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Narrativa e base de dados em “All is solid”, um documentário na área de trabalho

Resumo

Este artigo propõe analisar “All that is Solid”, do artista e cineasta Louis Henderson, um filme-documentário que utiliza a área de trabalho de um computador como o pano de fundo para um novo tipo de estrutura narrativa a desdobrar-se. O filme é analisado, principalmente, através da noção de Lev Manovich de “banco de dados como uma forma simbólica” (MANOVICH, 1999), que é atribuída pelo autor à “era do computador”, já que o banco de dados se torna a forma chave de expressão cultural, depois do romance e do cinema. Este texto conduz uma leitura atenta sobre o filme na medida em que indica diversos momentos em que o banco de dados como superfície de uma expressão cultural torna-se dominante, competindo com formatos narrativos da filmagem convencional. Através da simples organização de pastas sobre a área de trabalho do computador de Henderson, desvendam-se, de forma reflexiva, histórias complexas: como os progressos tecnológicos avançam no ocidente, montanhas de computadores são jogadas fora e enviadas à costa do oeste africano, acabando por serem recicladas em terrenos residuais, como Agbogbloshie, em Accra, Ghana. O filme nos confronta com um sistema desconhecido de reciclagem, um tipo de mineração ao inverso, neocolonial, em que grupos de ganenses buscam por recursos minerais em restos de computadores trazidos da Europa. Conta-nos sobre a correlação entre tecnologia e raça, além da imaterialidade da ‘Cloud’, em contraste com a materialidade pesada das zonas de lixos eletrônicos.

Palavras-chave
documentário; narrativa; banco de dados; lixo eletrônico

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