RESUMO
Este estudo buscou investigar se o uso do modelo biopsicossocial na prestação de saúde pode apontar carências na abordagem dos domínios de saúde que tornem o cuidado menos abrangente. Não há informações sobre como o modelo é utilizado por fisioterapeutas no cuidado às pessoas que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC). Esses dados podem contribuir para as decisões em saúde e para o direcionamento de recursos nos diferentes cenários de intervenção. Esta revisão de escopo analisou ensaios clínicos conduzidos por fisioterapeutas que tiveram a funcionalidade/incapacidade em adultos pós-AVC como desfecho, com o objetivo de investigar a abordagem do modelo biopsicossocial. Foram excluídos deste estudo artigos em que a intervenção foi aplicada por outros profissionais e que foram publicados somente em idiomas não dominados pelos autores. A triagem por dois revisores cegos retornou 25 artigos em oito bases de dados (Medline, PEDro, Embase, Scopus, Lilacs, CINAHL e Web of Science, e base de registros Cochrane Central). O conteúdo das medidas de avaliação da funcionalidade/incapacidade foi vinculado aos domínios da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Com as categorias da CIF, foi conduzida uma análise de conteúdo mais detalhada que permitiu uma comparação precisa entre os cenários de intervenção. A abordagem da funcionalidade/incapacidade concentra-se em cobrir os elementos de atividade do modelo biopsicossocial, principalmente mobilidade e autocuidado, independentemente do ambiente. Os resultados deste estudo podem ser úteis para guiar a prática de fisioterapeutas, oferecer dados para gestores de saúde adotarem oficialmente o modelo como orientador de decisões e esclarecer aos pacientes alguns objetivos do cuidado fisioterapêutico.
Descritores
Acidente Vascular Cerebral; Modalidades de Fisioterapia; Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde; Serviços de Saúde
ABSTRACT
Investigating the use of the biopsychosocial model in healthcare can point to shortcomings in the approach to health domains that make care less comprehensive. There are gaps of information on how this model is employed by physical therapists in the care of stroke survivors. These data could contribute to health decision-making and targeting of resources across various intervention settings. This scoping review analyzed clinical trials conducted by physical therapists that had functioning/disability in post-stroke adults as an outcome, with the aim of investigating the biopsychosocial model approach. Articles in which the intervention was applied by other professionals and/or published only in languages not mastered by the authors were excluded. Screening by two blinded reviewers returned 25 articles across eight databases (Medline, PEDro, Embase, Scopus, LILACS, CINAHL, Web of Science, and the Cochrane CENTRAL database). The content of the functioning/disability assessment measures was linked to the domains of the International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF). With the ICF categories, a more detailed content analysis was conducted, enabling a precise comparison across intervention settings. We found that the functioning/disability approach mostly focuses on covering the activity elements of the biopsychosocial model, mainly mobility and self-care, regardless of the intervention setting. The results of this study may be useful for guiding the practice of physical therapists, providing data for health managers to officially adopt the model as a decision-making guide and clarifying to patients some of the objectives of physical therapy after stroke.
Keywords
Stroke; Physical Therapy Modalities; International Classification of Functioning, Disability and Health; Health Services
RESUMEN
Este estudio pretendió investigar si el uso del modelo biopsicosocial en la atención médica puede apuntar a deficiencias en el enfoque de los dominios de salud que hacen que la atención sea menos integral. No hay información sobre cómo los fisioterapeutas utilizan el modelo en la atención a personas que hayan sufrido un accidente cerebrovascular (ACV). Estos datos pueden contribuir a las decisiones sanitarias y a la asignación de recursos en diferentes escenarios de intervención. Esta revisión del alcance analizó los ensayos clínicos realizados por fisioterapeutas que se enfrentaron a la funcionalidad/discapacidad en adultos pos-ACV como resultado, con el objetivo de investigar el enfoque del modelo biopsicosocial. Se excluyeron de este estudio los artículos en que la intervención fue aplicada por otros profesionales y aquellos que fueron publicados únicamente en idiomas no dominados por los autores. La selección realizada por dos revisores ciegos arrojó 25 artículos en ocho bases de datos (Medline, PEDro, Embase, Scopus, Lilacs, CINAHL y Web of Science, y en Cochrane Central). El contenido de las medidas para evaluar la funcionalidad/discapacidad se vinculó a los dominios de la Clasificación Internacional del Funcionamiento, la Discapacidad y la Salud (CIF). Con las categorías CIF, se realizó un análisis de contenido más detallado que permitió una comparación precisa entre los escenarios de intervención. El enfoque de funcionalidad/discapacidad se centra en cubrir los elementos de actividad del modelo biopsicosocial, principalmente la movilidad y el autocuidado, independientemente del entorno. Los resultados de este estudio pueden ser útiles para orientar la práctica de los fisioterapeutas, al ofrecer datos para que los gestores sanitarios adopten oficialmente el modelo como guía de decisión, y para aclarar algunos objetivos de la atención fisioterapéutica a los pacientes.
Palabras clave
Accidente Cerebrovascular; Modalidades de Fisioterapia; Clasificación Internacional del Funcionamiento, la Discapacidad y la Salud; Servicios de Salud
INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) tem se mantido entre as cinco principais causas de incapacidade no mundo desde 19901. As complicações pós-AVC podem durar dias ou se tornarem permanentes e envolvem desde impactos localizados, como dor e redução de força muscular, até sociais como dependência para o autocuidado, retardo no retorno ao trabalho e restrição social2 - 5. A carga se estende para cuidadores, família, sistema de saúde e setor econômico, influenciando as decisões de gestores de saúde6 - 8.
A entrada em um programa de reabilitação depende de aspectos como a gravidade da lesão, o progresso individual, as preferências do indivíduo e da rede de apoio, a presença de cuidador e a disponibilidade de serviços9. Hospitais e enfermarias são geralmente destinados aos cuidados intensivos, pois contêm equipamentos e rotina apropriados para reduzir complicações e estabilizar o quadro clínico10. Ao obter alta, o indivíduo poderá ser encaminhado para serviços de atendimento em domicílio, ambulatórios, centros de reabilitação, clínicas, instituições de longa permanência ou serviços de atenção primária10.
Considerando a amplitude de consequências do AVC, o uso do modelo biopsicossocial na prática clínica tem sido recomendado para garantir melhor qualidade de assistência10. O modelo foi apresentado na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e evita que o cuidado se reduza a um único aspecto da saúde, seja ele biológico, pessoal, social ou da condição de saúde11. A interação dinâmica positiva entre esses elementos chama-se funcionalidade. A experiência negativa dessa interação chama-se incapacidade11,12. A estrutura da CIF tem se destacado como guia para analisar resultados no contexto da reabilitação e como modelo para avaliar a funcionalidade em condições de saúde como o AVC13. Na fisioterapia, os estudos se concentram em investigar a afinidade dos instrumentos de avaliação com os domínios de saúde14 - 18. Os resultados desta investigação foram capazes de apontar carências na abordagem dos domínios de saúde no manejo de órteses pós-AVC. Além disso, ofereceram dados para orientar a escolha entre medidas de avaliação genéricas e específicas de qualidade de vida e tiveram o potencial de contribuir para as decisões em saúde funcional, além de auxiliar o desenvolvimento de políticas públicas de saúde16 - 18.
O estudo da funcionalidade e da incapacidade, segundo a perspectiva do modelo biopsicossocial, fornece dados importantes para indicar as necessidades em saúde da população e direcionar recursos nos diferentes cenários de reabilitação8,13. Ainda não há informações sobre como é feita a abordagem do modelo por fisioterapeutas no cuidado da funcionalidade e da incapacidade pós-AVC. Buscar essas informações pode apontar lacunas na abordagem biopsicossocial e, assim, proporcionar uma compreensão mais abrangente do quadro de saúde, dar subsídios para o desenho de intervenções centradas no paciente e para o planejamento conjunto da intervenção entre profissionais, indivíduo e rede de apoio. Para os serviços de saúde, as informações podem possibilitar uma linguagem padronizada entre fisioterapeutas, facilitando a comunicação na transição entre os serviços de saúde; oferecer reflexão para a necessidade de capacitação dos profissionais para uma abordagem biopsicossocial; e estimular o desenho de políticas de saúde baseadas não somente em indicadores de mortalidade e morbidade.
O objetivo desta revisão de escopo foi estudar o uso do modelo biopsicossocial na abordagem da funcionalidade/incapacidade no cuidado pós-AVC ofertado pela fisioterapia em diferentes ambientes de intervenção. Outros objetivos foram: (1) identificar os desfechos e instrumentos de medida mais frequentes em cada cenário de intervenção; (2) examinar a afinidade do conteúdo dos instrumentos de avaliação da funcionalidade/incapacidade com a CIF; e (3) comparar o conteúdo e a cobertura da CIF entre os cenários de intervenção.
METODOLOGIA
Esta revisão de escopo seguiu as instruções do Joanna Briggs Institute19. Os critérios de elegibilidade compreenderam ensaios clínicos cuja população adulta sofreu AVC e recebeu algum tipo de intervenção fisioterapêutica em comparação a outra ou nenhuma intervenção. A avaliação de functioning ou disability deveria ser citada como desfecho primário ou secundário do estudo. Foram excluídos estudos em que a intervenção foi aplicada por outros profissionais além do fisioterapeuta e os estudos não encontrados nos idiomas português, inglês ou espanhol. A busca foi aplicada em setembro de 2022 nas bases de dados Medline, PEDro, Embase, Scopus, Lilacs, CINAHL e Web of Science, e base de registros Cochrane Central. Foram utilizados termos DECS, MESH, EMTREE, termos livres e seus sinônimos, incluindo, mas não limitando a: stroke, rehabilitation e physical therapy modalities, functioning e disability.
Após excluir as duplicatas, dois avaliadores cegos triaram os estudos em duas etapas. Antes de cada triagem, um teste-piloto foi conduzido com uma amostra aleatória para garantir concordância ≥75%. Após a seleção, quando as divergências não foram resolvidas por consenso, um terceiro revisor foi consultado.
A abordagem da funcionalidade/incapacidade foi examinada a partir da estrutura da CIF. Com as categorias geradas pela vinculação dos instrumentos de avaliação, foi conduzida a análise de conteúdo e esta foi comparada entre os cenários de intervenção.
Análises
Processo de identificação e vinculação dos conceitos significativos
O processo de vinculação seguiu o proposto por Cieza14. Os conceitos significativos foram identificados e depois codificados de forma cega por dois autores, que receberam capacitação de um vinculador experiente, também responsável por resolver as discordâncias. Os dados só foram extraídos quando a concordância foi ≥74% em cada instrumento20. Conceitos não inclusos na CIF que não eram um fator pessoal foram representados como não coberto (nc) e receberam código específico quando relacionados a diagnóstico ou condição de saúde (nc-cs) e qualidade de vida (nc-qv). Conceitos com informações insuficientes para vinculação foram representados como não definido (nd) e receberam códigos específicos quando relacionados a saúde geral (nd-sg), qualidade de vida (nd-qv) e incapacidade (nd-inc).
Análises de concordância
A concordância interavaliadores foi avaliada nos seguintes momentos: (1) dois testes-piloto pré-triagens; (2) extração de dados dos estudos recuperados; e (3) processo de vinculação dos instrumentos de avaliação à CIF.
Análise de conteúdo
Foram observados três cálculos principais: densidade de conteúdo, diversidade de conteúdo e porcentagem de cobertura de domínio/categoria16. A densidade de conteúdo identifica o número de conceitos significativos por item em um instrumento de avaliação.Valores iguais a um indicam um conceito por item. Utiliza a Fórmula (1):
Densidade de conteúdo = total de conceitos significativos no instrumento x (1)
total de itens do instrumento x
A diversidade de conteúdo apresenta a variedade de categorias da CIF por conceito significativo, em cada instrumento de avaliação. Quanto mais próximo de zero, menor a diversidade, pois mais conceitos correspondem à mesma categoria. É calculada por (2):
Diversidade de conteúdo = total de categorias vinculadas à CIF no instrumento x (2)
total de conceitos significativos no instrumento x
Para calcular o peso das categorias/domínios da CIF, utilizou-se a porcentagem de cobertura, que mede a frequência das categorias e domínios nos instrumentos de medida por meio dos cálculos (3) e (4). Em ambos, valores maiores indicam melhor cobertura da CIF pelo instrumento.
total de categorias linkadas à CIF no instrumento x × 100 (3)
total de categorias da CIF
total de categorias do domínio y no instrumento x × 100 (4)
total de categorias em domínio y na CIF
Foram encontradas 1.548 categorias no site oficial da Organização Mundial da Saúde em novembro de 2023, das quais 522 são contempladas no domínio funções corporais; 309 em estruturas corporais; 456 em atividades e participação; e 261 em fatores ambientais21.
RESULTADOS
A busca recuperou 7.054 artigos, dos quais permaneceram 5.554 após remoção das duplicatas. O processo de seleção e triagem está detalhado na Figura 1 e foi finalizado em 25 artigos.
O sumário dos artigos incluídos está disponível no Quadro 1. A avaliação da incapacidade foi predominante (n=23, 92%) em comparação à funcionalidade (n=3, 12%). 11 instrumentos foram encontrados: Action Research Arm Test (ARAT), Index of Extended Activities of Daily Living (IEADL), Motor Assessment Scale (MAS), Stroke Impact Scale (SIS), Timed Up and Go Test (TUG), Teste de Velocidade da Marcha em 10 metros (TVM), Teste de Caminhada de seis minutos (TC6), Functional Independence Measure (FIM), Rankin Scale (RS), Barthel Index (BI), Berg Balance Scale (BERG). BI e RS foram os mais usados para avaliar a incapacidade, independentemente do ambiente. Dois artigos que avaliaram a funcionalidade eram do mesmo grupo de autores, que aplicaram uma combinação de medidas; o terceiro usou a SIS para avaliar tanto funcionalidade autopercebida como incapacidade22.
Quanto aos ambientes de intervenção, os estudos foram desenvolvidos em: comunidade ou atenção primária (n=2, 8%), domicílio (n=12, 48%), ambulatórios e clínicas (n=7, 28%), hospital e enfermarias (n=11, 44%). Quanto menor o nível de atenção, menor foi a diversidade de instrumentos utilizados. Não houve avaliação da funcionalidade em ambiente comunitário. O Quadro 2 apresenta os instrumentos de avaliação usados por local de intervenção. Para consultar a frequência, ver a Tabela 1.
Foram necessárias duas rodadas de vinculação cega para alcançar a concordância desejada (≥74%) entre avaliadores em todos os instrumentos. Não foi encontrada versão da IEADL, nem após tentativa de contato com os autores. Por isso, a medida não foi vinculada à CIF, nem incluída na análise de conteúdo (Tabela 2). BI foi o único a cobrir os quatro domínios da CIF e o que concentrou mais categorias relacionadas a fatores ambientais. Ainda que o domínio atividade e participação tenha sido o mais coberto, apenas a SIS e FIM incluíram categorias próprias de participação, consideradas neste artigo como d7-d9. Entretanto, a FIM cobriu apenas aspectos da interação e relacionamentos interpessoais, enquanto a SIS também cobriu trabalho e vida comunitária, social e cívica. A SIS foi a escala usada com a maior porcentagem de cobertura da CIF; TC6 e TUG tiveram as menores coberturas. Codificação de fatores ambientais esteve geralmente associada à dependência para atividades.
DISCUSSÃO
A abordagem da funcionalidade e da incapacidade não sofre grande variação entre os cenários de intervenção da fisioterapia no pós-AVC. Em sua maioria, os instrumentos tinham maior cobertura do domínio atividade e participação, porém baixa diversidade de categorias próprias de participação. Maior variedade de instrumentos e combinações foram encontradas à medida que o nível de atenção aumentava. Dos três estudos que avaliaram a funcionalidade, nenhum foi conduzido em ambiente comunitário. Para ambos os desfechos, os fatores ambientais foram identificados somente quando relacionados ao suporte para atividades.
A maioria dos instrumentos usados para avaliação da incapacidade e funcionalidade (BI, RS, ARAT, TC6, MAS, FIM, BERG, TUG) foi recomendada para avaliar atividades, representando a importância desse domínio para a reabilitação10,47. Porém, deve-se ter cautela ao utilizar essas medidas isoladas, ou combinadas apenas entre si, quando o desfecho for incapacidade/funcionalidade, pois não serão suficientes para cobrir seu escopo47. Considerando que a expressão “disability” já foi usada para descrever as limitações de atividade antes da publicação da CIF, é possível que a preferência por esses instrumentos esteja refletindo uma confusão no uso do termo para finalidades mais específicas47.
A porcentagem geral de cobertura de domínios seguiu o peso dado às categorias no Brief Core Set de AVC, a saber, atividade e participação, funções corporais, fatores ambientais e estruturas do corpo9. Isso pode demonstrar que a escolha dos instrumentos não é arbitrária, mas a combinação ainda pode ser aperfeiçoada para contemplar todos os domínios relevantes. Por exemplo, considerando a semelhança entre o conteúdo do BI e RS e que ambos avaliam a partir da perspectiva de dependência, a combinação entre eles geraria informações repetidas. Pode-se optar por substituir um deles pela FIM, que, apesar das semelhanças, adiciona categorias como memória e comunicação. Outra possibilidade, não encontrada nesta pesquisa, seria o World Health Organization Disability Assessment Schedule, o Whodas 2.0. O instrumento foi construído para avaliar a saúde e incapacidade a partir da estrutura da CIF, cobrindo todos os domínios de saúde. Ele já foi validado para a população pós-AVC e pode ser administrado em diferentes versões48 - 50.
Foi identificada baixa cobertura da participação nas intervenções sobre a funcionalidade e a incapacidade. Porém, restrições de participação são associadas pelos pacientes a uma pior qualidade de vida, se tornando um elemento importante para o cuidado51. Alguns instrumentos que contemplam elementos de participação (aspectos gerais de saúde, qualidade de vida e isolamento social) e que podem guiar a intervenção são a SIS, o Nottingham Health Profile e o Medical Outcomes Study Short Form 3647,52. A participação ainda sofre influência de fatores contextuais potencialmente modificáveis, como motivação, aceitação da condição de saúde, autoestima, rede de apoio, equipamentos de assistência na comunidade, ajustes no ambiente domiciliar e acessibilidade aos serviços sociais e de saúde53.
A preocupação em avaliar a participação e os fatores ambientais desde o ambiente hospitalar é bem-vinda. Com uma boa comunicação entre as equipes intersetoriais, isso poderia se converter em benefícios para uma transição mais suave após a alta54. Porém, uma necessidade mais evidente dessa avaliação está no ambiente comunitário e no domiciliar, uma vez que costumam ter maior foco na independência em atividades diárias e inserção social10. Fisioterapeutas precisam esgotar os recursos disponíveis no ambiente para identificar e intervir sobre as barreiras e facilitadores para o tratamento, além de criar estratégias para facilitar à pessoa e/ou a sua rede de apoio a fazer o mesmo3. É fundamental garantir o acesso aos serviços de reabilitação, seja na identificação dos serviços, transporte ou aquisição de informações3.
Em casos de baixo potencial de recuperação, será necessário lembrar que a funcionalidade continua existindo na presença da incapacidade14. Uma pessoa que já passou da fase de recuperação espontânea e tem poucos ganhos durante a reabilitação pode ter melhorias na atividade e participação a qualquer momento, especialmente em um ambiente enriquecido e com investimento nas estratégias adaptativas e compensatórias para as atividades9,55.
Wade discutiu sobre a necessidade de incluir o modelo biopsicossocial no planejamento do cuidado em saúde, sobretudo devido à demanda por índices que contemplem os impactos gerados pelo aumento de doenças crônicas na população56. Os resultados desse estudo podem contribuir, de forma inicial, para orientar decisões de gestores em saúde. Algumas ações são sugeridas: educação permanente para fisioterapeutas sobre a abordagem do modelo, enfatizando e exemplificando intervenções sobre fatores ambientais e de participação; instituição de indicadores de funcionalidade e incapacidade nos serviços de reabilitação, como nível de alfabetização em saúde, presença de cuidador ativo no cuidado e disponibilidade de transporte para comparecer à reabilitação; acompanhamento dos indicadores nos diferentes ambientes de intervenção, para direcionar recursos segundo a necessidade de cada um.
Existe uma tendência para que ensaios clínicos futuros tenham desfechos primários mais específicos, segundo cada domínio de saúde3. Para evitar que os leitores compreendam essa decisão como uma fragmentação do cuidado e para facilitar a aplicação dos resultados nos serviços e políticas de saúde, sugere-se que a correlação entre os componentes de saúde e a implicação dos resultados para a funcionalidade e incapacidade sejam apresentadas de forma clara em ensaios futuros.
Limitações
Esta revisão tem algumas limitações. A execução em apenas três idiomas pode ter restringido a quantidade final de artigos. Não houve publicação do protocolo da revisão conforme o exigido pelo Joanna Briggs Institute . Não foi realizada avaliação da qualidade e do risco de viés dos estudos incluídos. Porém, como esta pesquisa investigou a abordagem teórica da funcionalidade e da incapacidade, a qualidade metodológica dos estudos e os efeitos das intervenções não interferiram nos resultados. Por fim, os ensaios clínicos incluídos não reproduzem exatamente as rotinas do fisioterapeuta, que se depara com uma diversidade de situações que não pode ser prevista nos estudos.
CONCLUSÃO
A abordagem da funcionalidade e da incapacidade por fisioterapeutas no pós-AVC concentra-se em cobrir os elementos do modelo biopsicossocial relacionados à atividade, principalmente mobilidade e autocuidado, independentemente do ambiente de intervenção. O ambiente hospitalar foi o que apresentou maior diversidade de categorias relacionadas à participação e a fatores ambientais. Realizar uma avaliação mais completa apenas no ambiente hospitalar comprometerá a boa evolução do quadro do paciente. É importante tornar rotineira a avaliação desses componentes, pois também são alvo de intervenção, especialmente no domicílio e na comunidade, e em pessoas com pouco potencial para ganhos na recuperação espontânea. Como existe um limite para atuação profissional sobre a incapacidade, são desejáveis mais ensaios que adotem a funcionalidade como desfecho.
BI e RS foram os instrumentos mais frequentes para avaliação da incapacidade, enquanto BI, MAS e BERG tiveram maior frequência para funcionalidade. Para garantir a cobertura do modelo biopsicossocial usando os instrumentos encontrados nesta pesquisa, é necessário combiná-los observando sua diversidade de conteúdo e porcentagem de cobertura de domínios. Uma boa ferramenta para apoiar a escolha dos instrumentos é o Brief Core Set de AVC. Também é importante padronizar os termos de saúde conforme apresentados na CIF para facilitar a compreensão em pesquisas futuras e uniformizar a linguagem entre fisioterapeutas.
Os resultados deste estudo podem facilitar a escolha dos instrumentos de avaliação da incapacidade e funcionalidade pós-AVC entre fisioterapeutas em diferentes cenários de intervenção. Também podem ser úteis para gestores de saúde que planejam implementar esses desfechos como ponto de avaliação para tomadas de decisão em saúde. Não restam justificativas para ignorar o uso dos conceitos dispostos na CIF e do modelo biopsicossocial, que a baseia, como indicadores de saúde. A leitura deste texto também é encorajada para pessoas que sofreram AVC e desejam entender mais sobre o trabalho da fisioterapia, pois fornece informações importantes para a discussão conjunta do plano de tratamento e contribui para a autogestão da saúde.
Agradecimentos
Ao meu colega Francisco Douglas da Silva Freires Barros, que atuou como revisor nas etapas de seleção dos estudos e processo de vinculação à CIF.
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Fonte de financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
14 Abr 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
-
Recebido
05 Jan 2024 -
Aceito
18 19 2024


