Resumo
Introdução
: Em decorrência do incêndio na Boate Kiss, ocorrido na cidade de Santa Maria-RS, 242 pessoas foram a óbito, das quais 235 no dia do episódio, asfixiadas pela inalação de fumaça tóxica e, aproximadamente, outras 1000 ficaram feridas.
Objetivo
: Relatar a experiência de um grupo de fisioterapeutas, docentes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na reabilitação dos sobreviventes do incêndio, vítimas de lesão inalatória e queimaduras.
Materiais e métodos
: Estudo de caráter quanti-qualitativo, em que foi elaborado um protocolo de avaliação da capacidade físico-funcional para identificar a necessidade de reabilitação.
Resultados
: Foram avaliados 270 pacientes (147 homens, média de idade de 26,72 ± 9,5 anos), sendo que aproximadamente 70% manifestaram algum tipo de alteração clínica ou comprometimento funcional que indicou a necessidade de reabilitação. Os sinais e sintomas respiratórios mais prevalentes foram: tosse seca ou produtiva (59,2%), fadiga (35,92%), dispneia (17,7%), dor torácica (16,6%) e alteração do ritmo respiratório (11,4%). Sintomas neurológicos tais como dor de cabeça persistente (88,51%), perda de memória (11,4%) e parestesia (8,1%) também foram relatados. Lesões musculoesqueléticas (14,7%) e queimaduras extensas (8,8%) também foram observadas. Cento e oitenta e nove foram encaminhados para tratamento fisioterapêutico em nível ambulatorial sendo que destes, 22 permanecem em atendimento no Ambulatório de Fisioterapia do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM).
Conclusão
: Apesar da extensa experiência profissional deste grupo de fisioterapeutas, as situações vivenciadas foram singulares e inéditas, tanto do ponto de vista profissional quanto pessoal e reforçou a importância da união de uma equipe no cuidado emergencial, bem como no acompanhamento ambulatorial multiprofissional e integrado.
Palavras-chave:
Reabilitação; Lesão por inalação de fumaça; Monóxido de carbono; Cianeto de hidrogênio; Queimaduras