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Indicadores de desempenho funcional associados à hipertensão em pessoas idosas

Resumo

Introdução

Durante o envelhecimento ocorrem modificações no corpo humano, as quais aumentam a probabilidade de hipertensão arterial sistêmica (HAS),o que pode potencializar efeitos deletérios no desem-penho funcional.

Objetivo

Analisar a associação de indicadores de desempenho funcional com a HAS em pessoas idosas.

Métodos

Inquérito epidemiológico, populacional, transversal, conduzido com 209 idosos (58,40% mulheres). O desempenho funcional foi averi-guado pelos seguintes testes: força de preensão manual; levantar e sentar da cadeira; flexão do antebraço; levantar, caminhar e sentar (LCS); sentar e alcançar o pé; e marcha estacionária (ME). O diagnóstico da HAS foi autorreferido.

Resultados

Averiguou-se a prevalência de HAS em 58,9% dos participantes (homens: 51,7%; mulheres: 63,9%). Observou-se, também, que os hipertensos de ambos os sexos apresentaram pior desempenho na ME e LCS (p < 0,05). Além disso, verificou-se que cada segundo a mais despendido para LSC aumentou em 11% e 7%, respectivamente, a probabilidade de HAS nos homens (RP: 1,11; IC95%: 1,03-1,20) e nas mulheres (RP: 1,07; IC95%: 1,04-1,12), enquanto cada passo a mais realizado na ME diminuiu em 2% a probabilidade para o desfecho (homens e mulheres = RP: 0,98; IC95%: 0,97-0,99).

Conclusão

Identificou-se que o teste de LCS esteve positivamente associado à HAS. Ademais, a ME apresentou-se inversamente associada à HAS.

Envelhecimento; Pressão arterial; Epide-miologia; Desempenho físico

Abstract

Introduction

During aging, changes occur in the human body that increase the probability of arterial hypertension which can potentiate deleterious effects on functional performance.

Objective

To analyze the association of functional performance indicators with hypertension in older people.

Methods

An epidemiological, population-based, cross-sectional survey was conducted with 209 older adults (58.40% women). Functional performance was assessed by the following tests: handgrip strength; chair stand test; arm curl test; timed up and go (TUG); sit and reach test; and step in place test (SPT). Diagnosis of arterial hypertension was self-reported.

Results

The prevalence of hypertension was found to be 58.90% (males: 51.70%; females: 63.90%). It was also observed that the hypertensive individuals of both sexes had worse performance in SPT and TUG (p < 0.05). Furthermore, it was found that each additional second for TUG increased by 11% the probability of hypertension in men (PR:1.11; 95%CI: 1.03-1.20) and by 7% in women (PR: 1.07; 95%CI: 1.04-1.12), while each step performed in the SPT decreased the probability for the outcome by 2% (men and women = PR: 0.98; 95%CI: 0.97-0.99).

Conclusion

TUG was found to be positively associated with hypertension, while SPT was inversely associated with hypertension.

Aging; Blood pressure; Epidemiology; Physical performance

Introdução

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível e consiste em um dos fatores de risco mais relevantes para o surgimento de doenças cardiovasculares. Possui etiologia multifatorial que, por sua vez, tem influência de aspectos genéticos/epige-néticos, ambientais, culturais, sociais e relacionados ao estilo de vida, caracterizando-se por níveis elevados e sustentados da pressão arterial.11. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2021;116(3):516-658. DOI https://doi.org/10.36660/abc.20201238
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A frequência desta morbidade tende a aumentar com o avançar da idade, o que a torna mais prevalente em pessoas mais velhas. Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, no grupo etário entre 55 e 64 anos a prevalência de HAS é de 49,40% e nos idosos com 65 anos ou mais este valor é na ordem de 61%.22. Brasil. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. Full text link https://tinyurl.com/yc5fd672
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No que concerne a sua evolução, apresenta-se frequentemente como uma condição assintomática e pode acarretar modificações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro e rins.11. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2021;116(3):516-658. DOI https://doi.org/10.36660/abc.20201238
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Deste modo, independentemente da sua etiologia, a HAS tem o potencial de culminar em complicações, a exemplo do infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, doenças renais crônicas e maior risco à mortalidade.11. Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2021;116(3):516-658. DOI https://doi.org/10.36660/abc.20201238
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Ademais, vale ressaltar que a referida morbidade é um fator de risco para o declínio cognitivo, demência e perda de funcionalidade, especialmente em pessoas idosas.33. Vieira VA. Hipertensão arterial e aspectos éticos em pesquisa envolvendo seres humanos: implicações para a área da saúde. Rev Bras Saude Mater Infant. 2003;3(4):481-8. DOI https://doi.org/10.1590/S1519-38292003000400013
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Neste contexto, verifica-se que a HAS, de forma crônica, aparenta repercutir de forma adversa ao desempenho funcional, o que pode potencializar o seu declínio ao longo do envelhecimento e impactar negativamente a independência funcional dos idosos.44. Rosano C, Longstreth Jr WT, Boudreau R, Taylor CA, Du Y, Kuller LH, et al. High blood pressure accelerates gait slowing in well-functioning older adults over 18-years of follow-up. J Am Geriatr Soc. 2011;59(3):390-7. DOI https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.2010.03282.x
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Observa-se, portanto, ser plausível a hipótese de que idosos hipertensos apresentem pior desempenho em indicadores de aptidão física, exemplificados pelo equilíbrio, capacidade de deambular, força muscular e capacidade aeróbia. Todavia, após buscas na literatura, averiguou-se escassez de pesquisas epidemiológicas com tal perspectiva de investigação.

No Brasil foram identificados somente dois estudos, realizados com pequenas amostras, um conduzido apenas com idosas5 e outro sem estratificação por sexo.6 Sendo assim, observa-se a necessidade da realização de inquéritos de saúde populacionais que visem averiguar o desempenho funcional de idosos, com e sem hipertensão, considerando as especificidades de cada sexo. Além do mais, verifica-se ser imprescindível investigar a associação destes indicadores com o referido desfecho, com vistas a elencar evidências que poderão ampliar os subsídios para ações estratégicas, especialmente na Atenção Primária à Saúde, as quais propiciem o rastreio dos idosos com maior probabilidade à HAS, o que pode minimizar a ocorrência dos desfechos agravantes, por meio de intervenções assertivas e direcionadas à melhoria ou manutenção do desempenho funcional desta população, considerando o impacto da referida morbidade. Para tanto, este estudo objetivou analisar a associação de indicadores de desempenho funcional com a HAS em pessoas idosas.

Métodos

Esta investigação epidemiológica constitui-se de um estudo com delineamento transversal, construído a partir de dados de baseline da pesquisa populacional “Condições de saúde e estilo de vida de idosos resi-dentes em município de pequeno porte: coorte Aiquara”, a qual foi realizada de fevereiro a abril de 2013 com todo os idosos cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF) de Aiquara, Bahia, Brasil.

Aspectos éticos

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), sob parecer n° 171.464/2012 e CAAE n° 10786212.30000.0055. Todos os participantes foram informados sobre os objetivos, procedimentos e caráter voluntário e, após as explicações sobre o estudo, assi-naram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Critérios de elegibilidade

Para a participação no presente estudo foram ado-tados os seguintes critérios de inclusão: idade ≥ 60 anos; não estar institucionalizado; possuir residência fixa na zona urbana, dormindo quatro dias ou mais no domicílio. Foram excluídos os idosos que apresentaram déficit cognitivo, verificado pela versão reduzida e validada do Mini Exame do Estado Mental (MEEM),77. Icaza MC, Albala C. Proyecto SABE - Mini mental State Examination (MMSE) del estudio de dementiaen Chile: análisis estatístico. Washington, DC: Organización Panamericana de la Salud; 1999. 18 p. com ponto de corte de < 13 pontos;88. Bertolucci PHF, Brucki SMD, Campacci SR, Juliano Y. O mini-exame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 1994;52(1):1-7. Full text link https://www.scielo.br/j/anp/a/Sv3WMxHYxDkkgmcN4kNfVTv/?format=pdf⟨=pt
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os que possuíam doenças neurológicas ou problemas auditivos que comprometessem a compreensão dos questionamentos; e os acamados.

Para tanto, inicialmente realizou-se um censo com o intuito de identificar todos os idosos residentes na sede de Aiquara, com auxílio dos agentes comunitários de saúde atuantes na ESF, a qual cobre 100% da população do município. Deste modo, todos os domicílios da área urbana foram visitados e 232 idosos atenderam aos critérios estabelecidos.99. Alves CSS, Santos L, Valença Neto PF, Almeida CB, Caires SS, Casotti CA. Indicadores antropométricos de obesidade em idosos: dados do estudo base. Rev Bras Obes Nutr Emagr. 2021;15(93):270-80. Full text link http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/1694
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Destes, 23 foram excluídos por não terem realizado nem um dos testes de desempenho funcional.

Coleta de dados

A coleta de dados ocorreu em duas etapas: 1) entrevista realizada no domicílio dos participantes, con-duzida por uma bióloga, dois discentes de mestrado (um vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da UESB e outro do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia em Saúde e Medicina

Investigativa – CPqGM-Fiocruz) e três discentes de cursos de graduação do Departamento de Saúde da UESB, bolsistas do Programa de Iniciação Científica; 2) mensurações antropométricas realizadas por um profissional e dois graduandos em Educação Física, os quais, juntamente a uma graduanda em Fisioterapia, aplicaram os testes de desempenho funcional. Esta etapa aconteceu de dois a três dias após a entrevista, em um espaço disponibilizado pela Secretaria de Saúde do município.

Com o objetivo de padronizar a obtenção das informações, anteriormente à coleta foram realizadas capacitações para a equipe responsável por meio de oficinas teóricas e práticas. Posteriormente, de dezembro de 2012 a janeiro de 2013, conduziu-se um estudo piloto em um município vizinho à Aiquara, visando averiguar o tempo necessário para a entrevista. Além do mais, objetivou-se solucionar possíveis dúvidas no preenchimento e adequação do formulário utilizado na coleta de dados.

Antropometria

A massa corporal (MC) foi verificada utilizando uma balança digital portátil (Plenna®). Para tanto, os idosos ficaram em pé e descalços, com os braços em repouso ao lado do corpo, utilizando roupas leves e olhando para a frente. A estatura (Est) foi mensurada por meio de estadiômetro portátil (WiSO®). Os idosos estavam descalços, com os pés unidos, calcanhares, nádegas e cintura escapular encostados na parede e em posição ereta, olhando fixamente em um eixo paralelo ao chão.1010. Santos L, Miranda CGM, Souza TCB, Brito TA, Fernandes MH, Carneiro JAO. Body composition of women with and without dynapenia defined by different cut-off points. Rev Nutr. 2021;34:e200084. DOI https://doi.org/10.1590/1678-9865202134e200084
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Estas informações foram usadas para calcular o índice de massa corporal (IMC = MC/Est22. Brasil. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. Full text link https://tinyurl.com/yc5fd672
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).1111. Gonçalves TJM, Horie LM, Gonçalves SEAB, Bacchi MK, Bailer MC, Barbosa-Silva TG, et al. Diretriz BRASPEN de terapia nutricional no envelhecimento. BRASPEN J. 2019;34(Supl 3):1-58. Full text link https://www.braspen.org/_files/ugd/a8daef_13e9ef81b44e4f66be32ec79c4b0fbab.pdf
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Desempenho funcional (preditores)

A mensuração do desempenho funcional foi condu-zida a partir da força de preensão manual (FPM)1212. Figueiredo IM, Sampaio RF, Mancini MC, Silva FCM, Souza MAP. Teste de força de preensão utilizando o dinamômetro Jamar. Acta Fisiatr. 2007;14(2):104-10. DOI https://doi.org/10.5935/0104-7795.20070002
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e da bateria Senior Fitness Test.1313. Rikli RE, Jones CJ. Development and validation of a functional fitness test for community-residing older adults. J Aging Phys Act. 1999;7(2):129-61. DOI https://doi.org/10.1123/japa.7.2.129
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A FPM foi medida por meio de um dinamômetro hidráulico (Saehan Corporation SH5002, 973, Yangdeok-Dong, MasanHoewon-Gu, Changwon 630-728, Coréia do Sul), ajustado de acordo com o tamanho da mão do idoso, de modo que a primeira e segunda articulação dos dedos estivessem em flexão. A mensuração foi realizada no membro dominante, com os idosos sentados, ombro próximo do corpo, cotovelo flexionado a 90° e o antebraço em posição neutra.1212. Figueiredo IM, Sampaio RF, Mancini MC, Silva FCM, Souza MAP. Teste de força de preensão utilizando o dinamômetro Jamar. Acta Fisiatr. 2007;14(2):104-10. DOI https://doi.org/10.5935/0104-7795.20070002
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Durante a aferição foram dados incentivos para que a alça do dinamômetro fosse pressionada com o máximo de força. Este teste foi realizado duas vezes, com intervalo de 1 minuto, e o maior valor identificado em quilograma-força (kgf) foi utilizado para as análises.1010. Santos L, Miranda CGM, Souza TCB, Brito TA, Fernandes MH, Carneiro JAO. Body composition of women with and without dynapenia defined by different cut-off points. Rev Nutr. 2021;34:e200084. DOI https://doi.org/10.1590/1678-9865202134e200084
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A bateria Senior Fitness Test foi conduzida conforme descrito no Quadro 1 .

Quadro 1
Objetivos, instrumentos e procedimentos adotados para a aplicação da bateria Senior Fitness Test na população de estudo

Os avaliadores demonstraram para os idosos os testes antes de suas aplicações. Assim, para facilitar o entendimento dos movimentos, os participantes realizaram os testes anteriormente. A execução final do teste, registrada, foi realizada duas vezes com intervalo de 2 minutos. Para fins de análise, adotou-se o valor do melhor desempenho nos testes.1414. Casotti CA, Almeida CB, Santos L, Valença Neto PF, Carmo TB. Condições de saúde e estilo de vida de idosos: métodos e desenvolvimento do estudo. Prat Cuid Rev Saude Coletiva. 2021;2:e12643. Full text link https://www.revistas.uneb.br/index.php/saudecoletiva/article/view/12643
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Hipertensão arterial sistêmica (desfecho)

O desfecho analisado foi averiguado por meio do diagnóstico prévio, autorreferido pelos idosos, a partir da seguinte pergunta: “algum médico já falou que o senhor (a) tem hipertensão, ou seja, que possui pressão alta?”. Deste modo, de acordo com a resposta, esta variável foi categorizada de forma dicotômica (hipertensão: sim ou não).

Variáveis de ajuste

Com a finalidade de ajustes foram elencadas a seguintes variáveis: idade (em anos); situação conjugal (com ou sem companheiro/a); cor da pele (brancos ou não brancos); escolaridade (com ou sem escolaridade = nunca foi à escola e/ou não sabia escrever o próprio nome); renda (≤ 1 ou > 1 salário mínimo; salário mínimo em 2013: R$678,00); uso de tabaco (sim ou não); consumo de bebida alcoólica (sim ou não); diagnóstico autorreferido de diabetes mellitus (sim ou não); autopercepção de saúde (excelente/muito boa/boa ou regular/má); ocorrência de quedas nos últimos 12 meses antes da coleta (sim ou não); e estado nutricional (baixo peso: IMC < 22,00 kg/m22. Brasil. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. Full text link https://tinyurl.com/yc5fd672
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, adequado: IMC de 22,00 a 27,00 kg/m22. Brasil. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. Full text link https://tinyurl.com/yc5fd672
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, sobrepeso: IMC > 27,00 kg/m22. Brasil. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. Full text link https://tinyurl.com/yc5fd672
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).1111. Gonçalves TJM, Horie LM, Gonçalves SEAB, Bacchi MK, Bailer MC, Barbosa-Silva TG, et al. Diretriz BRASPEN de terapia nutricional no envelhecimento. BRASPEN J. 2019;34(Supl 3):1-58. Full text link https://www.braspen.org/_files/ugd/a8daef_13e9ef81b44e4f66be32ec79c4b0fbab.pdf
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Além disso, considerou-se o nível de atividade física, verificado por meio do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ),1515. Craig CL, Marshall AL, Sjöström M, Bauman AE, Booth ML, Ainsworth BE, et al. International physical activity question-naire: 12-country reliability and validity. Med Sci Sports Exerc. 2003;35(8):1381-95. DOI https://doi.org/10.1249/01.mss.0000078924.61453.fb
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16. Benedetti TRB, Antunes PC, Rodriguez-Añez CR, Mazo GZ, Petroski EL. Reprodutibilidade e validade do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) em homens idosos. Rev Bras Med Esporte. 2007;13(1):11-6. DOI https://doi.org/10.1590/S1517-86922007000100004
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- 1717. Benedetti TB, Mazo GZ, Barros MVG. Aplicação do Questionário Internacional de Atividades Físicas para avaliação do nível de atividades físicas de mulheres idosas: validade concorrente e reprodutibilidade teste-reteste. R Bras Ci e Mov. 2004;12(1):25-34. Full text link https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-524649
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de modo que idosos que referiram despender < 150 minutos em atividade física semanal, em intensidade de moderada a vigorosa, foram considerados como insuficientemente ativos;1818. Bull FC, Al-Ansari SS, Biddle S, Borodulin K, Buman MP, Cardon G, et al. World Health Organization 2020 guidelines on physical activity and sedentary behaviour. Br J Sports Med. 2020;54(24):1451-62. DOI https://doi.org/10.1136/bjsports-2020-102955
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e a exposição ao comportamento sedentário (CS), averiguada a partir do quinto domínio do IPAQ, o qual quantifica o tempo gasto na posição sentada ou inclinada em um dia comum da semana e em um dia do final de semana. A média ponderada do CS foi calculada da seguinte forma: (5×min/dia de semana)+(2×min/dia de final de semana)/7 e o ponto de corte adotado para o CS elevado foi baseado no percentil 75 da média ponderada, com valor na ordem de 342,85 min/dia (5,71 horas/dia).1919. Santos L, Silva RR, Santana PS, Valença Neto PF, Almeida CB, Casotti CA. Factors associated with dynapenia in older adults in the Northeast of Brazil. J Phys Educ. 2022;33:e3342. DOI https://doi.org/10.4025/JPHYSEDUC.V33I1.3342
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Análise estatística

A análise descritiva das características da população foi conduzida por meio do cálculo de frequências relativas e absolutas, médias, medianas, desvios padrão e intervalos interquartil, além do percentual de resposta para cada variável analisada. A distribuição de normalidade dos dados foi averiguada por sexo, utilizando-se o teste de Komolgorov Smirnov. Para as comparações, adotou-se o teste t de Student para as distribuições normais e o teste U de Mann-Whitney para as distribuições não normais. A associação entre os indicadores de desempenho funcional com a HAS foi verificada por meio de modelos múltiplos da regressão de Poisson, com estimativa, pelos quais foram calculadas as razões de prevalência (RP) e seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%. Para tanto, todas as variáveis elencadas para ajustes foram inseridas nos modelos e, posteriormente, removidas uma de cada vez até um nível crítico de 10% (p ≤ 0,10). As análises dos dados foram conduzidas no Statistical Package for Social Sciences (IBM-SPSS 21.0, 2013, Inc, Chicago, IL) e o nível de significância adotado foi de 5% (α ≤ 0,05).

Resultados

A investigação epidemiológica foi conduzida com 209 idosos. As médias de idade dos homens e mulheres foram, respectivamente, de 72,30 ± 8,13 e 71,05 ± 6,75 anos. Além do mais, observou-se que 58,40% da população era composta por mulheres; 84,70% não possuíam escolaridade; 86,70% referiram renda menor ou igual a um salário mínimo; 51,70% foram classificados como insuficientemente ativos; e 58,90% eram hipertensos (homens: 51,70%; mulheres: 63,90%). Demais características da população de estudo podem ser averiguadas na Tabela 1 .

Tabela 1
Análise descritiva das características da população do estudo (n = 209)

A Tabela 2 apresenta a comparação das características antropométricas dos participantes do estudo. Verificou-se que, em ambos os sexos, os idosos hipertensos apresentaram maiores valores de MC e IMC em relação aos não hipertensos (p < 0,05).

Tabela 2
Comparação da estatura, massa corporal e índice de massa corporal (IMC) entre idosos, de ambos os sexos, com e sem hipertensão arterial sistêmica

Em relação ao desempenho funcional, as análises comparativas mostraram, em ambos os sexos, que os idosos hipertensos demonstraram menor desempenho na realização do teste de levantar, caminhar (2,44 m) e sentar e na marcha estacionária de dois minutos quando comparados aos não hipertensos ( Tabela 3 ).

Tabela 3
Comparação do desempenho funcional entre idosos, de ambos os sexos, com e sem hipertensão arterial sistêmica

Quando analisada a associação dos indicadores de desempenho funcional com a HAS, averiguou-se que cada segundo a mais despendido na realização do teste de levantar, caminhar (2,44 m) e sentar aumentou em 11% (RP: 1,11; IC95%: 1,03-1,20) a probabilidade para o desfecho nos homens e em 7% (RP: 1,07; IC95%: 1,04-1,12) nas mulheres ( Tabela 4 ).

Tabela 4
Associação entre indicadores de desempenho funcional com a hipertensão arterial sistêmica, em idosos, de acordo com o sexo

Ademais, verificou-se que cada passo a mais realizado na marcha estacionária diminuiu em 2% (RP: 0,98; IC95%: 0,97-0,99) a probabilidade à HAS em ambos os sexos ( Tabela 4 ).

Discussão

Os principais resultados desta investigação epide-miológica mostraram que os idosos hipertensos, de ambos os sexos, demonstraram pior desempenho no teste de LCS e na ME. Além do mais, identificou-se que o maior tempo despendido para LCS aumentou a probabilidade à HAS, enquanto um maior número de passos na ME atenuou a probabilidade para o desfecho nos homens e nas mulheres. Deste modo, os achados do presente estudo evidenciam que os participantes hipertensos, de ambos os sexos, possuíam menor agilidade, equilíbrio, capacidade de deambular e resistência cardiorrespiratória quando comparados aos não hipertensos.

Congruentemente, Santos et al.6 observaram em um estudo amostral, com delineamento transversal conduzido com 52 idosos de Natal/RN, que os participantes hipertensos apresentaram, em média, pior desempenho na ME (46,70 ± 11,80 passos) em relação aos normo-tensos (56,20 ± 15,50 passos) (p = 0,020). Estes autores analisaram também o desempenho no teste Timed Up and Go (TUG), evidenciando que os hipertensos despenderam, em média, maior tempo para a realização do teste (8,80 ± 1,80 segundos) quando comparados aos normotensos (7,30 ± 1,50 segundos) (p = 0,004).

De forma semelhante, uma pesquisa populacional conduzida com 2733 idosos dos Estados Unidos mostrou, em 18 anos de seguimento, que os participantes hipertensos apresentaram velocidade de marcha significativamente menor (0,92 m/s) em relação à observada nos não hipertensos (0,96 m/s). Além disso, no final do acompanhamento, os idosos que adentraram na coorte com a HAS cursaram com maior declínio na velocidade da marcha (0,1 m/s por ano de seguimento).44. Rosano C, Longstreth Jr WT, Boudreau R, Taylor CA, Du Y, Kuller LH, et al. High blood pressure accelerates gait slowing in well-functioning older adults over 18-years of follow-up. J Am Geriatr Soc. 2011;59(3):390-7. DOI https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.2010.03282.x
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Neste seguimento, Coelho Jr et al.5 averiguaram em um estudo amostral com delineamento transversal, realizado com 378 idosas, que as participantes normo-tensas apresentaram melhor equilíbrio, aferido pelo teste de apoio unipodal (21,80 ± 9,80 s vs. 18,40 s ± 10,70 s; p = 0,020), e melhor desempenho no teste de caminhada de 6 minutos (573,60 ± 109,70 m vs. 549,10 ± 115,60 m; p = 0,040) em comparação às hipertensas. Além do mais, as idosas com bom desempenho no teste de caminhada de 6 minutos apresentaram chance 45% (OR: 0,55; IC95%: 0,31-0,67) menor à HAS quando comparadas às com pior desempenho.55. Coelho Jr HJ, Rodrigues B, Aguiar SD, Goncalves IO, Pires FO, Asano RY, et al. Hypertension and functional capacities in community-dwelling older women: a cross-sectional study. Blood Press. 2017;26(3):156-65. DOI https://doi.org/10.1080/08037051.2016.1270163
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Frente a estes resultados, os autores supracitados elencaram algumas hipóteses para a explicação de tal conjuntura. Entre elas, verifica-se que as pessoas com menor capacidade aeróbica tendem a apresentar maior nível de proteína dimetilarginina assimétrica, a qual inibe, por exemplo, a síntese de óxido nítrico, importante vasodilatador, o que propicia uma maior vasoconstrição e o aumento da pressão para o fluxo sanguíneo nas artérias. Por outro lado, uma maior capacidade aeróbica está associada a níveis plasmáticos mais elevados de enzimas antioxidantes, como a glutationa peroxidase, à uma melhor dilatação mediada por fluxo, menor quantidade de gordura e melhor estrutura e função dos cadiócitos, explicando o melhor desempenho em testes de aptidão cardiorrespiratória para idosos não hipertensos.55. Coelho Jr HJ, Rodrigues B, Aguiar SD, Goncalves IO, Pires FO, Asano RY, et al. Hypertension and functional capacities in community-dwelling older women: a cross-sectional study. Blood Press. 2017;26(3):156-65. DOI https://doi.org/10.1080/08037051.2016.1270163
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Destaca-se, ainda, que a HAS tem o potencial de gerar danos em artérias responsáveis pelo transporte de sangue para o cérebro. Portanto, de forma crônica, a elevada pressão do fluxo sanguíneo pode gerar efeitos deletérios em áreas cerebrais responsáveis pelo controle do movimento, limitando o poder de contração muscular.44. Rosano C, Longstreth Jr WT, Boudreau R, Taylor CA, Du Y, Kuller LH, et al. High blood pressure accelerates gait slowing in well-functioning older adults over 18-years of follow-up. J Am Geriatr Soc. 2011;59(3):390-7. DOI https://doi.org/10.1111/j.1532-5415.2010.03282.x
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, 55. Coelho Jr HJ, Rodrigues B, Aguiar SD, Goncalves IO, Pires FO, Asano RY, et al. Hypertension and functional capacities in community-dwelling older women: a cross-sectional study. Blood Press. 2017;26(3):156-65. DOI https://doi.org/10.1080/08037051.2016.1270163
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, 2020. Acar S, Demırbüken İ, Algun C, Malkoç M, Tekın N. Is hypertension a risk factor for poor balance control in elderly adults? J Phys Ther Sci. 2015;27(3):901-4. DOI https://doi.org/10.1589%2Fjpts.27.901
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Ademais, por repercutir em maior resistência vascular periférica, a maior vasoconstrição propiciada pela HAS pode desencadear uma menor quantidade de sangue à musculatura esquelética, culminando na redução da biodisponibilidade de nutrientes e de oxigênio, o que também pode comprometer as contrações musculares e, consequentemente, a geração de força.2121. Oliveira JS, Góes ALB. Distância percorrida em indivíduos hipertensos: estudo de corte transversal. Rev Pesqui Fisioter. 2019;9(4):487-97. DOI https://doi.org/10.1589%2Fjpts.27.901
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, 2222. Soares VP, Dias AF, Jesus DM, Nascimento TS, Lago VC, Góes ALB. Correlação entre força muscular e capacidade funcional em hipertensos. Rev Pesqui Fisioter. 2016;6(1):6-15. DOI https://doi.org/10.17267/2238-2704rpf.v6i1.796
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Dentro deste contexto, o exercício físico tem recebido destaque na literatura por ser um protetor à HAS e apresentar-se como uma estratégia de baixo custo e com poucos efeitos colaterais, a qual pode ser utilizada como uma terapia não farmacológica auxiliar ao tratamento desta morbidade em idosos,2323. Santos L, Pedreira RBS, Carmo TS, Sena ELS, Yarid SD, Boery RNSO. Contribuições do treinamento concorrente à autonomia de idosos com hipertensão arterial sistêmica. Lect Educ Fis Deportes. 2021;25(272):121-34. DOI https://doi.org/10.46642/efd.v25i272.2219
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25. Sharman JE, Smart NA, Coombes JS, Stowasser M. Exercise and sport science australia position stand update on exercise and hypertension. J Hum Hypertens. 2019;33(12):837-43. DOI https://doi.org/10.1038/s41371-019-0266-z
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- 2626. Polegato BF, Paiva SAR. Hypertension and exercise: a search for mechanisms. Arq Bras Cardiol. 2018;111(2):180-1. DOI https://doi.org/10.5935%2Fabc.20180146
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isto considerando os seus feitos positivos à saúde, a exemplo da diminuição do nível de pressão e da rigidez arterial; melhorias na composição corporal (diminuição da adiposidade e aumento da massa muscular); promoção de melhora nos índices de aptidão física (aumentos na força muscular, agilidade, flexibilidade e capacidade cardiorrespiratória); diminuição da glicemia sanguínea em jejum; e aumento do colesterol HDL ( high density lipoprotein ). Além disso, a prática de exercícios físicos repercute na diminuição do tônus simpático e do estresse psicológico, na melhora da função endotelial vascular e regulação do sódio, e no aumento do tônus parassimpático e da complacência arterial.2323. Santos L, Pedreira RBS, Carmo TS, Sena ELS, Yarid SD, Boery RNSO. Contribuições do treinamento concorrente à autonomia de idosos com hipertensão arterial sistêmica. Lect Educ Fis Deportes. 2021;25(272):121-34. DOI https://doi.org/10.46642/efd.v25i272.2219
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, 2727. Sakamoto S. Prescription of exercise training for hyper-tensives. Hypertens Res. 2020;43(3):155-61. DOI https://doi.org/10.1038/s41440-019-0344-1
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Para tanto, o American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda para hipertensos a realização de no mínimo 30 minutos de atividade aeróbia em intensidade moderada (40 a 60% do consumo de oxigênio - VO2de reserva) na maioria dos dias da semana, preferen-cialmente todos os dias.2828. Pescatello LS, Franklin BA, Fagard R, Farquhar WB, Kelley GA, Ray CA, et al. American College of Sports Medicine position stand. Exercise and hypertension. Med Sci Sports Exerc. 2004;36(3):533-53. DOI https://doi.org/10.1249/01.mss.0000115224.88514.3a
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Em adição, o ACSM sugere para hipertensos a realização de exercícios resistidos como complemento no programa de treinamento. Neste seguimento, a Australian Association for Exercise and Sports Science, em seu mais recente posicionamento, sobre o assunto, passou a recomendar para pessoas com HAS a realização de dois ou mais dias de treinamento resistido semanalmente, em dias não consecutivos, compostos de oito a dez exercícios, com uma margem de oito a doze repetições, as quais devem ser realizadas em uma intensidade que gere uma fadiga muscular considerável.2525. Sharman JE, Smart NA, Coombes JS, Stowasser M. Exercise and sport science australia position stand update on exercise and hypertension. J Hum Hypertens. 2019;33(12):837-43. DOI https://doi.org/10.1038/s41371-019-0266-z
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A presente pesquisa apresenta algumas limitações. Entre elas, observa-se o diagnóstico autorreferido para o desfecho analisado. Contudo, salienta-se a utilização do MEEM como critério de exclusão dos idosos com comprometimento cognitivo, para diminuição do impacto do viés de memória. Além disso, destaca-se que os resultados apresentados dizem respeito ao panorama averiguado durante a coleta realizada em 2013, o que pode não refletir a realidade atual.

Todavia, evidencia-se como ponto forte a origina-lidade do presente estudo, visto ter sido a primeira pesquisa populacional brasileira a analisar a associação de indicadores de desempenho funcional com HAS, contemplando a população idosa de um município de pequeno porte, da região Nordeste do país, o qual possui baixos indicadores socioeconômicos e dificuldades na oferta de serviços de saúde.1414. Casotti CA, Almeida CB, Santos L, Valença Neto PF, Carmo TB. Condições de saúde e estilo de vida de idosos: métodos e desenvolvimento do estudo. Prat Cuid Rev Saude Coletiva. 2021;2:e12643. Full text link https://www.revistas.uneb.br/index.php/saudecoletiva/article/view/12643
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Sendo assim, acredita-se que as evidências apresentadas podem servir como subsídios para ações de profissionais de saúde atuantes no âmbito da Atenção Primária, com vistas à promoção de intervenções que visem a melhoria ou manutenção de bons índices de aptidão física em idosos, tanto para a prevenção da HAS quanto para mitigar o seu potencial impacto deletério no desempenho funcional destas pessoas, especialmente na capacidade de deambular e na resistência cardiorrespiratória.

Conclusão

As evidências averiguadas mostram que os participantes hipertensos de ambos os sexos demonstraram pior desempenho no teste de LCS e na ME. Ademais, o teste de levantar, caminhar e sentar esteve positivamente associado à HAS, enquanto a marcha estacionária apresentou uma associação inversa com o referido desfecho. Os resultados do presente estudo, portanto, evidenciam que os idosos hipertensos possuíam agilidade, equilíbrio, capacidade de deambular e resistência cardiorrespiratória menores quando comparados aos não hipertensos. Frente a estes achados, observa-se a necessidade da adoção de medidas que visem a prevenção da HAS e a minimização do seu possível efeito adverso no desempenho funcional de idosos. Entre as possíveis estratégias não farmacológicas, destaca-se a realização de exercícios físicos de cunho aeróbico e, complementarmente, os de contra resistência.

Agradecimentos

Agradecemos ao Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (PPSUS); ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de iniciação científica de DJS; à Universidade do Sudoeste da Bahia (UESB), pela bolsa de Iniciação Científica de ESS; à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), pelas bolsas de doutorado de LS e de iniciação científica de YSS; à Secretaria Municipal de Saúde de Aiquara/BA; bem como aos idosos que participaram do estudo.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    27 Jan 2023
  • Revisado
    11 Mar 2023
  • Aceito
    21 Mar 2023
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