumaque, Tirios, (1 macho), II.1963, A. Machado col.; São Paulo, Ilha de São Sebastião, (1 macho), 02.IX.1957; Helga Urban col. (MNRJ).

N. carvalhoi

(Figs. 9, 15, 22, 29, 39 e 55)

Macho: a modificação tergal no abdome não foi observada. Placa supra-anal é estreita com leve reentrância mediana (Fig. 9). Placa subgenital é simétrica com estilos pouco longos, próximos aos bordos da placa (Fig. 15).

Genitália: L2vm bifurcado com L2d acuminado e o ramo lateral com proeminências pontiagudas (Fig. 22). L1 em forma de U invertido com estrutura mediana apresentando espinhos nos bordos apicais (Fig. 29). R2 em forma de gancho distalmente em forma de unha (Fig. 39).

Material examinado: BRASIL, Rio de Janeiro, Parque Nacional de Itatiaia, (Holótipo macho), 20.XI.1969, Santos & Machado cols. (MNRJ).

N. guianae

(Figs. 1, 6, 12, 19, 26, 33, 34, 43, 47, 51 e 55)

Macho: a modificação tergal no sétimo segmento abdominal apresenta-se em forma de cílios esparsos e no oitavo segmento apresenta-se medianamente modificado (Fig. 1) Placa supra-anal proeminente medianamente com cílios esparsos; cercos muito desenvolvidos e afilados (Fig. 6). Placa subgenital simétrica com cílios nos bordos; estilos afilados (Fig. 12).

Genitália: R2 em forma de gancho terminado em uma unha apicalmente (Fig. 33). R3 em forma laminar afilada (Fig. 34). L1 como na figura 25. L2vm bifurcado, L2d com extremidade desenvolvida com espinhos e cílios no ápice; ramo lateral com extremidade menor levemente arredondada (Fig. 19).

Fêmea: a placa supra-anal apresenta-se com reentrância aprofundada na região mediana e apicalmente em forma de estruturas afiladas (Fig. 43). Placa subgenital é transversal e ciliada (Fig. 47).

Genitália: válvulas configuram-se em 3 pares semelhantes em forma e tamanho. Valvíferos afilados (Fig. 51).

Material examinado: BRASIL: Amapá, Sant. Ana, (1 fêmea), 18.IX.1957, L. Lane col.; Mato Grosso*, Sinop, (7 machos e 12 fêmeas), X.1974, Roppa & Alvarenga cols.; mesma localidade e coletores (7 fêmeas), X/1975; Pará, Belém, I. A. N., (1 fêmea), X.1965, W. França col.; São Paulo*, Caraguatatuba (Res. Flor. 40m), (1 macho), 12.V a 1.VI.1962, Exp. Dep. Zool.col.; PERU, Ucayali, Pucallpa, Rio Ucuyali, (1 macho), III.1948, J. M. Schunke col., (MNRJ).

N. longior

(Figs. 2, 7, 13, 20, 27, 35, 36, 44, 48, 52 e 55)

Macho: a modificação tergal apresenta-se no sétimo segmento em forma de cílios esparsos (Fig. 2). Placa supra-anal estreita com bordo mediano proeminente com cílios esparsos; parapróctos visíveis e ciliados (Fig. 7). Placa subgenital é simétrica com cílios esparsos; estilos desenvolvidos próximos aos bordos da placa (Fig. 13).

Genitália: R2 em forma de gancho com ápice terminando em forma de unha (Fig. 35). R3 em forma laminar (Fig. 36). L1 em forma de U invertido, uma das extremidades mais desenvolvida, e estrutura mediana com o bordo de espinhos bastante esclerotinizado (Fig. 27). L2vm bifurcado. L2d apresentando apicalmente espinhos; ramo lateral com ápice em forma arredondado (Fig. 20).

Fêmea: a placa supra-anal apresenta-se com reentrância acentuada medianamente com os bordos ciliados; cercos afilados, ciliados e muito desenvolvidos (Fig. 44). Placa subgenital é oblonga com cílios esparsos (Fig. 48).

Genitália: Segundo par de válvulas é afilado e reduzido; terceiro par muito desenvolvido e voltado para o interior apicalmente e o primeiro par mais alargado e maior que o segundo. Valvíferos reduzidos. Paratergitos muito desenvolvidos (Fig. 52).

Material examinado: BRASIL: Mato Grosso*, Vera, (5 fêmeas), X.1972, Alvarenga & Roppa cols.; mesma localidade e coletores (1 macho e 4 fêmeas), X.1973; Pará, Iguapé-Assu, (1 macho), IX.1964, Souza & Waldir cols.; Pará, Belém, I.A.N., (1 macho), X.1965, W. França col.; Belém, Utinga, (1 macho e 2 fêmeas), II.1965, Herbert col. (MNRJ).

N. poecilops

(Figs. 3, 8, 14, 21, 28, 37, 38, 45, 49, 53 e 55)

Macho: a modificação tergal apresenta-se no sétimo segmento abdominal com cílios esparsos no ápice (Fig. 3). Placa supra-anal é proeminente medianamente, e com cílios esparsos no ápice; cercos afilados e muito desenvolvidos (Fig. 8). Placa subgenital é simétrica, ciliada nos bordos com estilos pouco desenvolvidos localizados lateralmente no ápice da placa (Fig. 14).

Genitália: R2 em forma de gancho com extremidade distal em forma de unha (Fig. 37). R3 em forma laminar, simples e afilado (Fig. 38). L1 em forma de U invertido, uma das extremidades mais desenvolvida e uma estrutura mediana com espinhos esclerotinizados no bordo apical (Fig. 28). L2vm bifurcado próximo à base. L2d com extremidade mais desenvolvida com espinhos esclerotinizados; ramo lateral menor e de ápice arredondado (Fig. 21).

Fêmea: a placa supra-anal apresenta o bordo apical ciliado com uma reentrância aprofundada medianamente; cercos ciliados e afilados apicalmente (Fig. 45). Placa subgenital é oblonga com cílios no bordo apical. (Fig. 49).

Genitália: válvulas apresentam-se com o primeiro par maior que os demais e o segundo e terceiro pares subiguais em forma e tamanho. Valvíferos são lamelares. Paratergitos são desenvolvidos (Fig. 53).

Material examinado: BRASIL: Mato Grosso, Vera, (2 machos e 2 fêmeas), X.1973, Alvarenga & Roppa cols.; Pará, Belém, Utinga, (1 fêmea), I.1965, Herbert col.; Boa Vista, (1 fêmea), I.1965, W. França col.; I.A.N., (1 macho), IV.1963, Werner col.; Jambuaçu, Mojú, (1 macho), VII.1967, E. P. A. Z. & M. G. cols.; Peixe-boi, (1 fêmea), 20.II.1964, R. Arlé col.; Pirelli, (1 macho), VII.1965, Waldir col.; São Miguel da Guama, (1 macho), III.1964, Souza col.; Pernambuco*, Caruaru, Faz. Caruaru, 900 m.alt., (1 macho), IV.1972, M. Alvarenga col. (MNRJ).

N. unifascia

(Figs. 5, 11, 18, 25, 32 e 55)

Macho: a modificação tergal apresenta-se com cílios esparsos no sétimo segmento abdominal (fig. 5). Placa supra-anal é ampla, ciliada no bordo apical com leve reentrância medianamente; cercos desenvolvidos e ciliados (Fig. 11). Placa subgenital é simétrica, ciliado, com estilos medianamente desenvolvidos (Fig. 18).

Genitália: L2vm bifurcado basalmente. L2d com extremidade denteada; ramo lateral com ápice em forma de garra (Fig. 25). L1 em forma de U invertido contendo medianamente uma estrutura com bordo esclerotinizado (Fig. 32).

Material examinado: BRASIL, Amazonas, Manaus, (3 machos, 2 fêmeas e 13 ninfas), X.1974, (MNRJ).

Chave das Espécies de Neoblattella Shelford, 1911

(com base em caracteres da genitália masculina)

1. Placa subgenital simétrica com estilos alargados .......................................... 2 1'. Placa subgenital simétrica com estilos afilados e desenvolvidos ...................... 3 2. Abdome com modificação mediana no sétimo tergito evidenciada por um grupo de cílios simétricos (Fig. 4). L2vm bífido. L2d com espinhos pequenos e um espinho maior. Ramo lateral do L2vm apicalmente arredondado com espinhos (Fig. 24). L1 com estrutura mediana alargada com espinhos (Fig. 30) ..................... N. adspersicolis 2'. Abdome com modificação mediana no sétimo tergito com cílios esparsos. L2vm bífido. L2d em forma de garra afilada e o ramo lateral com extremidade espatulada com várias proeminências pontiagudas (Fig. 23). L1 com estrutura mediana linguiforme com estrutura esclerotinizada (Fig. 31) ........................... N. binodosa 3. Placa supra-anal, entre os cercos, muito proeminente e estreita (Fig. 8) ............ .............................................................................................. N. poecilops 3'. Placa supra-anal, entre os cercos, muito proeminente alargada (Fig. 11) ........... ............................................................................................... N. unifascia 3''. Placa supra-anal pouco proeminente ........................................................ 4 4. Abdome com modificação mediana no sétimo tergito com cílios esparsos e pequena diferenciação mediana no oitavo tergito (Fig. 1) ............................... N. guianae 4'. Abdome com modificação mediana no sétimo tergito com cílios esparsos ......... 5 5. L2vm bífido. L2d com extremidade desenvolvida com espinhos e cílios no ápice; ramo lateral com extremidade menor levemente arredondada (Fig. 20) .... N. longior 5'. L2vm bífido. L2d acuminado e ramo lateral com proeminências pontiagudas (Fig. 22) ......................................................................................... N. carvalhoi

Discussão

Com base nas estruturas das peças genitais masculinas e das válvulas femininas, foi possível criar quatro grupos para englobar as espécies aqui estudadas:

a) Complexo I ou complexo longior (N. guianae, N. longior, N. poecilops, N. elegantula). Caracteriza-se por apresentar no macho o L2d com espinhos e ápice do ramo lateral arredondado.

Devido a grande semelhança entre as genitálias dos machos de N. guianae, N. longior, N. poecilops a distinção entre elas se evidencia pelas fêmeas quanto à configuração das válvulas: em N. guianae as válvulas são subiguais em comprimento (Fig. 51); em N. longior, o terceiro par de válvulas é muito maior que os demais e voltado para dentro e o primeiro par muito alargado (Fig. 52); e em N. poecilops, o primeiro par é maior que os demais, arredondado no ápice, sendo os demais muito afilados e subiguais em comprimento (Fig. 53).

N. elegantula foi considerada próxima a N. adspersicollis em Rocha e Silva-Albuquerque (1964b), porém com base na placa supra-anal do macho apresentada pela autora, neste trabalho a colocamos no grupo longior.

b) Complexo II ou complexo carvalhoi (N. carvalhoi). Caracteriza-se por apresentar no macho o L2d acuminado e o ramo lateral espatulado na extremidade com proeminências pontiagudas (Fig. 22); o L1 com um grupo de espinhos concentrados na região mediana (Fig. 29).

c) Complexo III ou complexo adspersicollis (N. adspersicollis, N. binodosa, N. paulista. Caracteriza-se por apresentar no macho o L2vm comespinhos pequenos na extremidade distal; ápice do ramo lateral de forma variada, de palmiforme até espiniforme (Figs. 23 e 24); a modificação tergal do abdome, no sétimo segmento, em forma de espiral (Fig. 4); o L1 alargado na região mediana com pequeno grupo de espinhos concentrados ou desprovido deles (Figs. 30 e 31).

Concordamos com Rocha e Silva-Albuquerque & Gurney, 1963 quanto à N. paulista que foi colocada no grupo por ter sido considerada similar à N. binodosa e também em relação à N. puerilis já enquadrada por Hebard (1922) no grupo adspersicollis.

d) Complexo IV ou complexo unifascia (N. unifascia). Caracteriza-se por apresentar no macho a placa subgenital com estilos longos e afilados (Fig. 18); L2vm apicalmente com espinhos pequenos; ápice do ramo lateral afilado e espiniforme (Fig. 25); e L1 com esclerito longo e muito afilado (Fig. 32).

Agradecimentos

À Dra. Janira Martins Costa do Museu Nacional, Departamento de Entomologia, pelo apoio técnico.

Recebido em: 01/08/2003.

Aceito em: 22/11/2004.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Out 2005
  • Data do Fascículo
    Dez 2004

Histórico

  • Aceito
    22 Nov 2004
  • Recebido
    01 Ago 2003
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