Open-access Fatores pessoais e clínicos associados à alteração de funcionalidade em idosos usuários da atenção primária à saúde

RESUMO

O envelhecimento populacional é um importante desafio para a sociedade e para os formuladores de políticas no mundo. Esse desafio se torna ainda mais complexo nos países de média e baixa renda. Assim, neste estudo buscou-se avaliar a funcionalidade e os fatores associados aos aspectos clínicos e sociodemográficos de idosos usuários da Atenção Primária à Saúde. Este é um estudo transversal, analítico, realizado em uma unidade básica de saúde na cidade de Fortaleza (CE). Para avaliar a funcionalidade, foi utilizado o Whodas 2.0. Procedeu-se com os Testes de Mann-Whitne e Kruskall-Wallis para as análises bivariadas e com Análise de Regressão Negativa Binomial para a multivariada. A idade associou-se com a perda da funcionalidade em todos os domínios do Whodas (p<0,01). Os participantes que apresentaram descompensação clínica para alguma comorbidade obtiveram piores desempenhos nos domínios “autocuidado” (p<0,05),” atividades escolares e de trabalho” (p<0,05), “atividades da vida” (p<0,05), “participação” (p<0,05) e no domínio total (p<0,01). Os resultados reforçam o papel estratégico da Atenção Primária à Saúde como espaço estratégico para manter a funcionalidade na população idosa.

Descritores
Saúde do Idoso; Envelhecimento; Estudos sobre Deficiência; Atenção Primária em Saúde; Promoção da Saúde

ABSTRACT

Population aging is a major challenge for public health, society, and policymakers worldwide. This challenge becomes increasingly complex in developing countries. Our research evaluated the functioning and factors associated with clinical and sociodemographic aspects of older adult users of Primary Health Care in Fortaleza city. A cross-sectional analytical study was conducted using the World Health Organization Disability Assessment Schedule (WHODAS 2.0) to measure functioning. Mann-Whitney and Kruskall-Wallis tests were employed for bivariate analyses, along with negative binomial regression for multivariate analysis. Age was associated with the loss of functioning across all WHODAS 2.0 domains (p<0.01). Respondents who presented clinical decompensation related to any comorbidity performed worse in the self-care (p<0.05), school and work activities (p<0.05), life activities (p<0.05), participation (p<0.05), and total domains (p<0.01). Our findings reinforce the key role of Primary Health Care as a strategic space to preserve functioning in the older adult population.

Keywords
Health of the elderly; Aging; Disability studies; Primary health care; Health promotion

RESUMEN

El envejecimiento de la población es un gran desafío para la sociedad y para la elaboración de políticas a nivel mundial. Este desafío se vuelve aún más complejo en los países de ingresos medianos y bajos. Así, este estudio buscó evaluar la funcionalidad y los factores asociados a los aspectos clínicos y sociodemográficos de las personas mayores usuarias de atención primaria de salud. Se trata de un estudio analítico transversal realizado en una unidad básica de salud de la ciudad de Fortaleza (Ceará, Brasil). Se utilizó Whodas 2.0 para evaluar la funcionalidad. Se utilizaron las pruebas de Mann-Whitney y de Kruskal-Wallis para el análisis bivariado; y el análisis de regresión binomial negativa para el análisis multivariado. La edad se asoció con la pérdida de funcionalidad en todos los dominios de Whodas (p<0,01). Los participantes que presentaron descompensación clínica por alguna comorbilidad tuvieron peores rendimientos en los dominios “autocuidado” (p<0,05), “actividades escolares y laborales” (p<0,05), “actividades de la vida” (p<0,05), “participación” (p<0,05) y en el dominio total (p<0,01). Los resultados destacan el papel estratégico de la atención primaria de salud como un espacio estratégico para mantener la funcionalidad de la población de los adultos mayores.

Palabras clave
Salud del Anciano; Envejecimiento; Estudios de discapacidad; Atención primaria de salud; Promoción de la salud

INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um importante e complexo desafio para a saúde pública global. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que até 2025 existirão cerca de 1,2 bilhão de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, o que corresponderá a um quinto da população mundial1.

O Brasil também acompanha o perfil de envelhecimento populacional mundial, já que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de idosos com 60 anos ou mais corresponde atualmente a 12,9% da população total. Projeções realizadas pelo último censo estimam que, em 2040, esse grupo etário corresponderá a aproximadamente 24% da população brasileira2. A transição demográfica e o envelhecimento populacional experienciados no Brasil vêm acompanhados de grandes desafios para os sistemas de seguridade social e de saúde3. Dentre os principais fatores que potencializam negativamente os impactos do envelhecimento estão a profunda desigualdade social, a manutenção da pobreza, a baixa escolaridade e os maus-tratos, além das dificuldades no acesso aos serviços de saúde4 , 5.

Contudo, o processo de envelhecimento populacional ocorre de maneira distinta em diferentes regiões do mundo. Dessa forma, nos países de renda alta, o aumento da população de pessoas idosas vem sendo acompanhado pelo envelhecimento saudável, reconhecido como o bem-estar proporcionado pela manutenção da capacidade funcional na velhice6 , 7. Nesse sentido, aparentemente, a facilidade no acesso aos recursos sociais e de saúde comportaram-se como fatores de proteção contra deficiência e incapacidade nesta população8.

Nos países de média e baixa renda, uma das características do processo de envelhecimento é a maior prevalência de doenças crônicas, que frequentemente interferem negativamente na autonomia e na independência e, consequentemente, reduzem a funcionalidade da população idosa9. Dentre as comorbidades mais prevalentes nessa população destacam-se: hipertensão arterial, cardiopatias, artrites, diabetes, doenças pulmonares, câncer e depressão. Todos esses agravos são potencialmente incapacitantes, inclusive com aumento do risco de mortalidade10. Soma-se ainda a isso a utilização de medicamentos de uso contínuo, sendo frequente a polifarmácia, com utilização de medicamentos potencialmente inapropriados em domicílio por idosos, o que pode levar a efeitos adversos, como a redução da funcionalidade11.

A funcionalidade é um termo genérico que indica os aspectos positivos da interação do sujeito com os fatores contextuais (pessoais e ambientais). Além disso, é concebida como um processo interativo entre seus componentes (funções e estruturas do corpo, atividade, participação, fatores ambientais e pessoais)12. Esse termo foi cunhado pela OMS e formalizado com o lançamento da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)13. Cabe destacar que o uso da funcionalidade na geração de indicadores de saúde tem sido discutido, uma vez que as informações sobre óbitos (mortalidade) e ocorrência de doenças (morbidades) não forneceriam indicadores suficientes para expressar a necessidade de serviços de saúde da população. Argumenta-se que não é suficiente saber quantas pessoas morrem ou são acometidas por certas doenças; é necessário saber o impacto associado a essas doenças na vida das pessoas, informação que seria crucial para países com sistemas de saúde equitativos, como o do Brasil14.

Para a operacionalização prática da aplicação do modelo da CIF, a OMS propôs o World Health Organization Disability Assessment Schedule (Whodas 2.0), um instrumento capaz de mensurar a funcionalidade em diferentes populações, tendo em vista seu caráter genérico, padronizado e de fácil aplicação15. Além disso, ele vem sendo utilizado para a avaliação da funcionalidade em populações com os mais variados problemas de saúde, tais como: doenças inflamatórias, acidentes vasculares cerebrais, distúrbios psiquiátricos, esqueléticos, cardíacos e neurológicos, ou mesmo em populações sem uma condição de saúde determinada16 , 17. Ao oferecer informações sobre o nível de funcionalidade dos usuários da Atenção Primária à Saúde, o Whodas permitiria um planejamento melhor das ações em saúde pertinentes à população adscrita, viabilizando um cuidado em saúde centrado no paciente e em suas necessidades, não somente curativo, mas também preventivo e de melhoria de qualidade de vida18.

No Brasil, alguns estudos utilizaram com diferentes objetivos o Whodas 2.0 como instrumento de avaliação da população de pessoas idosas: examinar seus dados normativos para avaliar a incapacidade19; analisar a associação de fatores socioeconômicos e demográficos com a fragilidade5 ou mesmo para estimar a prevalência e fatores associados à dependência funcional20. Contudo, ainda são escassos os estudos que buscam avaliar a funcionalidade e seus fatores associados em pessoas idosas usuárias da Atenção Primária à Saúde e, de modo geral, em países de baixa renda21. Objetivou-se avaliar a funcionalidade e fatores associados aos aspectos clínicos e sociodemográficos de idosos usuários da Atenção Primária à Saúde em uma grande capital do Nordeste do Brasil.

METODOLOGIA

Tipo de estudo e local

Estudo transversal, analítico, realizado com idosos usuários da Atenção Primária à Saúde no município de Fortaleza, Ceará. A coleta foi realizada entre abril e setembro de 2019 em uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps) cuja cobertura populacional é de aproximadamente 22 mil pessoas. Destas, 5.567 são pessoas idosas, e mais de um quarto tem cadastro e busca atendimento na referida unidade21. Ressalta-se que a apresentação deste estudo segue as sugestões de componentes propostos pela iniciativa Strobe22.

População, critérios de inclusão e exclusão

A população de estudo foi composta por pessoas idosas de ambos os sexos com 60 anos ou mais de idade23. Utilizou-se o processo de amostragem por conveniência, totalizando 182 participantes. Estes foram abordados assim que compareceram à Uaps para consulta médica programada ou por demanda espontânea. Assim, por questões de logística na coleta, compuseram a amostra deste estudo.

Foram excluídas do estudo as pessoas idosas que apresentaram comprometimento cognitivo significativo. Para tanto, optou-se pela aplicação do Mini-Exame do Estado Mental (Meem). O Meem tem 30 pontos e avalia as seguintes dimensões: orientação espacial e temporal, retenção, atenção e cálculo, evocação, linguagem e habilidade construtiva24. Adotaram-se os seguintes pontos de corte: mínimo de 24 pontos para idosos com quatro anos ou mais de escolaridade; mínimo de 17 pontos para idosos com menos de quatro anos de escolaridade24.

Instrumentos e variáveis coletadas

Foi aplicado um questionário elaborado a partir da ficha de cadastro individual do e-SUS AB, instrumento de cadastro dos usuários no Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (Sisab). O instrumento foi composto por três blocos de informações. Todas as coletas foram feitas por meio de entrevistas e conduzidas por um profissional de saúde de nível superior com capacitação para tal procedimento.

O primeiro abordou as características socioeconômicas da população de estudo, contendo as seguintes variáveis: “sexo”, “idade” (60-70 anos; 71-79 anos; ≥80 anos), “raça” (branco, pardo, negro), “escolaridade” (analfabeto; Ensino Fundamental completo; Ensino Médio completo; superior), “estado civil” (solteiro/separado; casado/união estável; viúvo), “religião” (sim/não), “renda mensal” (até 1 salário mínimo; de 1 a 3 salários mínimos; >3 salários mínimos), “tabagismo” (sim/não), “uso frequente de bebida alcoólica” (sim/não) e “situação ocupacional” (empregado; autônomo; aposentado/pensionista; desempregado).

O segundo bloco tratou dos aspectos clínicos e das comorbidades. A variável “descompensação clínica em alguma comorbidade”, caracterizada pela piora aguda dos sintomas da doença crônica e sem melhora até a data da coleta, foi categorizada mediante avaliação clínica médica realizada no momento da aplicação do instrumento e posteriormente dicotomizada (sim/não). Foram ainda investigados os “números de comorbidades” (1, 2, 3, >4) e a “quantidade de medicamentos em uso no momento da coleta” (nenhum; de 1 a 4; >5).

O terceiro bloco de informações foi composto pelo Whodas 2.0. O instrumento avalia seis domínios de vida: cognição, mobilidade, autocuidado, relações interpessoais, atividades de vida e participação na sociedade, por meio de questões respondidas pelo sujeito. O Whodas 2.0 foi testado em diferentes culturas e está disponível em mais de 30 idiomas. Estudos realizados durante seu desenvolvimento abrangeram 19 países, com populações e níveis de saúde distintos25. Dentre suas potencialidades, destacam-se a correlação direta com a CIF e a disponibilidade de propriedades psicométricas sólidas. Existem três versões do Whodas 2.0, a mais longa com 36 itens; uma curta, com 12 itens; e outra mista, em que as 12 questões da versão curta são respondidas com a possibilidade de adição de mais 24 questões, caso alterações sejam relatadas. Para este estudo optou-se pela aplicação por entrevistador, com a versão completa com 36 itens, objetivando uma melhor leitura e compreensão dos resultados. O Whodas permite a quantificar o perfil de funcionalidade das pessoas nos domínios que o compõem, com manual e instruções de aplicação disponíveis gratuitamente25. Essa ferramenta já foi validada para uso entre pessoas idosos no Brasil19 , 26 e tem sido adotada em pesquisas diversas com o mesmo grupo populacional ao redor do mundo27 - 29. Como resultado, a análise das respostas do Whodas produz escores para cada um de seus domínios, que variam de 0 (melhor funcionalidade) até 100 (pior funcionalidade). Existem duas opções de cálculo dos escores, a simples e a complexa, que incorporam diferentes pesos às respostas de questões mais importantes, permitindo também a comparação entre diferentes grupos18. Nesta pesquisa os escores complexos foram calculados.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa mediante parecer de número 3.212.748.

Análise dos dados

Os questionários foram digitados utilizando dupla entrada como forma de checagem e consistência interna dos dados. Em seguida, procedeu-se ao ajuste do banco de dados para a correção de inconsistências no Whodas 2.0, conforme sugerido na literatura30.

As características da amostra foram apresentadas mediante distribuições de frequências simples para todas as variáveis nominais. As variáveis numéricas foram apresentadas em medianas e intervalos interquartis. Em seguida, procedeu-se à análise bivariada utilizando os Testes de Mann-Whitney para as variáveis dicotômicas e de Kruskall-Wallis para as variáveis com mais de duas categorias, devido a sua distribuição não paramétrica. As variáveis que apresentaram significância estatística de até 20% foram levadas para o modelo final utilizando a Análise de Regressão Negativa Binomial. Os intervalos de confiança, bem como o incidence-rate ratios e p-valor foram apresentados para os modelos bruto e ajustados. Utilizou-se o software Stata® versão 12.0 para as análises.

RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta as características dos participantes do estudo. A maioria da população em estudo é do sexo feminino (67%), com maior frequência na faixa etária dos 60 a 70 anos (33,5%). Apenas 10,5% apresentaram idade superior a 80 anos. Quanto ao nível de escolaridade, 51% têm o Ensino Fundamental completo e 14,1% declararam-se analfabetos. Mais da metade dos participantes (53,5%) tem renda mensal de até 1 salário mínimo e mais de dois terços são aposentados ou pensionistas. Devido aos critérios estabelecidos, 12 pacientes foram excluídos do estudo, resultando em um total de 170 participantes.

Tabela 1.
Características sociodemográficas em idosos atendidos em Unidade de Atenção Primária em Saúde no município de Fortaleza-CE, 2019

A Tabela 2 apresenta os aspectos clínicos e de comorbidade. Mais da metade dos participantes (51,1%) tem descompensação clínica em pelo menos uma comorbidade. Pouco mais de 69% foram diagnosticados com duas ou mais comorbidades e 60% utilizam de um a quatro medicamentos diários. Aproximadamente 12% dos participantes referiram uso frequente de bebidas alcoólicas e tabagismo. Pouco mais de um terço (36,4%) referiu prática regular de alguma atividade física.

Tabela 2.
Aspectos clínicos, comorbidades e hábitos de vida em idosos atendidos em Unidade de Atenção Primária em Saúde no município de Fortaleza-CE, 2019

As medianas e amplitudes interquartis de cada um dos seis domínios avaliados pelo Whodas 2.0 foram apresentados na Tabela 3. Observa-se que os participantes apresentaram maior dificuldade para realizar atividades relacionadas aos domínios “mobilidade” e “participação na comunidade”. Nos domínios do “autocuidado” e das “relações interpessoais”, não se observou redução da funcionalidade. A mediana da pontuação total mostra que, de forma geral, há entre os idosos estudados baixo nível de incapacidade.

Tabela 3.
Medianas e Amplitudes Interquartis dos Domínios do WHODAS 2.0 em idosos atendidos em Unidade de Atenção Primária em Saúde no município de Fortaleza-CE 2019

A Tabela 4 demonstra a distribuição das medianas e variâncias dos escores do Whodas segundo os fatores socioeconômicos, aspectos clínicos e comorbidades nos idosos participantes da pesquisa. Dentre as características socioeconômicas, a idade apresentou associação estatisticamente significativa para todos os domínios do Whodas (p<0,01). O nível de escolaridade foi associado aos domínios de “cognição” (p<0,01), “trabalho e atividades escolares” (p<0,01), “atividades da vida diária” (p<0,01), “participação” (p<0,01) e no domínio total (p<0,01). Com relação aos aspectos clínicos, as pessoas idosas que apresentaram descompensação clínica para alguma comorbidade obtiveram piores desempenhos nos domínios “autocuidado” (p<0,05), “atividades escolares e de trabalho” (p<0,05), “atividades da vida” (p<0,05), “participação” (p<0,05) e no domínio total (p<0,01). O número de comorbidades associou-se ao declínio das “relações pessoais” (p<0,01), “participação” (p<0,01) e total (p<0,01). O número de medicamentos apresentou associação em quase todos os domínios do Whodas (p<0,01), com exceção das atividades de autocuidado e relações interpessoais.

Tabela 4.
Distribuição de medianas e variâncias dos escores do WHODAS 2.0 segundo fatores socioeconômicos, aspectos clínicos e de comorbidades em idosos atendidos em Unidade de Atenção Primária em Saúde no município de Fortaleza-CE, 2019

A Tabela 5 apresenta a análise de regressão negativa binomial para os modelos bruto e ajustados. No modelo final, considerando o domínio total do Whodas, comportaram-se como fatores de risco para o comprometimento da funcionalidade as seguintes variáveis: idade acima de 80 anos (IRR:1,97; IC95%: 1,39-2,79); morar sozinho (IRR:1,39; IC95%: 1,03-1,86); utilizar cinco medicamentos ou mais (IRR:2,01; IC95%: 1,10-3,67); fumar (IRR:1,48; IC95%: 1,01-2,17) e apresentar pelo menos três comorbidades ou mais (IRR:1,48; IC95%: 1,07- 2,05). Ao aprofundarmos a análise do modelo final, identificamos que algumas variáveis permaneceram estatisticamente associadas à diminuição da funcionalidade na maioria dos domínios do Whodas, comportando-se como importantes fatores de risco para a população em estudo. São elas: idade acima dos 80 anos; raça preta ou parda e número de medicamentos ingeridos.

Tabela 5.
Regressão Binomial Negativa para os domínios do WHODAS 2,0

DISCUSSÃO

Os resultados evidenciaram associações importantes entre os níveis de escolaridade e o comprometimento da funcionalidade em idosos. Esses achados são de grande relevância, sobretudo por dois aspectos: demonstram que a funcionalidade pode ser comprometida por diversos fatores que vão além da dimensão física/motora, enfatizando seu caráter complexo e multidimensional; e reforçam a hipótese de que fatores relacionados às desigualdades sociais contribuem para piores níveis de funcionalidade na população5 , 19 , 31. Outros estudos realizados em idosos no Brasil também identificaram a influência de características relacionadas às dimensões socioeconômicas, como escolaridade, renda e gênero, no comprometimento da funcionalidade32 , 33.

Esta pesquisa demonstrou que homens com idade acima de 80 anos apresentaram maiores chances de comprometimento da funcionalidade. Dentre os fatores explicativos, a redução da funcionalidade foi associada a uma diminuição da independência e da autonomia para realizar atividades da vida diária. Nesse sentido, a literatura internacional evidencia a associação entre sexo masculino, com idade igual ou superior a 85 anos, e ocorrência de acidentes domésticos, como quedas34. Além disso, sabe-se também que pessoas com mais de 80 anos são mais suscetíveis a vulnerabilidades35. O conjunto dessas informações apresenta potencial para contribuir com a Atenção Primária à Saúde, sobretudo na identificação de grupos de idosos mais vulneráveis. Com isso, ampliam-se as possibilidades de intervenções multiprofissionais com o desenvolvimento de atividades de promoção da saúde e prevenção de acidentes dessa população.

Neste estudo, os indivíduos que apresentaram descompensação clínica para alguma comorbidade foram associados à diminuição da funcionalidade. Esses achados são compatíveis aos identificados em estudos semelhantes realizados em Portugal34 e no Brasil3. Além disso, vão ao encontro de outras pesquisas que relacionaram o envelhecimento à maior prevalência de doenças crônicas e à incapacidade de realizar as atividades da vida diária. Estudos internacionais evidenciam que pessoas com doenças crônicas graves têm mais chances de sofrerem redução da funcionalidade36, e que a diminuição da capacidade funcional pode estar associada à ocorrência de doenças crônicas, como depressão37. Isto posto, fica patente a necessidade planejar políticas especificamente direcionadas às pessoas com doenças crônicas, objetivando reduzir o declínio de funcionalidade. A Atenção Primária à Saúde pode ser um campo especialmente propício para essas ações ou políticas, por representar o ponto de contato primordial do sujeito com o sistema de saúde.

O uso de medicamentos foi associado a um maior comprometimento da funcionalidade entre os participantes desta pesquisa. Esse resultado é de grande relevância, tendo em vista que pouco mais de 85% dos idosos no Brasil apresenta pelo menos uma doença crônica38. Além disso, a polifarmácia impacta negativamente a qualidade de vida dessa população, que pode representar piora da qualidade de vida em 75,3% dos casos36. Além disso, a polifarmácia também se mostrou associada à maior vulnerabilidade em idosos, pois eles seriam mais suscetíveis aos efeitos adversos das medicações e interações entre os diferentes tipos de medicamentos39. Nesse contexto, percebe-se a necessidade de ações integradas de forma interprofissional fortemente associadas à assistência farmacêutica, de forma a garantir cuidado em saúde adequado com o mínimo de prejuízo aos assistidos.

Este estudo chama a atenção ainda para a associação entre o sedentarismo e a perda da funcionalidade entre idosos. Nesse quesito, pesquisa realizada com 1.395 idosos na Finlândia demonstrou que idosos inativos apresentaram baixos níveis de funcionalidade quando comparados com os que praticavam atividade física pelo menos duas vezes por semana40. No Brasil, outro estudo realizado em seis municípios do país evidenciou que, além do sedentarismo, a baixa renda familiar também foi associada à diminuição da capacidade funcional41.

Já se sabe que a prática de atividades físicas regulares tem impacto positivo na melhoria da qualidade de vida e na redução do consumo de medicamentos de uso contínuo em idosos. A adoção de programas de exercícios físicos é eficiente na prevenção de perdas funcionais e cognitivas42; treinos de resistência, por exemplo, melhoraram o desempenho físico de pessoas idosas, por incrementarem força e massa muscular; reduzem os episódios de quedas; melhoram os sintomas físicos; a mobilidade; equilíbrio; a massa corporal e a funcionalidade43. Além disso, exercícios aeróbicos podem determinar melhoras cognitivas entre pacientes com demência44. Portanto, o estímulo à atividade física pode ser uma estratégia na busca de minimização das perdas relacionadas à funcionalidade entre idosos. Considerando o contexto deste estudo, que tem como cenário a atenção primária, a proposição de grupos de atividade física para idosos poderia se configurar como uma intervenção com grande potencial45.

É importante destacar ainda a relação entre participação e fatores como sexo, idade, renda, nível de atividade física, comorbidades e uso de medicamentos. Esses fatores já foram relatados pela literatura como associados à alteração na participação entre idosos46 - 49. Portanto, profissionais de saúde e gestores devem direcionar esforços para a reduzir o impacto dessas variáveis na participação dos idosos. Além disso, ações e políticas em saúde poderiam ser pensadas e direcionadas especificamente para esse grupo, uma vez que suas caraterísticas estão claramente delineadas. Outra observação importante a respeito desses resultados é a evidência de que determinantes sociais de saúde (como renda e sexo) podem atuar junto com comportamentos (níveis de atividade física) e variáveis biológicas (sexo e idade) e clínicas (comorbidades e uso de medicamentos), compondo um quadro multifatorial, com reflexos na participação dos idosos. Essa constatação nos faz supor que intervenções unifatoriais não seriam suficientes para abordar a questão.

O conjunto desses achados reforça a importância das ações de promoção da saúde e prevenção de doenças como estratégias eficazes para manter a funcionalidade em idosos. Nesse sentido, a Atenção Primária à Saúde assume um papel estratégico, tendo em vista o amplo espectro de atividades multiprofissionais que podem ser desenvolvidas para essa população. Por outro lado, cabe aos profissionais o desafio de trabalhar de maneira a estimular mais a realização dessas atividades, buscando introduzir uma cultura saudável para além da medicação. Além disso, os achados desta pesquisa, em conjunto com informações já publicadas, reforçam a necessidade de uma abordagem mais consistente e complexa do tema no país. Nesse sentido, ações inseridas no contexto da Política Nacional de Promoção da Saúde poderiam ser estimuladas, principalmente na seção relativa à prática corporal e à atividade física50.

Este estudo apresenta como pontos fortes a utilização do instrumento Whodas 2.0, um questionário confiável para aferição de incapacidade que pode ser usado em diferentes condições de saúde e aplicado em uma amostra de bom tamanho. No entanto, há limitações, como o perfil da amostra, que foi escolhida por conveniência e composta de usuários de apenas uma Uaps de uma capital, acarretando heterogeneidade da amostra em variáveis como sexo e idade, característicos do segmento populacional estudado.

CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa mostram a influência de algumas variáveis clínicas e sociodemográficas na funcionalidade, representada pelo domínios do Whodas: cognição (sexo, idade, escolaridade, tabagismo, etilismo e número de medicamentos usados); mobilidade (sexo, idade, tabagismo, etilismo, prática de atividade física, número de medicamentos); autocuidado (idade, tabagismo, descompensação clínica por alguma morbidade); relações interpessoais (idade, número de comorbidades); atividades domésticas (sexo, idade, prática de atividade física, número de medicamentos); atividades escolares ou do trabalho (idade, escolaridade, prática de atividade física, número de medicamentos, descompensação clínica por morbidade); atividades de vida (idade, escolaridade, prática de atividade física, número de medicamentos, descompensação clínica por morbidades); e participação (sexo, idade, renda mensal, prática de atividade física, número de comorbidades, número de medicamentos, descompensação clínica por morbidades).

Além disso, destaca-se que este estudo contribui para o campo da pesquisa em saúde ao apresentar um perfil de funcionalidade de idosos usuários da Atenção Primária à Saúde. Essas informações podem permitir o desenho de pesquisas mais alinhadas com o perfil dos usuários, aumentando assim a fidedignidade do conhecimento produzido. Gestores da atenção primária podem ser beneficiados por este estudo ao terem possibilidade de planejar uma oferta de serviços mais condizentes com as necessidades e a saúde da população idosa, respeitando assim o preceito da equidade em saúde. Em consequência, a população seria alvo de cuidados em saúde adequados a suas necessidades, ou seja, recebendo serviços de saúde centrados no paciente.

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  • Fonte de financiamento: Nada a declarar

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Abr 2025
  • Data do Fascículo
    2025

Histórico

  • Recebido
    01 Dez 2023
  • Aceito
    23 Dez 2024
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