RESUMO
Após a queda do Estado Novo português em 1974 e diante da situação de violência relacionada à Guerra Colonial, os países africanos ocupados pela colonização portuguesa passaram a ser declarados independentes. Essa situação conduziu a um súbito abandono de posses e ao retorno de milhares de famílias de origem portuguesa para Portugal, o que causou uma série de problemas de ordem económica e social à antiga metrópole. A questão dos “retornados”, como foram nomeados os indivíduos procedentes de África nesse contexto, constitui um ponto presente e sensível na sociedade portuguesa que vem sendo trabalhado sob diferentes abordagens. A presente investigação objetiva analisar como a paisagem angolana é rememorada pelos filhos de “retornados” de Angola estabelecidos na região transmontana do Concelho de Vila Real (Portugal). A metodologia da pesquisa é de natureza aplicada, exploratória quanto aos objetivos, qualitativa no que concerne à abordagem, e bibliográfica e documental quanto aos procedimentos técnicos. Considera três conjuntos de fontes principais: fontes literárias, empíricas locais escritas e a história oral, estas analisadas à luz dos conceitos de história ambiental, pós-memória e memória ambiental. Os resultados permitem inferir a reminiscência da paisagem e de aspectos naturais de Angola na transmissão geracional relacionada ao trauma do retorno e na (re)construção da identidade de “retornados”.
Palavras-chave:
Paisagem; Angola; Retornados; Pós-Memória