Acessibilidade / Reportar erro

As redes sociais e a fisioterapia na Saúde da Mulher

Sou da geração que viu computadores e celulares serem construídos. Meu TCC de graduação em fisioterapia foi datilografado, e ai se cometêssemos um errinho na editoração. Isso implicaria em reescrever a página toda ou usar um corretivo indiscreto, evidenciando nossa falha de ortografia. Isso para dizer que de 1987 para cá, parece que me mudei para Marte. Apesar disso, sou encantada com a tecnologia.

Com a ocorrência da pandemia, todos os meus preconceitos com relação a cursos à distância, vídeo-atendimentos, aulas on-line, enfim tudo que diz respeito ao mundo digital, foram por água abaixo e a internet ganhou meu respeito. Ela veio (ou já estava) para ficar e os benefícios que tais recursos são capazes de trazer, como atualizar profissionais e aproximá-los dos pacientes, são indiscutíveis.

Pressionada por alunos e colegas, aderi às redes sociais de forma discreta. Tenho Instagram e Facebook, o que já acho um exagero, considerando que não posto nada e minhas investidas nessa navegação geralmente dizem respeito a acompanhar algum evento, ver fotos de casamento e aniversário que alguém querido, ou trechos de músicas e receitas de culinária.

Mas o Instagram, esse eu decidi que seria puramente profissional. Através dele vejo ex-alunas e colegas profissionais divulgando seus serviços e conquistas e imagino como é bom isso para a visibilidade e divulgação de clínicas, dos serviços e como as pessoas precisam conhecer umas as outras para que os pacientes possam chegar até elas. Vez ou outra, porém, alguma coisa me incomoda nessas divulgações. Palavreados ou postura vulgarizadas, expondo profissionais e serviços. Alguns deles eu até conheço e são bons no que fazem. Mas esse tipo de publicação traz a fisioterapia, em específico a área da saúde da mulher, para um terreno perigoso. A impressão que eu tenho é que quanto mais “diferente” for a postagem, mais interesse ela desperta entre o público. Fico pensando qual vai ser a evolução disso tudo. Tenho a sensação de que não há limites nem controle.

Trabalhamos por 30 anos para fazer da Fisioterapia na Saúde da Mulher uma área científica, de respeito, que saísse do ostracismo e conquistasse seu lugar, que é riquíssimo e com um potencial imenso para ser desenvolvido. Há de haver algum modo de cuidar dessas divulgações. Que ela ocorra de forma cuidadosa, respeitosa, chegando até pacientes e profissionais de maneira quase delicada. Devemos reverenciar a nossa profissão. Ela resistiu a guerras11 Marques AA, Pinto e Silva MP, Amaral MTP. Tratado de Fisioterapia em Saúde da Mulher. 2 ed. Barueri: Roca, 2019. 472 p., pandemias, luta de status e poder, mas se mantem crescendo. Teve bases sólidas e foi alimentada por ciência e por profissionais que fizeram da sua vida uma dedicação a esse ofício tão bonito de ser fisioterapeuta.

References

  • 1
    Marques AA, Pinto e Silva MP, Amaral MTP. Tratado de Fisioterapia em Saúde da Mulher. 2 ed. Barueri: Roca, 2019. 472 p.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Set 2022
  • Data do Fascículo
    2022
Pontifícia Universidade Católica do Paraná Rua Imaculada Conceição, 1155 - Prado-Velho -, Curitiba - PR - CEP 80215-901, Telefone: (41) 3271-1608 - Curitiba - PR - Brazil
E-mail: revista.fisioterapia@pucpr.br