Apresento o conceito de ficção como um recurso metodológico para as ciências, partindo da proposta genealógica de Michel Foucault que compreende a ficção como uma potência de desestabilização dos regimes de saber/poder, assim como de interpelação dos regimes de sensibilidade com que o presente é percebido. Nesse sentido, o termo ficção constitui uma alternativa ético-política ao conceito de utopia, uma vez que este faz funcionar estratégias macropolíticas e universalizantes, ao passo que a ficção oferece uma alternativa micropolítica para a problematização da realidade atual para além da configuração histórica com que ela se apresenta.
ficção; ciência; método