Resumo
O objetivo deste artigo é analisar o processo de transferência de práticas produtivas entre subsidiárias de empresas multinacionais (EMNs) e fornecedores domésticos locais. A literatura sobre transferência de práticas organizacionais discute a questão da implementação de práticas, mas desconsidera a sua internalização (institucionalização) na organização receptora. Tendo como referência o modelo proposto por Kostova (1999), examina-se o caso da Sigma – subsidiária de uma EMN asiática, do setor eletroeletrônico, instalada em Manaus. Os resultados mostram que as práticas produtivas são parcialmente implementadas, mas não são internalizadas. Duas razões concorrem para a não internalização: (i) incompatibilidade cognitiva-normativa entre Sigma e seus fornecedores e (ii) baixo grau de confiança e identificação entre as partes. As principais contribuições deste artigo para a literatura sobre transferência transnacional de práticas organizacionais são: (i) analisar a transferência de práticas para além da díade matriz-subsidiárias; (ii) identificar o papel dos contextos organizacional e relacional para o processo de institucionalização de práticas produtivas pelos fornecedores; e (iii) evidenciar o caráter cultural-cognitivo do processo de transferência interorganizacional de práticas produtivas.
Palavras-chave:
Transferência; Prática produtiva; Multinacional;
Backward linkage