Este artigo ensaia alguns passos na direção da dimensão ética do processo de ensinar e aprender, com a ajuda do pensamento de Emmanuel Lévinas. A noção de alteridade radical permite pensar o desejo de aprender como uma modalidade do desejo, que depende justamente daquilo que muitas vezes se busca suprimir: o contato, pelo discurso, com as coisas que se dão como excedente de sentido e que, por isso, são estranhas e inassimiláveis. Ideais de planejamento e cálculo do conteúdo a ser ensinado favorecem tal supressão. Assim, é possível suspeitar que esses ideais também respondem pelo enfraquecimento do desejo de aprender.
Lévinas; alteridade; desejo