RESUMO
Este estudo investiga o uso de mesmo no português brasileiro, tomando como suporte teórico a Gramática Discursivo-Funcional, desenvolvida por Hengeveld e Mackenzie (2008). A proposta consiste em investigar a multifuncionalidade desse item linguístico, relacionando-a às camadas propostas por esse modelo teórico, tendo como hipótese a de que propriedades pragmática ou semântica determinam a codificação no Nível Morfossintático com relação à posição na unidade sintática (oração ou sintagma). Para tanto, utiliza como universo de pesquisa cartas particulares e cartas oficiais extraídas do corpus do Projeto para a História do Português Brasileiro (https://sites.google.com/site/corporaphpb). O objetivo consiste em verificar se os diferentes usos são morfossintaticamente codificados pela posição no domínio do sintagma ou da oração. Os resultados revelam que mesmo, no Nível Interpessoal, escopa Subatos, indicando a categoria pragmática Ênfase ou a função pragmática Contraste e ocupa as posições inicial (PI) ou final (PF) do sintagma; já no Nível Representacional, atua como núcleo ocupando sempre a posição medial (PM), como operador de identidade, posiciona-se à esquerda do sintagma (PI+1), e como modificador de Estado de Coisas, assume posições adjacentes à palavra verbal.
Palavras-chave:
Funcionalismo; Ordem de constituintes; Mesmo; Multifuncionalidade